Copa do Brasil define duelos

No sorteio realizado nesta segunda-feira (5), na sede da CBF, ficaram definidos os duelos das quartas-de-final da Copa do Brasil. Os confrontos serão os seguintes: Palmeiras x Cruzeiro, Flamengo x Santos, Botafogo x Atlético-MG e Grêmio x Atlético-PR.

Palmeiras, Flamengo, Atlético-MG e Atlético-PR farão o primeiro jogo em casa. As partidas de ida estão previstas para o período entre 28 de junho e 4 de julho. Os jogos de volta serão realizados entre os dias 26 de julho e 9 de agosto.

Confiança x Remo – comentários on-line

Campeonato Brasileiro da Série C – 4ª rodada

Confiança x Remo – estádio Batistão, em Aracaju (SE), 21h30

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Na Rádio Clube, Jorge Anderson narra, João Cunha comenta. Reportagens – Paulo Caxiado, Paulo Fernando e Saulo Zaire. Banco de Informações – Fábio Scerni 

Escola propõe tema discriminatório e alunos capricham na intolerância

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Uma festa com o tema “Se nada der certo” dos secundaristas do Instituição Evangélica de Novo Hamburgo (IENH), no Rio Grande do Sul, repercutiu nas redes sociais. Em uma das típicas comemorações do 3º ano do ensino médio, alunos da escola na região metropolitana de Porto Alegre se fantasiaram de profissões que julgaram ser “alternativas” se nada der certo na vida profissional.

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Entre elas estavam cozinheiro, churrasqueiro, faxineiro, revendedor de produtos de beleza, mecânico, atendente de supermercado etc. Alguns se fantasiaram de vendedores ambulantes, enquanto outros aproveitaram o tema para se “fantasiar” de ladrão e morador de rua. (Do Huffpost)

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Como fazer amigos & afugentar pessoas

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Um clássico da literatura motivacional, “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, guia sobre sobre relacionamentos pessoais e profissionais, escrito por Dale Carneggie, é até hoje livro de cabeceira de muitos líderes políticos e empresariais em todo mundo. Aécio Neves, ao longo da campanha presidencial de 2014, parecia ter decorado todas as dicas e técnicas de Carneggie para fazer amizades, principalmente entre os ricos, famosos e poderosos. Colecionou depoimentos de gente mais ou menos famosa – Zico, Cristiane Torloni, Alceu Valença, Luciano Huck, Fagner, Maitê Proença, Gilmar Mendes, Sergio Moro, Neymar, Ronaldo Nazário, Marcelo Serrado, Márcio Garcia, entre outros.

Todo esse apoio afetivo iria ruir nas últimas semanas, depois de reveladas as tramoias e pedidos de propina praticados por Aécio Neves & trupe. Suspenso do Senado e com pedido de prisão encaminhado pelo MPF, o “homem de um milhão de amigos” viu murcharem repentinamente todas as manifestações de apreço. Luciano Huck, Fábio de Melo e Márcio Garcia trataram logo de apagar vestígios da amizade com o “Chato”, conforme relataram vários dos delatores ouvidos na Lava Jato. Segundo eles, Aécio era incansável: pedia dinheiro 24 horas por dia.

 

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Remo firma acordos e reduz débitos na Justiça Trabalhista

A última sexta-feira, 2, marcou a retomada dos pagamentos de dívidas do Remo junto à Justiça Trabalhista. A diretoria jurídica do clube, auxiliada por colaboradores, conseguiu de uma só vez reduzir um débito que chegava a R$ 14 milhões a cerca de R$ 4 milhões. Para isso, foram firmados acordos em tempo recorde com diversos ex-atletas e ex-funcionários da agremiação, que desembolsou R$ 770 mil para a conciliação de dívidas na 16ª Vara do Tribunal Regional do Trabalho-PA, chefiada pelo juiz Raimundo Itamar. Dos 42 processos em vigor, o clube conseguiu 12 acordos.

A conciliação foi possível através de pagamento em parcela única, implicando em reduções consideráveis do valor total dos débitos. Após o êxito da negociação, o juiz Raimundo Itamar autorizou nova rodada de conciliação para o próximo dia 19 de julho.

O diretor jurídico do Remo, Gilmar Nascimento, avaliou como extremamente positivas as negociações e considerou que o clube avançou bastante no gerenciamento da sua dívida. “Em 2015, as dívidas trabalhistas alcançavam R$ 14 milhões. Com os acordos firmados com os maiores credores, essas dívidas hoje devem estar abaixo de R$ 4 milhões”, disse Gilmar. A meta para liquidação integral dos débitos é de quatro anos.

Papão mantém os pés no chão para não se empolgar com a liderança

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Humildade e foco. O discurso do técnico Marcelo Chamusca, após a vitória sobre o Internacional-RS, voltou a ser adotado por ele e seus jogadores depois que o Paissandu bateu o América-MG, no estádio Independência (Horto), em Belo Horizonte, na sexta-feira (2). Na liderança da Série B, com 10 pontos, os bicolores procuram conter a empolgação que toma conta da torcida.

Chamusca busca evitar que a posição privilegiada do time tire o foco em relação à campanha. “É apenas a quarta rodada da competição. A liderança foi construída, mas ela não pode nos empolgar, tirar a gente do nosso equilíbrio e da nossa naturalidade, porque a gente sabe que a competição é muito longa”, afirmou o treinador ainda em BH. “Teremos batalhas tão difíceis quanto essa que enfrentamos”, completou.

Entre os atletas, o tom é mantido. “É importante ter o time na liderança, mas sabemos que o campeonato só está na quarta rodada e ainda temos muitos jogos pela frente”, disse Augusto Recife, o jogador mais experiente do elenco. “Não ganhamos nada, pezinho no chão para o próximo jogo”, observou o zagueiro Perema, grande destaque da equipe na competição. (Com informações do Bola e Rádio Clube)

A frase do dia

“Nos anos 1983-84, ‘Diretas Já!’ significava para todo mundo a volta da democracia e o fim do regime político que se iniciou como um golpe de Estado em 1964. Alguém me explica, por favor, a alquimia intelectual por meio da qual, em 2017, Diretas Já! passou a significar ‘golpe de Estado’ e ‘ataque à democracia’?”.

Wilson Gomes, jornalista

Cartada decisiva

POR GERSON NOGUEIRA

A expectativa maior em torno do jogo desta noite, em Aracaju, é pela estreia do Remo. Explico: até agora, o time jogou, mas não estreou. A Série C está na quarta rodada, mas o time azulino ainda deve uma atuação digna de pretendente ao acesso. Na estreia, venceu às duras penas o Fortaleza no Mangueirão. Depois, perdeu para o ASA em Arapiraca e empatou com o Cuiabá em Belém. Três atuações sofríveis. Time errático, marcando mal, criando pouco e apresentando e erros primários de posicionamento.

Contra o Confiança, hoje à noite, o Remo terá ser diferente de tudo o que foi no campeonato. Além de mostrar um futebol mais convincente, precisa resgatar o espírito obreiro visto no Campeonato Paraense na equipe formada quase toda por jogadores da terra.

Há motivos para acreditar na recuperação. O principal deles é a entrada de Eduardo Ramos no meio-de-campo, para executar tarefas que nenhum dos armadores trazidos para a Série C conseguiu cumprir: criar jogadas e ditar o ritmo da equipe. Dois importados já foram embora – Rony e Danilinho – e dois – Mikael e Kaio Wilker – só permanecem graças à generosa avaliação do técnico Josué Teixeira.

A presença de Tsunami como volante buscar assegurar marcação mais sólida no meio e a volta de Léo Rosa pode fazer com que a equipe tenha finalmente um lateral de verdade pela direita.

Nas entrevistas sobre a partida, o técnico destacou seu retrospecto no clube, superior comparativamente ao da temporada passada quanto ao aproveitamento de jogadores regionais – 19 no elenco atual. É verdade que Josué tem os méritos por essa mudança, mas é fato também que abriu mão dos regionais assim que começou a Série C.

Por sinal, a mudança abrupta na equipe, deixando de lado a base formada no Parazão, desponta como a grande causa da campanha insossa que o Remo produziu até agora na Série C. Depois do tropeço em casa diante do Cuiabá, Josué foi pressionado pela torcida e abriu mão de sua opção pelos ‘forasteiros’ para escalar um time bem parecido com o do Estadual.

Com os seis remanescentes da campanha no Parazão, é possível que a equipe consiga desenvolver um jogo mais organizado e competitivo, embora o desentrosamento deva continuar em face das várias alterações e da permanência de jogadores que se mostraram muito limitados – casos de João Paulo e Mikael.

Surgiram especulações de que a partida pode marcar a despedida de Josué Teixeira, independentemente de vitória ou derrota. O desgaste tem se acentuado e o discurso crítico adotado pelo treinador em relação às divisões políticas do clube é revelador de um descontentamento mais profundo.

O certo é que, com quatro pontos ganhos, o Remo joga uma cartada decisiva contra o líder Confiança: pode ir ao céu – alcançar o G4 em caso de vitória – ou ao purgatório – ficar na sexta posição, a apenas um ponto dos últimos colocados, na hipótese de um resultado negativo.

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Enfim, uma rodada de triunfos na Série D

São Raimundo e São Francisco tiraram o pé da lama na rodada de ontem da Série D, com vitórias importantes em seus grupos. O Pantera derrotou o Baré-RR, em seu estádio, por 1 a 0, gol do zagueiro Bernardo. O triunfo garante a liderança do grupo A02, com um ponto à frente do Fast Clube.

Já o São Francisco, que havia perdido em casa na rodada passada, passou pelo São Raimundo-RR por 1 a 0 no estádio Barbalhão e assumiu a segunda colocação do grupo A03, cinco pontos atrás do Rio Branco-AC.

O São Raimundo desfruta de situação mais confortável, podendo se classificar direto para a segunda fase. O São Francisco precisa lutar para pelo menos garantir a posição atual e brigar pela classificação entre os 15 melhores em segundo lugar.

(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 05)

“O artista paga alto preço por levar uma vida não convencional”

Em artigo, músico e escritor reflete sobre o papel e a imagem dos artistas em um momento de crise política no Brasil

POR VÍTOR RAMIL

A história é mais ou menos assim: Mark Twain, o escritor norte-americano, estava sentado na varanda de sua casa quando passou um vizinho e perguntou “Descansando, vizinho?”, ao que ele respondeu “Não, trabalhando”. Outro dia o mesmo vizinho o viu cortando a grama do jardim e perguntou “Trabalhando, vizinho?”, e Twain respondeu “Não, descansando”.

Lembrei dessa historinha para exemplificar a ideia de que o trabalho e o descanso do artista não se parecem com os das demais profissões. Para o senso comum, “artista” nem mesmo parece ser profissão. Para que serve o artista afinal? O sistema não tem, a priori, um lugar para ele. O pintor francês Paul Gauguin trocou uma profissão “de respeito” e rentável para se tornar um pintor destinado a viver e morrer na pobreza e sem reconhecimento. Que julgamento esperar dos contemporâneos de Gauguin senão o de que ele havia enlouquecido, que era um misantropo, um inadaptado?

A sociedade está sempre pronta para receber os engenheiros, os médicos ou os advogados, nunca os artistas. Se um médico pendurar seu diploma em uma parede, entrar e sair rotineiramente pela porta de um consultório em que estiver afixada uma placa com seu nome e especialidade, ninguém dirá que ele não é um médico, seja ele bom ou mau profissional. Para o artista, um diploma e uma porta com seu nome nunca serão o suficiente. Seu reconhecimento dependerá sempre de critérios subjetivos. O que ele faz é artístico? O que é arte afinal? O próprio artista pode passar a vida fazendo-se essas perguntas. O dilema começa cedo. Ninguém pode dizer a uma criança ou a um adolescente se ele é ou será um artista. O artista só ouve a própria voz. Nos tornamos aquilo que somos, disse outro escritor. Mas que difícil é escutar a própria voz, dizer para si mesmo: sou um artista, serei um artista.

Em minha casa estimulamos muito nossos filhos a seguirem o caminho da arte caso se sentissem vocacionados para tal. Para a nossa alegria e a deles, Ian e Isabel são hoje artistas que muito nos orgulham. Mas sei que na maioria das famílias os pais tremem diante do projeto ou da decisão dos filhos adolescentes de quererem seguir esse caminho. O medo dos pais talvez se origine da percepção de que os jovens não têm experiência de vida suficiente para medir os riscos de uma escolha profissional equivocada ou de difícil trajetória – sem falar que, para muitos, escolher a arte significa simplesmente abrir mão de ter uma profissão “de verdade”.

A difícil trajetória para um artista pode ser consequência do valor intrínseco do que ele produz, mas pode também, e talvez principalmente, resultar da dificuldade de inserção num sistema em que a arte é menos necessária que supérflua – daí a importância, para todas as sociedades, da existência de instituições culturais sólidas, aquelas que ambicionam dar à arte seu devido e digno lugar no sistema. Mesmo atuando num contexto adverso, o artista pode ser tido em alta estima. Mas é mais comum que enfrente preconceitos de toda ordem. É moeda corrente que seja taxado como vagabundo, boêmio, preguiçoso e/ou desregrado, por exemplo.

Particularmente considero da maior importância a vagabundagem, a boemia, a preguiça e o desregramento para o fazer artístico. Mas sei que um só desses adjetivos poderia destruir a reputação dos profissionais “respeitáveis” das profissões, digamos, convencionais. O artista paga alto preço por levar uma vida não convencional. Além disso, como para as pessoas em geral a arte está ligada aos momentos de entretenimento, prazer ou mesmo de descanso – aos momentos em que saem da “rotina” –, impõe-se a ideia de que o artista vive só nesses, por esses e desses momentos de lazer, que sua vida é uma festa permanente. Pouco se sabe do fazer artístico, do quão difícil e complexo ele pode ser, de quanta transpiração existe para cada inspiração. Quem não conhece a fábula da cigarra e da formiga?

Por mais que pensemos em culturas diferentes, em países em que a arte seja mais ou menos valorizada, nos EUA de Twain, na França de Gauguin, no Brasil de Noel Rosa – aquele boêmio incorrigível que, tendo vivido apenas 26 anos, criou uma obra genial com potência suficiente para moldar nossa identidade nacional –, não acredito que o papel do artista na sociedade mude muito de um lugar para o outro. No caso do Brasil atual, a dita demonização dos artistas me parece pontual, diz respeito à política. As pessoas estão demonizando umas às outras de um modo que acena com a barbárie, com a falência de um projeto democrático para o país. Por que os artistas seriam poupados dessa insanidade se, em sua maioria, eles se situam no espectro político mais à esquerda, justamente o que agora está sendo julgado?

Mas estou seguro de que aqueles que hoje insultam um Chico Buarque ou um obscuro grupo de teatro de vanguarda sabem, no fundo, que o trabalho desses artistas é da maior importância; sabem que, produzindo cada um a seu modo e com liberdade, eles são fundamentais para a nossa constituição como nação. Uso a expressão “no fundo” de propósito. Talvez o foco agora devesse estar no fundo, talvez precisássemos ir fundo nisso tudo. Que tal irmos e sairmos de lá compartilhando a mais legítima alegria cidadã? (Do Zero Hora)

Joesley elegeu Cunha e financiou a derrubada de Dilma

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DO VIOMUNDO

Em agosto de 2013, a então senadora e presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu (PSD-TO), subiu à tribuna do Senado em nome dos que fariam parte da “classe média do campo” para denunciar o cartel da JBS e a propaganda da marca Friboi (veja o discurso acima).

Uma das críticas da senadora foi ao financiamento do BNDES — mais de R$ 7 bilhões — que permitiu a rápida expansão do grupo.

Indicada para ocupar o Ministério da Agricultura no segundo mandato de Dilma Rousseff, Kátia sofreu forte reação de um dos donos da JBS, Joesley Batista.

Ele foi pessoalmente ao Palácio do Planalto tentar derrubar Kátia antes mesmo dela assumir o cargo, conversando com o então ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante.

Na mesma época, a JBS fez uma consulta sobre a nomeação ao vice-presidente Michel Temer, do PMDB, que confirmou que haveria a troca de ministro. O anterior, o gaúcho Neri Geller, era da cota do PMDB e a nova titular do MAPA, do PSD.

Depois, Joesley teve um encontro para tratar do assunto com Dilma Rousseff, sobre o qual não foram revelados detalhes. Kátia assumiu o cargo, mesmo tendo sido a JBS a maior financiadora da campanha de Dilma, com R$ 67,9 milhões. Talvez isso ajude a explicar os próximos passos de Joesley.

Em dezembro de 2014, o deputado Eduardo Cunha lançou sua campanha à presidência da Câmara dos Deputados. Em sua delação premiada, Joesley disse que deu R$ 30 milhões ao aliado de Temer, que “saiu comprando um monte de deputados Brasil a fora”.

Cunha venceu com 267 votos contra 136 de Arlindo Chinaglia, do PT. Foi o início do fim de Dilma.

Mais tarde, o PT negou a Cunha os votos que poderiam livrá-lo da abertura do processo de cassação na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados.

Temer disse que nada teve a ver com o impeachment, que nada tramou contra Dilma, mas foi desmentido por Cunha. Segundo o hoje presidiário, o pedido de impeachment apresentado pelos advogados Janaína Paschoal, Miguel Reale Jr. e Hélio Bicudo foi lido e aprovado por Temer antes da abertura da ação.

O usurpador já admitiu, em mais de uma oportunidade pública, que Dilma não caiu por causa das “pedaladas fiscais”, mas por vingança política de Cunha — na qual afirma não ter tido envolvimento. Agora, é desmentido pelo seu próprio marqueteiro, que disse em entrevista ao Estadão ter recebido dinheiro de Joesley Batista para derrubar Dilma:

Acusado em delação de receber propina, Elsinho Mouco, marqueteiro de Temer, diz ter sido pago por empresário para ‘derrubar’ a petista 

POR PEDRO VENCESLAU – O Estado de S.Paulo

Acusado por Joesley Batista em sua delação premiada de ter recebido R$ 3 milhões em propina da JBS na campanha de 2010 e outros R$ 300 mil em espécie em 2016 a pedido do presidente Michel Temer, o publicitário Elsinho Mouco disse ao Estado que o empresário o contratou com dois objetivos: eleger o irmão José Batista Júnior em Goiás e “derrubar” a presidente Dilma Rousseff na esteira do movimento pelo impeachment.

Numa das conversas entre eles, em maio de 2016, no auge do movimento “Fora, Dilma”, Joesley se ofereceu para pagar por um serviço de monitoramento de redes sociais que nortearia a estratégia do PMDB de blindagem a Temer.

Na ocasião, foi incisivo: “Vamos derrubar essa mulher”.

Marqueteiro oficial de Temer desde 2002, quando o peemedebista foi eleito deputado federal, Elsinho é ainda hoje o principal conselheiro de comunicação do presidente e um dos redatores de seus discursos.

Foi ele, por exemplo, que escreveu o pronunciamento no qual Temer finalizou dizendo com o dedo em resiste “Não renunciarei”.

Contratado pelo PMDB, Elsinho também foi um dos criadores do programa Ponte para o Futuro e autor de ideias como slogan “Bora, Temer” para substituir o “Fora, Temer” no pós-impeachment de Dilma.

Sua narrativa de defesa, que ainda será apresentada, começa em 2009, ano em que foi chamado para coordenar o projeto político do irmão mais velho da família Batista, e termina em janeiro de 2017 em um encontro regado a “Whisky 18 anos” e “camarões gigantes” na residência de Joesley, no bairro Jardim Europa, na capital paulistana.

Indicado por um amigo em comum, Elsinho desembarcou em Goiânia em 2009 com a missão de colocar “Junior Friboi” na acirrada disputa pelo governo goiano no ano seguinte.

O marqueteiro conta que gravou vídeos, fez logotipo, encomendou pesquisas e fez tudo mais que o script de uma campanha competitiva e com recursos ilimitados exige.

Total de gastos ficou em R$ 3 milhões. Mas quando a disputa estava para começar para valer, Joesley “deu de presente” ao irmão a consultoria de outro marqueteiro renomado e Elsinho foi dispensado.

Junior Friboi acabou, entretanto, desistindo de entrar na política, pelo menos naquele momento.

Player. Era uma quarta-feira no começo de maio do ano passado, quando Elsinho recebeu um convite de Joesley para uma visita.

“Ele era um player, o maior produtor de proteína animal do mundo. Era objeto de desejo de todo mundo. Cheguei com duas horas de antecedência para não correr o risco de ficar parado no trânsito”, contou o marqueteiro.

Seu objetivo era conquistar a conta publicitária de pelo menos uma das inúmeras empresas do grupo, mas a conversa enveredou por outro caminho.

“Para minha surpresa, ele chamou Dilma de ingrata, grossa e incompetente. E disse: ‘Temos que tirá-la’”, lembrou.

A surpresa se deve pelo fato da JBS sempre ter mantido boas relações com os governos do PT.

Apesar do crescimento do movimento pelo impeachment entre empresários, os Batistas nunca criticaram Dilma publicamente.

Protagonismo. Entre goles de whisky e mordidas de camarão no espeto, Joesley teria dito que gostaria de ajudar de alguma forma o movimento das ruas. “Em 2016, empresários, sindicatos patronais, movimentos sociais (MBL, Vem Pra Rua, Endireita Brasil, etc), muita gente queria o impeachment da Dilma. Uns contrataram carro de som, outros contrataram bandanas, pagaram por bandeiras, assessoria de imprensa. Teve gente que comprou camisa da seleção brasileira e foi pra rua. O Joesley estava nessa lista. Ele se ofereceu para custear o monitoramento digital nesta fase”, contou o marqueteiro.

O empresário perguntou então quanto custaria o serviço, que a princípio seria pago pelo PMDB nacional.

“R$ 300 mil”, respondeu Elsinho de pronto. “Eu pago isso. Vamos derrubar essa mulher”, teria dito Joesley.

Segundo o marqueteiro, o dono da JBS chamou então um mordomo e deu a ordem: “Pega lá R$ 300 mil e entrega para o Elsinho”. O dinheiro teria sido colocado em uma pasta e deixado no carro do publicitário.

Quanto questionou a melhor forma de emitir nota, o empresário teria desconversado. Disse que não queria deixar digitais no impeachment e o assunto ficou para depois.

Segundo Elsinho, uma das “maiores empresas” de assessoria de imprensa foi contratada para o serviço.

“Paguei quase R$ 200 mil para eles, R$ 60 mil de imposto e R$ 40 mil e pouco de lucro para mim”, disse.

O resultado serviu para monitorar movimentos pró-impeachment, o PMDB e a Fundação Ulysses Guimarães.

A nota teria sido feita então à revelia do Joesley.

Cinco meses depois da conversa, os dois voltaram a se encontrar. Elsinho achou que finalmente “seria testado” como publicitário de umas das empresas do grupo. Mas, de novo, a conversa iria por outro caminho.

“Ele disse que tinha um problema, que estava sem entrada no governo desde a queda de Geddel Vieira Lima e pediu marcar uma conversa. Ele queria um cúmplice”.

Procurada pela reportagem, a assessoria da JBS disse que “os atos cometidos pelos executivos foram informados à PGR e estão documentados nos autos da delação homologada pelo STF. A Companhia prossegue em seu firme propósito de colaborar com a Justiça brasileira.”/ COLABOROU VALMAR HUPSEL FILHO

PSdoViomundo: Os movimentos de Joesley são consistentes com os de outros empresários, pelo menos no discurso. Segundo o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, ele encontrou nos corredores do Instituto Lula um dos donos da Globo, João Roberto Marinho, que fez a visita para sondar se Lula não seria o candidato do PT em 2014, substituindo Dilma.

Os marqueteiros do PT, João Santana e Monica Moura, também disseram em delação premiada que houve uma disputa surda nos bastidores entre Dilma e Lula para ver quem concorreria ao Planalto. Joesley também disse que comprou um punhado de votos contra o impeachment, mas pode ter sido apenas uma manobra diversionista, já que havia chance, ainda que mínima, de Dilma sobreviver.

Na indústria, a campanha do impeachment foi abertamente financiada por um pool de empresários sob o presidente corrupto da Fiesp, Paulo Skaf, que pagou filé mignon aos patos.

Resta saber quem pagou quanto aos que votaram pela derrubada de Dilma.