Roberto Baggio comemora seu gol sobre a Nigéria na Copa do Mundo de 1994, nos EUA.
Mês: maio 2015
A sentença eterna
Capa do Bola, edição de terça-feira, 26
Sábio Mujica
Rock na madrugada – Neil Young, The Needle And The Damage Done
O mundo segundo Calvin
A chaga do racismo no Brasil
Do blog SOCIALISTA MORENA
Traduzi esta matéria que saiu na NPR, a rádio pública dos Estados Unidos, sobre o racismo no Brasil. Preparem-se para sentir muita vergonha (original aqui).
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Por Lourdes Garcia-Navarro, da NPR
Há uma piada entre os brasileiros de que o passaporte daqui é o mais cobiçado no mercado negro porque, não importa qual a sua ascendência – asiático, africano ou europeu – você cabe nele. Mas a realidade é muito diferente.
Estou sentada em um café com duas mulheres que não querem ser identificadas devido à delicadeza do assunto. Uma é caribenha; seu marido é um executivo norte-americano.
“Eu achava que seria uma brasileira típica; mas o Brasil que você vê na mídia não é o que conheci quando cheguei”, ela me diz.
Como muitos caribenhos, ela se identifica como multirracial. A ilha de onde vem é uma mistura de raças e etnias, então ela estava eufórica de se mudar para o Brasil, que tem a fama de ser um dos lugares mais harmoniosos racialmente no mundo.
“Quando cheguei, fiquei chocada ao me dar conta da enorme diferença entre raças e cores, e o que esperam de você – qual é o seu papel, basicamente – a partir da cor de sua pele”, ela diz.
Mudar-se para um novo país pode ser difícil; quando você adiciona questões raciais a isso, as coisas podem ficar ainda mais complicadas.
A outra mulher veio de Londres, e também se mudou para o Brasil por causa do trabalho do marido. Ela se autodeclara negra.
“Minha pele é muito escura, então quando saio com meus filhos, às vezes as pessoas perguntam: ‘Você é a babá das crianças?’ E eu tenho de explicar a eles que não, que são meus filhos, que estou cuidando deles”, ela diz.
Uma rápida lição sobre raça e classe no Brasil: o país foi o último lugar nas Américas a acabar com a escravidão. O Brasil também importou dez vezes mais escravos que os EUA – em torno de 4 milhões. Isto significa que mais de 50% da população descende de africanos, mas estes números não significaram mais oportunidades.
Por exemplo: entre os mais brancos e mais ricos, é comum ter uma babá, que tem a pele mais escura. A mulher de Londres diz que as babás são obrigadas a se vestir de branco.
“Eu imediatamente parei de usar branco”, diz, porque estava cansada de explicar que suas crianças eram de fato suas, apesar das deduções dos brasileiros. “Me livrei do branco em meu guarda-roupa, não uso mais”.
Como uma mulher negra com crianças de pele mais clara, ela diz sentir medo de ser parada pela polícia, que normalmente mira as pessoas negras no Brasil. Ela sempre carrega os papéis que mostram que é mãe das duas crianças – algo que nunca tinha de fazer em Londres.
Ky Adderley, um norte-americano da Filadélfia que dirige uma consultoria em educação no Rio de Janeiro, conta que também ficou chocado ao se mudar para o Brasil.
“Sinto que o racismo aqui é muito mais profundo do que eu senti em qualquer outro lugar”, diz.
Ele conta que sabia como se virar sendo um homem negro nos EUA. “Independentemente do tom da pele da pessoa, há uma noção entre a comunidade negra de que se você possui um pouco de negritude em você, você é negro e assim conseguimos construir uma comunidade realmente rápido.” No Brasil, porém, foi difícil encontrar a mesma rede de apoio. Então ele criou sua própria rede, com outros homens negros expatriados.
“Nós temos um grupo chamado Bros in Brazil”, diz. “É um grupo com cerca de 15 caras agora, que vêm da Europa, África, EUA, e estão vivendo e trabalhando no Brasil como profissionais.”
Eles falam muito sobre questões raciais. O Brasil, Adderley opina, é profundamente segregado em termos raciais, especialmente no Rio. Quando ele caminha com seu cachorro, se não estiver usando terno, é frequentemente questionado se é um passeador de cães profissional.
Ele diz que, no Brasil, ser simplesmente um negro educado parece um ato subversivo.
“Como uma pessoa negra, qual é seu lugar no Rio de Janeiro? Todos os negros que eu vejo estão em empregos no setor de serviços – e quanto mais negro você for, menos é visto”, diz. “Então o papel que você deve ter deve ser de volta à cozinha e não do lado de fora esperando por uma mesa.”
A maioria das pessoas no Brasil fala para ele que não é uma questão racial, e ele diz que é esta a razão do problema: as pessoas não o encaram de frente.
A preocupação de Adderley é que os problemas raciais no Brasil afetem sua filha. Tempos atrás, uma mulher que estava fotografando a então recém-nascida lhe disse que precisava modificar as características físicas da menina.
“Bem, você pode corrigir o nariz dela, sabe? Aperte ele. Se você apertar o nariz dela todo dia e continuar fazendo isso, ela não terá esse nariz achatado” – o executivo lembra as palavras que a mulher usou.
A mulher de Londres diz que o racismo no Brasil está afetando suas crianças também.
“Meu filho de três anos começou a esfregar meus braços e minha pele quando vinha da escola”, ela conta. “Ele dizia, ‘mamãe, estou tentando apagar o negro da sua pele’.”
Mas há um lado positivo – a mulher do Caribe diz que estar no Brasil a fez muito mais consciente sobre o problema racial. Ela se recusa a parar de usar sua cor favorita, branco.
“Por que a cor da roupa ou da pele da pessoa deveria significar quem você é?”, questiona. “Eu sou quem eu sou. Não estou nem aí sobre o que você pensa – esta sou eu e vou continuar a ser eu mesma.”
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A lógica implacável
Minowa obtém liminar e volta à presidência
Pedro Minowa foi reconduzido hoje, através de medida liminar, à presidência do Remo. Ele entrou com ação judicial e obteve decisão favorável do juiz Ernani Malato. Caso o Conselho Deliberativo do Remo descumpra a ordem do juiz, será aplicada multa diária de R$ 1 mil. Em entrevista à Rádio Clube, o magistrado explicou que analisou o estatuto do clube e não viu razões para o afastamento do presidente. Observou, ainda, que a decisão do Condel deveria ter sido ratificada pela assembleia geral. A concessão da liminar visa, segundo ele, resguardar os direitos de Minowa à ampla defesa.
Leão vence Copa Norte-Nordeste de Remo
Cerca de 120 atletas de oito estados e do Distrito Federal participaram da Copa Norte-Nordeste de Remo, competição realizada sábado, 23, e domingo, 24, nas águas da baía do Guajará. O Clube do Remo foi o primeiro colocado na classificação interclubes, vencendo nove das 23 provas disputadas. O Paissandu ficou com o segundo lugar, superando o Sport Recife nos critérios de desempate. Na classificação geral, o título da Copa ficou com o Pará. (Com informações da Ascom/Sejel)
A ameaça à liberdade de imprensa
POR LUIS NASSIF, no Jornal GGN
Doutrinariamente, a imprensa é vista como o instrumento de defesa da sociedade contra os esbirros do poder, seja ele o Executivo, outro poder institucional ou econômico.
Não se exija dos grupos de mídia a isenção. Desde os primórdios da democracia são grupos empresariais com interesses próprios, com posições políticas nítidas, explícitas ou sub-reptícias.
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Tome-se o caso brasileiro. É óbvio que os grupos de mídia têm lado. Denunciam o lado contrário e poupam os aliados. Doutrinariamente, procuradores entendem que qualquer denúncia da imprensa deve virar uma representação. Mas só consideram imprensa o que sai na velha mídia. Doutrinariamente, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) criou um grupo para impedir o uso de ações judiciais para calar a mídia. Mas só consideram jornalismo a velha mídia.
Cria-se, então, um amplo território de impunidade para aqueles personagens que se aliam aos interesses da velha mídia. E aí entra o papel da nova mídia, blogs e sites, fazendo o contraponto e estendendo a fiscalização àqueles que são blindados pela velha mídia.
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No entanto, sem o respaldo do Judiciário, sem a estrutura econômica dos grupos de mídia, blogs e sites independentes têm sido sufocados por uma avalanche de ações visando calá-los. E grande parte delas sendo oriunda da mesma velha mídia.
Quando a velha mídia se vale dessas armas contra adversários, não entra na mira do CNJ.
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Tome-se o meu caso.
Sou alvo de seis ações cíveis de jornalistas, cinco delas de jornalistas da Veja, duas de não jornalistas. Os dois não jornalistas são os notáveis Gilmar Mendes, Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e Eduardo Cunha, presidente da Câmara. Além deles, sofro uma ação de Ali Kamel, o todo poderoso diretor da Globo.
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O que pretendem me sufocando financeiramente com essas ações?
Desde que se tornou personagem do jogo político, a Gilmar tudo foi permitido.
Em meu blog já apontei conflitos de interesse – com ele julgando ações de escritórios de advocacia em que sua mulher trabalha e de grandes grupos que patrocinam eventos do IPD (Instituto Brasiliense de Direito Público).
Apontei o inusitado do IDP conseguir um contrato de R$ 10 milhões para palestras para o Tribunal de Justiça da Bahia no momento em que este se encontrava sob a mira do CNJ. E critiquei a maneira como se valeu do pedido de vista para desrespeitar o STF e seus colegas.
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De Eduardo Cunha, é possível uma biografia ampla, desde os tempos em que fazia dobradinha com Paulo César Faria, no governo Collor, passando por episódios polêmicos no governo Garotinho e no próprio governo Lula.
No governo Collor ele conseguiu o apoio da Globo abrindo espaço para os cabos da Globo Cabo e dispondo-se a adquirir equipamentos da NEC (controlada por Roberto Marinho). Agora, ganha blindagem prometendo impedir o avanço da regulação da mídia.
Sobre Kamel, relatei a maneira como avançou na guerra dos livros didáticos – um dos episódios mais controvertidos da mídia nos últimos anos, quando editoras se lançaram nesse mercado para ampliar seus negócios.
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Censurando os críticos, asfixiando-os economicamente, quem conterá os abusos de Gilmar, de Cunha e de Kamel?
Há uma ameaça concreta à liberdade de imprensa nessa enxurrada de ações.
Goleiro confirma acerto com o Remo
A diretoria de Futebol do Remo anunciou neste domingo a contratação do goleiro Fernando Henrique, ex-Fluminense, para a disputa da Série D. A estreia azulina está prevista para o dia 12 de julho. Em entrevista a emissoras de rádio, o goleiro confirmou que defenderá o Leão. Ele deverá se apresentar ao clube na quarta-feira, 27, para exames médicos e assinatura de contrato. Mostrou-se otimista quanto ao acesso à Série C.
Curiosamente, Fernando Henrique chegou a negociar com o Paissandu em dezembro passado, mas acabou não acertando. Seu último clube foi o Internacional de Lages (SC), destacando-se no certame catarinense. Aos 31 anos, tem como destaque na carreira o título brasileiro de 2010 e a Copa do Brasil 2007 pelo Fluminense, além de ter sido vice-campeão da Taça Libertadores em 2008.





