POR GERSON NOGUEIRA
Times de futebol são escalados a partir das avaliações dos técnicos. Fatores diversos (condicionamento físico, experiência, ritmo de jogo, entrosamento etc.) balizam as escolhas, mas a qualidade deve prevalecer sempre como critério. Significa que os melhores devem jogar. Quando esse rito básico não é cumprido, a coisa tende a desandar.
É o que parece ocorrer com o Remo, que voltou a tropeçar em casa, no sábado à noite, empatando (1 a 1) com o CSA. As escolhas equivocadas influíram diretamente no resultado final. Depois de abrir o placar aos 15 minutos do 2º tempo, teve até chances para ampliar, mas recuou muito e praticamente chamou o empate, que ocorreu aos 46 minutos.
Um castigo merecido pelo pouco que foi feito para preservar a vantagem parcial. Ao invés de se defender com inteligência e argúcia, tocando a bola e explorando os contra-ataques, o Remo limitou-se a aceitar a pressão imposta pelo visitante nos 20 minutos finais.
É verdade que o gol alagoano podia ter saído antes mesmo de o Remo marcar o seu. Aos 9 minutos do 2º tempo, o goleiro Vinícius fez arrojada defesa em chute colocado de Boquita. Alguns minutos depois, um cabeceio de Michel também assustou o goleiro.
Sem compactação, o time errava em simples troca de passes e ia muito mal pelos lados – Léo Rosa e Gerson não conseguiram jogar. Curiosamente, o Remo fez seu gol quando era mais fustigado pelo CSA. O lance foi perfeito tanto na armação quanto no desfecho. Eduardo Ramos se livrou da marcação e lançou Jayme entre os zagueiros. O atacante bateu cruzado no canto direito do goleiro Omar, aos 15’.
A vitória parecia encaminhada, pois o Remo passou a jogar com mais confiança e intensidade. Edgar teve grande chance aos 19’, cara a cara com o goleiro. Acabava ali o curto período de superioridade. Logo a seguir, Josué Teixeira tirou Edgar e botou Gabriel Lima.
Por coerência, a troca deveria envolver Mikael. Para piorar, sem Edgar, o Remo perdeu a opção de força para enfrentar a forte (e violenta) zaga do CSA. Diante disso, o técnico Ney da Mata pôs seu time no ataque, liberando alas e volantes para o esforço final em busca do empate.
Em meio ao sufoco, com bolas perigosas rondando a meta de Vinícius, Josué deu sua cartada mais arriscada: trocou Ramos por Flamel, que volta de longa inatividade e não rendeu. Estava claro que Ramos não podia ter saído, pois era a única via qualificada para desafogar o jogo.
Acuado, o Remo se limitou a rebater bolas que caíam nos pés do adversário. Com a zaga exposta pela débil marcação de laterais e volantes, o gol amadurecia a cada novo cruzamento. Aos 46’, Michel ganhou a disputa pelo alto com Leandro Silva e a bola foi procurar o baixinho Dawan, que tocou no canto direito da trave remista.
Apesar do duro baque pelo gol nos minutos finais, o Remo não pode se queixar da sorte. Fez um primeiro tempo ligeiramente superior ao adversário, mas na etapa final foi dispersivo e pouco combativo, permitindo que o CSA se impusesse. Resultado justo.
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Clube não confirma saída de Josué, mas sonda nomes
Pior que a atuação do Remo foi a entrevista de seu técnico no pós-jogo. De forma áspera, Josué Teixeira recusou-se a comentar as atuações de jogadores de sua confiança – Labarthe, Gerson e Mikael. O volante teve atuação particularmente desastrosa. Apesar disso, foi mantido até o fim.
Espantosamente, Josué destacou a “grande atuação”, elogiou os jogadores e chegou a falar em evolução técnica. Ao mesmo tempo, refutou comparações com o time do Parazão, talvez pelo fato óbvio de que o Remo do Estadual era mais regular e menos trôpego que o atual.
Na pontuação da Série C, o Remo ocupa posição razoável, mas os seguidos tropeços em casa deixaram o técnico em situação desconfortável junto à torcida e aos dirigentes.
Tudo sinaliza para a saída de Josué, que já teria sido até avisado pela Diretoria sobre a decisão que será anunciada oficialmente hoje. O clube já faz sondagens de nomes para ocupar o cargo, sendo Oliveira Canindé (ex-América-RN) o mais cotado.
(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 12)