Parazão 2012 – Semifinal do returno.
São Francisco x Remo – estádio Barbalhão, em Santarém, às 18h30.
Por Gerson Nogueira
Pertencem ao São Francisco dois dos jogos mais interessantes do atual Campeonato Paraense. A vitória categórica por 3 a 0 sobre o Paissandu no estádio da Curuzu e a derrota heróica de 5 a 4 para o Cametá no Parque do Bacurau. São credenciais de respeito. Deixaram a impressão de que é sempre agradável ver o Leão santareno jogar.
Chama atenção no São Francisco a juventude dos jogadores, o excelente toque de bola e a pegada ofensiva. É um time que não embroma, nem vive de contra-ataques. Toma iniciativa, dentro ou fora de casa. Não é estratégia, parece ser mesmo um estilo próprio. É o líder na artilharia (15 gols) do returno e tem o terceiro melhor (25) ataque do torneio.
No primeiro turno, o time fez bons jogos, mas trocou de treinador (assumiu Tiago Amorim) e acabou não chegando à semifinal. Para o returno, ganhou musculatura e consistência tática. A base é forte, tem bons talentos individuais. Jader, Cleidir (que não joga hoje), Perema, Maurian, Balão Marabá, Emerson Bala e Rodrigão.
Reina total equilíbrio no confronto direto entre leoninos de Belém e de Santarém. Uma vitória mocoronga por 2 a 0 no estádio Barbalhão sobre o Remo de Sinomar. Na volta, no Baenão, deu Remo (de Flávio Lopes), por 3 a 1.
As equipes têm uma distribuição diferente em campo, mas se equivalem na valorização da posse de bola. O São Francisco prioriza o avanço dos laterais Cleidir e Maurian, que frequentemente aparecem em condições de finalização, junto aos atacantes de ofício.
Já o Remo cultiva estilo agressivo, tendo sempre um homem de referência (Fábio Oliveira) e um segundo atacante, Cassiano, que se movimenta nas duas extremas. No meio, um volante (Jhonnatan) que sai jogando e dois meias, Magnum e Reis, que se aproximam bastante do ataque. Justamente por isso todas as expectativas para o embate de hoje são positivas.
Quando assumiu o Remo logo depois da má campanha no turno, Flávio Lopes era o que se chama de imenso ponto de interrogação. Poucos aqui conheciam seu trabalho. Lá no fundo, sua escolha pareceu mais aquele tipo de solução desesperada bem ao estilo dos grandes clubes paraenses, juntando a aposta cega com as conveniências financeiras.
Quis o acaso que Lopes mostrasse competência na definição do time, fizesse escolhas felizes (Jhonnatan e Reis, principalmente) e indicasse bons reforços (André e Edinho). Aliou a isso boa dose de sorte, pois é preciso ter sorte até para atravessar a rua, segundo Nelson Rodrigues. Pronto. O Remo tomou jeito e desde então não perdeu mais.
Chegou à semifinal em primeiro lugar, acumulando vantagem, fato que não acontecia desde 2010. Pode até sucumbir pelo caminho, mas o invicto Lopes vai consolidando entre nós a imagem de bom profissional e de adepto do futebol ofensivo.
A comparação é inevitável. Sob sua orientação, o time marca e corre muito. Por isso, pode jogar com dois volantes e dois armadores. Marcou 14 gols e sofreu 6. Nos tempos de Sinomar, quando chegava a usar três zagueiros e três volantes, o Remo marcou 10 gols e levou 12. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola)
Felipe Melo, o Rambo da desastrada seleção de Dunga em 2010, volta a atacar com a fúria conhecida. Depois de uma discussão normal de treino, partiu pra briga e quebrou a cara de um companheiro (o espanhol Riera) no vestiário. A vítima foi parar no hospital. Obviamente, o truculento volante está a um passo de ser despachado do Galatasaray da Turquia.
Desconfio que Melo está desperdiçando suor e adrenalina no esporte errado. O vale-tudo está aí mesmo a esperar por cabras forçudos e dispostos a demonstrações explícitas de violência.
Lecheva, técnico do Paissandu, é o entrevistado de hoje no Bola na Torre (RBATV, 23h30). Guilherme Guerreiro comanda, com participações de Valmir Rodrigues e deste escriba baionense.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 08)
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