Passeio bicolor na Copa Verde

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POR GERSON NOGUEIRA

O domínio foi absoluto e sem sustos. O Papão mandou no jogo, impôs respeito e mostrou uma interessante variação de jogadas, envolvendo por completo a marcação do Interporto e assegurando a classificação à próxima fase com uma goleada categórica. O placar de 4 a 0 reflete com precisão a ampla superioridade da equipe.

Ao contrário da atuação chinfrim e medrosa da partida de ida, em Porto Nacional, o conjunto funcionou de forma azeitada, sem medo de correr riscos nas tentativas individuais. O Interporto, ao contrário, escancarou na Curuzu todas as suas fragilidades.

A partir da organização no meio, onde Pedro Carmona sempre iniciava o trabalho de transição e William tinha liberdade para flutuar pelos diversos setores, surgiram dificuldades somente nos primeiros 10 minutos, quando o Interporto dobrava a marcação para pressionar a saída de bola do PSC.

Quando percebeu a intenção do visitante, o meio-campo bicolor se adiantou e passou a acionar os laterais Maicon e Mateus Miller, sempre com passes rápidos. Com isso, conseguiu aos poucos furar as linhas de marcação e ameaçar a defensiva tocantinense.

Aos 18 minutos, Mike tocou para as redes, após cruzamento que foi complementado por Diego Ivo para o interior da área. A bandeirinha apontou impedimento inexistente, para irritação dos bicolores.

No entanto, após nova investida pelo lado direito, Maicon cruzou com perfeição para Mike cabecear com estilo, desviando no canto direito de Carlão, abrindo finalmente o placar na Curuzu. Várias outras situações agudas foram criadas pelo ataque, graças à movimentação de Cassiano e Mike, que davam muito trabalho à zaga visitante.

Aos 44’, Peu (que substituiu a Mike) apanhou a primeira bola e cruzou na medida para a testada de Carmona à altura da marca do pênalti. Com 2 a 0, o Papão entrou na etapa final ainda mais confiante.

Segurou os avanços do Interporto – que mandou uma bola na trave em lance isolado – e ganhou de presente o terceiro gol. Em trapalhada da defesa, Cassiano aproveitou bem, aos 11’. O próprio Cassiano faria o 4º gol, aos 21’, invadindo a área e batendo forte para as redes. A goleada permitiu até a entrada de Walter, para delírio do público presente.

Prudente, Dado Cavalcanti disse depois do jogo que ninguém tem lugar cativo no time, elogiou alguns jogadores, mas evitou empolgação. Age bem ao baixar um pouco a bola, dando dimensões mais realistas à atuação fácil do time diante do Interporto. Certamente, Dado considerou as limitações do adversário, que errava muitos passes e só ameaçava em bolas paradas.

Apesar dessa postura contida do treinador, cabe reconhecer que o Papão sobrou na partida e mereceu amplamente o resultado, confirmando a condição de grande favorito ao título da competição.

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Torcida apoia Leão à espera de um milagre 

O torcedor do Remo vai ao Mangueirão hoje com uma dúvida cruel na cabeça: descobrir qual time vai ver em campo diante do Internacional. Se for aquele que bravamente se ergueu contra o Papão e virou um placar adverso, existem chances reais de passar pelo Colorado. Se for aquela equipe amedrontada e sem brio que se deixou anular pelo Manaus e perdeu para o Bragantino, pode ir dando adeus à Copa do Brasil.

Ney da Matta vem repetindo o mantra da evolução, tão caro a técnicos que por aqui passaram recentemente. Roberto Fernandes, Leston Jr., Waldemar Lemos e Josué Teixeira adoravam usar esse discurso.

As atuações não respaldam a opinião do treinador. A instabilidade é a marca da equipe. Em oito partidas disputadas (5 pelo Parazão, 2 na CV e uma na Copa BR), o Remo não repetiu escalação nenhuma vez.

Alguns jogadores até mostram qualidades, mas o conjunto não se mostra afinado. O confuso Remo que tropeçou no Manaus foi modificado e conseguiu ser pior contra o Bragantino. Da Matta teve três dias para montar um time competitivo e valente para a decisão de hoje. É pouco tempo.

O fato é que poucos acreditam que o Remo consiga a classificação. Esse descrédito, quando bem trabalhado internamente, funciona muitas vezes como bálsamo da motivação, capaz de transformar grupos medianos em esquadrões quase imbatíveis.

A tradição azulina registra apresentações grandiosas contra adversários poderosos em Belém. É bem verdade que esses feitos datam de épocas passadas, mas o espírito vencedor pode brotar repentinamente.

Esta esperança cega, própria dos torcedores apaixonados, deve conduzir a massa remista hoje ao Mangueirão, à espera do milagre consagrador. A fé, como se sabe, move montanhas.

(Coluna publicada no Bola desta quarta-feira, 21)

Bate-papo no boteco virtual – PSC x Interporto

Copa Verde 2018 – 1ª fase

Paissandu x Interporto-TO – estádio da Curuzu, 19h30

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Na Rádio Clube, Guilherme Guerreiro narra; João Cunha comenta. Reportagens – Dinho Menezes, Mauro Borges, Carlos Estádio e Giuseppe Tommaso. Banco de Informações – Adilson Brasil

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Clubes negociam para que prêmio do Brasileiro seja maior que a inflação

Por Marcel Rizzo, no UOL

A reunião entre a direção da CBF e os clubes em 5 de fevereiro que decidiu, por exemplo, a não utilização do árbitro de vídeo na edição 2018 do Brasileiro também tratou de valores de premiação da competição. A preocupação dos participantes é que a confederação mantenha para esse ano o aumento com base na inflação. O bônus em dinheiro dado aos melhores times da Série A é atrelado ao contrato de televisionamento, apesar de para esse campeonato os clubes negociarem diretamente com as emissoras de TV.

A bolada será a maior a partir de 2019, quando novos acordos serão fechados, inclusive com a concorrência do Esporte Interativo com o Grupo Globo para TV fechada. Portanto um acréscimo significativo como o que houve em 2018 na Copa do Brasil, que pagará mais de R$ 68 milhões ao campeão, maior premiação de um torneio de futebol na América do Sul, só ocorrerá no Brasileiro a partir do ano que vem.

Por isso os clubes na reunião já começaram a tratar do assunto para evitar aumento em 2018 baseado apenas na inflação. O Corinthians, campeão da Série A no ano passado, recebeu R$ 18 milhões. Foi um reajuste de pouco menos de 6% referente ao o que o Palmeiras, vencedor em 2016, embolsou (R$ 17 milhões). O aumento foi menor do que a inflação registrada há dois anos, de 6,29%.

A inflação de 2017, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foi de 2,95%. Se o acréscimo no prêmio do campeão do Brasileiro for baseado nessa porcentagem será de pouco mais de R$ 500 mil, ou seja, iria para R$ 18,5 milhões. Os clubes gostariam que o campeão recebesse algo na casa dos R$ 20 milhões (aumento de 11%).

Parece muito, se comparado aos 6% de 2016 para 2017, mas é pouco se levando em conta, por exemplo, o acréscimo de 2015 para 2016, quando saltou de R$ 10 milhões para R$ 17 milhões (70% a mais). De 2014 para 2015, quando pulou de R$ 9 milhões para R$ 10 milhões, o aumento foi dos mesmos 11% que se pleiteia agora (entre 2012 e 2014 o prêmio ao melhor time foi congelado em R$ 9 milhões).

Uma decisão quanto a esse valor só deve ser tomada mais ao fim da Série A, entre setembro e outubro.

Leão, mesmo sob descrença geral, acredita em vitória sobre o Inter

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Depois do tropeço em Bragança, a palavra de ordem no Remo é buscar a vitória sobre o Internacional, pela Copa do Brasil, nesta quarta-feira, em Belém. O discurso confiante de jogadores e dirigentes, porém, não encontra eco junto à torcida, que segue descrente em relação ao time. Na cabeça da exigente galera remista, o Leão tem um time limitado e a vitória seria considerada quase uma ‘zebra’. O técnico Ney da Matta terá a volta dos jogadores poupados contra o Bragantino.

O time considerado titular tem a seguinte escalação: Vinícius; Levy, Mimica, Bruno Maia e Esquerdinha (Jefferson Recife); Leandro Brasília, Felipe Recife (Geandro), Fernandes e Adenilson (Rodriguinho); Isac e Elielton. Jayme é a única baixa, entregue ao departamento médico após lesão sofrida em Bragança.

Acontece que, na atual edição da Copa do Brasil, poucos favoritos deslancharam no torneio, mesmo jogando contra equipes consideradas muito inferiores. Mais de 10 grandes clubes só avançaram à segunda fase utilizando a vantagem do empate, como o próprio Internacional (RS), que ficou no 1 a 1 com o Boavista (RJ). Pelo critério de desempate na 2ª fase, em caso de empate no Mangueirão, a disputa irá para os pênaltis.

Alguns resultados surpreendentes embalam o otimismo discreto da comissão técnica azulina. É o caso da virada do Aparecidense sobre o Botafogo, por 2 a 1. Para o técnico Ney da Matta, a obrigação do Remo é entrar para vencer. “Vejo que nossa equipe está melhorando. Alguns detalhes faltam para que o encaixe fique do jeito que o futebol pede. A finalização também precisa de mais carinho. Vamos nos preparar. É um time (Internacional-RS) que será o favorito, mas temos qualidade e capacidade para competir de igual para igual”, analisou, em clara discordância das críticas que a imprensa esportiva e a torcida fazem ao time.

Outro fator a ser considerado, embora em condições relativas, são os desfalques do Inter – o goleiro Danilo Fernandes e o artilheiro Willian Pottker. Serão substituídos por Marcelo Lomba e Nico López. “É uma partida importante para a gente e só temos que buscar a nossa classificação. O time deles é forte, mas aqui temos que nos impor. Temos a vantagem de jogar em casa e vamos capitalizar isso”, observou o meia azulino Adenilson.

O jogo Remo x Inter terá transmissão nacional pelo canal fechado e começa às 19h30, no estádio Jornalista Edgar Proença. 

Sequestro de Medina e outras peripécias de Angorá

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Do Tijolaço

Se fosse para ter intervenção no Estado, ela deveria ter ocorrido há mais ou menos 30 anos, quando Moreira Franco era o governador (…) porque um dos casos de maior repercussão do crime organizado do Rio foi o sequestro do publicitário Roberto Medina, foi urdido, tramado, gestado e nascido dentro do Palácio Guanabara”.

A afirmação é de Eucimar Oliveira, um dos jornalistas de mais bem sucedida carreira no Rio de Janeiro – não em ordem de importãncia, foi meu editor na Última Hora, modernizou o jornal O Dia e criou o Extra, do grupo Globo – em  uma entrevista imperdível à Rádio Trianon, de São Paulo, recolhida pelo Toda Palavra. Ele recorda o envolvimento de Nazareno Tavares, então personal trainer de Moreira Franco, condenado pelo crime e, depois, executado misteriosamente. Eucimar lembra também do encontro de Moreira com banqueiros do bicho, em pleno palácio e com a afetuosa troca de abraços com Carlinhos Maracanã, um dos chefes do jogo do bicho e Anísio Abraão David, registrado nesta foto do Jornal do Brasil de 6 de janeiro de 1991.

Leia o texto e, querendo, confira o áudio da entrevista:

Em entrevista à Rádio Trianon, de São Paulo (AM 740), o jornalista Eucimar Oliveira, um dos nomes mais respeitados da imprensa carioca, criticou a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, decretada por Michel Temer. Para ele, os verdadeiros motivos para uma intervenção existiram há 30 anos, quando o atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Moreira Franco, governava o Estado do Rio de Janeiro.

Naquela época, lembrou Eucimar, Moreira era visto em confraternizações com representantes da cúpula da contravenção, como os bicheiros Carlinhos Maracanã e Anízio Abraão David. O jornalista lembrou que o sequestro do empresário Roberto Medina, ocorrido em 1990, teria sido tramado dentro do Palácio Guanabara pelo personal trainer de Moreira, Nazareno Barbosa Tavares, um dos condenados pelo crime.

Nazareno – que foi líder do Comando Vermelho – chegou a ser nomeado por Moreira para o Tribunal de Contas. Quando foi detido pelo sequestro de Medina, seu advogado, Wilson Siston, tentou convocar Moreira Franco, o irmão e um ladrão de carros chamado José Carlos de Carvalho, o “Carlinhos Gordo”, para depor. A juíza Denise Rolins Faria indeferiu o pedido, alegando que se tratava de “pura especulação”. Segundo o Jornal do Brasil, Wilson sustentava que o depoimento de Carlinhos iria explicar “as ligações com Nazareno e mostrar que ambos frequentavam o Palácio Guanabara, tendo o ladrão de carros conseguido entrar na folha de pagamento do estado”. Nazareno estava em liberdade condicional quando foi executado com um tiro na nuca em 1997, em um posto de gasolina, depois de abordado por dois homens que estavam em uma moto. Pouco antes havia prometido, numa entrevista, escrever um livro sobre o envolvimento de políticos e empresários em negócios ilícitos. A polícia nunca encontrou os assassinos.(…)

Que beleza, não é?