Por que mataram meu pai (1)

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POR VALÉRIO LUÍS DE OLIVEIRA FILHO, via Agência Pública

Até 2012 eu era só um advogado tributarista. Não que ignorasse as questões da segurança pública e da violência, mas as pensava de forma abstrata, como qualquer pessoa. Após ter concluído o curso de Direito pela Universidade Federal de Goiás (UFG), passei um ano trabalhando em um grande escritório do Recife. Retornei a Goiânia com o objetivo de montar banca própria, incentivado por meu pai. Naquele ano, voltei a morar com ele.

Estava esperando por ele quando recebi o fatídico telefonema, às 14h22 do dia 5 de julho de 2012. Na véspera ocorrera nossa última conversa. Ele entrara na sala de televisão para me perguntar rapidamente sobre uma empresa que havia me contatado e fora dormir. No dia seguinte saiu cedo, não o vi. Fui almoçar em casa para conversarmos melhor depois do seu programa.

Meu pai era radialista e jornalista, comentava futebol das 12h00 às 14h00 na Rádio Jornal 820 AM, atual Rádio Bandeirantes. Era conhecido como “o mais polêmico do rádio” por não medir palavras nas ácidas críticas que dirigia às gestões dos cartolas goianos; citava nomes e fatos concretos, fugindo dos comentários genéricos adotados por outros profissionais.

Num dia normal, no máximo às 14h15, seu Ford Ka preto já teria estacionado no portão; a rádio ficava ali perto. Passaram alguns minutos, olhei o relógio do celular, mas não me preocupei. Eis que o aparelho toca. “Valerinho, pelo amor de Deus, vem aqui pra rádio que seu pai tomou um tiro”, disse Lorena, minha madrasta, aos prantos. Antes que eu fizesse qualquer pergunta, a ligação caiu, ou ela desligou. Não sei.

Telefonei então para o administrador da emissora, Pedro Gomes, que atendeu de pronto. “Pedro, que história é essa de que meu pai tomou um tiro?” “Onde você está?”, perguntou ele. “Em casa”, respondi. “Vou mandar um carro da rádio aí, que seu pai levou uns tiros.”

O plural me apavorou. Alguns minutos depois chegou o Fiat Uno plotado. Sentei no banco do passageiro e Elisvânia, a coordenadora financeira da Jornal, do banco de trás passou a mão em meu ombro, numa condolência. No caminho parentes e amigos me ligavam, mas ninguém dizia nada específico. Só perguntavam se estava tudo bem. Quando o carro chegou na esquina da Teixeira de Freitas, rua da emissora, não conseguiu seguir devido ao acúmulo de gente. Desci e continuei o trajeto a pé até avistar a cena que mudaria minha vida pra sempre: a esquina onde, cercado por faixas de isolamento, o Ford Ka preto estava parado na diagonal, com as duas portas abertas e os vidros crivados de balas.

Um detalhe me perturbou particularmente: o pé do meu pai pendendo pra fora do carro, com seu tênis cinza e aquela meia levantada da qual eu sempre caçoava. Não tive coragem de me aproximar. Fiquei parado, incrédulo. As vozes e as imagens pareciam oriundas de outro mundo. Ainda assim, precisei dar a notícia à minha irmã caçula, que ligava sem parar: “Nosso pai morreu, Laura”.

Minutos depois chegou meu avô Manoel de Oliveira, radialista e jornalista há 50 anos. “Mataram meu filho!”, gritou. O choro e os brados daquela voz poderosa – e conhecidíssima dos goianos – delinearam no rosto de todos a mesma consternação: como as coisas chegaram a este ponto?

Cresce a tensão

Em depoimentos na Delegacia Estadual de Homicídios (DIH), todos os colegas de meu pai, tanto da Rádio Jornal quanto da PUC-TV, onde era comentarista do programa Mais Esportes, concordaram em um ponto: recentemente houvera uma escalada nas severas críticas do jornalista à diretoria do Atlético Clube Goianiense, que numa ascensão meteórica saíra da série C para a série A do Campeonato Brasileiro, mas encontrava-se em má fase na competição de 2012.

Uma figura em particular se destacava: o poderoso empresário Maurício Sampaio, então vice-presidente do time, cargo que ocuparia até o fim de junho, ou seja, apenas dias antes do assassinato. Ele era velho conhecido do meu pai.

Cinco temporadas antes, em 2007, meu pai viajara ao Piauí para narrar, pela TV Brasil Central, afiliada da Cultura em Goiás, o jogo Barras (PI) vs. Atlético (GO), que valia classificação ao quadrangular final do Campeonato Brasileiro na série C daquele ano. Hospedado no mesmo hotel do clube goianiense, ele afirmou ter descoberto uma tentativa de compra da partida. Duas temporadas depois, em 2009, Valério denunciou o uso de drogas por alguns jogadores nas dependências do clube. Foi processado. Quem compareceu à audiência foi o próprio Maurício, mas a ação judicial não seguiu adiante.

Nada se compara, porém, àquele sinistro primeiro semestre de 2012, quando as críticas à diretoria rubro-negra se intensificaram, chegando a uma tensão pública e notória. “Uma vaca na árvore”, dizia o jornalista sobre a presença do Dragão na elite do futebol brasileiro. “Se um dia você estiver andando e vir uma vaca na árvore, pode até não saber como ela subiu lá, mas sabe que vai cair.” O time de Campinas – bairro mais antigo de Goiânia, precedente, aliás, à construção da capital – era figura constante na zona de rebaixamento do campeonato. “O Atlético está na série A, mas não é time de série A, não”, disparava meu pai em seus programas.

serra 2012

O jornalista atribuía a escalada do clube campineiro a uma injeção de dinheiro oriunda de “patrocinadores tenebrosos”, como a Linknet, envolvida no escândalo que derrubou José Roberto Arruda do Governo do Distrito Federal após a Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, e a Delta Construções, protagonista da famosa Operação Monte Carlo, que resultou na cassação do então senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

Não por acaso, Valdivino de Oliveira, enquanto presidente do Atlético Goianiense, foi secretário da Fazenda do governo Arruda e posteriormente eleito deputado federal pelo PSDB. Outro deputado federal, Jovair Arantes, líder do PTB na Câmara e principal articulador da “bancada da bola”, era membro do Conselho Deliberativo do Dragão Campineiro. Já Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres, então acusados de lobistas da Delta em Goiás, eram – e ainda são – amigos pessoais de Maurício Sampaio.

Em suma, meu pai, torcedor do Atlético, afirmava que a diretoria atleticana usava o brasão do clube para captar dinheiro escuso e criticava Sampaio, em particular, por supostamente utilizar recursos para a aquisição de jogadores que mal seriam testados em campo e serviriam apenas de lucro nas futuras negociações com outros cartolas.

Em 2012, com 49 anos de idade, meu pai tinha 35 de carreira, trabalhara em praticamente todos os veículos de rádio e televisão de Goiás como repórter convencional ou comentarista esportivo. Começara ainda adolescente, puxando fio de microfone no campo do Estádio Serra Dourada, e sempre levou o jornalismo a sério. No fundo, era só isso. Já que estava comentando futebol, comentaria de verdade. Afinal, para que discutir a qualidade técnica de um jogador que mal seria utilizado?

O trabalho do meu pai seria só comentar futebol, se esse fosse apenas futebol. Acontece que não é. Os clubes no Brasil se transformaram em agremiações de velhos políticos, coronéis. Escondem verdadeiras máfias. Não bastasse a triste campanha no Brasileirão de 2012, o Atlético perdeu a final do Campeonato Goiano. A diretoria do Dragão culpou a Federação Goiana de Futebol, acusando-a de escolher árbitros favoráveis ao time adversário. Comentando a polêmica na PUC-TV, em meados de junho, meu pai reabriu uma antiga ferida: “Querem que a Federação roube o título pra vocês? O problema é que lá no Atlético tem muito disso, nego acostumado a fazer mutreta, a tentar comprar resultado, como lá em Piauí, né, senhor Maurício Sampaio?”.

As críticas prosseguiram nos programas seguintes. Meu pai comentava, em debates ao vivo com outros jornalistas, boatos de que Sampaio chegara a pagar a torcida organizada rubro-negra para pichar os muros do próprio clube com xingamentos a jogadores, e até a dirigentes, se ocasionalmente caíssem no desagrado do vice-presidente. Logo as represálias começaram, atingindo, primeiro, outro profissional da imprensa.

Também comentarista esportivo, Charlie Pereira era colega do meu pai na PUC-TV e trabalhava para Maurício na Rádio 730 AM. Sim, o cartola e então cartorário era, e ainda é, “dono” de rádio. Adquiriu o controle da emissora no início de 2012, em sociedade com o advogado Neilton Cruvinel Filho e o apresentador Joel Datena, filho do popular apresentador José Luiz Datena.

A 730 é a rádio mais tradicional do jornalismo esportivo goiano. Meu avô, com sua popular “Equipe do Mané”, manteve uma bem-sucedida programação esportiva na então Rádio Clube durante os anos 1980. Em 1997, a emissora foi reinaugurada por Jorge Kajuru sob a alcunha “Rádio K do Brasil”, em homenagem a Juca Kfouri. Só em 2003 ela foi batizada de “730”, referência à frequência da onda de transmissão. E foi na 730 que Charlie recebeu o ultimato: ou ficava na rádio ou na TV. Sampaio não queria nenhum dos “seus” dividindo bancada com meu pai.

O jornalista deixou então a PUC, fazendo com que um dos coordenadores do programa, Daniel Santana, procurasse Maurício na intenção de dissuadi-lo da absurda exigência. O encontro se deu no 1º Tabelionato de Protestos e Registro de Pessoas Jurídicas, Títulos e Documentos de Goiânia, vulgo “Cartório WSampaio”, que o cartola ocupava interinamente (sem concurso) desde 1988, ano do falecimento do antigo tabelião, seu pai, Waldir Sampaio. “Quem não está comigo está contra mim”, foi sua resposta segundo Daniel.

Ainda em meados de junho de 2012 surgiram boatos de que Maurício deixaria a diretoria do Dragão em razão de desavenças financeiras com o clube. Instado a comentar o assunto, meu pai afirmou que o “deselegante” e “aborrecido” Sampaio era “descartável” e, por fim, pronunciou a expressão que seria celebrizada pelas crônicas policiais: “Meu amigo, você pode ver em filme de aventura, quando o barco está enchendo de água, os ratos são os primeiros a pular fora”.

A frase acirrou ainda mais os ânimos. No dia 19 de junho, o Atlético Clube Goianiense enviou cartas à PUC-TV e à Rádio 820 proibindo-as de entrar nas suas dependências, vestiários ou em quaisquer instalações ocupadas pelo time. O documento, assinado pelo presidente Valdivino de Oliveira e o vice Maurício Sampaio, classificava meu pai como “persona non grata”.

A partir daí meu pai começou a demonstrar uma incomum ansiedade. Falava em abandonar o jornalismo e passou a portar, secretamente, uma pistola taser. Um dia eu o flagrei guardando o objeto. “Para proteção”, disse, constrangido. Um jornalista seu amigo, André Isac, conta tê-lo procurado naqueles dias com uma denúncia séria contra o Atlético, um furo de reportagem. “Ele parecia mais carregado e disse: ‘Olha, vou te pedir uma coisa: não fala disso não, porque não vale a pena. Essas pessoas são muito perigosas’”, relatou André.

Dias depois, minha madrasta diria à Polícia Civil ter ouvido do esposo que Maurício “estava fazendo de tudo para que fosse demitido da rádio e da TV, inclusive oferecendo patrocínios mensais”.

Jogo Papão x Bahia tem horário modificado

A CBF, através de seu departamento técnico, modificou o horário do jogo Paissandu x Bahia, pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série B no próximo dia 6 de outubro. Marcado inicialmente para 19h, o confronto foi transferido para 21h, no estádio Jornalista Edgar Proença. A mudança atende a interesses do Sportv, que detém os os direitos de transmissão da competição nacional.

O passado é uma parada…

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John Lennon (com Yoko). A última entrevista.

Jornalismo em estado de coma

POR JOSÉ NILTON DALCIM, do Blog do Tênis

Boa parte de vocês, assim como eu, deve ter lido em algum site – e dos grandes – a incrível história do rapaz espanhol que acordou de um coma 11 anos depois de sofrer um acidente e ficou surpreso por ver que Roger Federer ainda fazia sucesso no tênis.

Sim, porque a ‘notícia’ saiu em todo lugar, até mesmo na home do UOL, o maior portal do país e parceiro estratégico de TenisBrasil. O UOL certamente foi munido por outros tantos portais que se sensibilizaram com o tema, afinal estava também no EuroSport, no Sports Illustrated até no Rolling Stone.

Mas será que isso é mesmo um fato? A jornalista Steph Myles, que escreve para o Open Court, foi atrás da origem do relato e escreveu um belíssimo artigo entitulado “A Anatomia de uma história viral na Internet”. E vejam como todo mundo pode ter sido enganado.

Vou tentar resumir a narrativa dela, ao checar de onde e como surgiu a notícia.

A primeira citação que chegou ao Open Court foi através de tweeters do tabloide The Mirror, que creditava a fonte como sendo um site chamado TennisWorldUSA (acho que algum de vocês conhecem), que faz traduções por vezes sofríveis de notícias que caça na Internet. Antes disso, havia saído no TennisWorldItaly (obviamente do mesmo proprietário), que por sua vez credita a versão original a outro site chamado Punto de Break, este enfim espanhol.

Myles então enviou um email ao autor da nota, chamado José Morón, editor em chefe do site, que explicou que a história foi lhe dado por um amigo, que tinha parentesco com o suposto paciente de coma. Morón não se deu ao trabalho de tentar conversar com o rapaz – curiosamente chamado de Jesus Aparicio -, nem com o hospital ou a equipe médica. Uma foto, nada. Simplesmente acreditou no que o amigo contara e publicou.

Virou um fato. repetido à exaustão por vários sites e por toda a rede social. Foi parar na ESPN americana, no Le Figaro, no Blick da Suíça. Saiu na Índia, na Alemanha, na Suécia. É aquela sequência tão conhecida, um órgão de imprensa citando outro, que credita outro, que diz ter saído em outro.

Na contagem de Myles, havia 24 mil citações no prazo de 24 horas no item de notícias do Google. E ele brinca, dizendo: “Tomara que a história seja verdadeira, senão veremos 24 mil pedidos de retratação”.

Daí porque o trabalho do jornalismo pós-Internet e ainda mais pós-Facebook e Twitter precisa ser levado muito mais a sério.

A frase do dia

“Ninguém sério entrará na aventura do impeachment”.

Aldo Rebêlo, presidente do PCdoB

Papão busca alternativa para ausência de atacante

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Equipe do Paissandu escalada como titular pelo técnico Dado Cavalcanti no treino coletivo do final da tarde desta quarta-feira, na Curuzu: Emerson; Pikachu, Tiago Martins, Gualberto e João Lucas; Fahel, Gilson e Jonathan; Rony, Aylon (foto) e Léo. A configuração ofensiva seria uma alternativa para a possibilidade de ausência do centroavante Betinho. Ele foi julgado hoje pelo STJD, devido à expulsão no jogo contra o Fluminense na Copa do Brasil. Recebeu a pena de suspensão por uma partida. O departamento jurídico do Paissandu deve entrar com pedido de efeito suspensivo para poder utilizar o jogador contra o Vitória. (Foto: MÁRIO QUADROS)

O enigma Kiros

POR GERSON NOGUEIRA

O Remo se prepara para outro mata-mata na temporada. Foi relativamente bem nos anteriores, embora a memória mais recente seja ingrata. O fracasso em Cuiabá, com direito a surra de 5 a 1 na final da Copa Verde, ofuscou feitos importantes em rodadas eliminatórias, como as semifinais da própria Copa e do Campeonato Paraense contra o Papão e a decisão do certame estadual diante do Independente Tucuruí.

A derrota na Copa Verde deixou traumas na torcida e principalmente no técnico Cacaio, que custou a se recompor do impacto. Ao longo da Série D, mesmo com boa campanha, o time oscilou muito e pareceu sempre extremamente inseguro quando pressionado. Era como se receasse levar nova goleada desmoralizante como a de Cuiabá.

É fundamental que essas sequelas tenham sido curadas e deixadas pelo caminho, pelo bem do próprio Remo. Só nas quatro últimas rodadas da competição nacional, depois de surpreendente derrota frente ao Náutico em Roraima, o esquema de meia-cancha com dois volantes e dois armadores voltou a ser utilizado.

A mudança foi providencial, pois afastou a cautela excessiva, que levava o time a levar sufoco até de equipes limitadas como o próprio Náutico e o Vilhena. Com Eduardo Ramos e Edcléber na meia-cancha, tendo Chicão e Ilaílson como volantes, o Remo voltou a ter a ofensividade que garantiu a conquista do Parazão e o vice-campeonato da Copa Verde.

Para que essa alteração frutifique será preciso, porém, que Eduardo Ramos tenha de fato liberdade e espaço para jogar junto aos atacantes no jogo de sábado em Palmas. Na partida contra o Vilhena, no Mangueirão, o camisa 10 ainda ficou muito preso às ações no meio, embora sua participação tenha sido decisiva para a construção da vitória.

Nas batalhas com o Palmas, o Remo terá que contar com jogadas pelos lados e alternativas pelo meio, principalmente se o atacante Kiros (foto) entrar como titular. Acostumado a jogar fixo na área, dependerá da produção e da aproximação dos demais atacantes e armadores. Juninho, provável substituto de Edcléber, deve ser o responsável pela organização de jogadas, mas Ramos só funcionará como atacante se jogar junto à grande área.

Este desenho ofensivo incluindo Kiros, que não foi testado com Eduardo Ramos em campo, é a principal incerteza para o jogo de sábado. Ao mesmo tempo em que dependerá da criatividade de seus armadores, o Remo terá que contar com os laterais Levy e Alex Ruan mais ativos e presentes no ataque, pois Kiros só terá utilidade se receber bons cruzamentos.

Pelo porte físico, que leva a comparações apressadas com Alcino, Kiros é visto como solução para quase todos os problemas do ataque remista. Pode vir a ser, caso bem aproveitado no jogo aéreo, mas o time não pode abrir mão de outras opções, como a movimentação de Léo Paraíba e a presença de área de Rafael Paty, principal goleador remista na temporada.

Por ora, o rendimento de Kiros ainda é um enigma. Estava sem jogar há meses, treinou três vezes com o elenco e estreou no amistoso com o Castanhal sem maior destaque. A lógica diz que talvez fosse mais produtivo usado como arma para mudar o jogo no segundo tempo.

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A incrível proeza do polonês goleador

Em incríveis nove minutos, dos 6 aos 15 minutos do segundo tempo de Bayern de Munique x Wolfsburg, Robert Lewandowski cravou seu nome na história do futebol moderno. Cinco gols em tão curto espaço de tempo constituem façanha incomum em tempos de dura marcação, vigilância defensiva e poucos craques em campo. Mesmo pertencendo ao timaço do Bayern, o atacante polonês esbanjou categoria e oportunismo para fulminar a zaga adversária.

O Wolfsburg vencia por 1 a 0 no primeiro tempo e parecia pronto a aprontar uma zebra em Munique. No intervalo, o técnico Pep Guardiola lançou Lewandowski no comando do ataque, deslocando Douglas Costa para a esquerda e Thomas Müller para o lado direito.

Foi o suficiente para confundir o sistema defensivo do Wolfsburg, entregue aos brasileiros Naldo e Dante. Quatro dos cinco gols saíram em cima de Dante, o espalhafatoso beque que parece realmente predestinado a protagonizar goleadas infames, como no histórico 7 a 1 em Belo Horizonte na última Copa, no qual teve papel destacado, falhando em pelo menos cinco gols.

E Lewandowski esteve perto de fazer mais dois gols, mas a zaga interceptou seus arremates. Uma atuação estupenda, valorizada por ter acontecido num campeonato de alto nível, como o Alemão.

Não se pode dizer que foi apenas um espetacular golpe de sorte. Pelo Borussia Dortmund, ele marcou quatro vezes contra o poderoso Real Madri na semifinal da Champions 2013-2014. Óbvio que o fator sorte está sempre presente em goleadas, mas é preciso fazer por onde ele se manifeste. Lewandowski fez e aconteceu.

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Lateral troca Brasil pela Alemanha

No fim do dia, a Alemanha produziu outra notícia surpreendente. O lateral brasileiro Rafinha anunciou publicamente sua desistência da Seleção Brasileira, abrindo mão de convocações futuras e confirmando o processo de naturalização para defender a seleção germânica. Nos tempos de Zagallo e seu discurso “ame-o ou deixe-o”, Rafinha seria execrado por esnobar a camisa canarinho pentacampeã do mundo.

Seu gesto só não causa mais espanto porque a fase da Seleção Brasileira não é mesmo das mais atraentes. O time se transformou num fantasma, com lampejos em alguns amistosos furrecas, mas sem jamais comover ou tocar o coração da torcida depois do desastre de 2014.

Além do mais, Rafinha toma um caminho que Diego Costa já havia seguido há três anos, quando decidiu pela cidadania espanhola e virou as costas para o escrete então dirigido por Felipão. Teve peito e veio jogar a Copa pela Espanha de Vicente Del Bosque.

Longe de embarcar naquele discurso xiita de amor à pátria e outras baboseiras do gênero, entendo que um atleta precisa ter responsabilidade. No último dia 17, ao ser convocado para as Eliminatórias, Rafinha postou mensagens nas redes sociais exultando com a chance de representar o país e “feliz com a oportunidade”.

Pelo visto, mudou de ideia em apenas uma semana.

(Coluna publicada no Bola desta quarta-feira, 23)