Por Gerson Nogueira
Será que Marcelinho Paraíba vai afinal jogar bola ou voltará a bancar a prima-dona, desfilando em campo enquanto seu time é envolvido? Dependerá do estado de ânimo do Sport o tamanho da encrenca que aguarda pelo Paissandu na Ilha do Retiro. Caso repita o estilo sapatinho alto mostrado em Belém, dificilmente o Papão deixará de se classificar à próxima fase da Copa do Brasil.
O certo é que o futebol paraense, pelo menos na sua face mais tradicionalista, entra em campo hoje à noite para dois duelos que servirão para tirar a prova dos 9 quando ao seu poder de fogo atual. Em Recife, o Paissandu entra com a vantagem do empate para alcançar pela primeira vez a terceira fase da Copa BR. No Mangueirão, o Remo abre a disputa com o Bahia pela permanência na competição.
O Paissandu terá as maiores dificuldades na rodada. A começar pelo fator campo, quase sempre decisivo em confrontos regionais. Outro entrave é o potencial do Sport, que não veio à tona na desleixada atuação da primeira partida, no Mangueirão, há uma semana.
A vitória bicolor foi construída a partir do esforço e da velocidade imposta sobre um desarvorado e dispersivo Sport. Além disso, o Paissandu se beneficiou de um punhado de atuações individuais inspiradas – destaque para Tiago Potiguar, Pikachu e Billy.
É certo que o Sport jogará em outro nível de comprometimento diante de sua exigente torcida. Como precisa de uma vitória simples, o time de Mazola deve mostrar em campo a disposição que não trouxe a Belém.

Lecheva promete repetir a dupla Rafael Oliveira-Adriano Magrão e escalar Leandrinho para reforçar a marcação. A aposta na escalação de um velocista para explorar contragolpes pode ser decisiva para a classificação. Esse expediente foi pouco aproveitado no primeiro embate, apesar dos espaços permitidos pela atrapalhada zaga do Sport. A hora é agora.
O Remo de Flávio Lopes, invicto no returno do Parazão, tem chances de passar pelo Bahia de Paulo Roberto Falcão? Na teoria, as probabilidades favorecem o tricolor baiano, pelo elenco qualificado e a própria condição de participante da Série A. Ocorre que o futebol é bem mais do que projeções teóricas. O exemplo do Sport, que chegou favorito e foi dominado pelo Paissandu, está na cabeça de todos.
Para obter sucesso, o Remo precisará jogar de maneira organizada e simples, aproveitando-se do estilo veloz de Jhonnatan, Reis e Cassiano. O equilíbrio do time depende imensamente desse trio e hoje não será diferente.
Mário Freitas Jr., secretário geral da OAB-PA, escreve à coluna relatando a via-crúcis que enfrentou por ocasião do jogo Paissandu x Sport no Mangueirão. Acompanhado dos filhos adolescentes, desafiou o medo da ação das gangues uniformizadas e foi ao estádio. Na hora do gol de Pikachu, estourou uma bomba do lado da torcida visitante, visivelmente enxertada por torcedores remistas.
“A partir daquele momento, o que presenciei foi uma demonstração de fazer inveja aos mais irracionais dos animais. Vi marginais, em bando, correndo para o local do confronto como se fossem urubus ávidos por carniça. O jogo era o que menos interessava aos marginais”, conta o advogado.
Diante do tumulto generalizado, Mário correu até o portão que divide o lado B do lado A, implorando a dois bombeiros que ali se encontravam para que fechassem a passagem, para evitar que mais marginais engrossassem o confronto. “Vi os impotentes, mas corajosos bombeiros serem cuspidos, desrespeitados, agredidos. A arruaça só foi controlada após a chegada do reforço policial e a deflagração de um artefato de pimenta, que me fez chorar por mais ou menos uns dez minutos”.
Quando os ânimos serenaram, Mário viu, sem acreditar, os mesmos marginais já reintegrados ao que chamam de torcida organizada na maior tranquilidade, tragando cigarros de maconha, sob os olhares permissivos da PM.
Por entender que a causa do problema é a permissividade das diretorias de clubes, que cedem ingressos para os baderneiros. Mário vai levar o problema à diretoria e ao Conselho Seccional da OAB. Pretende encontrar um instrumento jurídico, com base no Estatuto do Torcedor, para atacar o mal pela raiz, responsabilizando e punindo os clubes, “que viabilizam a entrada de bandidos nos estádios de futebol”. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 11)