Na base da superação

Por Gerson Nogueira

A disposição que faltou contra o Bahia sobrou ontem no estádio Zinho Oliveira. Graças a isso, o Remo arrancou excelente resultado, ampliando a vantagem para o jogo final do returno. O time superou suas próprias limitações, físicas inclusivas, para garantir a vitória. Voltou, porém, a cair drasticamente de rendimento nos 45 minutos finais, cedendo espaço e sofrendo grande sufoco.
O gol logo aos 10 minutos, nascido de um tiro indireto finalizado por Fábio Oliveira, deu ao Remo tranqüilidade para aplicar sobre o Águia um tipo de marcação até então não usado por outras equipes no campeonato. Os volantes e meias se adiantavam até o meio de campo para dificultar a saída e a articulação dos marabaenses.
Apesar da pressão pelos laterais Mocajuba e Léo Rosas e a aproximação entre Valdanes e Flamel, o Águia não conseguia entrar na área remista. Com isso, era obrigado a chutes de fora da área ou a cruzar bolas em faltas e escanteios. O lance mais perigoso foi um desvio de cabeça aos 18 minutos, que Adriano defendeu bem.
O Remo, mais tranqüilo na preparação de jogadas, teve pelo menos mais duas oportunidades, com Cassiano e Reis, em lances de contra-ataque. Embora sólido no bloqueio, o meio-de-campo do Remo repetia a já costumeira dificuldade em criar.
Bem vigiado, Magnum pouco participou da armação e os atacantes voltaram a ficar isolados. Quando Reis tabelava com Cassiano e Tiago Cametá, as jogadas ganhavam velocidade e assustavam a defesa do Águia, mas Fábio Oliveira só foi notado na jogada do gol. Ficou praticamente sem função na frente e, em determinados momentos, chegou a recuar para ajudar no combate.
No segundo tempo, por cansaço ou estratégia, o Remo desarmou o sistema de marcação adiantada e limitou-se a esperar o Águia em seu campo. Aí permitiu, como já vem acontecendo há vários jogos, que o adversário tomasse conta da partida e passasse a ditar as ações. A pressão constante resultava em faltas seguidas junto à área.
Adriano voltou a aparecer com destaque, defendendo bolas difíceis e acalmando a defesa, que teve em Edinho novamente seu jogador mais regular. Antes de ser expulso (recebeu o segundo cartão amarelo, por simulação), evitou gol certo em chute forte de Branco da entrada da área.
O ataque praticamente desapareceu depois da saída de Cassiano, por contusão. Betinho substituiu Magnum e tentou reorganizar a meia-cancha. Dava sequência às jogadas, mas parava na dura marcação do Águia e na falta de opções para troca de passes.
A vitória merece toda a comemoração dos azulinos, pelo grau de dificuldade, mas não esconde as carências existentes no elenco. Às duras penas, Flávio Lopes vem mantendo boa campanha no Parazão, mas as limitações individuais pesam e fragilizam a estrutura do time. 

 
 
Para domingo, os problemas do treinador serão ainda maiores. O Remo não terá Adriano, Cassiano, André e provavelmente Magnum, todos suspensos. Dida (ou Jamilton), Joãozinho, Juan Sosa e Betinho são os substitutos já definidos. Essas alterações fazem com que a decisão do returno permaneça em aberto, pois nenhum time sofre tantas mudanças sem ter alguma queda de rendimento.    

 
 
Marco Antonio Mendonça, o árbitro de Águia x Remo, cometeu várias falhas. Viu simulação de Cassiano em lance faltoso do zagueiro Charles na área do Águia. Apontou catimba de Adriano quando o goleiro foi buscar a bola no fundo das redes, depois de um chute de Valdanes. Deu amarelo a André em falta sobre Wando, que se atirou no gramado de forma teatral. Deixou de punir Branco por atingir Adriano com o cotovelo no lance que levou à expulsão do goleiro.
É temerário, porém, avaliar suas qualidades apenas por um jogo. E um jogo de alto risco, disputado em Marabá, onde o Águia costuma fazer muita pressão sobre os árbitros. O nervosismo de Mendonça pode estar relacionado com a própria presença no estádio do coronel Antonio Carlos Nunes, presidente da FPF, e de seus principais auxiliares.   
Depois do jogo, diante da atuação insegura do árbitro no Zinho Oliveira, um alto conselheiro remista sugeria que o clube deveria insistir para que a FPF escalasse Mendonça para apitar a decisão no Baenão, diante da torcida remista. Seria, segundo ele, a maneira mais inteligente de “prestigiar” a entidade pela inusitada escalação de um árbitro inexperiente para comandar partida tão importante.  (Fotos 1 e 3: TIAGO ARAÚJO; foto 2: NEY MARCONDES)

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 23)

23 comentários em “Na base da superação

  1. Gerson e amigos, o grande problema do Águia, é que ele só joga de um jeito e, se do outro lado estiver um bom técnico, o Azulão não consegue impor seu jogo. O Flávio já manjou o jogo do Águia, tanto que, perguntado pelo Caxiado o que ele pensava sobre a alteração no azulão, onde o Vando entrara no lugar do Leo Rosas, no intervalo do jogo, o Técnico do Remo, disse: ” Eu sabia que ele ía fazer isso, por isso entrei com o Sosa, que é mais marcador”. O Vando não viu a bola e foi muito discreto no jogo, para o que se esperava dele.
    Acredito, sinceramente, que o Remo só perde esse título, pra jogadores, caso não consigam executar o que pede o técnico.
    – uaunto ao Árbitro ficar nervoso pela presença do Nunes, acredito nisso sim, amigos, até porque, qualquer Árbitro sabe qual é o sonho do Presidente da FPF, que é ter uma final do interior, logo…
    – Na minha opinião, o Árbitro foi tendencioso e, se Remo e Paysandu não se espertarem võameter a mão nesses 2 clubes, daqui por diante.
    É a minha opinião.

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  2. Parabéns ao Leão Azul.Jogando contra o Águia no zinho-zinho de oliveira,contra o cansaço físico e moral decorrente da goleada sofrida apenas 3 dias antes e também contra o juiz.Uma vitória merecida,na base da superação e da vontade.Por sinal há uma comentarista aqui do blog que sempre afirma que o Remo vive sendo ajudado pelas arbitragens.Vamos ver se hoje ela dar o ar da sua graça.

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  3. Arbitrar contra um time por temor ao todo-poderoso presidente bicolor da Federação é o fim da picada.

    Por essas e por outras que a arbitragem regional ainda não merece a minha confiança.

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  4. Roubaram muito o LEÃO ontem, será que a FPF não percebe que é prejudicial árbitro local num estádio desse??? e ainda querem levar o outro jogo p/ mangueirão!!! dá p/ acreditar numa federação que tenta prejudicar seu maior fator de receita oriundo das rendas??? é atirar no seu pé!!! por isso que o futebol do Pará está onde está, é triste! FORA NUNES, PELO BEM DO FUTEBOL PARAENSE SAIA JÁ!!!

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  5. Foi realmente na base da superação. Mas, como torcedor, é horrível assistir o Remo dando pelo menos 15 chutões pra frente nos 45 minutos finais que, raramente no futebol, leva a algum resultado. O time completamente acuado, esperando o adversário e jogando totalmente na defensiva é um teste pra cardíaco! Ainda esperamos que o Clube do Remo seja mais regular e jogue iguais (e bem) os dois tempos de jogo.

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  6. Ainda bem que entendeste a brincadeira amigo Gerson.Mudando de assunto,que rodada foi essa meu amigos!!Ontem realmente não sabia o que fazer,zapeando freneticamente por cultura,globo e band.Na globo passava o melhor jogo transmitido pela TV este ano,um embate memorável entre Fla e Vasco.Na band um jogo que não prometia maiores emoções dada a superioridade do Timão em relação a Ponte,acabou sendo de uma enorme dramaticidade até o fim, com a inesperada derrocada corintiana.Francamente o jogo do meu Remo foi o que menos acompanhei.Desculpem a falta de regionalismo,mas minha paixão pelo futebol bem jogado me levou a enfatizar a decisão do carioca.Desculpem-me também os defensores dos pontos corridos,mas a rodada desse domingo mostrou o quanto o mata-mata traz de emoção ao futebol.Em tempo Gerson,vou torcer pelo teu fogão nessas finais.

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  7. Nada como um dia após o outro. Como eu e o Claudio Santos salientamos, o Flavio Lopes fez o que devia fazer contra o Bahia, devido a limitação do elenco que tem e com a ausencia do Andre e o estado fisico do cassiano. Contra o aguia, o time sentiu o cansaço, tanto que o jonathan que foi o mais sobrecarregado no jogo de salvador saiu no meio do segundo e já não mais conseguia acertar os passses. O Flavio Lopes entende e muito de futebol e se tivesse na diretoria já teria renovado seu contrato estando o remo com calendario ou não, pois se ele estivesse no lugar do sinomar nos amistosos pelo interior, o remo entraria com time montado no campeonato e ainda traria revelações do interior com certeza.

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  8. O REMO jogou o suficiente para vencer o Águia. Era a postura que deveria ter tido no primeiro turno, mas como o Técnico era o Sonomar…

    O Jamilton é bom goleiro, só falhou contra a Tuna, e pode se reabilitar contra o perigoso Águia.

    Respeito o adversário, mas ontem o REMO mostrou que tem time para sagrar-se campeão, a torcida vai invadir o estádio que for.

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  9. Está rolando um comentário que o Remo não poderá jogar domingo no Baenão, o águia jogou naquela roça, o Remo não!!! já vai começar a safadesa desses bastidores da maracutáia. O Remo contra todos, vamos ser campeões assim mesmo, abre o olho Leão.

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  10. Te dizer! Vitória na base da superação, ou então o Águia que e um tremendo time CAGÃO?????

    Para mim, a equipe marabaense, está seguindo os mesmos passos da Tuna Luso, que em outros tempos ganhava de todo os outros time e, sempre entregava o ouro para o Remo! Ai vai aparecer uns desaforados e dizer – há, mais o Águia venceu o Paysandu e perdeu para o Remo, mais em compensação, o Remo perdeu para o Paysandu e este ano, continuará sem vencer o Papão…

    A verdade e que, o time do Águia de Marabá e uma frouxura só!

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  11. E a estrela do técnico, nada obstante um breve e doído apagão contra o Bahia, seguiu brilhando. E me refiro só à estrela porque é de se elogiar a sorte, antes da competência (que também há alguma) de um treinador cujo time por cansaço ou atendendo sua (do treinador) determinação se recolhe à retrancas cada vez mais explícitas para segurar os resultados.
    (…)

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  12. (..)
    2. Recordo que já elogiei aqui o treinador por esta fixação no foco (vencer o turno e o campeonato) e esta falta de vaidade, este desprendimento, esta despreocupação com as críticas (ser chamado de covarde retranqueiro etc), tudo em prol do alcance dos citados objetivos.

    Agora, mais do que nunca interessado no alcance dos resultados (o primeiro já mais próximo), devo dizer que já estou preocupado com o modo eleito pelo treinador para alcançá-lo. Não por vaidade, por orgulho, ou por outro sentimento estético contrário às retrancas. E sim porque acho que este “esquema tático”, esta “estratégia”, este “esquema de jogo”, parece vir esgotando sua eficácia a cada jogo. Máxime porque dito “esquema” cada vez mais parece estar exclusivamente vinculado ao imponderável: a sorte do treinador e o azar dos jogadores adversários nas conclusões, que chutam pro lado, pra cima, prá cima, nas pernas dos zagueiros, na mão do goleiro etc. Se o problema é físico, acho que valeria à pena dosar um pouco o ímpeto de ataque no primeiro tempo. Isto é, equilibrar um pouco a coisa, diminuindo no primeiro tempo, para ter alguma reserva para usar no segundo tempo. Cumpria também determinar ao Fábio que não retornasse tanto para marcar. Se muito nos escanteios.
    (…)

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  13. (…)
    3. Quanto à arbitragem concordo com quem disse que ela marcava qualquer faltinha a favor do Águia. Mas não concordo com quem falou no uso de dois pesos e duas medidas porque também não marcava qualquer faltinha a favor do Remo.

    Ora, o Remo abdicou do jogo no segundo tempo, só foi à frente mediante chutões, não trocou passes nas intermediárias, não reteve a bola na frente. Assim, como pode alguém querer que o árbitro tivesse oportunidade de marcar faltas pelo mero contato dos jogadores adversários. Nestas condições não dava.

    Concordo com quem achou que o árbitro estava pressionado. Mas não com quem acha que ele foi injusto nas expulsões do André e do Adriano.

    No caso do André, que já tinha cartão amarelo, a imagem da TV é bem clara quando mostra o André atingindo com o antebraço, à moda Jon Jones, a nuca do jogador aguiano.

    E o Adriano recebeu o amarelo porque já estando com a bola pronta para executar o tiro de meta, deixou-a de lado, para, num comportamento supostamente esperto de fazer cera, ir buscar outra bola que o Branco havia chutado para dentro do gol e lá estava além da marca do gol, isto é, fora de jogo.

    Quanto ao cartão vermelho, este decorreu de um segundo amarelo, aplicado pelo goleiro ter física e literalmente uma peitada no árbitro, logo após se levantar da inexistente violenta agressão que quis fazer crer teria sofrido do jogador do Águia. Numa palavra, o próprio Adriano foi o responsável pela expulsão.

    E os amarelos dados também para os que estavam pendurados decorre da situação do jogo, o Remo tentando defender-se numa retranca explícita e dos jogadores pendurados ocuparem exatamente posições de contenção.

    De aguardar, agora, o 2º jogo. Tá faltando pouco Leão.

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  14. Gerson, no estádio Zinho de Oliveira, que já demonstrou não ter condições de suportar jogos de remo e paysandú, nunca há impedimento para jogos e ficam frescando com o baenão, cho que tem gente mexendo os pauzinhos para prejuducar o remo.

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  15. Tá na cara que o Águia tem mexido os pauzinhos nos bastidores. Tem gente dentro da Federação se coçando para mais uma vez prejudicar o REMO. Mas quem tem o sonho de ser campeão, tem de passar por cima disso, vencer o adversário, o juiz e a Federação e se Deus permitir, gritar É CAMPEÃO!

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  16. Gerson e amigos, foi um jogo onde os mais recentes idolos azulinos mostraram o pq carregam este titulo.

    Adriano, voltou a ser o paredão azulino que todos conhecem, raçudo, vibrante, jamais deixou nenhuma bola passar. Simplesmente imbativel.

    Fabio Oliveira, foi decisivo marcando o gol da vitória. É um Matador Nato.

    Diego Barros, mesmo ainda sem ta no nivel tecnico que o fez idolo, ele deu sangue pelo time e como se não bastasse substituiu Adriano no gol quando o Remo não poderia mais colocar o Jamilton.

    Parabéns guerreiros azulinos.

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