Respostas de Lula ao incrível interrogatório da PF (3)

Respostas do ex-presidente Lula aos delegados da Polícia Federal durante depoimento no aeroporto de Congonhas.

Delegado da Polícia Federal:- Mas, como eu lhe falei, eu realmente não tenho conhecimento.

Defesa:- A sistemática que foi adotada, há uma duplicidade de atos processuais, até porque é um pouco inusual, mas tudo bem.

Delegado da Polícia Federal:- Mas, assim, como o processo é eletrônico, o processo eletrônico…

Defesa:- A gente vai, vou checar, vou checar.

Delegado da Polícia Federal:- Isso, eu realmente não tenho conhecimento.

Defesa:- Eu tenho o código verificador ali, né.

Delegado da Polícia Federal:- Não, não, não, é que o processo é eletrônico, eles vão saber exatamente se está havendo duplicidade, só precisa assinar.

Ministério Público Federal:- É comum, doutor, principalmente quando não é réu, expede-se a precatória, às vezes tentam por telefone, então é um procedimento para tentar realmente alcançar a pessoa, foi atrás e não obteve aquele sucesso, é mais para tentar achar a testemunha.

Defesa:- Na verdade, a precatória foi expedida e já foi cumprida, então é isso que me causou uma certa estranheza.

Ministério Público Federal:- Não deve ter retornado ainda.

Defesa:- É, pode ser, pode ser.

Ministério Público Federal:- Não deve ter retornado e aí o juiz deve ter tomado essa precaução “Olha, tenta também levar ao conhecimento…”…

Delegado da Polícia Federal:- Então, antes da gente começar só pega o ciente do ex-presidente.

Não identificado:-Aqui no…

Delegado da Polícia Federal:- Isso, essa aqui é nossa via e essa é a deles.

Não Identificado:- Essa aqui é a de vocês?

Delegado da Polícia Federal:- Isto.

Não identificado:- Faz o favor, aqui do lado…

Declarante:- Tem que assinar aqui?

Defesa:- Isso, só colocar ciente.

Não identificado:- 4 de março…

Defesa:- 04/03/2016 e a assinatura do senhor…

Declarante:- Estou fazendo uma coisa remunerada, o acordo de dar esse depoimento que eu vou dar…

Não identificado:- Só rubricar a primeira aí, faz favor, só rubricar. Obrigado.

Defesa:- Essa é uma intimação filmada?

Delegado da Polícia Federal:- É.

Declarante:- Estou pronto.

Delegado da Polícia Federal:- Ok. Então, a partir desse momento, o Coronel Morais passa a estar presente como testemunha, assim como o agente Almeida, apenas para constar. O senhor conhece o senhor José de Filippi Júnior?

Declarante:- Conheço.

Delegado da Polícia Federal:- Qual a relação do senhor com ele?

Declarante:- A relação é de petista, ele foi prefeito de Diadema, foi secretário de Diadema, foi secretário da prefeitura de São Paulo, foi deputado federal.

Delegado da Polícia Federal:- Extraindo essa questão partidária, política, qual é a relação que o senhor tem com ele?

Declarante:- Uma relação pessoal boa.

Delegado da Polícia Federal:- Qual a relação que ele tem com o Instituto Lula?

Declarante:- Ele foi diretor do instituto nos anos, no começo do instituto.

Delegado da Polícia Federal:- E desde quando…

Declarante:- Hoje nenhuma.

Delegado da Polícia Federal:- Desde quando ele não tem mais relação com o instituto?

Declarante:- Ah, desde que eu deixei o instituto, acho que desde que eu fui eleito Presidente ou, ou, eu não sei preciso a data, mas eu penso que ele teve função no instituto até o começo do meu mandato, depois acho que ele deixou, acho que ele deixou, hoje ele não tem nenhuma função.

Delegado da Polícia Federal:- Seria quando mais ou menos?

Declarante:- Ah, eu não sei, querido, precisar a data.

Delegado da Polícia Federal:- Nos últimos seis anos ele exerceu…

Declarante:- Não, acho que não.

Delegado da Polícia Federal:- Ele foi presidente do instituto?

Declarante:- Foi.

Delegado da Polícia Federal:- Lembra quando?

Declarante:- Não me lembro, deve ter sido logo que eu deixei o instituto.

Delegado da Polícia Federal:- Ele também poderia estar nos últimos anos fazendo pedido de doações para o Instituto Lula, mesmo tendo se desvinculado do instituto?

Declarante:- Para o instituto eu não sei, eu sei que ele foi coordenador da minha campanha em 2006.

Delegado da Polícia Federal:- E ele poderia estar pedindo também para o Instituto Lula, além da campanha?

Declarante:- Aí não sei, não sei.

Delegado da Polícia Federal:- Depois de 2006, ele teria algum pedido em nome do Instituto Lula, continuou exercendo alguma função?

Declarante:- Não, não acredito porque o instituto estava quase paralisado.

Delegado da Polícia Federal:- Em 2006?

Declarante:- É.

Delegado da Polícia Federal:- Então, digamos que até 2011, quando o senhor reativou, digamos assim, o Instituto Lula, ele não deveria estar pedindo doações para o Instituto Lula?

Declarante:- Não deveria, acho que não.

Delegado da Polícia Federal:- E depois de 2011 ele não estava mais…

Declarante:- Acho que não.

Delegado da Polícia Federal:- Exercendo qualquer função, é isso, ok.

Declarante:- Acho que ele foi eleito deputado federal em 2010, não foi?

Defesa:- Não sei, acho que foi sim.

Delegado da Polícia Federal:- Ele foi prefeito de Diadema?

Declarante:- Foi três vezes prefeito de Diadema, foi secretário de Diadema, foi secretário de obra, foi secretário da saúde aqui em São Paulo, o melhor prefeito que nós tivemos em Diadema.

Delegado da Polícia Federal:- Com a empresa LILS Palestras, o José Fillipi tem alguma relação?

Declarante:- Não tem.

Delegado da Polícia Federal:- Nunca teve?

Declarante:- Nunca teve.

Delegado da Polícia Federal:- Então ele nunca teria autorização para pedir ou fazer agendamento de palestras, tratar qualquer valor de remuneração a palestras?

Declarante:- Não.

Delegado da Polícia Federal:- Isso o senhor afirma com certeza?

Declarante:- Tem 99% de possibilidade que ele nunca tratou disso.

Delegado da Polícia Federal:- Pelo menos com a sua autorização?

Declarante:- É.

Delegado da Polícia Federal:- Em relação à LILS?

Declarante:- Nunca, eu nunca fui fazer uma palestra a convite do Fillipi.

Delegado da Polícia Federal:- Certo.

Declarante:- Nunca conversou comigo sobre isso.

Delegado da Polícia Federal:- Certo. Na condição de tesoureiro da sua campanha de 2006, o senhor tem conhecimento de que construtoras ele teria pedido dinheiro, na qualidade de tesoureiro da sua campanha em 2006 o senhor tem conhecimento para quais construtoras, grandes construtoras do Brasil, ele teria pedido doações para a campanha?

Declarante:- Deve estar na justiça eleitoral, deve estar no relatório apresentado e aprovado pela justiça eleitoral.

Delegado da Polícia Federal:- E com relação à UTC Engenharia, o senhor lembra?

Declarante:- Não lembro. Não me pergunte qual empresa individualmente, a não ser que a gente requeira aí o relatório apresentado pelo PT.

Delegado da Polícia Federal:- Isso a gente tem acesso, mas se o senhor puder lembrar…

Declarante:- Deixa eu lhe falar uma coisa, um Presidente da República que se preze não discute dinheiro de campanha, se ele quiser ser presidente de fato e de direito ele não discute dinheiro de campanha.

Delegado da Polícia Federal:- Certo. Uma doação de 2,4 milhões feita pela UTC Engenharia, o senhor não tomou conhecimento?

Declarante:- Nem essa e nem outras.

Delegado da Polícia Federal:- Certo.

Declarante:- Mas se ela doou deve estar registrado na justiça eleitoral.

Delegado da Polícia Federal:- O senhor já ouviu falar, tomou conhecimento de uma possível doação feita pela UTC ao partido dos trabalhadores, em razão de contratos celebrados com a Petrobras, como se fosse uma espécie de, por exemplo, comissão, o senhor já ouviu falar nisso?

Declarante:- Eu não acredito nisso, eu não acredito, em muita coisa que eu vejo na imprensa sobre Lava Jato eu não acredito.

Delegado da Polícia Federal:- Ok, mas o senhor ouviu falar nisso antes da Lava Jato?

Declarante:- Não.

Delegado da Polícia Federal:- E com relação ao contrato que a UTC Engenharia firmou para o Comperj, o senhor sabe se houve alguma doação para o partido dos trabalhadores em razão disso?

Declarante:- Não sei, não sei.

Delegado da Polícia Federal:- O senhor conhece João Henrique Worn?

Declarante:- Quem?

Delegado da Polícia Federal:- João Henrique W.O.R.N, então pode ser Vorn, Worn.

Declarante:- Não.

Delegado da Polícia Federal:- O senhor não sabe então dizer qual a relação dele com o José Fillipi?

Declarante:- Não.

Delegado da Polícia Federal:- O senhor sabe se o José Fillipi costuma usar um serviço de táxi com o mesmo taxista?

Declarante:- Serviço de que?

Delegado da Polícia Federal:- Táxi, táxi…

Declarante:- Eu não sei, querido.

Delegado da Polícia Federal:- Não sabe se ele anda de táxi?

Declarante:- Não sei.

Delegado da Polícia Federal:- Sabe se tem algum taxista que é amigo dele?

Declarante:- Não sei, não sei.

Delegado da Polícia Federal:- Não?

Declarante:- A nossa amizade não chega a tanto.

Delegado da Polícia Federal:- Por isso que eu perguntei qual era a sua relação com ele, o senhor disse que era uma relação boa…

Declarante:- Como é que eu vou saber como ele anda?

(Continua…)

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