Por Gerson Nogueira
O empate não foi o pior dos resultados, mas deixou no ar certa preocupação com a caminhada do Paissandu na Série C. Todos os campeonatos nacionais têm como característica comum a necessidade de bons resultados em casa. Boas campanhas normalmente têm como base a acumulação de pontos pelos mandantes.
O Papão fez seus três primeiros jogos como mandante longe de casa e do torcedor. O confronto com o Botafogo da Paraíba, ontem à noite, em Castanhal, foi o último da punição imposta pelo STJD e parecia destinado a ser o mais fácil de todos, visto que o oponente veio sem nove titulares.
Com a bola rolando, o velho problema: Paissandu se atrapalhava para estabelecer um jogo de qualidade no meio-campo. Essa imperícia responde pela ausência de domínio consciente da partida. Como não retém a bola, permite que o adversário saia e planeje situações perigosas.
Desde o começo, o Botafogo mostrou-se esperto, entrosado e interessado em arrancar pelo menos o empate. Conseguiu, com alguma sorte e muito esforço. Rápido, principalmente nas arrancadas de Warley e Chapinha, o time paraibano levava muito perigo quando saía de seu campo.
Defensivamente, porém, a equipe deixava espaços, falhava no jogo aéreo e não acertava a marcação pelo lado esquerdo de sua defesa. Foi por ali que o Papão conseguiu suas melhores jogadas, incluindo o lance do gol de Lima, aos 23 minutos do segundo tempo, completando cruzamento que veio da linha de fundo.
Antes do gol, o Paissandu já tinha desperdiçado seguidas oportunidades, com Lima, Pikachu, Reiniê e Ruan, com chutes tortos ou que foram direto nas mãos do goleiro Genivaldo. Apesar dos bons lances criados no ataque, o time não funcionava de maneira ordenada. A insistência em jogar pela esquerda com Aírton também comprometeu a eficácia dos ataques.
Como esperado, a escalação de três zagueiros mostrou-se defensiva em excesso, travando a saída para o ataque e prejudicando a transição. Augusto Recife, o melhor passador do time, não repetiu as atuações recentes, talvez por se preocupar em acompanhar o meia Chapinha, o mais lúcido do Botafogo. Isso influiu na lentidão que o Paissandu exibia quando tinha a posse da bola.
Leandro Carvalho, Marcos Paraná e Djalma, principalmente, custaram a entrar. Poderiam assegurar mais habilidade e velocidade à pressão sobre os zagueiros do Botafogo. Com eles em campo, Lima passou a ser mais acionado. Rafael Tavares, o meia-armador estreante, apareceu pouco e não deu sinais de que seja o organizador que tanta falta faz ao time.
Cabe registrar que entre os 15 e os 22 minutos do segundo tempo, o Botafogo apertou e esteve a pique de marcar em chutes de Warley, Leomir e Izaías. Na sequência do gol de Lima, mais dois lances agudos do Papão poderiam ter definido o jogo.
Uma falha do goleiro Paulo Rafael permitiu o empate do Botafogo, com Lúcio Curió aos 31 minutos, mas a situação já havia se esboçado em vários momentos do jogo. O fato é que a fartura de oportunidades desfrutada pelo Paissandu não foi devidamente aproveitada, resultando no castigo final.
Diga-se que, dois minutos depois de sofrer o gol do Botafogo, o Papão teve chance preciosa nos pés de Lima, que, sozinho diante do goleiro, mandou por cima. Depois vieram as expulsões (Augusto Recife e Paraná), mas o jogo já entrava na reta final, entregue a paralisações seguidas e sem qualquer vestígio de técnica ou organização. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)
———————————————————–
Arbitragem acima de qualquer suspeita
O trio de arbitragem, todo de Rondônia, teve boa atuação, a partir de marcações firmes de Arnoldo Vasconcelos Figarela, sempre próximo aos lances e enérgico na aplicação dos amarelos.
Todas as lamentações devem ser direcionadas à má pontaria dos atacantes e aos vacilos do sistema de defesa, mas, desta vez, o árbitro não pode ser crucificado pelo mau passo do Papão.
———————————————————-
Águia já é o vice-lanterna
Em Arapiraca, o Águia seguiu seu roteiro de derrotas fora de casa, caindo diante do ASA por 3 a 1, vitimado principalmente por dois gols seguidos, aos 15 e 16 minutos do primeiro tempo. Para piorar, depois de chegar ao primeiro gol na etapa final, Aleílson ainda desperdiçou um penal que podia ter dado ao Águia forças para tentar o empate.
Na penúltima posição, com 4 pontos, o Azulão marabaense precisa redefinir suas forças para buscar uma reação no torneio.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 26)