Da Folha de SP
Hoje figurinhas comuns estampando barracos em jornais, jogadores-problema, como Adriano e Edmundo, tiveram Heleno de Freitas (1920-1959) como precursor de escândalos fora dos campos. Ídolo do Botafogo nos anos 1940, além das quatro linhas era conhecido por ser mulherengo e possuir um temperamento explosivo. Ele é retratado no preto e branco “Heleno”, filme de José Henrique Fonseca (“O Homem do Ano”). O vascaíno Rodrigo Santoro, 36, vive o protagonista do longa, que teve sua fase de decadência ao contrair sífilis, doença que atingiu o cérebro, levando o esportista à loucura e a anos de internação em um hospital psiquiátrico até sua morte, em novembro de 1959.
Para interpretar o craque, ele conta que emagreceu 12 quilos, fez aulas de futebol, claro, e, também, de balé para, nas telas, conseguir transmitir o ar garboso dos anos áureos do personagem. “Trabalhei com um bailarino, pois dizem que o Heleno era muito elegante. E sempre reparei que os bailarinos têm os gestos muito harmônicos, o que transmite elegância”, diz o ator.
Como você se preparou para o “Heleno”?
Rodrigo Santoro –Emagreci 12 quilos para ficar parecido com ele. Me preparei fisicamente com o Claudio Adão, que foi um grande craque. Aprendi o fundamento do futebol e aperfeiçoei o passe de bola. Fiz isso nem só pelas cenas, porque são poucas as que apareço em campo, mas precisava mostrar a paixão do Heleno pelo futebol, já que o filme é sobre o olhar do personagem em relação ao esporte. Também trabalhei com um bailarino [Marcelo Misailidis], pois dizem que o Heleno era muito elegante. E sempre reparei que os bailarinos têm os gestos muito harmônicos, o que transmite elegância. Fora isso, pesquisei sobre a vida dele. Li muita coisa, vi muita fotografia, além de entrevistar pessoas que o viram jogar. Foi um processo longo, que me envolvi desde o princípio.
Você usou o mesmo preparador de “Bicho de Sete Cabeças”. Revisitou, de alguma forma, o Neto, seu personagem no filme da Laís Bodanzky?
Revisitar, não. Na verdade, acho que existe um paralelo entre “Bicho de Sete Cabeças” e “Heleno”, pois ambos tratam de saúde mental. A ideia de chamar o Sergio Penna [preparador de elenco] também foi por isso. Já trabalhei com ele algumas vezes e sugeri seu nome para o José Henrique [Fonseca, diretor], que aceitou. Pensei que seria interessante, especialmente pelo fato do Penna, antes mesmo do “Bicho”, ter trabalhado com pacientes mentais através do teatro. Então, achei que ele seria a pessoa perfeita.
De ator você passou a produtor. Acha que a direção vai ser um caminho natural?
Não, até porque não planejei ser produtor, aconteceu organicamente. Não digo que nunca vou dirigir, mas acho que teria que partir da história. Se de repente eu tivesse um “insight” e olhasse para uma história e me desse um desejo de contá-la da minha forma, aí talvez sim. Mas agora não estou pensando nisso.
Em vários momentos do filme seu personagem fala que gostaria de conhecer o John Wayne. Fazendo um paralelo com isso, com quem você gostaria de trabalhar, mas nunca teve oportunidade?
Eu queria ter tido a oportunidade de trabalhar com o Fellini.
Qual é seu filme preferido dele?
Nossa, essa é uma tarefa difícil, mas vou te falar dois: “A Estrada da Vida” e “A Doce Vida”. É difícil, porque fica aquela coisa de escolher o filho predileto, e não dá para escolher.
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