Papão atropela o Japiim

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POR GERSON NOGUEIRA

Em fase de lua-de-mel com o torcedor, o PSC atropelou o Castanhal na Curuzu, ontem à tarde. Impôs um jogo de intensidade desde os primeiros movimentos e foi recompensado com uma vitória acachapante e justa. Nos 45 minutos iniciais, a vantagem foi de um gol, mas poderia ter sido mais ampla se as oportunidades fossem convertidas. No 2º tempo, porém, o Papão acertou o pé e fez três gols em apenas seis minutos, decretando uma goleada que sufocou os esforços do visitante para equilibrar as ações.

A marcha do jogo revelou uma marcante diferença entre a confiança dos bicolores e a timidez gritante do Castanhal para sair da defensiva. Sufocado nos primeiros 30 minutos pela constante troca de passes do PSC, o Japiim expôs suas limitações e não achou jeito de ir à frente. Isso facilitou ao PSC a tarefa de controlar o jogo, com Pedro Carmona, Cassiano, Moisés e Mike jogando à vontade e prevalecendo nas ações de ataque.

Em arrancada fulminante, logo aos 11’, Mike bateu de pé esquerdo com consciência e fé. A bola foi no ângulo direito da meta de Roger Kath, abrindo o placar na Curuzu. Moisés ainda mandou fora duas outras chances para ampliar. O Castanhal melhorou nos minutos finais, criando oportunidades, mas Dedeco e Erê falharam nas finalizações.

No tempo final, com Fábio Matos substituindo a Pedro Carmona (lesionado), o PSC voltou mais contido e o Castanhal impôs uma pressão por quase oito minutos, gerando situações agudas que poderiam ter determinado o empate. De repente, um descuido no combate permitiu contra-ataque forte que resultou no segundo gol bicolor, aos 8’. Mateus Miller aproveitou rebote da defesa, ampliando o marcador.

Cinco minutos depois, antes mesmo que o Castanhal se restabelecesse, veio o terceiro gol: depois de defesa parcial do goleiro, Mike chega e arremata com perfeição. Aos 14’, quando a torcida ainda festeja o gol de Mike, Mateus Miller finaliza com perfeição e decreta a goleada.

Depois disso, o jogo caiu naquele mormaço técnico que sempre vem quando a fatura está liquidada. Virou treino de luxo para o PSC, que se desinteressou de atacar e aproveitou para queimar cartões amarelos (Maicon, Cassiano) e lançar Walter para alegria da torcida presente à Curuzu. Atordoado, o Castanhal tentava ir à frente, mas sem criar perigo.

Vitória categórica, expressando o diferencial técnico do PSC e confirmando a evolução sob o comando de Dado Cavalcanti, completando três vitórias em três jogos, 10 gols marcados e um contra. (Foto: Ascom PSC)

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Remo banaliza o discurso “bola que não entra”

O Mangueirão quase vazio viu no sábado à noite uma reprise dos jogos que o Remo fez contra Independente e Bragantino. A diferença é que, desta vez, o resultado final foi o empate, embora com indisfarçável sabor de derrota e consequente agravamento do jejum de vitórias que acompanha o Leão neste começo de temporada.

As falhas individuais se somaram ao baixíssimo rendimento no aspecto coletivo, produzindo uma atuação tecnicamente fraca, facilmente neutralizada pelo esforçado time do Cametá, cujo meio-campo foi sempre mais ágil e combativo do que o remista.

Na única falha defensiva do visitante, aos 26 minutos, Adenilson acertou um belo chute no canto do gol de Douglas, mas o lance não foi suficiente para empolgar o torcedor e motivar o time. O Cametá continuou mais brigador e atento ao jogo, embora sem ameaçar nas finalizações.

Depois do intervalo, com Ronaldo no ataque, o Cametá se encheu de brios e criou duas oportunidades agudas logo de cara, assustando a zaga azulina. Aos 14’, o insistente Ronaldo sofreu pênalti cometido por Vinícius como último recurso. Odair bateu e decretou a igualdade, justíssima àquela altura.

O Remo viu-se de novo na situação que vem se repetindo nos últimos jogos. Inferiorizado no placar, não teve força, inspiração e competência para buscar o empate. Elielton entrou, forçando o jogo pela direita e passando a dividir o ataque com Isac e Felipe Marques, mas em nenhum momento surgiu uma chance clara para que o Remo chegasse ao gol.

Ao final, as entrevistas ecoaram o mantra de sempre: a bola não quis entrar. É algo como admitir que poderes sobrenaturais estão atrapalhando tudo. Quem manja um pouco de futebol sabe que os problemas do Remo têm raiz mais humana: falta qualidade e confiança ao elenco e senso de observação ao comando técnico. Simples.

(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 26) 

Pesquisa anual do IBGE desmonta tese dos defensores da reforma trabalhista

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Faltava trabalho para cerca de 26,4 milhões de brasileiros no quarto trimestre de 2017, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) trimestral divulgada nesta sexta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Esse número representa os trabahalhadores subutilizados no país, grupo que reúne pessoas que poderiam trabalhar, mas estão desocupadas, e aqueles que trabalham menos de 40 horas semanais.

Segundo o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, a população de trabalhadores subutilizados tem “praticamente um perfil único” por conta, sobretudo, das dificuldades inerentes ao ingresso no mercado de trabalho.

“Os jovens, dadas as dificuldades e barreiras deles se inserirem no mercado de trabalho – falta de experiência, falta de qualificação. Isso também vai abranger um maior contingente da população preta e parda, que também tem maior dificuldade de se inserir por conta da formação e da qualificação e pela falta de experiência.”

Veja o perfil desses trabalhadores subutilizados:

  • 54,2% são mulheres
  • 55,8% são pretos e pardos
  • 26,5% têm entre 18 e 24 anos
  • 39,1% não têm ensino médio

SEM CARTEIRA – Além da falta de garantias como férias e 13º salário, o trabalhador que não tem carteira assinada recebe, em média, 44% menos que o trabalhador formal. É o que aponta o detalhamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgado nesta sexta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE).

De acordo com a pesquisa, no 4° trimestre de 2017 a média de rendimento mensal do trabalhador com carteira assinada no país era de R$ 2.090. Já os empregados sem carteira assinada tiveram rendimento médio de R$ 1.179. Ou seja, uma diferença de R$ 911. No mesmo trimestre do ano anterior, a distância entre o valor pago (já descontada a inflação) era menor, de 40,5% ou R$ 818.

“O trabalho sem carteira assinada é ilegal e vai pegar ocupações mais precárias, menos qualificadas, por isso o rendimento é menor”, avaliou o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo. O pesquisador destacou que entre 2014 e 2017, o país perdeu, em função da crise econômica, cerca de 3 milhões de postos de trabalho com carteira assinada. Com isso, aumentou o número de trabalhadores contratados sem carteira assinada e por conta própria.

Segundo os números do IBGE, em 1 ano, o número de empregados sem carteira cresceu 5,7% e os por conta própria aumentou 4,8%, ao passo que o de trabalhadores formais caiu 2%. Já o de empregadores subiu 6,4%.

“O trabalhador por conta própria é uma pessoa que desenvolve atividade econômica e não tem emprego. Essa população aumenta em momentos de crise econômica. Associada ao emprego sem carteira, ela indica o trabalho informal, ou seja, o aumento do trabalho precário”, afirma Azeredo.

A pesquisa mostrou que o trabalhador por conta própria teve rendimento médio de R$ 1.567 – um pouco superior ao dos empregados sem carteira assinada, mas 25% menor que o dos trabalhadores formais.

Já o menor rendimento médio mensal no país no último trimestre de 2017 foi dos empregados domésticos: R$ 852, inferior ao salário mínimo em vigor no ano (R$ 937).  (Transcrito do G1)

Disciplina “Golpe de 2016” lota e já tem lista de espera na UnB

A Universidade de Brasília (UnB) abriu em sua grade curricular de 2018 a disciplina Tópicos Especiais em Ciência Política 4: O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil. Ministrada pelo professor Luís Felipe Miguel, já não há mais vagas e 40 alunos foram colocados em uma lista de espera. O semestre letivo começará no dia 5 de março.

Segundo a ementa, ao longo do curso, os estudantes entenderão “os elementos de fragilidade do sistema político brasileiro que permitiram a ruptura democrática de maio e agosto de 2016, com a deposição da presidente Dilma Rousseff (PT)”. A matéria também pretende analisar o governo presidido por Michel Temer (MDB/SP) e “investigar o que sua agenda de retrocesso nos direitos e restrição às liberdades diz sobre a relação entre as desigualdades sociais e o sistema político no Brasil”.

Porém, mesmo que o ano letivo ainda não tenha se iniciado, a disciplina provocou turbulência no meio político. O Ministério da Educação (MEC) pediu que o Ministério Público Federal investigue a matéria. Segundo o site Metrópoles, a pasta também encaminhou a mesma solicitação à Advocacia-Geral da União (AGU), ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à Controladoria-Geral da União (CGU). O MEC justifica a ação afirmando que o objetivo é apurar se houve ou não improbidade administrativa.

Em nota, o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM/PE), afirmou lamentar “que uma instituição respeitada e importante como a Universidade de Brasília adote uma prática de apropriação do bem público para promoção de pensamentos político-partidários”. “A disciplina tem indicativos de ter sido criada exclusivamente para militância partidária”, completou.

O PSol do Distrito Federal protocolou, na tarde da sexta-feira (23), uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Mendonça Filho. O partido acusa o titular da pasta de “utilizar as prerrogativas do cargo para intimidar e ameaçar” um professor da UnB.

Respondendo às críticas, a UnB também divulgou uma nota oficial em que defende que a proposta de criação de disciplinas, bem como suas respectivas ementas, é de responsabilidade das unidades acadêmicas que têm autonomia para propor e aprovar conteúdos em seus órgãos colegiados.

“Além disso, a referida disciplina é facultativa, não integrando a grade obrigatória de nenhum curso. A UnB reitera seu compromisso com a liberdade de expressão e opinião – valores fundamentais para as universidades, que são espaços, por excelência, para o debate de ideias em um Estado democrático”, completou a universidade.

* Com informações do Metrópoles

Entre o humor e a baixaria

POR GERSON NOGUEIRA

O constrangedor episódio de humilhação pública a duas candidatas do concurso de “musa do futebol” goiano vem, em boa hora, reacender o debate sobre a onda de bizarrice disfarçada de entretenimento que se alastra pelo país em programas ditos esportivos na TV. Perto das piadinhas de mau gosto ali expostas, Carlos Zéfiro iria corar de vergonha.

Muito populares em países latinos, tais formatos floresceram no Brasil nos últimos anos valendo-se de termos chulos, sexistas e machistas para arrebanhar audiência junto a um público-alvo majoritariamente masculino, adulto e de baixa escolaridade.

O noticiário esportivo na TV tem evoluído para um tom descontraído, embora por vezes se transforme num paiol de gaiatices sem graça. O lado negro da força, porém, irrompe em programas que testam perigosamente o limite entre gracejo e insulto.

Algumas dessas atrações elegem as pegadinhas de duplo como seu principal trunfo. Foi o que aconteceu em programa veiculado por emissora de Goiânia, usando jovens representantes de clubes como isca.

O tiro saiu pela culatra e as redes sociais ecoaram um protesto tão contundente que o apresentador viu-se obrigado a se manifestar, dando explicação tão fajuta que teria sido melhor nem se pronunciar. Alegou que não sabia dos textos, que lhe seriam soprados via ponto de ouvido. Lorota.

A emissora, que acertou ao tirar o programa do ar, derrapou no anúncio publicado na internet tentando justificar o injustificável. Segundo a marota explicação, o objetivo era justamente “chamar atenção” para o grave problema da discriminação contra a mulher.

Típica conversa de quem subestima a inteligência do telespectador. A nota, que deveria ser um sincero pedido de desculpas, acabou por rebaixar a publicidade à vala comum do subjornalismo praticado no programa.

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O caso oferece ensinamentos preciosos para todos que trabalhamos com comunicação. Em primeiro lugar, é preciso levar informação de qualidade às pessoas. O conteúdo pode ser até engraçado, mas jamais obsceno ou preconceituoso. Acima de tudo, é fundamental respeitar as pessoas.

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Das previsões e apostas de Sua Majestade

Naquelas entrevistas que costumam causar calafrios nos supersticiosos, o Rei Pelé rompeu o período de silêncio para dizer ao portal Fifa.com na sexta-feira que o Brasil é um dos favoritos à conquista da Copa e que Neymar já é o melhor do mundo.

Os receios do torcedor têm a ver com a fama de pé-frio que o Rei adquiriu ao longo do tempo, disparando chutes quase sempre descalibrados. Suas previsões ficaram famosas por nunca se confirmarem.

Agora ele mudou ligeiramente o tom, partindo para a afirmação direta e colocando Neymar acima de Messi e Cristiano Ronaldo. Mesmo do alto de sua majestade como futebolista, Pelé não poderia cometer tal disparate.

Neymar não é melhor que Messi e CR7. Pode até vir a ser, mas por ora é um craque em busca de consagração. Não conquistou nada de relevante e joga por um time que segue no segundo escalão do futebol europeu.

Sobre o Brasil, o Rei foi óbvio. A Seleção, mesmo nas safras ruins, sempre chega cotadíssima às Copas. Isto desde que, aos 17 anos, em 1958, na Suécia, o próprio Pelé ajudou a levantar o primeiro caneco.

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Papão repete time para confirmar boa fase

Contra o Castanhal, o Papão repetirá a escalação utilizada contra Parauapebas e Interporto. É a estratégia de Dado Cavalcanti para consolidar o entrosamento e prestigiar as boas atuações individuais. William, grande nome da atual fase, é uma das atrações do jogo. Curiosamente, o técnico atirou um balde de água fria na escalada de elogios ao jovem volante.

Para Dado, o jogador ainda precisa amadurecer e corrigir erros próprios de iniciante. Palavras preocupantes, pois proferidas depois que William havia sido a principal figura da vitória sobre o Interporto. Mesmo inexperiente, o volante não comete tantos erros quando o rodado Carandina.

Apesar de favorito, o PSC terá pela frente neste domingo um adversário teoricamente melhor que os dois anteriores. Mesmo em campanha oscilante no Parazão, o Castanhal tem feito bons jogos (vitórias sobre Bragantino e Águia) e conta com o artilheiro do torneio, Dedeco, com quatro gols.

(Coluna publicada no Bola deste domingo, 25)