O ano da jovem guarda

Por Gerson Nogueira

Paulo Rafael (Jader); Pikachu (Tiago Cametá), Perema (Igor João), Tiago Costa e Pablo (Alex Juan); Jhonnatan (Alan Peterson), Neto (Djalma) e Betinho (Paulo André); Lineker, Ricardinho (Bartola) e Reis (Jaime). Este é o respeitável time de revelações do Campeonato Paraense, com direito a um banco de reservas dos mais decentes.   
Não há mais dúvida quanto ao principal legado (ô palavrinha desgastada pelas ditas autoridades…) deste campeonato. Pouco importa quem venha a ser o campeão. Interessa mesmo é que o futebol paraense conseguiu renascer nesta temporada, apresentando um punhado de bons e promissores jogadores. A maioria brotou nas escolinhas de Remo e Paissandu, mas vale destacar os atletas revelados pelo São Francisco, de Santarém.
Longe de ser uma maravilha no aspecto técnico, sem um time que realmente cause comoção, o torneio já é um dos mais importantes das últimas décadas por ter revelado tantos jogadores de uma tacada só.
Depois de anos seguidos, o torcedor andava cansado das importações em massa de veteranos, jogadores lesionados ou simples pernas-de-pau. O caso Finazzi, que veio “reforçar” o Remo no Parazão 2011, é emblemático.
Quase aposentado, o atacante tinha lesão na costela, mas os dirigentes insistiram em sua contratação. Passou mais tempo no departamento médico do que jogando e, quando entrou na equipe, não marcou nenhum gol. No fim das contas, recebeu cerca de R$ 150 mil e ainda processa o Remo, tentando arrancar mais R$ 200 mil do clube.
O Paissandu bateu o recorde de contratações no ano passado, chegando a montar e desmontar o elenco duas vezes. O cúmulo da bagunça administrativa foi a contratação de três técnicos (Roberto Fernandes, Edson Gaúcho e Andrade) para a Série C. Gastou o que não podia e terminou a disputa eliminado pela quinta vez consecutiva.
Patacoadas dessa natureza esgotaram a paciência das torcidas e esvaziaram ainda mais os cofres dos clubes, levando a uma tomada de atitude que inicialmente só foi visível no Paissandu.
Depois de sonhar com a volta de Andrade, a diretoria terminou optando por Nad, encarregado das divisões de base do clube. As portas então se abriram para Bartola, Pikachu, Neto, Luan, Djalma e outros moleques formados na Curuzu. O ciclo se completaria no returno, já sob o comando de Lecheva, quando a garotada mostrou maturidade e ganhou a confiança do torcedor.
No Remo, Sinomar Naves teve todas as condições de fazer o mesmo, mas preferiu abraçar a antiga cartilha, indicando quase uma dezena de importados para compor o elenco. Pior que isso: priorizou seus indicados na hora de escalar o time, deixando de lado promessas como Tiago Cametá, Betinho, Alan Peterson, Jaime e Reis. Todos, mais Jhonnatan, só seriam prestigiados no returno, depois que Flávio Lopes assumiu o barco.
Como se vê, bem ao estilo paraense, o sucesso da molecada não acontece pelas vias normais. Só se tornou possível por força das necessidades financeiras dos dois grandes da capital.
Que ninguém se iluda: se houvesse grana em caixa, a cartolagem certamente teria continuado a fazer as besteiras habituais, encomendando caminhões de ex-jogadores em atividade, certeza de dívidas trabalhistas mais à frente. Por acaso ou não, o certo é que os garotos provam que a solução está dentro de casa.
 
 
Remanescente da era Sinomar, o centroavante Rodrigo Aires, vive situação desconfortável no Baenão. Fora dos planos de Flávio Lopes, limita-se a treinar para manter a forma, à espera de um acordo para tomar o rumo de casa.
 
 
Para os que amam números, o confronto entre Paissandu e Coritiba já contabiliza 10 jogos, válidos pelo Campeonato Brasileiro. Pequena vantagem paranaense: quatro vitórias do Coxa, duas do Papão e quatro empates. Felizmente, não há risco de aparecer algum pascácio falando em tabu ou escrita. 
 
 
Recebo em primeira mão a nova edição de “Nunca Houve um Homem como Heleno” (editora Zahar), de Marcos Eduardo Neves, obra que deu origem ao filme “Heleno”, já em cartaz. Narra a saga de Heleno de Freitas, um dos mais importantes e carismáticos jogadores da história do Botafogo. Presente de tamanho bom gosto só podia vir de mãos alvinegras – no caso, as do amigo desportista Ronaldo Passarinho, a quem aproveito para agradecer.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 18)

13 comentários em “O ano da jovem guarda

  1. Nada a questionar Caro Gerson Nogueira, concordo integralmente com tua análise, sempre precisa e imparcial, apenas acrescentar, pois esquecestes do Billy, titular absoluto na posição.
    Tua análise, remete ao ditado popular, “Deus escreve certo por linhas tortas” realmente não houve preferencia, planejamento ou, prioridade em utilizar os atletas oriundos das bases, o que aconteceu, como bem lembras, foi a falencia total, das agremiações locais, para esse recomêço, digamos assim.
    Concordo ainda, com a manifestação do Cláudio Santos, sem um técnico tarimbado, que saiba trabalhar com jovens valores, essa garotada corre o risco de ficar apenas nisso, onde sabemos, pelo menos especulamos que podem render mais, o potencial deles é maior ainda, e assim desejamos que aconteça, mesmo entendendo que a mudança de comando técnico deveria ter ocorrido, ainda quando da eliminação às finais do primeiro turno do Parazão, e reconhcendo o valor do Lecheva comandando esse time, percebo que é muita responsabilidade efetivá-lo, como aconteceu, para a campanha da série C, não pelo fato de ser uma competição em nível nacional, mas, pela forma como está sendo encarada; como o último tiro disponível, a última bala do cartucho, pois queremos a todo custo, retornar à série B.
    Mesmo com as preocupações da exiguidade de tempo, já expostas acima, penso que o melhor caminho ainda é a contratação de um comandante técnico experiente e que goste de trabalhar jovens valores, pois muitos técnicos só gostam de trabalhar com medalhões, o Givanildo Oliveira é um dêles, e manter o Lecheva como auxiliar, por mais uma temporada.
    O Vágner Benazzi, deve estar disponível, pois o Botafogo de Ribeirão Preto, já encerou a participação no Paulistão;
    O Marcelo Veiga, é outra opção, que indico, apesar do Bragantino ainda estar em atividade, também no Paulistão.

    Curtir

  2. É preciso manter esses jovens no Baenão, pois poderão ser a base para o próximo ano. Os contratos devem das segurança ao clube, pois nao faltarão quem tente iludir a garotada. Caso o Remo entre na quarta, fatalmente passará para a terceira ano que vem. Uma decisão correta seria manter o Flávio Lopes.

    Curtir

  3. Concordo com o Geovanny, e acrescento – daria para formar quase dois bons times, com essa safra de valores que surgiram em nosso futebol nesses últimos anos, em especial em 2012.

    Concordo com o Cláudio, os mesmos se não encontrarem pela frente bons “técnicos” e não treinadores, irão retornar a nossa campital, com incompetentes, assim como muitos outros que apenas passaram uma chuva em outros centros e sem sucesso algum.

    Curtir

  4. Sábado, após a nossa eliminação o sentimento que notei em boa parte da torcida bicolor não era de tristeza e sim de esperança com o que esses jovens podem render ao clube dentro e fora de campo.

    Concordo quando dizem que a mão de um treinador mais experiente e que goste de renovação é fundamental para a longevidade do projeto, assim como o cuidado maior das diretorias para com as divisões de base e seus frutos.

    Boatos dão conta de que não só o Sinomar como boa parte dos profissionais por ele indicados pertencem a um empresário e por isso a base rival foi preterida.

    Dizem ainda que o Reis preferiu ficar com o contrato antigo que logo estará vencendo e cuja multa rescisória é insignificante. Não sei até onde isso é verdade, pois boatos são boatos, mas se verdade, acaba sendo um trôco ao descaso pra com os jovens valores.

    Curtir

  5. Valeu Gerson Nogueira;
    Não entendi Valentim, ou, por acaso, estás te referindo aos dois atletas empresários que atuam no plantel do teu leão?

    Curtir

  6. Como não saiu pela manhã, estou tentando de novo, agora:

    Sobre o caso Finazzi que: (a) inicialmente TERIA se negado a vir por estar contundido; (b) só TERIA aceitado vir depois de muita insistência; (c) só TERIA vindo sob a condição de obter um tempo para se recuperar; (d) TERIA sido contratado, pago e dado de presente por abnegados à diretoria azulina para supostamente reforçar o time; enfim, sobre este caso, há uma pergunta tagarelando: Se os abnegados alegam que o pagaram, porque não apresentam os comprovantes do pagamento de molde a que o Clube possa se exonerar da obrigação de pagar de novo? Enfim, o que aconteceu, o que tá acontecendo?

    Quanto aos garotos do Clube do Remo me parece que a situação exata é a de que o Flávio Lopes só os colocou para jogar porque só conta com eles mesmo no elenco. O Clube trouxe uma carrada de importados para substituir os preferidos do Sinomar (com o aval do FL admitido pessoal e textualmente em entrevista dada ao Caxiado que eu ouvi), mas pouquíssimos se mostram com as mínimas condições de jogo. Aliás, um exemplo dessa, assim dizendo, opção forçada, é que com a falta de condições de jogo do André (bom valor trazido pelo FL), mesmo tendo um garoto da base à disposição para enfrentar o Bahia, o escolhido para substituí-lo foi um atleta que vai atuar improvisado. Mas, que fique um registro de louvor: se quem está em melhores condições é o Sosa, o FL não tem nada que colocar o garoto da base só porque é da base.

    Enfim, que a estrela do FL continue brilhando, para a alegria do Fenômeno.

    Curtir

  7. por que aqui no futebol da regiao nenhum time mantem o seu elenco? Pois se manter esses garotos vai dar um time bem competitivo e entrosado isso e tao simples.

    Curtir

  8. Não há como segura-los em nosso futebol, nossos clubes encontram-se praticamente falidos e endividados ate o pescoço que não exitariam em vende-los para sanar suas finanças que se encontram em deficit.

    Curtir

Deixar mensagem para BRENNO MIRANDA Cancelar resposta