A saga do bolinho caipira

Por Dias Lopes

Do ponto de vista gastronômico, histórico e folclórico, é o mais brasileiro dos bolinhos salgados e fritos. De quebra, diz-se caipira. Tem como rival o de bacalhau, que é português; o acarajé, de origem afro-árabe; e o quibe frito, vindo do Oriente Médio. Referimo-nos ao bolinho caipira, típico do Vale do Paraíba, a leste do Estado de São Paulo. Fora da sua região natal, muitos o desconhecem. Entretanto, desfruta ali de enorme popularidade. Anos atrás, os caipiras do Vale do Paraíba evitavam comê-lo diante dos forasteiros. Julgavam-no singelo demais. Preferiam ser vistos saboreando um prato de macarrão. Hoje, a região promove festas em seu louvor.

Em São José dos Campos, organizou-se um concurso de receitas no festival gastronômico local, com a participação de donas de casa e cozinheiros profissionais. Jacareí dedica-lhe a Feira do Bolinho Caipira Regional, realizada em junho. No ano passado, cinco municípios do Vale do Paraíba exibiram as suas receitas. Embora seja encontrado o ano inteiro, junho é o mês do petisco. Faz sucesso nos arraiais de Santo Antônio e São João. Não falta nas quermesses. Bate em popularidade o pé de moleque, a canjica e o bolo de fubá.

SAO PAULO - SP 01/07/2012 - COZINHA DO BRASIL - PALADAR / BolinhHabitualmente, leva carne ou linguiça. Mas revela variações no recheio. A carne pode ir crua (São José dos Campos) ou cozida (Taubaté). Em São José dos Campos, constitui uma bolinha de carne moída. Em Caçapava, mistura-se a carne à massa. Em Jacareí, o recheio é de linguiça. Já a massa em geral combina as farinhas de milho branca e amarela, ou apenas uma delas; em certos lugares, acrescenta-se a de mandioca. Molda-se o quitute em formato de minizepelim ou de croquete. Frita-se em óleo bem quente.

Há controvérsias quanto à sua origem. Uma versão diz que surgiu antes da colonização portuguesa, inventado pelo índios puris, primeiros habitantes do Vale do Paraíba. Eles fariam bolinhos envolvendo piquiras (peixes miúdos) em massa de mandioca. Mas a explicação esbarra no fato de os índios não saberem fritar. Outros sustentam que foi criado por tropeiros do século 17 e 18, quando paravam para comer. O recheio mudaria conforme o que houvesse disponível, carne ou peixe. Os primeiros registros de sua comercialização, porém, datam de 1925, quando uma senhora chamada Nicota Gehrke vendia-o no Mercado Municipal de Jacareí. Seus netos, Eduardo e Jussara Gehrke, seguem tocando o negócio.

Monteiro Lobato, a cidade que tem o nome do ilustre escritor da região, quer a sua parte. Seus moradores afirmam que o quitute foi criado por uma conterrânea e antigamente carregava o nome dela: bolinho da Toninha. Vendia-o no antigo mercado tropeiro, onde agora funciona o centro cultural, na Praça Deputado Antônio Sílvio Cunha Bueno. A seguir, a receita teria se espalhado pelo Vale do Paraíba.

Em 2010, Jacareí oficializou o bolinho caipira como patrimônio cultural imaterial da cidade. Todas as localidades da região deviam fazer o mesmo, pois o petisco está ameaçado por adaptações desfiguradoras. Em 2013, no Concurso de Receitas de São José dos Campos, apresentaram um bolinho caipira de forno, ao molho de hortelã, e outro batizado de Romeu e Julieta, recheado com goiabada e queijo. O petisco também foi preparado com filé de tilápia desfiada. Para completar, havia bolinhos vegetarianos, com carne de soja, queijo e ricota com tomate.

Nada contra inovações, mas é fundamental que a receita preserve a identidade. Não por acaso, em São José dos Campos, o mais disputado bolinho continua sendo feito à moda antiga, pelas voluntárias que ajudam as velhinhas do Lar São Vicente de Paula, da Rua Monteiro Lobato, 95, no bairro de Vila Rangel. É – e de longe – o mais saboroso.

Cuidado com esta fera!

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Miroslav Klose, o veterano atacante alemão, é o único com chances de empatar ou superar o recorde de Ronaldo Fenômeno como jogador que mais marcou em Copas. Ronaldo fez 15 gols em quatro mundiais disputados (em 1994, estava no grupo do tetra, mas não jogou).

O passado é uma parada…

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Zico em ação contra os argentinos na Copa do Mundo de 1982, na Espanha. Brasil venceu a partida, mas caiu na fase seguinte diante da Itália de Rossi.

O caçador de nuvens

Por Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira

Ulysses-Guimaraes-levanta-a-constituicao-do-brasil-de-1988-05-10-13“Numa cena famosa do Rei Lear, de Shakespeare, o Conde de Kent, sob disfarce, afirma que há qualquer coisa no porte do Rei que o faz desejar servi-lo. Lear pergunta o que é, e a resposta de Kent vem numa palavra: autoridade.

Nada mais distante da realeza, no sentido estrito do termo, do que Ulysses Guimarães. Sua vida foi servir ao povo e à sociedade, nunca o oposto.

A fala de Shakespeare se aplica ao Dr. Ulysses quando se leva em conta a nobreza do político e a estatura do homem. Quem o conheceu sabe que alguém com sua trajetória e seus princípios merecia uma palavra definidora: autoridade. Não a autoridade dos déspotas, que ele tanto combateu, mas a autoridade moral que vem à mente ao rever as imagens de Ulysses ou reler seus discursos

Sua liderança foi o grande alento da política brasileira por toda a década de 70 e por quase toda a década de 80. O inverno de nosso descontentamento chegou ao fim em grande parte por obra daquele filho de Itaqueri da Serra.

Ulysses Guimarães, o anticandidato, que formou com Barbosa Lima Sobrinho uma chapa de envergadura moral que enobreceu a política brasileira, afirmou há pouco mais de 40 anos: “A grandeza do homem é mais importante do que a grandeza do Estado, porque a felicidade do homem é a obra-prima do Estado”.

A afirmação consta do discurso em que se lançou anticandidato, o mesmo em que comenta que “a Nação é a língua, a tradição, a família, a religião, os costumes, a memória dos que morreram, a luta dos que vivem, a esperança dos que nascerão.

A memória de Ulysses Guimarães é a esperança dos que nascerão e dos que hoje vivem neste país que procura todos os dias se provar uma Nação. Esta era a grande obra de Ulysses. Por isso ele nunca representou um grupo, facção ou corrente. Ulysses era e sempre foi o representante por excelência da sociedade civil ao longo de mais de quatro décadas de vida pública.

Homens assim se tornam a consciência da Nação e estão sempre prontos a oferecer a palavra que servirá de bússola em tempos de turbulência. Homens assim se tornam símbolos, e símbolos precisam ser lembrados e reverenciados.

No famoso discurso de proclamação da Constituição de 1988, Ulysses colocou em palavras o que hoje está no subconsciente de todos os brasileiros. Ele disse, há pouco mais de um quarto de século: “A moral é o cerne da Pátria. A corrupção é o cupim da República”.

E concluiu seu pronunciamento com a repetição das palavras que, um ano antes, abriam o discurso de posse como presidente da Assembleia Nacional Constituinte: “A Nação quer mudar, a Nação deve mudar, a Nação vai mudar.”

A atualidade de Ulysses é o elo entre o presente e o passado que permite olhar com esperança para o futuro.

Um dos poemas mais célebres de T.S. Eliot lembra: “O tempo presente e o tempo passado estão talvez presentes, ambos, no tempo futuro. E o tempo futuro contido no tempo passado”.

Homenagear Ulysses Guimarães é, sob qualquer ponto de vista, mergulhar não no passado, mas no futuro. Vislumbrar um futuro de justiça social e retidão no trato da coisa pública é o grande legado de um homem que se definia como caçador de nuvens e caçado por tempestades. Como tal, ele ajudou a redesenhar o céu da pátria que tanto amou.

Se a política é mesmo como nuvem, Ulysses tinha o poder de soprar a tempestade para longe e dissipar os dias sombrios.

Um dia ele afirmou que é caminhando que se abrem os caminhos.

O dia de hoje não se pretende apenas de homenagem a um homem. A homenagem é sobretudo aos valores e princípios que este homem defendeu e propagou. No ano em que se completam 50 anos do início de uma longa noite, o dia é de celebrar a atualidade de Ulysses e de sua vida pública. Assim se celebra um Brasil ético, inclusivo e democrático. Este é o Brasil que a indústria deseja e que é hoje homenageado pela memória de um de seus mais nobres cidadãos…”…

(*) Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira é presidente da Firjan.

Tribuna do torcedor

Por Raimundo Carlos S. Ferreira (rcsferreira10@yahoo.com.br)

Prezado Gerson,
Me identifico aqui como torcedor consciente e sócio do Paysandu, e por ter uma grande admiração pelo seu trabalho na imprensa esportiva e por lhe considerar como o melhor comentarista esportivo do Estado, gostaria de pedir que levantasse junto a seus pares um questionamento sobre a arbitragem para o próximo RE x PA, acredito que o momento não é propício para isso, as duas arbitragens paraense nos dois jogos que passaram tiveram erros comuns como qualquer arbitragem pode ter. Mas pelas declarações dos dois treinadores, após as duas partidas e pelo clima depois da briga que aconteceu no Mangueirão, penso que seria temeroso colocar arbitragem local. Acho que até mesmo, se isso vier acontecer, estariam colocando em risco a própria integridade física do árbitro e também do que pode vir acontecer com o campeonato. Depois, ME SOA ESTRANHO que o treinador do remo tenha criticado com tanta veemência a arbitragem e concorde a arbitragem local, me parece coisa armada. Gostaria de assistir um comentário seu sobre esse assunto, se possível na gloriosa Rádio Clube, mesmo que seu ponto de vista seja diferente do meu, até porque tem muito mais experiência no assunto do que eu…
Com um braço deste ouvinte e admirador.
Raimundo Carlos S. Ferreira

Amigo Raimundo, já opinei a respeito no programa Linha de Passe, ontem, na Rádio Clube. Concordo inteiramente com você. Não há clima propício para arbitragens locais nos dois clássicos decisivos. O bom senso indica que os clubes devem trazer árbitros de fora, além de providenciarem um reforço na segurança interna e externa do Mangueirão, sob pena de novas ocorrências violentas. PS: obrigado pela avaliação que faz acerca do meu trabalho.

Futebol entregue à banda podre

Do Blog do Menon

É muito bacana quando a gente ouve tudo o que pensa sendo dito por outra pessoa. Cria-se uma cumplicidade. O prazer de saber que suas ideias não são solitárias. É muito chato quando um colega expõe antes de você a opinião que compartilham. São sentimentos conflitantes: olha, o cara está falando tudo o que eu penso. Caramba, ele está falando antes de mim, fiquei para trás.

Foi assim quando ouvi o Leonardo Bertozzi, no Sportcenter, vocalizando toda a indignação que eu estava sentindo. Enquanto eu organizava os pensamentos, elencava os argumentos, ele se antecipava e me deixava para trás.

Quando acontece isso, às vezes eu abandono o tema. Mania de ser exclusivo. Não é o caso. Sinceramente, é um dever cívico repetir o que o colega disse, mesmo que pareça um tipo de plágio.

Bertozzi, nosso futebol, verdadeiro patrimônio cultural do Brasil, está sendo dirigido por bandidos. Por incapazes. Por delinquentes. Sanguesssugas. Por arrogantes.

Não é incapaz – vamos começar pelo crime mais ameno – quem marca Furacão e São Paulo em Minas, para menos de 4 mil pagantes? Como estão gerenciando a paixão do povo?

O Brasil é o único país em que o campeonato não parou. Daqui a 14 dias começa a Copa do Mundo e a CBF faz questão de desprezar o campeonato brasileiro? Os estádios já foram entregues à dona Fifa, mas aqui os clubes ficam produzindo essa diáspora, de canto em canto, como uma tropa mambembe.

Não é sanguessuga a TV Globo, obrigando o campeonato a prosseguir de uma maneira ou de outra? Precisa ter jogo de terça a domingo, em todos os canais. Não se pensa na fábula da galinha dos ovos de ouro. Ela paga e obriga.

Não é delinquente o culpado pela quase tragédia de Feira de Santana. Crianças correndo o risco de serem pisoteadas? Falta de respeito ao ser humano, no mínimo. E o abjeto jogo de empurra. De quem foi a culpa? Ora, é fácil. Do torcedor baiano que gosta de futebol.

E o nível dos dirigentes? O senhor Petraglia lança uma carta no site oficial chamando os jogadores do São Paulo de “bambis”? No segundo turno, em São Paulo, as torcidas organizadas – antro de bandidos – vão se enfrentar. Petraglia estará lá? Lógico que não. O fanfarrão que um dia disse que o Furacão teria a maior torcida da América do Sul – ainda não é a maior em Londrina – estará a salvo.

Tão preconceituoso como ele é Carlos Miguel Aidar com sua fixação por dentes bonitos. E Rosenberg, o diretor corintiano, sempre com piadas homofóbicas.

ão é arrogante o senhor Carlos Alberto Parreira, o maior falso ele, brilhante do Brasil. Para ele, a CBF de Marin e del Nero é um exemplo para o Brasil. Para ele, esse campeonato mambembe, sem estádios, sem jogadores, sem público e sem segurança quando o povo resolve comparecer, é a cara que o Brasil merece.

É coisa de bandido, sem dúvidas.