Os defensores da pátria

unnamed (34)

Por Gerson Nogueira

Já houve um tempo, nem tão distante assim, em que o Brasil era conhecido e respeitado pela qualidade de seus atacantes e meias. Exportava bem menos que hoje, mas sempre jogadores de ataque, especialistas em fazer gols. Era um processo natural, pois o futebol brasileiro jogava sempre no sentido do gol e parecia ter uma fábrica inesgotável de goleadores. Hoje, com times preocupados em não tomar gols, o país virou exportador de zagueiros e volantes.
Algumas das linhas defensivas mais importantes e badaladas do planeta têm brasileiros como protagonistas. Tiago Silva no PSG, Miranda no Atlético de Madri, Dante no Bayern, Henrique no Nápoli, Pepe (brasileiro naturalizado português) no Real Madri e David Luiz.
Nunca se viu tantos brasileiros brigando para evitar gols.
E as manchetes esportivas de sexta-feira referem-se justamente ao cabeludo beque titular da Seleção Brasileira. David Luiz se transferiu para o clube francês por incríveis R$ 151 milhões. É simplesmente o mais caro zagueiro da história do futebol. A transação representa um ponto de inflexão na tradição brasileira de formar homens de frente.
Bom no combate e eficiente nas bolas aéreas, David Luiz não é propriamente um craque. É ligeiramente inferior, por exemplo, a Tiago Silva. Destaca-se pela raça e voluntarismo. Como as carências ditam os valores de mercado no futebol, o zagueiro se sobressai pela regularidade.
Foi justamente a capacidade de se manter em alto nível por várias temporadas seguidas que fez de David um nome obrigatório na Seleção desde a era Mano Menezes. Felipão assumiu o escrete e fez de David um dos titulares obrigatórios para a Copa. A dupla com Tiago Silva tem se revelado um paredão, reconhecida mundialmente como das mais seguras entre as seleções da Copa.
Apesar dos méritos do jogador, é inevitável se sentir aquele gostinho saudosista meio amargo pela constatação de que o Brasil ofensivo aos poucos se deixou dominar pelo futebol dos zagueiros. Com isso, iguala-se à média dos países, historicamente carentes de craques de meio-campo e goleadores. É o fim da velha supremacia.

———————————————————-

Papão defende série invicta

A perspectiva real de se aproximar do líder Fortaleza é a maior motivação do Paissandu para o confronto de hoje à noite contra o Botafogo-PB, em Castanhal. Depois de poupar mais de meio time contra o Salgueiro – e perder o jogo –, o técnico Mazola Junior não parece disposto a arriscar mais três pontos. Por isso, vai escalar os titulares, com poucas mudanças em relação à equipe que empatou com o Remo na quinta-feira.
Longe da torcida, o Papão defende um retrospecto impecável em jogos de portões fechados. Lá mesmo, no Maximino Porpino, já superou Águia e ASA com atuações seguras e objetivas. O favoritismo se amplia porque o adversário vem desfalcado dos principais jogadores, pois está focado na decisão do campeonato paraibano.

———————————————————–

Um presente alvinegro

Transcrevo a carinhosa carta que recebi, acompanhada de toalha bordada com o símbolo da Estrela Solitária, da professora Cândida. Agradeço pelos generosos elogios e, obviamente, pelo presente especial.
“Sou professora de Língua Portuguesa (aposentada desde 2002) e por isso procuro escutar seus comentários, como o de ontem sobre o Re-Pa e aquele triste comentário do técnico do Paysandu (é o meu clube) quando o senhor teve uma postura imparcial, pertinente e inteligentíssima. Parabéns!
Dia desses ouvi um comentário acerca de um torcedor, me parece que bicolor, que tinha colocado na internet alguma coisa com desvios de regência e concordância da língua, e que o senhor aconselhava que pelo menos escrevesse corretamente. Boa!
E por essa defesa da nossa língua também é que preparei essa toalha do seu clube do coração (Botafogo).
Aprecio quando o senhor orgulhosamente recomenda o cardápio na Linha de Passe (Rádio Clube), onde diz que vai almoçar alguma coisa ‘à moda de Baião’. Acho bonito como o sr. Declara seu amor à terra em que nasceu. Parabéns pela sua competência. A) Professora Cândida.”

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 25)

5 comentários em “Os defensores da pátria

  1. Interessante que nesta época em que o Brasil produzia atacantes pra lá de excelentes ele também produzia zagueiros da estirpe de Luiz Pereira e Oscar, por exemplo, detentores de uma categoria que de tão elevada o futebol de Dante, David Luiz, Miranda e outros dos nossos atuais defensores da pátria sequer se aproxima.

    Curtir

    1. Obrigado, amigo Heleno. Fiquei comovido por ela ter lembrado de minha mania de falar das coisas de Baião. Tenho o maior orgulho de minhas origens, da simplicidade do interior.

      Curtir

Deixar mensagem para seseu41 Cancelar resposta