Papão vence e convence

POR GERSON NOGUEIRA

O lance foi ilustrativo da categórica atuação do PSC, sábado, em Parauapebas. A bola veio de trás para Pedro Carmona na linha divisória e esticada a Moisés, que corria na diagonal e tocou para Cassiano fuzilar a meta de Bruno. Aos 25 minutos, o Papão abria o placar, em jogada que teve apenas quatro toques. Ao longo do jogo, criou várias situações e liquidou a fatura nos minutos finais. No fim das contas, o placar (2 a 1) não espelhou o que foi o passeio bicolor no Rosenão.

É bem verdade que, aos 15′, John Lennon esteve a pique de causar uma pequena revolução. Acertou de fora da área um chute no travessão de Marcão. A bola caiu junto à linha fatal e saiu pela linha de fundo. Foi a única boa chegada do Parauapebas na primeira etapa.

Na prática, o time mandante tentava – sem conseguir – marcar a intensa movimentação do PSC em campo, perdendo todas e deixando um clarão entre a defesa e o meio. Augusto Recife e Djalma não viam a cor da bola. Monga, isolado na frente, não conseguia finalizar em direção ao gol.

Pedro Carmona, em sua melhor performance na temporada, administrativa as ações e controlava a posse de bola, com destacada ajuda de William, Mateus Miller e Moisés. Com o bom gramado ajudando, o time trocava passes rasteiros, sem cometer erros e sempre em velocidade. A estratégia sufocou qualquer ambição do Pebas no jogo.

Na etapa final, o PSC se esmerou em perder gols. Cassiano, Moisés e Carmona estiveram a pique de ampliar, mas falhavam na hora de definir. Mesmo inferiorizado, o Pebas se animou e melhorou com as entradas de Evandro e Maninho. Aos 39’, o meia cruzou e Maninho chegou com alguns segundos de atraso para alcançar a bola cara a cara com Marcão.

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O lance despertou o Papão, que foi à frente e resolveu a parada. Moisés chutou em falso, a bola saiu mascada e enganou a zaga. Fábio Matos (que havia substituído a Carmona) apareceu livre para marcar 2 a 0. Ainda haveria tempo para o gol de honra dos donos da casa, com Gilberto desviando bola, mesmo rodeado por uns 300 alvicelestes na área.

Exceto pelo desperdício de oportunidades, o Papão fez seu melhor jogo na temporada, mantendo o nível do começo ao fim e fazendo por merecer até um placar mais dilatado. A estreia de Dado Cavalcanti deve ter contribuído para a motivação geral. O certo é que o time pela primeira vez jogou sem ligar para as pressões e cobranças.

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Agressivo e lutador, Tubarão supera Leão em Bragança

O Bragantino foi eficiente, sereno e determinado. Mereceu a vitória por 3 a 2 porque foi sempre muito objetivo. Abriu o placar logo aos 3 minutos, com Pedro Henrique, em jogada que revelou a balbúrdia defensiva do Remo, cuja zaga que ficou olhando a jogada se desenrolar dentro da área.

Por alguns minutos, o Remo acusou o golpe, só melhorando quando Jefferson Recife se lançou à frente pela esquerda. Cruzou com perfeição para Rodriguinho bater no poste esquerdo de Paulo Ricardo. Em seguida, nasceu o cruzamento que Adenilson concluiu para as redes, fazendo 1 a 1.

Apesar de algumas precipitações, Jefferson provou que não pode ficar fora do setor ofensivo do time, atuando em bom nível nos dois tempos, ao contrário dos erráticos Geandro, Adenilson e Rodriguinho.

O Bragantino sofreu o empate e não esperou para reagir. Foi ao ataque com Pedro Henrique, que fintou com facilidade a Geandro, Adenilson e Bruno Maia, cruzando para Pecel finalizar diante de Douglas.

O Remo voltou a pressionar, com tabelinhas junto à área e teve um pênalti em seu favor, mas Paulo Ricardo defendeu o chute de Rodriguinho – foi o segundo pênalti perdido num espaço de quatro dias.

Enquanto o Remo tinha em Rodriguinho um armador lento e sem inspiração, o Bragantino crescia pela movimentação de Alan (um dos melhores em campo), Kleber, Pecel e Romarinho, que levavam larga vantagem sobre Geandro e Leandro.

Jayme foi substituído por Felipe Marques e Yuri por Gustavo, mas o ataque esbarrava nos zagueiros Romário e Rony, ajudados pelo volante Keoma. Artur Oliveira lançou Marcelo Maciel e, aos 18′ do 2º tempo, veio o terceiro gol, em ataque fulminante e finalização de Kleber.

Elielton foi um lutador quase solitário e, mesmo assim, criou situações agudas nos 15 minutos finais, como aos 35’, quando cabeceou com muito perigo. Aos 38’, finalmente disparou cruzado e descontou para o Remo.

O resultado foi justo, pois o Bragantino foi superior em planejamento e execução. O Remo sentiu a ausência de seis titulares na estratégia temerária do técnico Ney da Matta, que poupou jogadores para o confronto com o Inter.

(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 19)

A censura à Tuiuti, a intervenção e o ódio de Temer ao Rio e ao Carnaval

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Por Kiko Nogueira, no DCM

A difícil dissociar a açodada decisão de intervir no Rio de Janeiro da humilhação sofrida por Michel Temer no Carnaval. A admissão do estrago causado pela Tuiuti à imagem de um governante patético, absolutamente desprezado pela população, veio na forma de censura.

De acordo com a direção da agremiação, emissários da presidência da República pediram à Liga Independente das Escolas de Samba, Liesa, que impedisse a participação do “Vampirão Neoliberalista” no desfile das campeãs, no sábado, dia 17.

Ele acabou se apresentando, mas depois de uma concessão: tirou a faixa presidencial. Entrevistado pela Mídia Ninja pouco antes de entrar na Sapucaí, o professor de História Léo Moraes, que interpreta o personagem, foi evasivo.

Primeiro, afirmou que estava aguardando que lhe trouxessem o adereço. Depois de algumas conversas com colegas, ao pé do ouvido, afirmou que o “perdeu”.

Chegou a negar que estivesse retratando Temer e que sua fantasia  “representa um sistema”. No final, Moraes foi orientado a retirar a maquiagem rapidamente, ali mesmo na dispersão.

Mas o problema não era o PeTê bolivariano?? Tidizê… 

Em busca de respostas

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POR GERSON NOGUEIRA

O Remo tem pela frente um desafio neste domingo contra o Bragantino que não teria maior importância se o time não carregasse o peso da eliminação na Copa Verde. No Parazão, a campanha azulina é satisfatória, dentro das expectativas. O problema para Ney da Matta e seus comandados é a necessidade de reagir e mostrar que o time é merecedor de confiança.

Ocorre que as aspirações do torcedor nem sempre se coadunam com os projetos dos técnicos. Seres especiais, os treinadores são capazes de marchar abraçados a uma ideia, mesmo que isso signifique subir ao cadafalso. Marquinhos Santos foi defenestrado do PSC após desafiar a paciência do torcedor com um esquema retranqueiro e que só o próprio técnico entendia que podia vir a dar certo.

Depois da desastrosa atuação frente ao Manaus, o Remo voltou aos treinos e Ney da Matta deu a entender que a prioridade é o jogo decisivo pela Copa do Brasil contra o Internacional, na próxima semana. Ora, por mais que a lógica contemple essa maneira de pensar, é preciso entender que um clube de massa não tem prioridades, tem obrigações.

O Remo, que já frustrou o torcedor com a queda diante do Manaus, não pode mais tropeçar daqui para a frente. Esgotou a cota de erros. Contra o Bragantino, não está em jogo a colocação no campeonato estadual, mas a necessidade de dar uma resposta imediata às cobranças da torcida.

Caso a comissão técnica não consiga entender isso, seguramente não está preparada para a complexa missão de comandar um time extremamente popular e que não pode se contentar com planos e metas. Torcedor tem pressa, cobra resultados pontuais e não é sereno o suficiente para entender que a Copa do Brasil pode de fato ser o caminho da redenção.

Para que a massa se tranquilize será preciso ter força e determinação em todos os jogos, válidos pela Copa BR ou pelo Parazão. A torcida só não aceita é a entrega passiva, o descompromisso e a ausência de luta.

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Contra o esforçado Bragantino, o Remo não estará cumprindo tabela. Será submetido a um teste rigoroso, sob a atenta observação do torcedor, que vai avaliar com frieza se a equipe é digna de confiança para enfrentar o Inter.

Ney da Matta e seus auxiliares precisam entender que a tese de priorizar o jogo contra o Inter não pode ser imposta à torcida. O discurso vale como estratégia interna, mas terá que ser deixado de lado na hora em que a bola rolar no estádio de Bragança.

Os muitos erros exibidos contra o Manaus esgotaram a paciência do torcedor e não serão mais aceitos caso se repitam diante do Bragantino. Nos vestiários do Mangueirão, pelo menos três jogadores repetiram o argumento de que não se pode considerar um time assaz maravilhoso quando vence, nem tão terrível nas derrotas. Entendem que deve haver equilíbrio tanto nos elogios quanto nas cobranças.

A conversa é até bem construída e pode funcionar em sessões de autoajuda, mas não convence quem olha futebol com paixão e conhecimento. No mandamento das arquibancadas, jogar mal é até perdoável, mas perder sem esboçar luta é execrável. Por isso mesmo, o Remo não pode se dar ao luxo de repetir a frouxa atuação de quarta-feira.

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Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda a atração, com as participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba baionense. O programa começa às 21h, na RBATV, com a análise e os gols da rodada do Parazão.

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Na pré-Seleção de Tite, unanimidades e incertezas

Da pré-lista de 15 selecionados para a Copa, divulgada por Tite na sexta-feira, alguns nomes são mais do que óbvios e inquestionáveis: Neymar, Marcelo, Daniel Alves, Paulinho, Casemiro, Gabriel Jesus, Coutinho e Renato Augusto.

Ao mesmo tempo, os goleiros não inspiram a confiança que o torcedor gosta de ter quando o assunto é Copa do Mundo. Alisson é aposta do treinador, mas nunca passou confiança e mereceu unanimidade. Ederson, menos ainda.

No meio-campo, Fernandinho é um caso que desafia a lógica. Protagonista (ao lado de Dante e David Luiz) do vexame histórico contra a Alemanha em 2014, conseguiu ficar no escrete com as bênçãos de Tite. Talvez tenha assegurado a vaga pela incrível capacidade de sobrevivência, mas não tem técnica e regularidade que justifiquem a escolha.

(Coluna publicada no Bola deste domingo, 18)