O sigilo de 25 advogados é quebrado através do vazamento de grampos da Lava Jato e a vetusta OAB se posiciona a favor do impeachment conduzido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu em processo que tramita no Supremo Tribunal Federal.
Hum hum…
A OAB nacional manifestou que iria adotar uma postura decidida pelas regionais, que deveriam se reunir e debater o assunto localmente e se encaminhar para uma reunião nacional que indicaria a posição da entidade. Ao fazer isso, a OAB deu oportunidade de que políticas locais interferissem na opinião da entidade de tal maneira que, mesmo antes do pronunciamento já se desconfiava de tal resultado porque as lideranças locais da OAB têm peso político e atuam politicamente, ainda que não façam política partidária. Ocorre que as políticas locais são muito diferentes da nacional. Uma coisa é saber que as OABs regionais sempre têm algum peso político, isto é, muitos dos membros dirigentes dessas entidades têm projetos políticos partidários e muitos são filiados a partidos e têm até uma relação próxima com o poder local, qual seja. Tudo bem, advogados são tão brasileiros quanto eu e você e têm lá seus direitos políticos, mas esse blefe da OAB com o golpe apenas mostra a face de mais uma entidade alinhada aos interesses elitistas e corporativos. A OAB pode ter cometido um erro ao declarar apoio a esse ou aquele lado da discussão política da forma como fez porque não se mostrou democrática ao colocar a questão regionalmente, mas porque deu oportunidade de uma entidade eminentemente isenta de ânimo político partidário declarasse apoio político a um dos lados, deixando explícito que mesmo a OAB como entidade pode ter interesses políticos com isso.
É importante lembrar, pode haver advogados dos dois lados de uma causa, um defendendo e outro acusando. Num caso eminentemente político, há o julgamento prévio por parte de quem cabe defender o advogado, o que é lamentável porque, imagine só, perante o juiz, quando o advogado de defesa disser que o réu é inocente, o juiz mesmo (estamos no Brasil, não custa lembrar), ou o advogado da outra parte afirmar que nem a OAB acredita nessa inocência?… O posicionamento da OAB pelo impeachment é um pré-julgamento imoral e, colocando-se desse modo, praticamente afirma que Dilma, Lula e PT não têm defesa, já são culpados antes mesmo do julgamento. Que país é esse em que quem deveria exercer o direito dentro da estrita legalidade acaba por abandonar o réu à própria sorte?
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