Fifa põe em risco qualidade do futebol ao inchar a Copa do Mundo

POR AMIR SOMOGGI, no Diário Lance

Na última terça-feira a FIFA aprovou uma mudança muito significativa no formato da Copa do Mundo. A partir da edição de 2026, o número de seleções participantes saltará de 32 para 48, um aumento de 50%.

O objetivo é, segundo o discurso oficial, democratizar o evento, com acesso de mais seleções, que dificilmente se classificariam no modelo anterior.

O sucesso do mundial organizado pela FIFA sempre foi o contrário do que o novo presidente da entidade está tentando fazer.

Os jogos entre seleções em cerca de um, mês é um sucesso comercial, pois vale muito, especialmente desportivamente. As partidas têm altas audiências pois apresentam qualidade, especialmente a partir das oitavas de final.

Quando a entidade máxima do futebol mundial ampliou a Copa do Mundo de 24 para 32 seleções, houve uma perda de qualidade do espetáculo. Os interesses políticos sempre pesaram muito nas decisões da Fifa. A entidade faturou quase US$ 5 bilhões com a Copa no Brasil, US$ 4,2 bilhões na África do Sul e US$ 2,6 bilhões na Alemanha.

As receitas em três edições cresceram incríveis 85%!

A expectativa da entidade é aumentar em ao menos 20% as receitas com as mudanças no formato. O orçamento para os próximos quatro anos mostra uma estagnação nas receitas.

Segundo seu balanço de 2015, o faturamento com patrocínios despencaram, passando de US$ 465 milhões em 2014 para US$ 257 milhões em 2015, valor similar ao de 2008.

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Em minha opinião a entidade cometeu um erro grave ao integrar 16 novas equipes ao mundial, nos mesmos 32 dias de competição. A qualidade do espetáculo será reduzida, indo contra o aspecto técnico, o principal fator de sucesso mercadológico no esporte.

Quanto mais partidas com baixo interesse, pior para o produto, especialmente no longo prazo. O que para FIFA é democratização, na prática pode resultar em queda de qualidade do produto final.

Se hoje a FIFA fatura US$ 5 bi em quatro anos com uma Copa do Mundo, a NFL movimenta por ano US$ 12,2 bilhões, com um conceito de escassez de partidas e alto valor agregado.

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O conceito que a FIFA deveria adotar era criar uma pré Copa, para as seleções pior classificadas e poucas vagas, inchando o mundial o mínimo possível.

A partir de 2026 veremos uma piora nas qualidade das partidas, depois de uma Copa no Qatar, com tudo de ruim que isso representa. De compra de votos, a morte de operários em condições sub-humanas de trabalho.

Está claro que a gestão da FIFA e sua volta à praticas do passado, não representa nenhuma evolução desde os tempos de João Havelange e depois Joseph Blatter.

Champions League fatura mais que a Copa do Mundo

Gianni Infantino construiu junto com outros executivos um dos maiores cases de sucesso do mundo do esporte, a UEFA Champions League. Em termos comerciais a Champions fatura mais que a Copa da FIFA.

Um ano da principal competição de clubes do mundo equivale a quase US$ 1,6 bilhão, em quatro anos são mais de US$ 6 bilhões.

Assim como agora com a FIFA, a UEFA, sob gestão de Platini aumentou o número de equipes, também com intuito de agradar muitas Confederações Nacionais.

É notório que a Champions perdeu em qualidade. A competição é mais atraente apenas na fase de oitavas de final.  E na fase classificatória somente em partidas que envolvam gigantes europeus.

Pequenos precisam crescer por mérito

Todos os bons exemplos de sucesso no futebol atual vieram pelo mérito da gestão dos times e não por ajuda de cunho político.

O sucesso em campo, resultado da boa gestão, colocou times de menor orçamento e envergadura em posição de destaque.

Boa gestão é premiada com sucesso esportivo e comercial, criando o círculo virtuoso pela meritocracia.

Bem distante do que acordos políticos produzem.

4 comentários em “Fifa põe em risco qualidade do futebol ao inchar a Copa do Mundo

  1. Desculpem meu texto um pouco extenso: Eu não queria mas vou declarar uma coisa sobre o que acho dessa medida de inchar a Copa do Mundo com mais seleções: Tenho certeza que com essa medida está sendo decretado o fim da competição esportiva mais importante, emocionante , rentável e encantadora do planeta. Anotem que após começar a funcionar essa nova medida, daqui há mais algumas poucas décadas a Copa do Mundo de futebol existirá somente de fato, porém como atração, rentabilidade, interesse e encanto como ainda é hoje, já estará extinta. Ou seja, no futuro será uma competição de futebol comum, insossa igual há muitas de hoje, sem muitos apelo popular como ainda ostenta hoje dia. Gente, é por isso que temos de dar importância e analisar bem quem as intenções verdadeiras de que colocamos no poder ou quem sobe ao poder em algum ramo de atividade. Por exemplo, se colocar gerir um Ministério de Educação Pública um empresário de educação privada, dono de escola ou faculdade particular, é evidente que todo e qualquer projeto que o cara fizer irão de encontro a melhoria da educação pública. Ou então o cara não vai fazer nada para melhorar a educação pública porque o interesse dele é que a iniciativa privada de educação seja a mais beneficiada. Dei esse exemplo para mostrar que no futebol também pode ter certos esses interesses. Não sei quem é o cara que está há frente da FIFA com essa ideia de gerico, mas tenho certeza que tem interesse em desvalorizar a Copa do Mundo, porque talvez seja empresário de outro tipo de esporte que quer ter a maior fatia do mercado esportivo que o futebol consome. Sabe lá se o cara não tem envolvimento com o ramo do Vôlei, um esporte que tem crescido muito a nível mundial mas não chega ainda aos pés do futebol????. Ou quem sabe até um outro esporte desses que tem surgido ansiado por mais apelo popular. ?? mas a verdade nua e crua é que essa medida de inchar a Copa, pode ser tudo….. …ganância, politicagem, jogo de interesses obscuros,etc. mas valorizar e tornar mais importante a competição é que não é , Mas não é mesmo. !!

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  2. Sem querer discriminar, desmerecer ninguém, mas com essa meda de inchaço da Copa, certamente no futuro da Copa do Mundo teremos muitos “jogos” “”clássicos de seleções”””” como : Haiti, Onduras, Porto Rico Guatemala, El salvador, Venezuela, Guianas, Etiópia, Guine Bissau, Malasia, Rodesia, Nossa!!!!!

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  3. Me permitam fazer um comparativo bem distante dessa medida de inchaço e “popularização ” da Copa do Mundo com um outro evento de grande apelo popular por essas bandas de Belém que o Zenaldo acaba de decretar o fim definitivo: Não teremos carnaval em Belém esse ano. ou seja não teremos desfile das nossas tradicionais e queridas escolas de samba no sambódromo que agora vira de vez elefante branco, e nossas escolas queridas e tradicionais Rancho, quem São eles, Império Pedreirense, Grande Familia, Piratas da Batucada etc desfilarão só nas nossas memórias dos carnavais dos bons tempos. Mas o que eu quero salientar é que na verdade este fim não começou somente agora. Este fim veio ocorrendo gradativamente desde a década de 90 quando o velho Gueiros assumiu a prefeitura de Belém, e com conversa furada de popularizar o evento, o qual antes tinha venda de ingressos para o desfile, o cara não diminuiu mais de 70% a verba que a prefeitura às escolas e blocos e ainda extinguiu a venda de ingressos que eram rateados entre as escolas e blocos principais. Com o fim da venda de ingressos, as escolas passaram a depender somente dessas parcas verbas da PMB até 2016, a qual Zenaldo acaba de extinguir de vez em 2017. Aí lembrem que com a diminuição da verba e não cobrança de ingressos desde o governo do velho Gueiros, a qualidade dos desfiles se evadiu e nunca mais tivemos um carnaval em Belém igual na década de 80 onde chegamos a ser o 5º melhor do Brasil. tudo ocorreu porque se colocou na PMB um ancião que não tinha nenhum interesse em carnaval, não era ligado a esse evento e gostava muito era de um goró.Agora Zenaldo Coutinho, o qual não está nem aí para carnaval, não deve nem suportar carnaval, pois fim definitivo em Belém, Zerando a pouco verba que já existia. Fiz este comentário para dizer que com a popularização da Copa com 46 seleções ocorrerá a mesma coisa no futuro: o fim.

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