O passado é uma parada…

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Manifestação antinazista no centro de Berlim. Em 1932.

“Que Horas Ela volta?” O Brasil que caminha para ser outro Brasil

POR CARLOS LIRA
Qual é o Brasil que desejamos para as próximas gerações?
Penso que esta poderia ser a pergunta mor do excelente longa-metragem “Que horas ela volta?”, dirigido habilmente por Anna Muylaert, com duração de aproximadamente 114 minutos.
O filme retrata uma parte da vida de Val – Regina Casé em excelente atuação –, nordestina que deixou tudo para trás, inclusive sua filha, para buscar melhores condições de vida para si e sua família, em São Paulo.
Como muitos que migraram do Nordeste, Val termina assumindo o papel de empregada doméstica em uma casa no bairro do Morumbi, morando no quartinho dos fundos da casa dos patrões (Bárbara e Carlos).
Passado mais de dez anos, Val, que é extremamente submissa, torna-se quase um “membro” da família, tendo o respeito de todos, de modo especial do filho (Fabinho) que ela criou para a patroa.
Tudo estava no seu devido lugar (patrão e empregada), até que a vinda de Jéssica, filha de Val, para São Paulo, com a finalidade de prestar vestibular para arquitetura, muda a rotina de Val e dos patrões.
A chegada de Jéssica é o ponto de virada que nos interessa na película, pois é a chegada dela que provoca a ruptura e por que não dizer a ruína da estrutura sagrada estabelecida socialmente por aqueles que se habituaram ter o pobre sempre em posições inferiores e sem o direito de sonhar com coisas maiores.
Não por acaso, em determinada passagem do filme, os patrões espantam-se com o fato da menina – filha de uma doméstica extremamente subserviente e com dificuldade na leitura – ser confiante, inteligente e ambicionar estudar na melhor faculdade de arquitetura de São Paulo.
Ao movimentar e não se curvar a estrutura social secular – Val refere-se aos patrões como Dona Bárbara e Doutor Carlos, já Jéssica os chama pelo primeiro nome –, Jéssica começa a deslocar lentamente a mãe e causar extremo desconforto nos patrões. Isto nos é apresentado inteligentemente pelo filme em passagens como Val entrando na piscina pela primeira vez, depois de mais de dez anos de trabalho, e na tentativa frustrada dos patrões de controlar os espaços (da casa) que deveriam ser frequentados por Jéssica.
Anna Muylaert realiza um excelente trabalho de direção e se mostra extremamente astuta ao optar por utilizar uma câmera objetiva que muitas vezes não adentra os espaços dos patrões, mostrando para o espectador com firmeza qual é a posição da empregada doméstica em seu trabalho.
A diretora destaca-se ainda pela sutileza com que lida com o Brasil do futuro que briga para afastar o Brasil do passado, ainda que este insista em querer manter as antigas estruturas – Casa Grande e Senzala.
Sendo este um cinema superior a média nacional, “Que horas ela volta?” é um filme para aqueles que desejam um Brasil para todos.

A frase do dia

“Antes do golpe (de 1964) o país tinha que escolher dois caminhos: se ele seria uma sociedade de massas mais inclusiva, ou uma sociedade pra 20% – e a escolha feita com o golpe foi a escolha por essa minoria. A sociedade deve perceber o que ela tem a perder e o preço que isso envolve”.

Jessé Souza, presidente do Ipea

Rock na madrugada – Paralamas do Sucesso, Aonde Quer Que Eu Vá

Leão vai reativar futebol feminino

Por iniciativa de Paulo Araújo, dirigentes do Remo levaram ao presidente em exercício Manuel Ribeiro a proposta de reativação do futebol feminino do clube. Ribeiro pediu para avaliar e depois deu sinal verde para a volta da modalidade.

Fidel dá livro de Frei Betto ao Papa

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DO BLOG CONVERSA AFIADA, de PHA

Como se sabe, a Globo não conseguiu eleger Papa – ela não elege mais ninguém! – D. Odilo, de São Paulo, aquele que participou da campanha do Cerra em 2010, ao lado do Bento XVI.
D. Francisco I é peronista  e, segundo o Stédile, amigo dele, faz uma critica aguda e inequívoca ao capitalismo.
Como se percebe, o Papa foi primeiro a Fidel e a Raúl e, só depois, vai ao Obama.
Uma questao de hierarquia, mais do que de plano de voo: D Francisco rezou missa na Praça da Revolução, em Havana e, em seguida, foi se encontrar com Fidel, de acordo com o Granma, órgão oficial do PC cubano.

Monsenhor Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé, afirmou em uma entrevista coletiva, neste domingo, 20 de setembro, que o papa Francisco teve um encontro com o líder histórico da Revolução Cubana Fidel Castro Ruz, ao terminar a Santa Missa. Segundo Lombardi a conversa entre Francisco e Fidel foi amena e durou entre 30 e 40 minutos.
O Sumo Pontífice e Fidel trocaram presentes: o papa lhe entregou livros ao comandante-em-chefe e o líder cubano entregou a Sua Santidade um exemplar do livro “Fidel e a Religião” (do Frei Betto), que neste ano completou o 30º aniversário de sua primeira edição.

Crítica leva Fantástico a refazer matéria sobre filme

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POR MAURICIO STYCER

Há uma semana, sob o pretexto de falar do filme “Que Horas Ela Volta?”, o “Fantástico” mostrou duas histórias de empregadas domésticas que convivem em harmonia com seus patrões. A reportagem, de Danilo Vieira, tratou do assunto de forma piegas sob a ótica da ausência de conflitos.

Em seu blog, no UOL, o crítico de cinema Ricardo Calil ficou, com razão, escandalizado. “A reportagem é um curioso caso em que se fez o marketing de um filme afirmando o contrário do que ele defende”, escreveu no texto “Fantástico” reinventa “Que Horas Ela Volta?”. A Globo Filmes, como ele lembrou, é co-produtora do filme de Anna Muylaert.

“Que Horas Ela Volta?”, indicado para tentar representar o Brasil no Oscar, conta justamente a história do conflito que surge entre uma família de classe alta de São Paulo e a empregada de anos (vivida por Regina Casé) depois que ela decide trazer sua filha para morar na casa dos patrões.

Uma semana depois da reportagem e do texto de Calil, o “Fantástico” voltou ao assunto. O apresentador Tadeu Schmidt explicou: “As empregadas domésticas estão conquistando direitos, mas será que estão conquistando também o respeito do local de trabalho? Semana passada contamos algumas histórias felizes nesta relação. E agora a gente vai mostrar que muitas destas histórias não terminam bem”.

A reportagem de Carla Vilhena, bem mais realista, lembrou que o filme de Anna Muylaert ajudou a tirar do subterrâneo “as histórias ruins, que todos nós conhecemos”, de conflitos entre patrões e empregadas.