Questões trabalhistas: os bons samaritanos

Por Ruy Azevedo (*)

Os gestores dos clubes de futebol profissional no Brasil são os maiores bem feitores da humanidade dos tempos modernos. É surpreendente e estarrecedor os valores das causas trabalhistas ora pendentes de julgamento nos tribunais brasileiros. Os atletas querelantes possuem aposentadorias vitalícias, não sei se hereditária, pois acredito que o débito de uma causa devido o seu montante, pode ultrapassar o tempo de vida do atleta para ser pago. A transformação do esporte em negócio até hoje ainda não admitido e compreendido pela grande maioria dos gestores de Clubes. Quando de minha carreira de atleta profissional do Clube do Remo, percebi que meus direitos trabalhistas não haviam sido recolhidos. Procurei o dr. Wolter Robilota como advogado e pedi lhe orientações jurídicas, ele assegurou-me todos os direitos. Depois me perguntou. Vale apenas brigar com Ronaldo Passarinho e o Manoel Ribeiro por esse valor? Refleti voltei para casa e até hoje, 33 anos após, continuo amigo de ambos e mantenho minha vida independente com livre arbítrio para criticar. A indústria mais florescente atualmente é a do negócio futebol, por mais que estejamos acostumados ouvir falar em cifras nos surpreende os valores das causas trabalhistas de hoje. E aqui vai uma pergunta será que a sociedade vai tolerar sempre a protelação do pagamento dessas causas a partir do momento em que elas chegarem aos últimos pontos jurídicos e forem transitadas e julgadas e ainda assim negado o seu pagamento? Qual o compromisso hoje com as instituições clubísticas dos homens autores e participante dos procedimentos que acarretaram essas querelas. Estive conversando com o sr. Cícero Souza, diretor executivo do Sport Clube do Recife, em sua recente passagem por Belém para enfrentar o Paysandu. Oriundo do Grêmio de Porto Alegre, onde desenvolveu um projeto profissionalizante que elevou a participação do associado a 72 mil pessoas. Na sua gestão, o Sport já chegou a 12 mil. Disse-me que está enfrentando uma bateria de metralhadoras de antigos diretores ameaçados de perderem o poder. Parece-me que essa manifestação não está restrita ao Nordeste Brasil, o se estende a toda a nação. Hoje o atleta tem uma preocupação assinar um contrato. Trabalhar jogando isso não faz parte das cláusulas. O pagamento como dizia o filósofo Miguel Pinho: “Isso o índio da Praça Brasil resolve”. Viva os bons samaritanos gestores dos clubes brasileiros.

(*) Ex-atleta profissional. 

6 comentários em “Questões trabalhistas: os bons samaritanos

  1. Concordo com o ponto de vista do ilustre ex-atleta azulino. Creio que eu, homem que jamais almejei o dinheiro em primeiro lugar, no lugar de Ruy Azevedo, teria feito igual e seguido minha vida honradamente.
    Conseguir associados em números expressivos, à altura das cores de um Clube do Remo, não é projeto muito difícil, mas, como deixou claro o diretor do Sport, seria necessário lutar contra gente poderosa.
    Ontem mesmo noticiou-se mais um “assalto” a bilheterias de um clube. O uso de bilheterias para venda de ingresso, coisa dos anos 70, quando isto poderia ser feito no comércio em geral a cartão de crédito e de débito, minimizando a manipulação de dinheiro em espécie, o que, certamente, coibiria possíveis desvios, à mão armada ou não. Fato idêntico, ao que me parece, ocorreu à noite no Olímpico. Nenhuma novidade.

    Parabéns, amigo Ruy Azevedo.

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  2. Independente de cada modo de pensar do atleta, jogar de graça, não quere receber do clube porque o ama , isso é subjetivo.Essas questõs trabalhistas estão ligadas á má organização administrativa dos clubes.
    Neymar embolsa quase 3 milhões de reais por mês.Na verdade o Santos lhe paga ” somente’ cerca de 440 mil mensais.Que esse contrato seja levado a ferro e fogo , nesse valor , caso haja a necessidade de um litigio trabalhista entre clube e alteta.
    Quanto ao caso de associados novos , como torcedor do maior clube do Norte em marketing e conquistas, torcida e tudo mais tenho postados aqui idéias sobre como alavancar, executar isso.As barreiras foram feitas para serem transpostas.

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  3. Na verdade, as falas de Ruy Azevedo relatando a experiência do ex-diretor do Grêmio e a resistência ao seu trabalho no Sport Recife além da questão da venda de ingressos ainda e tão somente restrita às bilheterias muito bem abordadas pelo amigo Valentim mostram que o futebol no Brasil está na contra-mão da história e reproduz nossas tradições, fincadas como raízes profundas, no que diz respeito ao exercício do poder e como instituições de interesse público são tornadas privadas na pior acepção da palavra. Os clubes são feudos, capitanias hereditárias onde estão encastelados dirigentes e seus descendentes. São, notoriamente, fontes de poder e meios de enriquecimento ilícito além de plataformas ou trampolins políticos que lançam os tais cartolas a voôs mais altos. Lamentável. Até quando?

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  4. Jogo de cartas marcadas. O jogador vai para o clube sabendo que não vai receber. Depois, na justiça, o clube amolece a defesa para que o atleta ganhe o máximo e dirigentes e atletas se repartem. Acontece de montão aqui e no resto de país. Não vê quem não quer.

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  5. Amor? Abnegação? Vaidade? Interesse políticos? Ou querer estar no foco da mídia? Tem gente que se escuda nos clubes, os exemplos estão aí, a imprensa sabe quem são eles, mas cala, por conveniência, ou “amizade”.

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  6. O maior problema do futebol falido dos clubes brasileiros e que os mesmo nao tem dono, voces ja viram um empresario trabalhando para dar prejuizo? Na Europa, Asia, Africa, America do Norte, os clubes pertence algum bilionario ou algum grupo de investidores com acoes na bolsas de valores. O amigo Gerson ha uns quatros anos atras publicou em sua coluna no bola, algumas sugestoes minhas quando o meu Leao caiu e ficou na 4a. Divisao cheio de dividas, uma das principais propostas era a Venda do clube para investidores, com acoes na bolsa de valores, teriamos com isso profissionais de verdade administrando os clubes, e acabariamos com esses Tais de conselheiros que Sao totalmente desnecessarios.

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