Ao rufar dos tambores

Por Gerson Nogueira

Torcidas organizadas se mobilizam para criar confusão nos jogos Paissandu x Sport-PE e Remo x Bahia, pela Copa do Brasil. Encontros têm sido marcados pelas redes sociais com o objetivo de garantir “apoio logístico” às torcidas-irmãs de cada uma das facções mais turbulentas de Belém. Coisa boa, obviamente, não vem daí.
Cabe às autoridades se anteciparem a esse rufar dos tambores de guerra, tomando por base o que ocorreu no Campeonato Brasileiro da Série C 2011 na partida entre Paissandu e América de Natal, na Curuzu. Torcedores do Remo se juntaram aos do time visitante para um confronto com as organizadas do Paissandu, resultando em cenas de pancadaria e pânico nas ruas próximas ao estádio.
Os recentes acontecimentos de São Paulo, onde dois torcedores palmeirenses foram mortos a tiros, e a baderna de anteontem em Goiânia reforçam a urgência de enquadramento das gangues que desafiam a lei e a justiça nos estádios de futebol. 
Enquanto as autoridades demonstram lentidão na tomada de atitudes, os bandos proliferam, aumentam poder de fogo e estabelecem (através da internet) laços com organizações de outros Estados. Na capital paulista, causa crescente temor a aproximação entre as facções uniformizadas e comandos do crime organizado.
Segundo o repórter paulista Ricardo Perrone, as torcidas Gaviões da Fiel e Mancha Alviverde desmentem ligações com o PCC (Primeiro Comando da Capital), mas há informações de que líderes dos grupos reuniram com membros do PCC, na quadra da Gaviões, para estabelecer um pacto.
O “partido”, como o PCC é chamado, teria repreendido Gaviões e Mancha pela briga que matou dois jovens, antes do jogo Palmeiras x Corinthians, há duas semanas. Os assassinatos quebraram um acordo imposto pela facção criminosa de não utilização de armas de fogo nas brigas nos estádios.
É bom que se entenda que não há nessa interferência qualquer preocupação humanitária ou instinto pacifista, mas o receio de que a polícia acabe chegando aos chefões do crime organizado. O episódio traz um triste ensinamento e, segundo Perrone, reforça a certeza de que as organizadas respeitam mais o PCC do que a própria Justiça.
Por aqui a coisa não é muito diferente, apesar de não existir qualquer vínculo entre torcidas e criminosos comuns. Mas, como todo mau exemplo, o esquema paulista não deve demorar muito a ser imitado. As autoridades precisam entender que o torcedor de verdade deve ser resguardado e protegido. E só há um jeito de fazer isso: punindo e criminalizando os arruaceiros.
 
 
Goleiros são, por estranha sina, alvos preferenciais da ira de torcedores que não sabem perder. O futebol é, por essência, um jogo de erros. Quem erra menos, vence. Quando calha de um goleiro falhar, o torcedor ignora todas as demais situações da partida e concentra seus ataques no infeliz.
Os anais do futebol registram as agruras que atormentaram Barbosa, o lendário goleiro que teve o azar de sofrer os dois gols da Celeste Olímpica na final da Copa de 1950. Não falhou sozinho, mas até hoje é citado por muita gente como responsável pela tragédia que calou o Maracanã. 
Domingo, em Santarém, o São Raimundo teve atuação débil diante do Paissandu. Apresentou falhas sérias na defesa, seus laterais nada produziam e o meio-de-campo era dominado pelos bicolores, mas a irritação do torcedor alvinegro se concentrou especificamente em Labilá.
O gol do zagueiro Douglas surgiu de um apagão coletivo do setor defensivo do Pantera, incluindo a saída em falso do goleiro. Ao final da partida, um grupo de enfurecidos torcedores hostilizou duramente o time alvinegro pelo rebaixamento. Labilá foi xingado e acusado das piores coisas.
Por ironia, no primeiro turno, o goleiro foi o herói da equipe em plena Curuzu. O São Raimundo derrotou e eliminou o Paissandu do primeiro turno graças a pênalti defendido por Labilá logo aos 3 minutos de partida e por uma penalidade convertida pelo goleiro no segundo tempo. 
Mais do que crucificar um atleta vitimado por um dia infeliz, a torcida do Pantera comete ato de profunda ingratidão com quem lhe proporcionou tantas e marcantes alegrias, como na histórica campanha do título brasileiro da Série D em 2010. Pela dedicação ao clube, Labilá merece respeito.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 03)

3 comentários em “Ao rufar dos tambores

  1. Eu frequento estádio de futebol nos jogos do Papão ha 45 anos e nunca achei que torcida organizada fosse inprescindível para as vitórias do Papão, nem mesmo no tempo em que existiam verdadeiras torcidas organizadas que apenas animavam nos estádios, sem criarem maiores problemas para os demais torcedores e a polícia. Nunca precisei me meter em torcida organizada para incentivar meu time e comemorar as vitórias. Então eu tenho ogeriza a essas ” torcidas organizadas de hoje” porque para mim são verdadeiras facções de desordeiros que vem piorando muito ao longo do tempo, se tranformando hoje em homicidas e latrocidas e ninguem consegue coibir isso. Ao contrário disso, os mais penalizados com as atitudes destes marginais são os torcedores de verdade que gostam e vão aos estádios, pagam caro para assistirem futebol mas acabam sendo privados de fazer o que gostam por causa desses marginais de “orcida organizada” que provocam constantes assaltos, desordem, latrocinio, homicidio na porta dos estádios, em redor deles, e em qualquer logradouro público que se encontrem com rivais. As crianças também são as maiores vitimas dessas gangues. O pior de tudo e ver eles fazerem tuda essa desordem e a polícia assistir passivamente, so entrando em ação quando o conflito ja é generalizado em via pública com perigo de vida para todo mundo. Mas ainda assim a pena e muito branda que enseja na maioria dos casos em detenções e hosras depois os elementos são liberados sem nenhum ônus financeiro e sem qualquer processo judicial. Pior ainda ainda e saber que eles ja marcam antecidamente essas guerras com rivais e a polícia fica esperando pra ver o que acontece. No último REXPA oberservei o comportamento dessas facções e a ação da polícia e fiquei estarrecido ao ver que a polícia tem até medo desses elementos. O mais ridículo é que vi essas gangues descerem dos ônibus proximo ao Mangueirão em bandos de cerca de 100 desordeiros com seus uniformes caracteristiticos, prontos para mais atos de desordem, e a policia fazendo escolta e ´proteção a eles ate a porta do estádio como se fossem de uma comitiva governamental, pode um negócio deste???? Como o absurdo tarda mas não falha, ao chegarem as proximidades do mangueirão começou o vandalismo e a guerra contra a outra torcida remoçada de marginais com cadeiradas, garrafadas e até mesas foram atiradas ao relento na onda do salve-se quem puder. Muitas crianças e pais e seus pais e mães desesperados sem saber para onde correr. No final, gente inocente ferida, alguns desses vandalos detidos e meis nada. Então vcs da polícia tomem vergonha na cara ou atitudes para proteger o verdadeiro torcedor não esses vandalos. Vou dar uma dica: Quando eles descerem dos onibus que eles nem pagam passagem, coloquem eles com as mãos na cabeça diretor no camburão levam para as variguações e não deixem esses elementos ou grande parte deles entrarem nos estádios. Vcs podem fazer isso e é legal sim. Esse marginais nem podem reclamar de cerceamento de direito porque nem ingresso eles compram, pegam de graça desses dirigentes B… que temos. Notem vcs da policia que esses marginais em sua psicologia so se sentem homens e ferozes quando estão em seus bandos armados e com o emblema orgulho de suas facções criminosas. Sem isso são meras bonecas medROSAS ou um monte de bostas que não velem nada.

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  2. Bom Dia a Todos!

    Depois reclamam que a televisão tira o público dos estádios, certo?

    o que vc torcedor acha de : assitir o futebol ao vivo na tv, no aconchego de seu lar e ao lado de familiares, sendo que ao final do mesmo vc já estará em casa e sem correr os riscos tipo: falta de condução para o seu retorno, falta de policiamento para a sua segurança, chuva, transito caótico, além de um montão de bandidos a solta tentado lhe tirar seu carro, seus pertences e até sua vida.

    Acha que a culpa é da televisão? Particularmente acho que a tv pelo contrário, salva algumas vidas a cada jogo.

    Torcidas Organizadas? Bandos organizados isto sim, organizações criminosas travestidos de torcedores, canalhas a serviço do mal e nada acontece por parte das autoridades para barrar as investidas cada vez maior dessa corja de bandidos, e, mete -los na cadeia.

    Nossa leis são brandas, nossas ditas autoridades não respeitam a si mesmo, como podem dar bom exemplo e defender cidadãos.

    Diria que anteriormente ir ao estádio de futebol, além do jogo em sí era uma coisa prazeirosa, encontro de amigos e novas amizades, hoje ao final de um jogo de futebol, chegar vivo em casa é quase um Milagre.

    Amigo Torcedor, futebol na tv, aconchego do seu lar e comodidade ou, ir ao estádio e colocar a vida em risco por um jogo de futebol.

    Esta é a minha opinião.

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  3. Francisco, em se tratando dos jogos do Leão tenho preferido a segunda opção, arriscar o “milagre” de voltar pra casa, mas não aconselho prá ninguém, não.

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