Por Gerson Nogueira
Já houve um tempo, nem tão distante assim, em que o Brasil era conhecido e respeitado pela qualidade de seus atacantes e meias. Exportava bem menos que hoje, mas sempre jogadores de ataque, especialistas em fazer gols. Era um processo natural, pois o futebol brasileiro jogava sempre no sentido do gol e parecia ter uma fábrica inesgotável de goleadores. Hoje, com times preocupados em não tomar gols, o país virou exportador de zagueiros e volantes.
Algumas das linhas defensivas mais importantes e badaladas do planeta têm brasileiros como protagonistas. Tiago Silva no PSG, Miranda no Atlético de Madri, Dante no Bayern, Henrique no Nápoli, Pepe (brasileiro naturalizado português) no Real Madri e David Luiz.
Nunca se viu tantos brasileiros brigando para evitar gols.
E as manchetes esportivas de sexta-feira referem-se justamente ao cabeludo beque titular da Seleção Brasileira. David Luiz se transferiu para o clube francês por incríveis R$ 151 milhões. É simplesmente o mais caro zagueiro da história do futebol. A transação representa um ponto de inflexão na tradição brasileira de formar homens de frente.
Bom no combate e eficiente nas bolas aéreas, David Luiz não é propriamente um craque. É ligeiramente inferior, por exemplo, a Tiago Silva. Destaca-se pela raça e voluntarismo. Como as carências ditam os valores de mercado no futebol, o zagueiro se sobressai pela regularidade.
Foi justamente a capacidade de se manter em alto nível por várias temporadas seguidas que fez de David um nome obrigatório na Seleção desde a era Mano Menezes. Felipão assumiu o escrete e fez de David um dos titulares obrigatórios para a Copa. A dupla com Tiago Silva tem se revelado um paredão, reconhecida mundialmente como das mais seguras entre as seleções da Copa.
Apesar dos méritos do jogador, é inevitável se sentir aquele gostinho saudosista meio amargo pela constatação de que o Brasil ofensivo aos poucos se deixou dominar pelo futebol dos zagueiros. Com isso, iguala-se à média dos países, historicamente carentes de craques de meio-campo e goleadores. É o fim da velha supremacia.
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Papão defende série invicta
A perspectiva real de se aproximar do líder Fortaleza é a maior motivação do Paissandu para o confronto de hoje à noite contra o Botafogo-PB, em Castanhal. Depois de poupar mais de meio time contra o Salgueiro – e perder o jogo –, o técnico Mazola Junior não parece disposto a arriscar mais três pontos. Por isso, vai escalar os titulares, com poucas mudanças em relação à equipe que empatou com o Remo na quinta-feira.
Longe da torcida, o Papão defende um retrospecto impecável em jogos de portões fechados. Lá mesmo, no Maximino Porpino, já superou Águia e ASA com atuações seguras e objetivas. O favoritismo se amplia porque o adversário vem desfalcado dos principais jogadores, pois está focado na decisão do campeonato paraibano.
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Um presente alvinegro
Transcrevo a carinhosa carta que recebi, acompanhada de toalha bordada com o símbolo da Estrela Solitária, da professora Cândida. Agradeço pelos generosos elogios e, obviamente, pelo presente especial.
“Sou professora de Língua Portuguesa (aposentada desde 2002) e por isso procuro escutar seus comentários, como o de ontem sobre o Re-Pa e aquele triste comentário do técnico do Paysandu (é o meu clube) quando o senhor teve uma postura imparcial, pertinente e inteligentíssima. Parabéns!
Dia desses ouvi um comentário acerca de um torcedor, me parece que bicolor, que tinha colocado na internet alguma coisa com desvios de regência e concordância da língua, e que o senhor aconselhava que pelo menos escrevesse corretamente. Boa!
E por essa defesa da nossa língua também é que preparei essa toalha do seu clube do coração (Botafogo).
Aprecio quando o senhor orgulhosamente recomenda o cardápio na Linha de Passe (Rádio Clube), onde diz que vai almoçar alguma coisa ‘à moda de Baião’. Acho bonito como o sr. Declara seu amor à terra em que nasceu. Parabéns pela sua competência. A) Professora Cândida.”
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 25)

Republicou isso em MISTUREBA – ARROZ, FEIJÃO E POLÍTICA.
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Interessante que nesta época em que o Brasil produzia atacantes pra lá de excelentes ele também produzia zagueiros da estirpe de Luiz Pereira e Oscar, por exemplo, detentores de uma categoria que de tão elevada o futebol de Dante, David Luiz, Miranda e outros dos nossos atuais defensores da pátria sequer se aproxima.
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Cabrita boa essa professora Cândida.
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Muito bacana, a carta da Professora, Gerson. Eu também acho bacanas as tuas referências a Baião.
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Obrigado, amigo Heleno. Fiquei comovido por ela ter lembrado de minha mania de falar das coisas de Baião. Tenho o maior orgulho de minhas origens, da simplicidade do interior.
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