
O assalto à sede social do Remo completa hoje o seu segundo aniversário sem qualquer perspectiva de solução. Nas redes sociais, torcedores se manifestam cobrando explicações que até hoje a diretoria do clube não conseguiu dar. O crime ocorrido no dia 01 de novembro de 2015 coincidiu com o horário da partida entre Remo e Botafogo-SP pela semifinal da Série D daquele ano. O resultado do jogo foi 0 a 0, mas, em termos financeiros, o clube só teve a perder naquela tarde-noite.
Às 19h, um grupo de assaltantes entrou na sede social da avenida Nazaré, rendeu um segurança e outra pessoa que ali se encontrava e foi direto ao cofre onde estava guardada a quantia de R$ 430 mil, na sala do Departamento Financeiro.
Por falta de provas concretas – apesar da existência de um vídeo mostrando os assaltantes -, o delegado de Polícia Tiago Silva deu o caso por encerrado menos de um ano depois. Hoje no clube quase ninguém acredita na recuperação do valor que foi subtraído da sede, mas há uma cobrança cada vez maior por providências e responsabilização dos responsáveis.
Afinal, quem autorizou o depósito da vultosa quantia em lugar inadequado? Por que não foi mantido o sistema sempre utilizado de guardar a renda das partidas em agência de segurança de valores? Pelo que se sabe, a decisão temerária de mandar deixar o dinheiro no cofre da sede foi do próprio presidente Manoel Ribeiro. Até então, a empresa de um conselheiro do clube fazia o transporte e a guarda da receita de bilheteria dos jogos, sem que nenhum problema tivesse ocorrido.
O valor levado pelos bandidos tinha parte dele destinado ao pagamento de parcela de um acordo com a Justiça do Trabalho e outra seria utilizada para pagar salários de jogadores e funcionários. Após o ocorrido, o advogado Marco Antônio Pina, à época diretor de futebol do clube, registrou boletim de ocorrência na Polícia. A investigação envolveu todos os funcionários da sede, mas o delegado Tiago Silva nada descobriu.
De acordo com nota emitida pela Polícia Civil, “o inquérito instaurado para apurar o roubo na sede do Clube do Remo, pela Divisão de Repressão a Furtos e Roubos, foi concluído sem definir a autoria do crime por falta de provas”.
O benemérito Orlando Ruffeil afirmou ter informações sobre o responsável pelo assalto e indicou inclusive seu paradeiro, mas o delegado não chegou ao suspeito. “Um antigo aluno meu, sabendo da minha participação junto ao Remo, me disse saber quem tinha participado dessa situação. Me passou endereço e tudo. De imediato, informei ao Condel e repassei ao delegado responsável pelo caso, mas nada foi feito e não sei por quais motivos”, disse Ruffeil.
Estranhamente, o Departamento Jurídico do Remo se mantém alheio ao caso. “Desde que assumi o Jurídico do clube nada me foi repassado para atuar ou dar sequência em qualquer aspecto desse assunto”, disse o advogado Gilmar Nascimento.
André Cavalcante, ex-presidente, revela que tentou inúmeras vezes apurar e reabrir o caso, sem êxito. “Acontece que o Remo foi a vítima e, por isso, não pode fazer o papel de polícia e investigar. No terceiro dia da minha gestão, fui ao encontro do delegado Tiago para adiantar a situação, mas com o tempo ele decidiu arquivar, já que não se tinha provas. Mesmo tentando ajudar, o Remo não podia exercer a função de polícia, já que o próprio delegado disse que essa não era função nossa”, explicou.
O roubo se desenrolou no melhor estilo dos filmes policiais, sem deixar rastros ou culpados. Segundo o ex-diretor Marco Antônio Pina, em toda sua carreira como advogado criminal nunca tinha visto nada parecido. “Foi algo realmente inexplicável. Tentamos coletar imagens com as câmeras de segurança dos prédios da frente, dos lados, mas nada foi útil. Como não teve o suporte de materiais necessários para averiguação, o delegado responsável arquivou o caso sem chances de poder ir à Justiça”, disse. (Com informações do Bola)