De virada e no sufoco

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POR GERSON NOGUEIRA

O que seria naturalmente difícil se tornou um verdadeiro drama para os bicolores, ontem, na Curuzu. O Manaus usou toda a experiência de seus jogadores para criar situações complicadas para o Papão, que levou um gol em lance de cruzamento na área e precisou lutar muito para arrancar o empate nos acréscimos da primeira etapa. Depois, também no apagar das luzes do 2º tempo, alcançou a virada que lhe deu a vitória.

Nas circunstâncias, é resultado para ser muito comemorado, pois o time baré se posicionava bem, gastava o tempo sem maiores aperreios e levava sempre perigo quando se aventurava no ataque. Abriu o placar e quase marcou aos 29 e 36 minutos do 2º tempo, com Romarinho e Wesley, aproveitando cochilos impressionantes do intranquilo setor de defesa paraense, onde Timbó despontava como o grande vilão da noite entregando bolas fáceis.

Brilhou, porém, a estrela do atacante Walter, cujo condicionamento físico ainda está aquém do que o futebol profissional exige, mas que compensa tudo isso com bom posicionamento e passes corretos. Teve o mérito inicial de tirar o PSC do sufoco marcando o gol de empate no final da etapa inicial, desviando de cabeça cruzamento de Maicon Silva e botando a bola fora do alcance do goleiro amazonense.

Solitário nas ações mais criativas, sem o apoio de nenhum dos meio-campistas, Walter buscou os lados, procurando fugir à marcação direta e tocando a bola de primeira para companheiros desmarcados.

Antes de participar do lance decisivo, lançou três bolas na área do Manaus procurando por Cassiano e Moisés. Era o mais lúcido do Papão, principalmente porque evitava entrar na pilha do time manauara, buscando sempre acelerar as manobras, situando-se um pouco atrás da linha de atacantes. Em contraste com o resto do time, esbanjava tranquilidade na distribuição de jogo, tornando-se a principal figura da partida.

A jogada que levou ao segundo gol foi puxada pelo lado direito, junto à linha lateral, após um passe de Moisés. Com boa visão de posicionamento na área, Walter fez cruzamento longo e por baixo, surpreendendo a defesa que marcava em linha. A bola passou pelos defensores e chegou a Cassiano, que se projetou para desviar com a ponta da chuteira, fazendo 2 a 1 para o PSC.

O triunfo foi importantíssimo, mas é necessário refletir sobre a má jornada de boa parte do time paraense, envolvido em diversos momentos pela boa troca de passes do visitante. Mais organizado e compacto, o Manaus explorava a afobação dos bicolores e durante boa parte do jogo levou a melhor.

O pequeno público que foi à Curuzu passou momentos de atribulação, vendo à sua frente o time ser subjugado por um adversário desenvolto e que em nenhum momento se deixou abalar por jogar fora de casa. Mesmo depois de sofrer a virada, o Manaus ainda teve forças para ameaçar, criando os dois últimos lances de perigo em tentativas com Paulão e He-Man, que ameaçaram a meta de Marcão.

A vitória dá a vantagem do empate ao PSC na partida de volta (dia 11 de abril), mas o desenvolvimento do confronto na Curuzu deixou claro que a missão será duríssima na capital amazonense, principalmente se o bicampeão paraense repetir a atuação atrapalhada de ontem.

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Time sofre com as mudanças na escalação

O baixo rendimento técnico do Papão no jogo pode ser atribuído a ausências importantes, como a de Diego Ivo e Perema no miolo de zaga. A entrada em cena de Fernando Timbó desestabilizou o setor e foi bem explorada pelo time amazonense, que procurou insistir com jogadas sobre o zagueiro.

Em comparação com o jogo de sábado, contra o Bragantino, Dado manteve o sistema 3-4-3, mas trocou peças importantes, em função das lesões. Além de Timbó, a zaga teve Edimar e Carandina improvisado. Maicon Silva, Cáceres, Moisés e Mateus Miller formaram o quadrado no meio, com Mike, Cassiano e Walter no ataque.

Era até natural que a equipe sofresse com tantas alterações, mas os erros de passe e os espaços deixados no meio-campo tornaram o time dispersivo e vulnerável. Os problemas foram se acentuando à medida que o Manaus mostrava uma postura mais determinada. Diante de tantos problemas, a boa atuação individual de Walter evitou um resultado desastroso em casa.

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Coutinho se consolida e Löw faz experiências

Do amistoso entre Alemanha e Brasil ontem, duas constatações. A primeira é uma excelente notícia para nós: Philippe Coutinho se tornou titular absoluto, com um pé nas costas, no time de Tite. A segunda é que os alemães sabem de fato aproveitar jogos de preparação, evitando desgastar titulares e aproveitando para testar caras novas.

Enquanto Neymar descansa no Rio, Coutinho vai se consolidando tanto no Barcelona quanto no escrete. Contra os germânicos nem chegou a brilhar tanto, mas quando toca na bola deixa evidente a qualidade técnica diferenciada. Ao lado de Gabriel Jesus, Coutinho é garantia de que o Brasil não sentirá (tanto) a eventual ausência de seu camisa 10.

Joachim Löw escalou um time mesclado, com Kroos comandando a meiúca e vários remanescentes da Copa das Confederações, mas sem Müller e Khedira. Enquanto muitos no Brasil ainda estavam com a cabeça no 7 a 1 de 2014, os alemães cuidaram de usar o amistoso como laboratório, sem ligar muito para a derrota.

(Coluna publicada no Bola desta quarta-feira, 28)

De virada, Papão supera o Manaus

https://www.youtube.com/watch?v=JClSqbTjgAc

Seleção de Tite quebra invencibilidade alemã

https://www.youtube.com/watch?v=7ofguOfwVzQ

Fúria humilha Argentina sem Messi

https://www.youtube.com/watch?v=S_3UQC4Wky4

Direto do Twitter

“A presunção da inocência é uma opção política: melhor deixar solto um possível culpado do que prender um possível inocente. Os juristas fascistas na Itália dos anos 30/40 não concordavam. Sustentavam, com os mesmos argumentos, a tese que hoje alguns juristas brasileiros defendem.”

Rubens R. R. Casara

AJD: “Prisão decretada antes do trânsito em julgado é inconstitucional”

Associação Juízes para a Democracia (AJD) divulgou uma nota técnica sobre a execução provisória e alertando sobre a inconstitucionalidade da prisão antes do trânsito em julgado. Acompanhe a íntegra:

A prisão decretada antes do trânsito em julgado é inconstitucional

A Associação Juízes para a Democracia – AJD, entidade não governamental, sem fins lucrativos ou corporativistas, que congrega juízes de todo o território nacional e que tem por objetivo primordial a luta pelo respeito aos valores próprios do Estado Democrático de Direito, vem apresentar NOTA TÉCNICA a respeito da inconstitucionalidade, diante da inteligência do art. 5º, LVII, da Constituição da República, da prisão decretada após decisão proferida em segundo grau de jurisdição, sem a existência do trânsito em julgado.

  1. O art. 5º, LVII, da Lei Maior, institui a garantia de o indivíduo somente ser privado de sua liberdade com arrimo em decisão condenatória quando esta transitar em julgado, ou seja, na hipótese de não haver mais recurso cabível. Trata-se de dispositivo categórico, imperativo e que, justamente em razão de não suscitar qualquer dúvida, não admite interpretação e sim a aplicação do que está efetivamente escrito.
  2. A tentativa de supressão da garantia mencionada encontra-se dentro de um perigoso contexto de relativização de direitos e garantias fundamentais, tendência que busca se perpetrar com o desígnio ilusório de, no caso, diminuir a impunidade. Olvida-se, no entanto, que as garantias processuais penais, importantes conquistas civilizatórias, não se traduzem em obstáculo para a efetiva aplicação da lei penal, mas sim em formulações destinadas a impedir o arbítrio estatal, dificultar o erro judiciário e conferir um tratamento digno de maneira indistinta a todos os indivíduos.
  3. A Carta Magna expressamente proíbe, a não ser no caso de prisão cautelar, que o indivíduo venha a ter sua liberdade suprimida quando ainda houver recurso contra a decisão condenatória. No mesmo sentido da garantia constitucional, estão disciplinados dispositivos previstos na legislação ordinária (art. 283 do Código de Processo Penal e art. 105 da Lei das Execuções Penais, lei esta que exige o trânsito em julgado inclusive para o cumprimento da pena restritiva de direitos – art. 147 – e pagamento de multa – art. 164). Sendo plena e comprovadamente possível as instâncias superiores modificarem questões afetas à liberdade, seu cerceamento antecipado mostra-se incompatível com nossa realidade constitucional.
  4. A pavimentação do Estado Democrático de Direito somente é possível dentro da estrita observância da Constituição da República. O desvio dos imperativos constitucionais, longe de trazer os efeitos almejados por aqueles que insistem em fazê-lo, somente se traduzirá em prejuízos para o indivíduo e a coletividade.
  5. A Associação Juízes para a Democracia, por considerar a prisão decorrente de decisão condenatória sem o trânsito em julgado incompatível com o cumprimento da Constituição da República, vem manifestar-se contrária à relativização da referida garantia constitucional.

São Paulo, 27 de março de 2018.

Tribuna do torcedor

Por José Roberto da Costa Ferreira
Olá, Gerson Nogueira, gostaria de compartilhar um post que a torcedora remista Elayne Moraes https://www.facebook.com/elayne.moraes.9 fez no grupo “O Remo é meu” no Facebook sobre a quantidade reduzida de banheiro feminino disponibilizado no Mangueirão, no último domingo, na partida entre Remo e São Raimundo:
“Gente, hoje venho fazer um desabafo em nome de TODAS AS MULHERES que, assim como eu, frequentam o Mangueirão: até quando essa carência de banheiros femininos? É inacreditável o que a gente tem que passar pra encontrar um banheiro feminino. O que eu vi ontem foi a mobilização de alguns homens (pais, esposos, namorados, amigos) em transformar “na marra” algum banheiro masculino em feminino pra que a gente pudesse usar. 
A proporção chega a ser de 10 banheiros masculinos, pra um feminino. A SEEL PRECISA ACEITAR, DE UMA VEZ POR TODAS, QUE O PÚBLICO IMENSO FEMININO NOS JOGOS JÁ É UMA REALIDADE!!
Respeitem a gente. #lugardemulherénoestádio #leoasazulinas”. 
José Roberto da Costa Ferreira (Remista, paraense morando em Natal/RN)

Pablo Villaça: “O problema de ‘O Mecanismo’ não é ser de direita. É ser muito ruim”

O jornalista e editor da Fórum, Renato Rovai, entrevistou, na noite desta segunda-feira (26), o crítico de cinema, professor e editor do site “Cinema em Cena”, Pablo Villaça. O crítico é um dos mais respeitados do país e seu site, fundado em 1997, é o mais antigo sobre o assunto da internet brasileira. Pablo foi um dos primeiros a reagir negativamente à série “O mecanismo”, de José Padilha e, consequentemente, anunciar o cancelamento de sua conta no Netflix.

Sobre a série “O Mecanismo”, Villaça ressaltou que, “apesar de considerar o Paulo Padilha um grande cineasta, a série, a despeito de ser conservadora e de direita – com todo o direito de fazer isso – é muito ruim.

Ele fez questão de lembrar que gostou de vários filmes de direita, como o “Sniper Americano”, de Clint Eastwood e detestou outros de esquerda, como “Lula, O Filho do Brasil”.

Para ele, no entanto, “O Mecanismo” tem um roteiro muito pobre, a narração do Selton Melo tem momentos em que não se consegue entender nada, a mixagem é problemática, enfim, tem vários problemas sérios”, disse.

Ao deixar o Netflix, Pablo aproveitou para indicar vários outros serviços de Streaming, como o MUBI, e fez questão de ressaltar que o Netflix está longe de ser o único e tampouco o melhor serviço do gênero à disposição no Brasil.

“As pessoas perguntam o que vão assistir, pois o Netflix oferece muitas opções. Não é verdade isso. Existem várias outras opções. O MUBI, por exemplo, ao contrário do Netflix, tem uma curadoria e você encontra filmes que não vê em lugar nenhum. Tem o Amazon Prime, que também tem uma seleção muito boa entre outros”.

Pablo falou ainda sobre a situação política atual do Brasil entre outros assuntos. Assista aqui a entrevista completa.

Para ser Messi

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Por José Eduardo Carvalho, no Chuteira F.C.

No início de março, quando completou 600 gols, somando Barcelona e Seleção Argentina, Leo Messi obrigou os especialistas e numerólogos a dar um upgrade radical em suas estatísticas. Que Messi desestruturou vários dos conceitos elaborados durante décadas pela comunidade do futebol não é novidade. E a mais escandalosa releitura desses conceitos diz respeito à relação idade-rendimento para um jogador de alta performance.