Camisa de Vênus passa o rolo compressor no Circo

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DO BLOG DO JAMA – JAM SESSIONS

RIO – A turnê de 35 anos do Camisa de Venus começou muito bem noite passada no Circo Voador. Marcelo Nova diz que é a primeira desde 1987, em reuniões anteriores foram apenas alguns shows e Roberio Santana me disse que pode se estender até 2016. A maior parte da plateia nem era espermatozóide ainda quando a banda começou em Salvador no agora distante 1980. Casa cheia, visto das arquibancadas, o tempo não parecia ter passado. Uma galera jovem cantando a maioria das músicas, Marcelo mandava a primeira parte do verso, o povo completava, os refrões ficaram por conta do público, enquanto Marcelo passeava pelo palco ou até se sentava no estrado da bateria só apreciando a colheita das sementes que plantou. Sem contar a roda de pogo que se abriu em canções como Joana D’Arc, a última do show, com os jovens em frenéticas trombadas, exatamente como seus pais nos anos 80.
WP_20150510_02_03_40_ProO Camisa de Venus nunca aliviou ninguém e continua na mesma batida: “Aos que nos acompanham desde o começo Bota pra fudê, aos que estão chegando agora bota pra fudê,” gritou Marcelo. Foi a música de abertura e a palavra de ordem usada o show inteiro, dava uma sumida, de repente lá estava em alto e bom som. Veteranos perto de mim, alguns já de cabelos platinados, voltaram à juventude para encher o peito e gritar a plenos pulmões.”Bota pra fudê!”
Marcelo Nova saiu pilhado do palco. Energizado pelo feedback monstro da plateia foi arredio com quem tentou lhe falar. Não posou pra fotos e saiu batido. Como tive dificuldade para entrar no backstage não o peguei. Roberio também estava meio no ar com a amostra do que os aguarda pelos palcos desses Brasis. Casa lotada, a banda ficou no palco uma hora e 24 minutos, um tempo padrão, a plateia merecia mais.
“Quando deixamos Salvador, o primeiro porto em que encostamos nossa nave foi aqui, faz todo sentido começar a turnê pelo Circo Voador,” disse Nova, em forma do alto de seus 63 anos, todo de preto, regendo o público com gestos quando não estava cantando. Plateia adora cantar em shows e teve horas em que virou um karaokê, enquanto Marcelo guardava o fôlego para canções menos conhecidas, como Rostos e Aeroportos e A Ferro e Fogo.
Foram poucas assim. Ele privilegiou o primeiro disco, de 1983 com quatro canções. O libelo sobre a violência contra a mulher em Bete Morreu, uma visão ácida da vida urbana em Passatempo, o amor rejeitado de Negue, samba canção sucesso de Nelson Gonçalves vertido para o rock e, heresia suprema (Oh! faz sinal da cruz, se benze), O Adventista, em que ele rezou o pai-nosso de joelhos enquanto a plateia repetia “não vai haver amor nessa porra nunca mais.” Foi o único disco na Som Livre porque eles não aceitaram a exigência de mudar o nome da banda, camisinha ainda não era fashion, quer dizer, até aceitaram para Capa de Pica. Não rolou.

Oportunidade de reconstrução

POR GERSON NOGUEIRA

O traumático desfecho da Copa Verde frustrou sonhos azulinos e surpreendeu a quase toda a torcida paraense, mas teve pelo menos um aspecto positivo. Com o revés, o Remo ganha a chance de analisar seus erros internos, remontar o elenco e partir para o projeto de acesso à Série C 2016.

Depois de incrível arrancada, durante a qual enfrentou nada menos que sete decisões, Cacaio e seu grupo foram duramente castigados na derradeira final. Os motivos do desastre são diversos, dependem do ponto de vista de cada um, mas todos concordam que é preciso mudar.

Como vários jogadores terão contratos vencendo em maio, junho e julho, há a previsão de redução drástica do elenco. Dificilmente o clube renovará os contratos de Rafael Andrade, Ciro Sena, George Lucas, Mateus, Jadilson, Camilo, Cezar Luz e Alberto. Já Bismarck, Felipe Macena e Fabrício têm boas chances de permanência.

unnamed (14)Cacaio, que errou nas substituições feitas durante a decisão em Cuiabá, conquistou tanto em tão pouco tempo no clube que não chegou a ter seu prestígio afetado pelos efeitos da trágica derrota. Venceu seis de sete confrontos decisivos desde o começo de abril e deu ao Remo uma feição vencedora que a equipe havia perdido há tempos. Tem, portanto, todo crédito para comandar o processo de reconstrução, fazendo suas indicações para reforçar o elenco.

Ao longo dos próximos dois meses, quando o Remo ficará inativo, aguardando o começo da Série D, Cacaio e sua comissão técnica terão tempo e tranquilidade para ir em busca de jogadores regionais que fizeram boa figura no Campeonato Paraense.

Existe o já declarado interesse pelo meia Juninho (Parauapebas) e os zagueiros Ezequias (Independente) e Henrique (Parauapebas). Léo Rosa e Jaquinha, laterais do Independente, e Welton, atacante do Tapajós, também são especulados. Todos estão rigorosamente dentro do limite salarial que o Remo pretende adotar para o segundo semestre.

Além do mercado paraense, o Remo vai prospectar o futebol dos Estados vizinhos, a partir do que se observou na própria Copa Verde. No Cuiabá, alguns jogadores merecem atenção. Rafael Luz, organizador e artilheiro da equipe, é um nome até óbvio. O zagueiro Egon, o atacante Nino Guerreiro e o ala Maninho também se sobressaíram. O Princesa do Solimões (AM) apresentou o atacante Léo Paraíba, de bons recursos. No Nacional, o avante Leonardo também apareceu bem nos confrontos com o Papão.

Com sérias deficiências no miolo de defesa, laterais e setor de criação, Cacaio precisará de liberdade para escolher os jogadores que se adéquam ao projeto da Série D. Atletas que demonstrem o espírito competitivo e a ambição que parecem ter faltado no confronto final da Copa Verde.

Para reverter a imagem deixada na última apresentação deste semestre, ao Remo só resta agora se dedicar com afinco e determinação em busca da classificação à Série C, se possível com a conquista da Série D 2015. É um grande desafio, mas perfeitamente possível para quem conseguiu sair do fundo do poço em apenas 26 dias.

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O futebol nem sempre tem respostas fáceis

Nunca se vai saber exatamente o que abateu o time do Remo naquele errático primeiro tempo na Arena Pantanal. As perguntas irão se repetir por muito tempo ainda, sem receber respostas – por mais que se fale em sapato alto ou apatia, que se especule sobre desinteresse de alguns atletas ou, mesmo, que se levante a tese do cansaço físico e mental,

É difícil entender o que houve pela simples razão de que o futebol, apesar de simples na sua execução prática, é cercado de nuances e influências que o tornam extremamente complexo quanto a desfechos de jogos ou competições.

Ninguém, por exemplo, poderá dizer sem margem de erro o que cercou a bisonha atuação da Seleção Brasileira diante da Alemanha em Belo Horizonte na semifinal da recente Copa. O desastroso escore final também é difícil de explicar do lado alemão, que certamente irá se indagar durante décadas quais os motivos de tamanha bem-aventurança em 90 minutos.

Por ser emocionante, tenso e imprevisível é que o futebol é o que é. Por não dar espaço a explicações fáceis é que será sempre o esporte maior, capaz de arrebatar multidões, fazendo rir ou chorar.

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Séries A e B: hierarquia e incertezas

A abertura dos campeonatos da Série A e Série B movimentam o fim de semana esportivo no Brasil. A rodada inaugural serve para dar uma impressão inicial sobre os times. Na Primeira Divisão, há hoje uma clara hierarquia, que pode ou não se confirmar durante a longa competição.

Corinthians, Internacional, Cruzeiro, Grêmio, Atlético e São Paulo são os mais cotados para o título da temporada. Flamengo, Santos e Fluminense por fora.  Palmeiras e Vasco são franco-atiradores. Os demais participantes, que têm orçamentos bem menores, dificilmente passarão da condição de figurantes.

Na Segunda Divisão, a disputa é muito mais equilibrada e acirrada. Além do Botafogo, que busca retornar à Série A, há um pelotão de pelo menos dez a doze times com chances reais de título e acesso, embora rigorosamente todos (inclusive o Papão) estejam na briga por uma das quatro vagas.

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Direto do blog

“Não quero causar problemas, nem cometer injustiças, mas os títulos do Brasília e do Cuiabá na Copa Verde me dão a impressão de combinação para promoverem as novas arenas da Copa nesses Estados. Querem justificar a existência dessas arenas, tanto que as finais sempre foram sorteadas para as duas capitais que foram sedes do Mundial de 2014. Tenho parentes em Belém e virei torcedor fanático do Papão, mas também do futebol do Pará. Não vi nas duas edições da Copa Verde nenhuma superioridade sobre dos outros times sobre os representantes do Pará”.

De Paulo Majone, de Sorocaba-SP, sobre as decisões da Copa Verde.  

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Bola na Torre

Guerreiro comanda a atração a partir de 00h10, na RBATV, com participações de Giuseppe Tommaso, Géo Araújo e deste escriba de Baião na bancada de analistas. Começa logo depois do Pânico na Band.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 10)

O passado é uma parada…

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Um corvo acende o cigarro de Tippi Hedren, no set de filmagens de ‘Os Pássaros’, em 1962.