POR GERSON NOGUEIRA
Duas pesquisas informais e sem caráter científico, mas com ampla divulgação e adesão de internautas, através do blog campeão, elegeram como ídolos maiores da dupla Re-Pa dois ex-atletas de passado recente no futebol paraense. A torcida azulina votou em Artur, que superou por pequena diferença ao ícone Alcino, historicamente lembrado como o grande nome da história do futebol do clube de Periçá. Já os torcedores do Papão elegeram maciçamente em Vandick, que deixou para trás nomes como Quarenta, Robgol e Chico Spina.
A reação às duas escolhas dividiu a opinião de internautas e demais torcedores que não votaram nas enquetes – ambas colocadas no ar ao longo de oito dias, sem permissão de repetição de voto.
Muitos consideraram, por exemplo, que Artur não teria merecimento para destronar Alcino, uma espécie de instituição dentro das tradições azulinas. Da mesma forma, outros questionaram o triunfo de Vandick em desfavor de Quarenta, verdadeiro símbolo da tradição alviceleste.
É necessário entender, porém, que ambos são jogadores extremamente identificados com o torcedor mais jovem, que acompanha futebol nos últimos 20 anos. Grande parte desse contingente de aficionados não tem ideia de quem foi Alcino, artilheiro que pontificou na década de 70 e início dos anos 80. Muito menos guarda lembranças vivas de Quarenta, que brilhou nos anos 60 em grandes esquadrões do Papão.
A escolha está longe de representar uma afronta a ídolos sagrados, apenas distingue e abre luzes sobre atletas que também dignificaram suas bandeiras num período rico em registro de imagens. Gols de Vandick e jogadas de Artur estão à vista de todos no YouTube.
As façanhas de Alcino já se perderam nos escaninhos do tempo, sem arquivos que permitam aos mais novos torcedores terem a noção clara do que ele representou em seu tempo.
No ano passado, Quarenta foi eternizado em estátua erguida no estádio da Curuzu, por iniciativa de conselheiros e beneméritos do Papão conscientes de que sua história não pode cair no esquecimento. Poucos torcedores ainda recordam do período no qual brilhou, o que é absolutamente natural nesses tempos de glórias fugazes e efêmeras.
No fundo, tanto Artur quanto Vandick sabem que jamais usurparão os tronos de Alcino e Quarenta. São honrosos descendentes diretos dessas linhagens nobres, mas jamais seus opositores. Não têm nem mesmo a pretensão de serem substitutos, pois astros de primeira grandeza não podem ser duplicados.
Fiz questão de abordar o tema até em respeito à memória do gigante Alcino e à trajetória impecável de Quarenta. Ambos são indiscutivelmente únicos no panteão de heróis das duas maiores torcidas do Norte. Artur e Vandick são dignos seguidores e merecem todos os aplausos pelo muito que fizeram nas últimas décadas. Não há conflito, apenas complemento.
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Leão vai apresentar novos reforços
O Remo deve apresentar nas próximas horas duas novas contratações para completar o elenco e suprir carências pontuais. Deve ser contratado um ala esquerdo e um zagueiro de área. Diretoria busca jogadores indicados pelo técnico Leston Junior.
Um dos primeiros nomes buscados foi o de Fábio Sanches, que já defendeu o Papão, mas o zagueiro preferiu continuar disputando o Paulista, além de ter feito uma pedida acima do limite orçamentário do clube.
A pressa em contratar não tem nada a ver com o prazo de inscrição para o returno do Parazão, pois o regulamento mudou e a data final de inscrições foi alterada. Para inscrever novos jogadores para o Estadual (e Copa Verde), os jogadores têm até 22 de março – sendo que o segundo turno terá início no próximo dia 12.
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O coronel e os perigos da CPI
A ameaça feita pelo senador Romário através das redes sociais deve estar ecoando nos corredores da CBF desde a noite de quarta-feira. O parlamentar demonstrou grande irritação porque a CPI do Futebol, ora em curso no Senado, foi solenemente ignorada pelo coronel Antonio Carlos Nunes de Lima, presidente em exercício da confederação.
Mesmo convocado oficialmente, Nunes não compareceu para depor como estava previsto e não deu qualquer satisfação aos integrantes da comissão parlamentar de inquérito. Romário avisou que a próxima chamada será coercitiva, significando que Nunes terá que comparecer à força, conduzido pela Polícia Federal.
Vale dizer que o presidente licenciado Marco Polo Del Nero tentou de todas as maneiras escapar ao depoimento na CPI, chegando a impetrar um pedido de habeas corpus no Supremo. Sua solicitação não foi acatada e ele precisou comparecer, apesar do temor de ser preso durante a acareação.
O coronel, pelo visto, parece mais destemido que Del Nero, talvez confiando em sua força política como mandatário da CBF. Talvez seja por efeito da recente participação no congresso da Fifa, que elegeu o novo presidente da entidade que controla o futebol no mundo.
Pelos exemplos recentes em outras esferas do mundo político brasileiro, seria prudente que Nunes não subestimasse o poder de fogo da CPI e nem desdenhasse do apetite punitivo de Romário, cuja gana por desnudar as maracutaias futebolísticas só encontra algum freio quando ameaça os limites de uma certa rede de TV.
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Seleção com jeito e cheiro de mofo
Na Seleção Brasileira anunciada ontem por Dunga, alguns nomes cintilam. Kaká, David Luiz, Fernandinho, Felipe Luís, Hulk. São apostas do comandante do escrete, mas não representam o que o Brasil tem de mais destacado para buscar resgatar prestígio e conquistas internacionais.
Mais do que críticas aos convocados, cabe uma reflexão sobre os caminhos que a Seleção está tomando, estranhamente parecidos aos que conduziram ao desastre de Belo Horizonte em 2014. Ao fim e ao cabo, fica a amarga sensação de que a Alemanha segue vencendo por 7 a 1…
(Coluna publicada no Bola desta sexta-feira, 04)