Um vexame continental

unnamed (47)

Por Gerson Nogueira

Foi o maior fiasco de que se tem notícia nos últimos anos, mais até do que aquela vexatória eliminação do escrete de Mano na última Copa América. Com orçamentos polpudos, os principais clubes brasileiros tropeçaram feio na Taça Libertadores. E eram oponentes modestos, sem tradição maior, alguns mal disfarçam a condição de emergentes. Depois de 23 anos, o país do futebol não vai disputar as semifinais do torneio continental.
E olha que era a Libertadores dos sonhos, sem Boca, River, Independiente, Olímpia, Peñarol. Uma garapa. Ainda assim, os representantes brasileiros conseguiram se mostrar inferiores, em todas as fases disputadas. Três tombaram ainda na fase de grupos – Botafogo, Flamengo e Atlético-PR. Na quarta-feira, dentro de casa, tombou o campeão nacional.
Dono de elenco caro, instalações de primeiro mundo, o Cruzeiro sucumbiu ante um San Lorenzo mais organizado, com setores compactados e pouquíssimos erros de passe. Fiel ao tradicional estilo argentino, os boleiros do time do Papa não faziam maior esforço para marcar ou simplesmente fechar espaço para os cruzeirenses. Marcam com naturalidade e eficiência.
Com tranquilidade, o San Lorenzo dominou o jogo, fez o gol logo a 9 minutos e deixou que a afobação do adversário se encarregasse do resto. Como barata tonta, o melhor time brasileiro foi impotente para organizar uma reação, mesmo na base da pura valentia.
Atrapalhava-se na saída de bola e precipitava jogadas apelando para a nefasta ligação direta. Depositou todas as suas fichas em Júlio Batista como organizador, coisa que o grandalhão nunca foi na vida. Quando muito, foi um atacante mediano há uns dez anos, pelo menos. Hoje, conduz com invulgar sabedoria o final da carreira, faturando alto para o futebol que oferece.
Parceiro de Batista na atrapalhada meia-cancha, Éverton Ribeiro reproduzia apenas o que aprendeu com o inesquecível Zinho ao acompanhar pela TV os jogos da Copa do Mundo de 1994: passou o jogo encerando e girando sem rumo.
Falar mal do Cruzeiro é injusto e incompleto. A Libertadores 2014 expôs com clareza as chagas da atual fase do futebol brasileiro. A Seleção Brasileira vai entrar como favorita na Copa daqui a três semanas porque é a Seleção Brasileira, e é favorita sempre. E só é respeitada porque é muito diferente dos demais times nacionais; joga com aproximação e ocupação de espaços, aposta na ligação rápida e na intensidade do ataque.
Os clubes parecem estar em outro país – e estão. É fato que o Brasil há muito tempo abandonou a condição de berço do futebol-arte. Produz ainda alguns artistas da bola, mas os times marcham na direção contrária. Estão entregues a técnicos que puxam o jogo para trás. Temem se expor e, por isso, preferem empatar. Se fosse possível, morreriam abraçados num interminável zero a zero.
Lá fora, o futebol ganhou outra dinâmica. Os campeonatos europeus destacam times que se multiplicam em campo, que fazem do vigor físico um aliado da técnica, e não apenas uma barreira para evitar gols. O triste é que ninguém pode alegar ignorância, pois as emissoras de TV (a cabo, principalmente) exibem a abissal diferença quase todos os dias.
Nossos irmãos de continente demonstram estar bem mais atentos. Seus times, com todas as limitações, são bem montados, sabem o que fazer quando não têm a bola; são expeditos e práticos quando recuperam a pelota. Marcam com inteligência, desgastam-se menos.
Por isso, equilibram e endurecem qualquer parada contra os brasileiros. Têm como arma extra a valentia para buscar o jogo de choques, sem cair e ficar reclamando falta a todo instante. Não têm os melhores jogadores, mas conseguem ter times de verdades. Aqui, um elenco como o do Cruzeiro mantém reservas de luxo, com salários de R$ 140 mil, enquanto no San Lorenzo um atacante decisivo como Piatti se contenta com a metade.
Há uma fartura de gastos no Brasil e um quadro de arrocho financeiro nos países vizinhos. Em campo, onde as coisas acontecem, tamanha diferença é anulada. E uma pequena chave para entender isso é observar a postura de seus técnicos. Compenetrados, não mostram ao final dos jogos a pose professoral dos brasileiros, mestres da arte da enrolação e da arrogância.

———————————————————–

Direto do Facebook

“Coxinhas agora dizem ser contra o futebol. Disputem cricket, hóquei sobre patins ou cavalos; ou, caça à raposa!”

De Hélio Mairata, empedernido defensor da democracia e da transparência no país da Copa.

———————————————————-

Bola na Torre

O programa debate a Série C, a decisão do returno do Parazão e as expectativas para a Série D. Guilherme Guerreiro comanda, com participações de Giuseppe Tommaso, Valmir Rodrigues e deste escriba baionense. Começa à 00h15, depois do Pânico na Band.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 18)

A última do Joãozinho

Joãozinho estava brincando no playground da escola, quando viu o carro do seu pai passando em direção ao mato atrás da escola…
Ele Seguiu o carro e viu seu pai e tia Jane, se abraçando apaixonadamente. Joãozinho achou tão excitante, que não se conteve e correu pra casa para contar a sua mãe o que tinha visto.
– Mamãe, mamãe, eu estava no playground da escola, quando vi o carro do papai indo pro mato com a tia Jane dentro… Eu fui atrás pra ver e ele estava dando o maior beijo na tia Jane! Depois ele a ajudou a tirar sua blusa… Aí a tia Jane ajudou o papai a tirar suas calças e depois a tia Jane…”
Nesse ponto a mamãe o interrompeu e disse:
– Joãozinho, essa é uma história tão interessante, que tal você guardar o resto dela pra hora do jantar?Eu quero ver a cara do seu pai, quando você contar tudo isso hoje à noite!”
Na hora do jantar, a Mamãe pediu pro Joãozinho pra contar sua história:
– Eu estava brincando no playground da escola, quando vi o carro do papai indo pro mato com a tia Jane dentro… aí, fui correndo atrás pra ver e ele estava dando o maior beijo na tia Jane…aí ele a ajudou a tirar sua blusa… aí a tia Jane ajudou o papai a tirar suas calcas e depois a tia Jane e o papai começaram a fazer as mesmas coisas que a mamãe e o tio Bill faziam, quando o papai estava no exército…
A mamãe desmaiou!
Conselho: dê atenção a quem estiver falando com você e escute tudo até o final, antes de tirar suas próprias conclusões!