Stones encantam cubanos em noite histórica

havanarollingstones1

ANA KREPP, de Havana – OPERA MUNDI

A plateia dividida entre cubanos e estrangeiros começou a chegar ao local do show ainda na madrugada do dia anterior. A maioria, no entanto, chegou depois das 17h, lotando complemente o espaço às 19h desta sexta-feira (25/03).

“Saímos de Sancti Spiritus às 5h, o ônibus quebrou no meio do caminho e só conseguimos chegar agora [nove horas depois]”, conta o artista plástico Raul Gonzalez, explicando que uma viagem normal teria levado apenas quatro horas.

Também vindo do interior de Cuba, um outro ônibus saiu de Matanzas na madrugada de quinta para sexta com 15 pessoas. “A gente transformou um caminhão em ônibus”, conta Yander Diaz, referindo-se a um uso parecido com o de um pau-de-arara.

Apesar de todo o esforço que fizeram, vindos do interior especialmente para o show, Raul e Yander tiveram acesso apenas a pista comum, que ficava a cerca de 30 metros do palco. Parte da plateia havia recebido um “convite especial”, que dava acesso a uma espécie de pista premium, a frente da pista normal.

Professores e alunos de todas as universidades de Cuba eram parte do público que recebeu o convite especial. Convidados do governo também assistiram ao show desde a área VIP.

Um pouco chateada com a distancia com que veria o show, separada pela pista premium, estava Nadia Cruz, moradora de Havana que conseguira um lugar colada a grade que separava as duas pistas.

“Esperei a minha vida toda por este show, mas estou um pouco triste por ficar longe mesmo tendo chegado as 7h da manhã.”

Entre os que dividiam a grade uma grande quantidade de argentinos chamava atenção. Vestidos com a camiseta da seleção da Argentina, eles também se destacavam pelas faixas e cartazes que explicitavam a devoção pela banda de rock.

havanarollingstones4

O argentino Ivan usava uma camiseta com a boca de língua de fora e dentro da língua uma foto de Karl Marx. “Eu mesmo fiz a camiseta, acho maravilhoso poder brincar com estes símbolos e fazer parte da historia”, diz ele que viajou de San Juan, Noroeste da Argentina, a Cuba especialmente para o show.

Marcado para as 20h30, o show atrasou cerca de 10 minutos e durou aproximadamente duas horas.

“Nos sabemos como era difícil pra voces ouvirem a nossa musica alguns anos atras. Mas este show é sinal de alguma coisa finalmente esta mudando”, disse Mick Jagger ovacionado em seguida pela plateia. Todas as vezes em que se referiu ao publico, Jagger falou em espanhol. O mesmo fez Keith Richards. “Tocar em Havana é incrível”, disse o guitarrista.

“Essa é para os românticos”, anunciou Jagger em um dos pontos altos do show, quando tocaram Angie. O publico, que não cantava todas as musicas, desta vez, acompanhou com mais facilidade.

Brasileiros, Argentinos, Chilenos, Canadenses, Ingleses e dezenas de outras nacionalidades que se misturavam aos cubanos, se emocionaram no fim do show, com “Satisfaction” estendida por alguns minutos além do normal.

A noite terminou sem incidentes, além das pedras que rolaram e marcaram definitivamente a história da musica em Cuba. Agora há um antes e um depois dos Rolling Stones.

Leão vence o Rai-Fran e assume liderança da chave A1

O São Francisco venceu o clássico santareno diante do São Raimundo por 2 a 1, neste sábado (26), assumindo a liderança do grupo A1 do Parazão 2016. O jogo foi realizado no estádio Barbalhão, em Santarém. Com um grande público (mais de 6 mil torcedores), o torcedor santareno viu o São Raimundo tomar a iniciativa das ações, porém o time azulino teve uma oportunidade e não desperdiçou. Aos 18 minutos, o meia Samuel abriu o placar para o time azulino após confusão na área do Pantera.

O gol despertou o São Raimundo, que passou a buscar mais o ataque. O esforço deu resultado. Aos 38 minutos, o atacante Jefferson Monte Alegre fez o gol de empate e se isolou na artilharia do campeonato, com sete gols.

No segundo tempo, o São Francisco voltou mais decidido e conseguiu desempatar logo aos 5 minutos. Samuel disparou da entrada da área, botando o Leão santareno em vantagem. O São Raimundo não esmoreceu, continuou atacando e criou várias oportunidades, mas não conseguiu chegar ao gol de empate.

O atacante Balotelli acabou expulso de campo depois de confusão envolvendo vários jogadores no final da partida.

O São Francisco assumiu a ponta da tabela do Grupo A1 com 4 pontos, enquanto o São Raimundo continuou com seis pontos no Grupo A2, ainda na liderança. Na próxima rodada, o São Francisco enfrenta outro time da cidade de Santarém, o Tapajós e o São Raimundo enfrenta o Parauapebas, fora de casa.

São Francisco – Paulo Rafael; Andrey, Carlinhos Rocha, Perema e Andrelino (Mocajuba); Rodrigo Santarém, Juninho, Guilherme Neves e Samuel; Elielton e Balotelli (Fabinho). Técnico: Valter Lima

São Raimundo – Evandro; Rodrigo Rocha, Wanderlan, Martony e Negueba; Dedeco (Sandro), Marcos Costa, Caçula (Manoel) e Cristian (Patrick); Bilau e Jefferson Monte Alegre. Técnico: Everton Goiano

Árbitro – Joelson Silva dos Santos. Auxiliares – Silvério Ferreira Pinto e Vanaldo Nascimento dos Santos. Cartões amarelos – Rodrigo Santarém e Balotelli (SFA) ;  Martony (SRA)

Renda – R$ 95.230,00. Público pagante – 5.021. Credenciados – 1.009. Público total – 6.030.

 

Ao mestre, com carinho

cruyff

POR GERSON NOGUEIRA

Uma das grandes referências no futebol para a minha geração nos deixou na Quinta-Feira Santa. Ainda está fincada na memória a imagem épica e até assustadora do cerco que Johan Cruyff e seus companheiros de Laranja Mecânica aplicaram a um solitário argentino em jogo válido pela Copa de 74 no qual a Holanda massacrou os hermanos.

Na aristocracia da bola, Cruyff vem ali pertinho, logo abaixo do panteão das chuteiras imortais – Pelé, Garrincha, Didi, Nilton. Colocaria o craque holandês na mesma galeria simbólica de astros como Rivelino, Gerson, Tostão, Maradona, Ronaldo Fenômeno e, sim, Messi. No meu eterno álbum de figurinhas, é presença de destaque, envergando a mítica camisa 14. De camiseta laranja, é claro.

Apreciava a elegante movimentação de Cruyff. Verdadeiro outsider do nobre esporte bretão, ele contrariou as regras vigentes para fazer o jogo ficar à sua maneira, rápido e prático. Além de tudo isso, pontificava pela capacidade de pensar e verbalizar suas ideias.

Esguio e ágil, de cabeça erguida, foi ele seguramente o primeiro grande jogador a se valer do potencial físico para encantar plateias com a bola nos pés – ou sem ela. Antecipou em algumas décadas a importância do condicionamento atlético para a excelência técnica.

Deslocava-se sempre para o lado certo do jogo. Hábil e dono de passadas largas, liderou o excepcional exército boleiro da Laranja Mecânica com rigor, método e arte. Driblava no limite exato da necessidade, mas era indomável nas arrancadas. Ah, fazia muitos gols também.

Fiquei surpreso quando há alguns anos, lendo sobre sua história, soube que havia sido um menino raquítico, que sofria com graves problemas de saúde. Generoso, o futebol funcionou para ele como redenção e glória.

Para assombro geral, Cruyff dominou a cena no Mundial de 1974, capitaneando o Carrossel idealizado por Rinus Michels e eclipsando cracaços como Beckenbauer, Breitner e o nosso Rivelino.

Desembarcou na Alemanha ainda sem status de astro. Era apenas um badalado jogador europeu oriundo de um país sem tradição no esporte. A consagração veio a partir da performance da seleção holandesa. Michels e seus comandados levaram à potência máxima o conceito de aproximação em campo. Cruyff era cérebro e motor daquela máquina de jogar bola.

O time era regido por uma filosofia muito simples: mais jogadores em torno da bola garantem mais controle do jogo. Sempre que estava com a bola, a Holanda se lançava vigorosamente ao ataque. Sem a bola, armava o bote com até oito atletas para retomá-la, como na cena que descrevi na abertura da coluna. Era irresistível, implacável e incrivelmente moderno.

É claro que defender e atacar com a mesma volúpia exigia esforço redobrado. O preço seria cobrado na final diante dos alemães. Sem o mesmo vigor dos primeiros confrontos, a esquadra acabou vencida pela austeridade germânica, fisicamente mais inteira.

Além dos excepcionais feitos como boleiro, Cruyff foi também um técnico de sucesso e um teórico respeitado. Fora dos gramados, manteve o mesmo espírito altivo e contundente dos tempos de atleta. É célebre a história com Romário, boêmio desde sempre, cujas farras eram toleradas pelo então técnico do Barcelona se não deixasse de cumprir seu papel em campo.

Ergueu-se nos últimos anos como voz intransigente em defesa do futebol bonito, bem jogado. Cometeu alguns deslizes – como aquele papo de que Neymar e Messi eram incompatíveis –, mas acertou na maioria das vezes, como nas críticas ferinas às anêmicas seleções brasileiras de 2006, 2010 e 2014, para desconforto de Parreira, Dunga e Felipão.

No fundo, Cruyff viveu como jogou: no ataque, sempre. Gente assim faz muita falta.

————————————————

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro apresenta, com participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. O convidado da noite é o amigo Edson Matoso. O programa começa depois do Pânico, na RBATV, por volta de 00h20.

———————————————–

Sem Ramos, Leão desafia o Boto

Depois do empate com o Nacional, em Manaus, o Remo de Leston Junior tenta hoje iniciar uma arrancada vitoriosa rumo à semifinal do segundo turno do Campeonato Paraense. Mesmo encarando o pior time da competição, as últimas atuações azulinas não permitem projeções muito otimistas e o jogo adquiriu caráter decisivo. Se não vencer, o Leão põe a classificação (e o sonho do tri) em risco.

O Tapajós se encontra em situação desesperadora na classificação. Não pode pensar sequer em empate, sob pena de ficar a um passo do rebaixamento. No momento, é o último colocado, com apenas dois pontos. Caio Simões, quarto técnico a dirigir o Tapajós na temporada, deve repetir  time que empatou com o Águia em 0 a 0 na rodada passada. Tiago Costa, ex-bicolor, Adriano Miranda e Tsunami, ex-azulinos, são os destaques.

No Remo, a escalação deve sofrer alterações em relação ao time que atuou contra o Nacional na sexta-feira. O Remo não terá seu principal jogador, Eduardo Ramos, suspenso por ter recebido o terceiro cartão amarelo contra o Independente.

————————————————-

Papão precisa de remédio contra apatia

O Papão decide passagem à semifinal da Copa Verde, hoje, contra o Fast Clube. Precisa de um empate em 0 a 0 para seguir em frente. Poderia ser uma tarefa relativamente simples, mas o futebol que a equipe vem apresentando não inspira confiança. Até o modesto representante amazonense representa perigo real e imediato dentro da Curuzu.

Há cinco jogos sem vencer, o Papão sofre com a crise no setor de ataque que começou a se esboçar ainda no primeiro turno do Parazão. Leandro Cearense, Betinho, Bruno Veiga, Fabinho e Wanderson não encontram o caminho das redes. Com isso, o time passou a depender da perícia de Celsinho em bolas paradas para vencer.

Mais do que o Fast, o Papão deve ficar atento à ausência de identidade da equipe e à surpreendente apatia exibida nos últimos jogos.

(Coluna publicada no Bola deste domingo, 27)

EI faz proposta tentadora à CBF pela Copa BR

POR RODRIGO MATTOS

O Esporte Interativo formalizou proposta à CBF pelos direitos de transmissão de TV Fechada da  Copa do Brasil a partir de 2018. Sua oferta é de R$ 180 milhões, seis vezes o que a Globo paga atualmente pela competição. O blog não conseguiu confirmar se a emissora carioca já fez oferta.

A proposta é mais um passo agressivo do canal da Turner para tentar ganhar espaço no mercado nacional. O Esporte Interativo entrou forte na disputa dos direitos de TV Fechada do Brasileiro a partir de 2019 e conseguiu fechar com 15 clubes, sendo sete da Série A.

Foi o suficiente para incomodar a Globo e ter um pacote de jogos no futuro para transmitir o Nacional. Mas a emissora carioca conseguiu atrair a maior parte dos grandes clubes nacionais, como Corinthians, São Paulo, Grêmio, Atlético-MG, Cruzeiro, Fluminense, Vasco. O Esporte Interativo ficou com Santos, Internacional, Coritiba e Atlético-PR, entre outros.

No caso da Copa do Brasil, a negociação do Esporte Interativo é apenas com a CBF, sem participação dos clubes. A confederação apenas distribui cotas por participação dos times no campeonato. Os valores não são altos até se chegar às fases finais da competição.

A ideia do Esporte Interativo é sinalizar que, com seis vezes mais dinheiro para a TV Fechada, a CBF teria mais recursos para distribuir para os clubes. Sua proposta é de um contrato longo, embora não tenha sido possível obter a informação de qual o período desejado.

Lembre-se: foi na negociação de direitos de marketing da Copa do Brasil que o FBI encontrou provas de pagamento de propinas para os ex-presidentes da CBF José Maria Marin, Ricardo Teixeira e para o atual comandante afastado Marco Polo Del Nero, substituído interinamente pelo coronel Antonio Carlos Nunes (foto).

Uruguai tinha o Mestre. Brasil tinha o Dunga

neymar-acerta-adversario-em-falta-que-levaria-o-amarelo-contra-o-uruguai-1458975569902_615x300

DO BLOG DO MENON

Faltou pouco para o Uruguai acrescentar mais um feito em seu olimpo de conquistas. Depois do Maracanazo de 50, quase tivemos o Recifazo de 2016. E, se acontecesse a virada, não teria nada de heroica. Seria apenas a consequência natural de dois fatores que se fizeram notar intensamente: a superioridade de Tabarez sobre Dunga e a imensa diferença de caráter das duas equipes. Antes de continuar, uma digressão. Para mim, o título uruguaio de 50 tem a ver, sim, com heroísmo, mas pode ser explicado também por questões táticas e técnicas. Mas esta é outra história.

O Brasil fez uma boa partida até marcar o segundo gol. Havia inversão de jogadas e Neymar havia encontrado um bom espaço entre as duas linhas de quatro da seleção uruguaia. Flutuava por ali, leve e solto. E tudo foi facilitado pelo gol de Douglas Costa aos 40 segundos. William, na direita, foi marcado pelo alto e fraco Coates. Vitorino errou e não interrompeu o cruzamento. Nova digressão. Lembremos que Maxi Pereira, Josema Gimenez, Diego Godin e Martin Caceres, a zaga titular não estava em campo.

Depois do segundo gol – lindo gol – brasileiro, o Uruguai foi à frente impulsionado pelo profissionalismo e vontade de jogar. Alvaro Pereira cruzou da esquerda, Carlos Sanchez cabeceou para trás e Cavani acertou um lindo chute. David Luiz estava a alguns metros dele, dentro da área, com as mãos para trás para impedir um pênalti que não houve.

E aí, antes da intervenção de Tabarez, veio algo que eu não gosto de reconhecer, que considero até primário, mas que se fez notar. O DNA de cada futebol. O milionário futebol brasileiro se encolheu na dificuldade. O sofrido futebol uruguaio cresceu. E foi atrás de seu passado, de sua história. Foi atrás do empate.

No segundo tempo, Tabarez fez a substituição que mudou o jogo. Trocou o 4-4-2 pelo 4-1-4-1, Recuou Arevalo Rios para ser uma espécie de terceiro zagueiro, mais adiantado. Passou a marcar duramente Neymar. O craque brasileiro não conseguia flutuar mais. Tabarez tirou Cebolla Rodriguez e colocou Tata Gonzalez. Ele, com muito esforço e raça, passou a ajudar Alvaro Pereira. Cavani passou a jogar pela esquerda, de área a área.

Suárez era o único atacante. E que atacante!!!! Empatou o jogo logo a cinco minutos, deixando David Luiz na saudade. Como sempre, aliás. E o Brasil murchou. E o Uruguai cresceu. Os brasileiros começaram a bater muito e as dificuldades técnicas de David Luiz vieram à tona novamente. Não tem noção de espaço, não marca bem, não tem velocidade. No final do jogo, cabeceou uma bola para trás e Allison conseguiu defender o chute de Suárez.

A situação estava tão favorável que Tabarez resolveu arriscar. Tirou o meia Carlos Sanchez e colocou o atacante Christian Stuani. Correu riscos, sim, pois Fucille teve dificuldades para marcar Neymar, que foi para a ponta esquerda.

O Brasil sofre com a falta de um armador. Não tem um centroavante. Neymar deveria ter jogado como Messi, fora da área para receber a bola, mas dentro dela após um curto pique. Não foi assim. David Luiz foi muito mal novamente. Filipe Luiz é limitado. Fernandinho e Luis Gustavo são fracos.

Mas a maior diferença estava em campo. Eles tinham um Maestro (Mestre). E nós, um Dunga

Golpistas no curral

12321507_1295244177157603_6390632136805712546_n

POR LEANDRO FORTES

Como é formada, em sua imensa maioria, por analfabetos políticos com altíssimo déficit de leitura, a direita brasileira tende a se movimentar quase que exclusivamente como manada.
Então, assim como o “kkkkkkk”, que lhes serve de sustentação literária tanto para disfarçar preconceitos como para consagrar estultices, o clichê do momento entre a reaçada é o argumento barato do todos-os-corruptos-devem-ser-presos-não-interessa-o-partido.
É como se, de repente, os milhões de eleitores de Aécio Neves tivessem descoberto o Código Penal, mas somente depois de seu líder e salvador da pátria começar a aparecer nas delações como insistente – chato mesmo – receptador de propinas.
Esse movimento ganhou forma nas últimas manifestações de rua, quando a turba com camisas da CBF viralizou nas redes mensagens dando conta de que, ao contrário do PT, não tinha compromisso com “bandidos de estimação”.
Isso vindo de uma gente que marchou até Brasília para tirar foto com Eduardo Cunha.
Colocar-se, agora, a favor de prender todos os corruptos, não importa qual o partido, é, antes de tudo, uma maneira cafajeste de fingir que não está apoiando o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff – justo no momento em que as coisas começam a dar errado para os golpistas.
É mentira.
Essa gente abobalhada de verde-e-amarelo nunca foi a favor de prender corruptos, até porque votou sempre neles, movida pela catapora infantil do antipetismo.
Esses neoprobos formam as fileiras da classe média apavorada e iletrada do Brasil, alimentada de ódio pela mídia – esse lixo que depende do golpe para voltar a mamar nas tetas do Estado.
Então, não me venham com essa história, agora, que querem todos os corruptos presos.
Ninguém vai acreditar nessa moralidade tardia de quem, na verdade, está com vergonha de ser apontado como um golpista fracassado, daqui por diante.
Não depois de terem sido tocados pelos corruptos como gado, pelas ruas do País, mugindo palavras de ordem fascistas e ruminando o ódio que lhes foi servido como capim.

Moro coagiu Lula e a Democracia despertou

Cd7R7rUUsAAi9A3

POR PAULO MOREIRA LEITE

Não há motivo de espanto para a recente sequência de mobilizações ocorridas em vários pontos do país, onde uma massa de cidadãos defende Luiz Inácio Lula da Silva, denuncia a tentativa de golpe contra Dilma Rousseff e aponta os abusos do juiz Sergio Moro. Após dois anos de espetáculo judicial, assiste-se a um despertar da consciência democrática da sociedade brasileira, a mesma que no passado produziu momentos inesquecíveis de resistência a movimentos autoritários.

Nascida como uma investigação necessária sobre corrupção na Petrobras que se transformou numa operação contra a democracia, a Lava Jato e os aliados de Sergio Moro enfrentam uma oposição relevante, no plano da luta social, nos meios jurídicos e no centro de poder político. É a primeira vez que isso acontece, desde seu evento inaugural, a prisão do doleiro Alberto Yousseff, seguida do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa.

Vamos nos entender a esse respeito. Não há dúvida de que, hoje como ontem, Moro segue um magistrado popularíssimo, com blindagem assegurada pela mídia grande, aliada preferencial e indispensável. Nessa condição, amedronta o Legislativo, ameaça o Executivo e muitas vezes intimida os tribunais superiores, inclusive o Supremo, mais alta corte do país.

A diferença é que nas últimas semanas — mais exatamente, depois que Lula foi conduzido coercitivamente a   prestar depoimento a Polícia Federal — boa parte dos protagonistas dessa crise passaram a interagir de outra maneira. Ao atingir com brutalidade o mais popular presidente da história — ainda hoje e por larga margem, confirma o Data Folha  — a Lava Jato deu a seus adversários um conteúdo popular que não possuíam.

Foi o que também se viu nos protestos — contra Moro e contra a TV Globo – depois que o juiz decidiu manter  em segredo de Justiça a relação de 300 políticos incluídos numa lista apreendida num dos escritórios da Odebrecht, com a anunciada presença de várias cabeças coroadas da oposição. Pode até ser correto. Mas chega a ser grotesco, quando se recorda o ambiente de devassa exibido neste período em material usado para incriminar o governo Dilma e o PT. O mesmo raciocínio aplica-se a Globo, que só fez questão de aplicar a cautela e a prudência que deve ser dispensada a toda denúncia quando ela poderia atingir aliados e amigos.

Há outro comportamento no Planalto, também. Depois da caçada descarada contra Luiz Inácio Lula da Silva, que tem como alvo um político que pode ajudar o governo a enfrentar o imenso sufoco no Congresso, Dilma e o governo mudaram de postura. Em vez de tentar reconquistar a simpatia de uma parcela do eleitorado pela lembrança — justa, no exame frio dos fatos — de seu papel na criação de um ambiente favorável às investigações contra corrupção, a presidente tem denunciado  abusos contra garantias individuais.

Sentindo-se usurpado nas  prerrogativas para julgar casos que envolvem autoridades com direito ao chamado foro privilegiado, o relator Teori Zavaski enquadrou Sérgio Moro numa resolução na qual diz que o juiz era “reconhecidamente incompetente” para liberar grampos telefônicos que envolviam a presidente da República e ministros do Estado.

Ao determinar que as investigações sobre Lula fiquem sob guarda do Supremo, Teori assegurou que, ao menos nos próximos dias, o debate sobre a posse de Lula na Casa Civil possa vir a ser feito pelo Supremo num ambiente de tranquilidade, distante da tensão permanente criada por decisão liminar de Gilmar Mendes,  que não só impediu a nomeação mas enviou o caso para Sergio Moro, facilitando, na prática, novas pressões contra o ex-presidente.

A reação dos brasileiros também envolve uma mudança no ambiente intelectual do país. Indignado entre vozes que louvam ilegalidades e atos arbitrários em nome do combate a corrupção,  dois dias depois do protesto de 18 de março o colunista Janio de Freitas, da Folha de S. Paulo, abriu um debate necessário sobre a Lava Jato. Ele colocou num ponto essencial.

Escreveu: “A corrupção é um crime, como é um crime o tráfico de drogas, como o contrabando de armas é crime, como criminoso é –embora falte a coragem de dizê-lo– o sistema carcerário permitido e mantido pelo Judiciário e pelos Executivos estaduais. Mas ninguém apoiaria a adoção de um regime autoritário para tentar a eliminação de qualquer desses crimes paralelos à corrupção. ”

Num raciocínio semelhante, o professor Wanderley Guilherme dos Santos escreveu que a Lava Jato coloca o país numa situação de chantagem: “É falsa a tese de que o Judiciário se sobrepôs ao Executivo e ao Legislativo. A verdade aterradora é que um grupo de procuradores e juízes-bomba acuou as três instituições da ordem democrática usando a chantagem de se auto explodir, instalando, no ato, o estado natural da desordem.”

Para Wanderley Guilherme, cabe reconhecer que essa situação estimula movimentos de caráter fascista, que dão sinal de vida em várias partes da Europa. “Não é recente a revelação das sementes fascistas de parte da opinião pública brasileira. O fenômeno é consubstancial às sociedades capitalistas, e só contido por condições econômicas favoráveis e instituições democráticas vigilantes. À intolerância do irracionalismo sucumbem todos os países, se a oportunidade se lhe oferece, como o provam os péssimos espetáculos contemporâneos das civilizadas sociedades nórdicas, pós-crise de 2008.”

A questão é a defesa da democracia. A boa notícia é que um número cada vez maior de brasileiros já percebeu isso.