Interrogatório do ex-presidente Lula por delegados da Polícia Federal e promotores, no aeroporto de Congonhas.
Delegado da Polícia Federal:- Mas é que às vezes tem pessoas que a gente conhece que sabe que só anda de táxi.
Declarante:- Espero que ele tenha carro, que ele dirija.
Delegado da Polícia Federal:- É, é, está certo.
Declarante:- Aqui em São Paulo também andar de táxi é uma preferência hoje.
Delegado da Polícia Federal:- Pois é. O senhor conhece Rogério Aurélio Pimentel?
Declarante:- Conheço.
Delegado da Polícia Federal:- Qual a relação que o senhor tem com ele?
Declarante:- Ele trabalhou como segurança desde 1989.
Delegado da Polícia Federal:- Segurança?
Declarante:- Segurança na minha campanha presidencial, depois ele foi trabalhar na presidência da república, foi auxiliar a dona Marisa, depois que eu deixei a presidência da república ele foi trabalhar no SESI.
Delegado da Polícia Federal:- E com o Instituto Lula, ele tem alguma relação?
Declarante:- Nenhuma.
Delegado da Polícia Federal:- Nenhuma? Ele costumava frequentar o Instituto Lula?
Declarante:- Não.
Delegado da Polícia Federal:- Não? O senhor tem conhecimento, o Instituto Lula nunca pediu nada para ele, e ele também nunca trabalhou para o Instituto Lula, nunca pediu em nome do Instituto Lula?
Declarante:- Não.
Delegado da Polícia Federal:- O Aurélio tem algum apelido?
Declarante:- Não.
Delegado da Polícia Federal:- Não?
Declarante:- Não, que eu saiba não.
Delegado da Polícia Federal:- O senhor, quando tiver alguma intervenção…
Defesa:- Ah tá, não, foi só pra…
Delegado da Polícia Federal:- Alguma complementação. Rogério Aurélio Pimentel fazia contato com empresas potencialmente para serem doadoras do Instituto Lula?
Declarante:- Não.
Delegado da Polícia Federal:- E com a LILS Palestras?
Declarante:- Não.
Delegado da Polícia Federal:- Também não. Da mesma forma que não tinha nunca autorização para pedir doações ou agendar palestras, ele nunca trabalhou para a LILS?
Declarante:- Nem pra pedir, nem pra dar, não tem nenhuma relação.
Delegado da Polícia Federal:- Paulo Cangussú André, o senhor conhece, Paulo Gangussú André?
Declarante:- Paulo?
Delegado da Polícia Federal:- Paulo Cangussú André, acho que André é o sobrenome.
Declarante:- Paulo Cangussú?
Delegado da Polícia Federal:- Talvez o senhor possa conhecer por apelido ou alguma coisa?
Declarante:- Não.
Delegado da Polícia Federal:- Obviamente, então, o senhor não vai dizer se ele tem algum relacionamento com o senhor ou com o Instituto Lula pelo nome.
Declarante:- Paulo Cagussú eu não conheço, aliás é a primeira vez que eu vejo esse nome Cangussú.
Delegado da Polícia Federal:- É, pode ser Paulo André, Paulo André já é um nome…
Declarante:- Paulo André, Paulo André é um menino que trabalha com o Paulo Okamotto.
Delegado da Polícia Federal:- Isto.
Declarante:- Ele é um menino que cuida da infraestrutura, das viagens, de hotéis.
Delegado da Polícia Federal:- Relacionadas ao Instituto Lula?
Declarante:- Instituto Lula.
Delegado da Polícia Federal:- Com palestras?
Declarante:- Não, palestras não, infraestrutura de viagens minhas, se eu for para Brasília é o Paulo André que cuida de avião, se eu for para um hotel é o Paulo André que cuida do hotel, é isso que ele faz.
Delegado da Polícia Federal:- Sempre com recursos do Instituto Lula ou da LILS?
Declarante:- Sempre com recursos do Instituto Lula ou da LILS, depende de quem vai fazer o evento.
Delegado da Polícia Federal:- Ele então é o seu secretário?
Declarante:- Não, ele trabalha para o instituto.
Delegado da Polícia Federal:- E por que ele presta serviços para LILS?
Declarante:- Ele não presta serviços para LILS.
Delegado da Polícia Federal:- É que o senhor acabou de dizer que quando o senhor vai fazer uma palestra ele que marca…
Declarante:- Ele não presta serviço pra LILS, ele presta serviço para o instituto.
Delegado da Polícia Federal:- Mas o senhor vai fazer uma palestra pela LILS, o senhor disse que ele que marca…
Declarante:- Quando eu vou fazer uma palestra pela LILS, o instituto, Clara Ant ou qualquer diretor é que cuida disso.
Delegado da Polícia Federal:- Então o Instituto Lula cuida das suas palestras também?
Declarante:- De algumas, de algumas.
Delegado da Polícia Federal:- E a receita dessas palestras vai para o instituto ou para a LILS?
Declarante:- Ela fica na LILS e vai ser utilizada quando todas as empresas que vocês estão destruindo nesse país não puderem contribuir mais financeiramente, o dinheiro vai ser utilizado para manter o instituto.
Delegado da Polícia Federal:- Então os mesmos tesoureiros, pessoas que trabalham para o Instituto Lula também prestam serviços para a LILS?
Declarante:- Eles não prestam serviços para a LILS. Deixa eu lhe falar uma coisa, a LILS é uma empresa que foi criada apenas para dar norma jurídica às palestras que eu faço, quando alguém quer contratar a LILS alguém liga diretamente lá para o Instituto, liga para mim, liga para o Paulo, liga pra Clara, liga para todo mundo, certo? Eu montei o escritório da LILS para cumprir norma jurídica, só isso.
Delegado da Polícia Federal:- Ele funciona na mesma sede do instituto?
Declarante:- Não.
Delegado da Polícia Federal:- Qual é a sede dele?
Declarante:- Não, ele não tem sede, na verdade eu coloquei o endereço no apartamento meu para receber correspondência, mas chega…
Delegado da Polícia Federal:- E quem trata dessas palestras, trata dos valores que devem ser contribuídos, quem faz tudo isso?
Declarante:- As pessoas, quando mandam carta, as pessoas mandam carta diretamente para o instituto, para a LILS via instituto.
Delegado da Polícia Federal:- E quem faz essa operação, o secretariado do senhor, vê a sua agenda “Olha, vou fazer”.
Declarante:- Tem agenda minha no instituto…
Delegado da Polícia Federal:- Quem faz isso?
Declarante:- O Marco Aurélio faz minha agenda, a Clara Ant cuida da minha agenda, é a diretora responsável de cuidar de todas as minhas atividades sindicais, políticas, do instituto, tudo passa…
Delegado da Polícia Federal:- E o Paulo André também?
Declarante:- Tudo passa pela mão dela. O Paulo André é apenas a questão de infraestrutura, “Ah, preciso alugar num quarto num hotel”, “Preciso alugar um avião”, precisa fazer outra coisa é com o Paulo André.
Delegado da Polícia Federal:- Certo. E com relação às doações, ele também fazia contato com empresas?
Declarante:- Não, não. Eu não acredito, porque ele é um funcionário do instituto.
Delegado da Polícia Federal:- Ainda é?
Declarante:- Eu não acredito porque ele é um funcionário do instituto, ele não cuida dessas coisas.
Delegado da Polícia Federal:- Ou seja, ele ainda é funcionário do instituto?
Declarante:- Deve ser, é funcionário sim.
Delegado da Polícia Federal:- Hoje é ele…
Declarante:- Ele trabalha diretamente ligado ao Paulo Okamotto.
Delegado da Polícia Federal:- Certo.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – PARTE 3
Delegado da Polícia Federal:- O senhor conhece, então, a Clara Ant, como o senhor já falou, qual a relação dela com o senhor?
Declarante:- A Clara Ant é fundadora do PT, deputada estadual e trabalha comigo há 25 anos.
Delegado da Polícia Federal:- Com o Instituto Lula o senhor também já falou, que ela ainda está lá, obviamente ela deve frequentar o Instituto Lula, qual seria essa frequência que ela comparece ao…
Declarante:- Quem?
Delegado da Polícia Federal:- A Clara Ant.
Declarante:- Todo santo dia, das 10 às 7, às 8 da noite, todo santo dia.
Delegado da Polícia Federal:- Ela faz contatos com as empresas que são doadoras, colaboradoras?
Declarante:- Não, não faz não.
Delegado da Polícia Federal:- Com relação à LILS, ela faz então contatos, como o senhor falou, acabou de falar?
Declarante:- Ela recebe…
Delegado da Polícia Federal: Nós temos uma relação de doações ou pagamentos por serviços prestados, com imposto retido na fonte, enfim, de algumas empresas, por exemplo, eu vou pegar uma mais recente, é mais provável dar lembrança, no ano de 2014, tem a Vanucci & Vanucci, FM2 Comunicações, Nemala Assessoria, Diogo Antônio Rodrigues, essas 4 empresas que eu falei, por exemplo, a Nemala, o senhor tem ideia qual foi a contraprestação, teriam sido palestras ou teria sido doações?
Declarante: Nunca nem ouvi falar nessa empresa, como que é o nome?
Delegado da Polícia Federal: Nemala Assessoria e Planejamento Estratégico e Projetos, não?
Declarante: Não.
Delegado da Polícia Federal: A Vanucci & Vanucci?
Declarante: Não.
Delegado da Polícia Federal: FM2 Comunicações?
Declarante: Não.
Delegado da Polícia Federal: Diogo Antônio Rodrigues?
Declarante: E o que essas empresas fizeram?
Delegado da Polícia Federal: Elas doaram ou pagaram para o Instituto Lula ou para a LILS, entrou no caixa; por exemplo, essa empresa Nemala, que o senhor não conhece, ela pagou 292.441,95 reais, provavelmente seja em razão de palestras concedidas, se não for palestra pode ser caixa de doações.
Declarante: Não tenho, não tenho a menor ideia.
Delegado da Polícia Federal: Stuart Consultoria?
Declarante: Nenhuma dessas que você falou eu tenho a menor ideia do que seja.
Delegado da Polícia Federal: Sim. LFS Contabilidade, Tributos e Consultoria?
Declarante: O que é isso?
Delegado da Polícia Federal: Então, uma das empresas que passou dinheiro, essa, por exemplo, 36 mil. Tem uma aqui que talvez o senhor vá lembrar porque é mais de 1 milhão de reais, G4 Entretenimento e Tecnologia.
Declarante: É o que eu disse para vocês, se a G4 prestou serviços para o instituto, se ela prestou serviços, o instituto paga corretamente os serviços prestados.
Delegado da Polícia Federal: Certo. Para a G4. É do seu filho Fábio, não é?
Declarante: É. Isso já foi apresentado para a receita federal, já esteve lá xeretando.
Delegado da Polícia Federal: Não, não. Para o senhor ter uma ideia de imposto devido que foi recolhido foi 16 mil reais dessa prestação de serviços, 1 milhão e 67 mil, o senhor tem ideia do que pode ter sido prestado pela G4 ao Instituto Lula para que a G4 tenha recebido esse valor?
Declarante: Olha, se não me falha a memória, deve ter sido do Memorial da Democracia, porque nós fizemos o memorial digital que está no ar, nós fizemos o Memorial, fizemos o Políticas Públicas, são dois programas que estão no ar para difundir o que aconteceu no Brasil, aí isso implicou fazer filmes, implicou fazer estudo, deve ter sido isso, mas como vocês estão, estão… O Paulo Okamotto vai estar prestando depoimento ou não?
Delegado da Polícia Federal: É para estar, eu não tenho ideia se…
Declarante: Pois se ele estiver ele deve falar, porque ele é que contrata.
Delegado da Polícia Federal: Certo, certo. As empresas que eu falei anteriormente também são todas recebedoras…
Declarante: O que?
Delegado da Polícia Federal: Aqueles nomes que eu lhe falei, que o senhor não conhece, por exemplo, a Nemala, ela é recebedora a título de serviços prestados…
Declarante: Ah, deve ser, lá trabalhou recebeu, lá não é que nem o poder público que não paga não, lá a gente paga.
Delegado da Polícia Federal: A qual o senhor se refere, ao federal…
Declarante: Hein?
Delegado da Polícia Federal: A que poder público o senhor se refere, federal, estadual ou municipal?
Declarante: Todos. Uma das coisas que fomentou a corrupção no Brasil ao longo do tempo é que o Ministério Público, o poder público fingia que contratava obra, fingia que pagava, a empresa fingia que fazia, ficava tudo como antes. Antes de eu chegar à presidência, o servidor público fingia que trabalhava, o governo fingia que pagava, o Brasil se fodia, então, desculpe a palavra horrível, então nós resolvemos moralizar tudo isso, eu adotei como política o seguinte, é o seguinte, primeiro pagar em dia, eu só tenho credibilidade com as pessoas se eu pagar em dia, se eu fingir que pago e a pessoa finge que recebe alguém vai enganar alguém, então eu optei pela seriedade e isso vale para o instituto.
Defesa: Doutor, a pergunta era valores pagos ou valores recebidos?
Delegado da Polícia Federal: Valores pagos pelo Instituto Lula.
Declarante: Essa coisa contratada…
Delegado da Polícia Federal: É por isso que eu corrigi.
Defesa: É, exatamente, então fica claro que o senhor corrigiu porque no começo…
Delegado da Polícia Federal: É, eu interpretei a planilha como se tivesse essas pessoas doando para o instituto. É por isso que agora, há um minuto atrás, eu corrigi dizendo que essas empresas que eu citei na verdade receberam dinheiro, é por isso que…
Defesa: Só para deixar claro que houve, para ficar bem claro que houve essa retificação da sua pergunta, porque no início, quando se perguntou como entrada, ele ficou reticente, para deixar claro que na verdade uma pergunta errada que depois foi corrigida.
Delegado da Polícia Federal: Isso. Eu deixei claro, inclusive, o expresidente disse que prestou serviço, pagou e por isso que ele falou agora que o poder público não paga.
Defesa: A pergunta foi refeita de uma forma correta e aí então ele pôde se manifestar.
Delegado da Polícia Federal: Foi refeita, foi refeita, exatamente. Flex BR Tecnologia, ela recebeu 114 mil, o senhor tem ideia?
Declarante: Quanto?
Delegado da Polícia Federal: 114 mil, no ano de 2004.
Declarante: Se recebeu, pagou serviço, meu filho.
Delegado da Polícia Federal: Textual Traduções?
Declarante: Não.
Delegado da Polícia Federal: Rima Soluções em Comunicação, o senhor conhece essa empresa aqui, Soluções em Comunicação, recebeu 199 mil reais?
Declarante: Não.
Delegado da Polícia Federal: Vamos 1 ano mais pra trás, vê se o senhor lembra de alguma dessas empresas ou desses valores?
Declarante: Que ano?
Delegado da Polícia Federal: 2013. A mesma Rima que em 2014 ganhou 200 mil, em 2013 foi 83 mil, a Vanucci & Vanucci de novo em 2013, ganhou 102 mil, a G4 Entretenimento que tinha ganhado em 2014 1 milhão e 67 mil, no ano de 2013 ela recebeu 263 mil reais, em 2013 o senhor não lembra…
Declarante: Eu vou repetir a mesma coisa, vou repetir a mesma coisa, se recebeu prestou serviço.
Delegado da Polícia Federal: Certo, certo. E a Multi Interpretação Ltda.?
Declarante: Não.
Delegado da Polícia Federal: Não? não lembra?
Declarante: Não.
Delegado da Polícia Federal: Vamos mais para trás um pouquinho, há 3 anos atrás, quase 4 anos, em 2012, Vanucci & Vanucci Ltda. mais 89 mil, Brasil Arquitetura 100 mil, Rima de novo, dessa vez só 12 mil, G4 Entretenimento de novo em 2012, 18 mil, LFS Contabilidade 15 mil, Multi Interpretação 50 mil.
Declarante: Primeiro, entenda, primeiro eu fico até constrangido de você está me fazendo essas perguntas, porque que interesse alguém tem em saber se uma empresa recebeu 18 mil reais, 17 mil reais? Se recebeu dinheiro do instituto prestou serviço, se prestou serviço tem nota, se tem nota já foi pago os impostos direitinho.
Delegado da Polícia Federal: Essa é uma oportunidade deo senhor poder esclarecer isso tudo sobre…
Declarante: Não, essa oportunidade…
Delegado da Polícia Federal: Agora se o senhor não tem conhecimento…
Declarante: Na verdade é a oportunidade de ficar constrangido aqui, respondendo perguntas que, e eu sei que não é você que inventa pergunta, eu sei o critério, mas sinceramente, sinceramente tem coisa muito mais séria para me perguntar.
Delegado da Polícia Federal: Certo. Vamos tratar agora mais da LILS, nós citamos bastante o instituto, daquelas pessoas ligadas a ele, vamos formular perguntas…
Defesa: Doutor, o objeto da investigação o senhor pode esclarecer qual é?
Delegado da Polícia Federal: Sim. Como eu já adiantei para o expresidente, ele envolve reformas e aquisição e registro da propriedade do sítio em Atibaia, eventuais reformas e registro de propriedade do flat…
Declarante: O senhor deveria estar entrevistando o Ministério Público, trazer o Conserino aqui e fazer pergunta para ele, para ele dizer que é meu, para ele dizer que o apartamento é meu, para ele dizer que eu paguei o apartamento, ele que tem que dizer, não eu.
Delegado da Polícia Federal: O que interessa para nós…
Declarante: Que o cidadão conta uma mentira e eu sou obrigado a ficar respondendo a mentira dele.
Delegado da Polícia Federal: Mas se o senhor não responder quem vai responder?
Declarante: Um cidadão que é membro do Ministério Público, que fica a serviço da Globo, do Jornal Globo, da Revista Veja, fazendo insinuações e eu tenho que responder? Ele que diga, ele que prove, no dia que ele provar que o apartamento é meu alguém vai me dar o apartamento, ou o Ministério Público vai me comprar o apartamento ou a Globo me compra o apartamento, ou a Veja me compra o apartamento, ou sei lá quem vai me comprar o apartamento, o que não é possível é que a gente trabalhe tanto para criar uma instituição forte nesse país e dentro dessas instituições pessoas que não merecem estar nessa instituição estejam a serviço de degradar a imagem de pessoas, não sou eu que tenho que provar que o apartamento é meu, ele é que vai ter que provar que é meu, ele vai ter, eu espero que ele tenha dinheiro para depois pagar e me dar o apartamento, eu já estou de saco cheio disso, essa é a verdade, estão gravando aqui para ficar registrado. Eu estou de saco cheio de ficar respondendo bobagens.
(Continua…)














