Leão derrota Águia e conquista returno do Parazão

Com gols de Fábio Oliveira e Jhonnatan, no segundo tempo, o Remo derrotou o Águia por 2 a 0 e conquistou o returno do Campeonato Paraense. Disputado num Mangueirão lotado – mais de 40 mil pessoas presentes -, a partida foi nervosa e cheio de erros no primeiro tempo, com ligeira superioridade do Águia, que desfrutou de duas boas chances para marcar e obrigou o goleiro Jamilton a fazer grandes defesas. O Remo pouco ameaçou, em função de falhas na articulação do meio-de-campo. Na jogada mais perigosa dos azulinos, Fábio Oliveira chutou fraco para a defesa do goleiro Alan. Mas, com Juan Sosa guarnecendo as subidas de Aldivan e Jhonnatan funcionando como terceiro volante, o Remo terminou o primeiro tempo mais ameaçador que o Águia. 

Na segunda etapa, com Marciano substituindo a Joãozinho, o Remo passou a atacar de forma mais organizada, experimentando tabelas e chegadas pelas laterais, primeiro com Tiago Cametá e depois através de Cássio, que o substituiu. Por jogada violenta, Charles recebeu o segundo amarelo e foi expulso, desguarnecendo o setor defensivo marabaense. No primeiro gol remista, Marciano recebeu a bola junto à grande área, passou pela marcação e cruzou para Fábio Oliveira desviar para as redes. Explorando os contra-ataques, o Remo chegou ao segundo gol, após um avanço de Cássio pela direita. Ele cruzou e a bola sobrou para Jhonnatan encher o pé e marcar o segundo gol, fazendo explodir a torcida no Mangueirão. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)

Remo 2 x 0 Águia (comentários on-line)

Parazão 2012 – Decisão do returno.

Clube do Remo x Águia – Estádio Edgar Proença, 16h.

Na Rádio Clube – Claudio Guimarães narra; Rui Guimarães comenta. Reportagens: Paulo Caxiado e Paulo Henrique.

Investir na base custa caro

Por Ricardo Perrone

Investir mais nas categorias de base não significa necessariamente sucesso maior do que um rival menos gastador. Prova disso está na comparação entre os balanços de São Paulo e Santos, adversários nas semifinais do Paulista. O São Paulo de Lucas, que começou a carreira no Corinthians, gastou em 2011 R$ 19,3 milhões com a formação de atletas, de acordo com seu relatório financeiro. A despesa é superior aos R$ 12,8 milhões gastos com formação pelo Santos, mais badalado revelador de jogadores do país.

Já o Corinthians, que tinha o goleiro Júlio César como única cria de seu famoso terrão no time titular, relata um investimento de R$ 9,7 milhões com jogadores em formação. E o Palmeiras também anotou despesa menor que a dos são-paulinos: R$ 6,6 milhões com atletas formados e em formação. O balanço do São Paulo mostra ainda que o ano passado foi agitado nas categorias de base em busca de sucesso. Ao mesmo tempo em que a diretoria se dizia insatisfeita com o número de atletas aproveitados na equipe principal, uma dispensa em massa acontecia no “berçário” de Cotia. Foram dispensados 143 jogadores. Em 2010 a degola tinha atingido 97 garotos.

Os são-paulinos registram como despesa de R$ 11,5 milhões a baixa desses atletas. Mais da metade do gasto total com a formação de novos talentos. No ano passado, apenas 14 jogadores foram considerados formados pelo São Paulo, que até dezembro contava 356 atletas nas categorias de base. Em 2012, os tricolores repetem que planejam logo ter um time formado basicamente por pratas da casa. Os detalhes revelados pelo balanço, porém, dão uma ideia de como será difícil alcançar a meta.

Quase estragam a festa

Por Gerson Nogueira

Tudo se encaminhava para uma formidável demonstração de força da apaixonada torcida remista, disposta a lotar o Mangueirão para a decisão do returno. Mas, depois da suada vitória em Marabá, o próprio Remo conspirou para apagar parte do charme da partida deste domingo.

Apesar de razoável vantagem no confronto – pode até perder por um gol de diferença –, o clube recorreu à Justiça Desportiva para anistiar os jogadores Adriano e Cassiano, que estavam excluídos da partida por força de punições disciplinares. Era fácil prever que a liberação dos atletas teria um forte impacto negativo junto ao público.

É fato que, desde que o futebol se modernizou, as manobras junto ao tapetão são malvistas e amplamente rejeitadas pelos torcedores. Mesmo estando prenhe de razão, clube que apela aos tribunais está quebrando as regras naturais, buscando levar vantagem fora das quatro linhas.

A rigor, ninguém questiona o legítimo direito que o Remo tem de espernear, afinal se escudou no regulamento do torneio, mas quase ninguém aplaude o resultado da iniciativa. A própria torcida azulina reagiu mal à possibilidade de escalação dos ex-punidos.

O ineditismo da decisão do tribunal também é fator de desgaste, pois parece ter sido de encomenda para favorecer um grande da capital contra um emergente do interior, aprofundando desigualdades e resvalando na sempre acesa questão da discriminação.

Um ponto fundamental parece não ter sido levado em conta: Adriano e Cassiano são tão imprescindíveis assim, a ponto de não terem substitutos à altura no elenco? Até o leãozinho de pedra do Baenão sabe que existem jogadores capazes de suprir as ausências.

A escalação dos anistiados provocará uma batalha jurídica de desfecho imprevisível. O Águia já sinalizou que vai às últimas conseqüências para anular a decisão do TJD. Há, portanto, o risco de que uma eventual vitória do Remo venha a ser anulada lá na frente.

Quando advogados tomam o lugar de boleiros, o futebol sempre sai perdendo. É justamente o que ocorre agora, com o debate jurídico ocupando mais espaço no noticiário do que as discussões sobre a parte técnica da decisão. Pena.

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O jogo, ao contrário das chatíssimas bravatas de tribunal, deve ser dos mais interessantes. Flávio Lopes, que não queria escalar os jogadores anistiados, tem no meio-campo seu maior problema. Não terá André, ponto de equilíbrio do setor, e pode ficar sem Betinho, substituto de Magnum.

João Galvão, ao contrário, terá o reforço de Rayro, o melhor lateral-esquerdo do campeonato. Precisando vencer por dois gols, promete um esquema com três atacantes: Valdanes, Wando e Branco. A conferir.

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Sugestão do mais indomável dos bicolores, o amigo criativo Glauco Lima, para badalar o jogo contra o Coritiba: “Arquibancada a R$ 3,00 para ganhar de 3”. Fica a dica gratuita.

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Pesquisa do leitor Célio José Pereira da Costa resgata a história da Pequena Taça do Mundo ou I Mundialito de Clubes, realizada na Venezuela. O torneio teve campeões ilustres (Real Madri, Benfica, Millonários, Corinthians, São Paulo, Botafogo, Cruzeiro e Barcelona) de 1952 a 1975, mas a edição inicial foi vencida pelo Remo, em 1950.

Para tanto, o Leão teve que superar cinco adversários venezuelanos – La Salle, Unión Sport, Deportivo Italia, Escola Militar e Loyola – e um combinado espanhol. A melhor campanha em um torneio oficial, o Paraense de 1949, garantiu ao Remo o direito de participar do Mundialito. Dos seis jogos disputados, venceu cinco, chegando a golear o então campeão nacional da Venezuela, Unión, por 4 a 0.

Curiosamente, nem o próprio Remo guarda informações precisas sobre a brilhante participação no torneio internacional. Com toda razão, Célio defende que a diretoria busque obter o devido reconhecimento junto à Conmebol e permita validação de pontos no ranking da CBF.

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Pep Guardiola surpreendeu o mundo, anunciando sua saída do Barcelona ao término da temporada européia, após quatro anos gloriosos. Para nós, brasileiros, acostumados a técnicos (Zagallo, Parreira, Dunga etc.) que se agarram ferozmente ao cargo, esse gesto de desapego é uma grande lição.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 29)

Som do domingo – Domingo (União da Ilha, 1977)

Grande música e letra inspirada, retratando o Rio dos nossos sonhos.