
POR GERSON NOGUEIRA
Com um time modificado por força das circunstâncias, Leston Junior enfrenta hoje à noite sua primeira decisão como técnico do Remo. Apesar da campanha errática do adversário, que ainda não pontuou no campeonato, os azulinos precisam vencer para continuar com chances de classificação à semifinal do primeiro turno.
Será apenas a terceira partida do Remo na competição, mas o formato de tiro curto do Parazão leva a situações surpreendentes como esta. Para Leston, que até o momento se mantém com um aproveitamento de 50% no campeonato – derrotou o Águia e perdeu para o São Francisco –, o cenário é até desconcertante.
Uma eventual derrota para o Parauapebas alija o Remo da briga pelo primeiro turno e significará, quase certamente, o fim da experiência paraense do jovem técnico mineiro.
Criticado pela instabilidade do time, o comandante arca com o ônus de uma competição que não conhecia e pelo pouco tempo para reconstruir uma equipe que sofreu desmanche quase completo ao final de 2015.
Para tornar a situação ainda mais dramática, Leston encontrou problemas para montar o time que vai encarar o Parauapebas – que derrotou o Remo no Mangueirão logo no início da temporada passada.
A defesa sofre três mudanças. Murilo, que estreou sem brilho em Manaus, ocupa a lateral-direita. Ítalo entra no lugar do barrado Henrique. Levy, improvisado, substitui João Vítor pelo lado esquerdo. O meio-campo terá Alisson na vaga de Chicão, que se contundiu no amistoso de domingo. Na frente, por razão técnica, Léo Paraíba entra como parceiro de Ciro.

O setor defensivo andava mesmo a merecer alguns ajustes. A dúvida é se as alterações promovidas por Leston terão efeito positivo, mesmo contra um oponente cujo ataque só funcionou no primeiro jogo (2 a 1 sobre o Cametá).
A grande mudança, porém, é de cunho conceitual. Depois de afiançar que não mudaria o sistema de jogo (4-5-1) definido para o turno, Leston foi obrigado a mudar de ideia e optou pelo tradicional 4-4-2.
É provável que o time volte a render satisfatoriamente, como no segundo tempo da partida com o Águia, quando Léo Paraíba foi lançado para ajudar a abrir pelos lados do campo a dura linha de zaga marabaense.
Pelo que se ouve dos dirigentes azulinos, Leston terá todo o tempo e a compreensão para levar a cabo o trabalho para o qual foi chamado. Mais do que ganhar o Parazão, o Remo quer se preparar adequadamente para obter o acesso à Série B, principal objetivo do clube na temporada.
A questão é que, antes de iniciar a busca pelo acesso, o time terá que mostrar qualidades no certame estadual, na Copa Verde e na Copa do Brasil. O elenco é limitado, carente em posições importantes, bem mais frágil do que no ano passado, mas as ambições do torcedor são altas.
Ninguém precisa ter poderes de pitonisa para saber que, mesmo com a palavra empenhada da Diretoria, Leston só terá condições de seguir com o projeto do acesso se fizer bem o dever de casa no Parazão, competição que tradicionalmente complica a vida de técnicos importados.
A conferir.
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Devagar com o andor
O Campeonato Paraense está apenas na terceira rodada e o torcedor, apressado como sempre, já tenta formar juízo e apontar os destaques da competição. Foi assim logo na abertura, quando o Remo passou pelo Águia marcando 5 a 3 e muita gente passou a ver em Ciro o provável artilheiro do Parazão. Pode até vir a ser, mas no momento é o segundo colocado, atrás de Jefferson Monte Alegre.
Depois da categórica goleada aplicada pelo Papão no São Raimundo, domingo passado, a bússola da galera passou a apontar noutra direção. Celsinho e Rafael Luz, que tiveram grande atuação, passaram a ser apontados como possíveis craques do torneio. É claro que isso pode vir a se confirmar, mas – como diria o Legião Urbana – ainda é cedo.
No ano passado, o Papão disparou uma goleada massacrante (9 a 0) sobre o São Francisco na Curuzu. Até o improdutivo Souza fez gol. Capanema, que pouco arrisca finalizações, também marcou. Pois bem, a surra não se traduziu em coerência no restante da disputa e o Papão terminou sua participação num inesperado quarto lugar.
O fato é que a pressa não é irmã do bom senso. Com o torneio em fase inicial, é normal que figuras que aparecem bem no momento não mantenham o mesmo desempenho ao longo da disputa, assim como jogadores que não se destacaram nas primeiras rodadas podem se recuperar até o segundo turno.
Por isso, a prudência recomenda que se dê tempo ao tempo. É sempre a opção mais sensata.
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Cacaio e as voltas que a bola dá
Sem sucesso nas primeiras rodadas, amargando três derrotas consecutivas e a ameaça de rebaixamento à Segunda Divisão, Cacaio preferiu pedir as contas e entregar o cargo no Cametá. Agiu como profissional sério e responsável, mas o fracasso chamou atenção por envolver o técnico campeão estadual.
Ao mesmo tempo, reacende as ilusões e anseios de parte da torcida azulina que defendia sua permanência após o excepcional trabalho na temporada passada. Cacaio não ficou no Baenão por desacordo quanto ao tempo de duração do novo contrato.
Uma coisa é certa: caso não assuma nenhum outro time nas próximas semanas, mesmo involuntariamente Cacaio vai pairar como sombra sobre o Evandro Almeida. Qualquer tropeço será motivo para lembrança imediata de seu nome entre os corneteiros.
(Fotos: MÁRIO QUADROS)
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Direto do blog
“Esse técnico do Remo está brincando de pira com a diretoria do Remo, que o vê correr solto sobre horríveis contratações e preterir os que aqui estavam. Já nem sei quantas vezes assisti esse filme”.
Camilo Ferreira, insatisfeito com o início da campanha azulina
(Coluna publicada no Bola desta quarta-feira, 17)





