
POR GERSON NOGUEIRA
Foi um amistoso no sentido exato do termo. O gol de Dudu logo no começo da etapa final garantiu a magra vitória e ainda trouxe o bônus da liderança no sempre surpreendente ranking da Fifa – posição que deve ser anunciada nas próximas semanas. De maneira geral, jogos de confraternização não rendem grandes espetáculos.
Os dois times vestiam as camisas oficiais de seus países, mas foram formados por jogadores nativos, que jogam no próprio país. A Colômbia teve como base o Atlético Nacional, clube que conquistou a torcida brasileira ao ao abrir generosamente mão do título sul-americano em favor da Chapecoense.
No primeiro tempo, o time brasileiro parecia se comportar em ritmo de treino, evitando agredir e correr. Acabava permitindo alguns contra-ataques perigosos, sempre no espaço aberto no lado direito da defesa pela marcação frouxa de Fagner e William Arão, responsáveis por vigiar o grandalhão Borja, solitário dianteiro da Colômbia. O excesso de toques laterais tornava a evolução do Brasil em campo um festival de lentidão.
Diante do previsível desentrosamento, restou observar a atuação individual dos jogadores. O eixo da defesa se comportou sem grandes sobressaltos, embora Geromel precise ainda justificar a enxurrada de elogios que os gaúchos lhe fazem há dois anos. Rodrigo Caio é técnico, mas tem dificuldades no jogo aéreo.
Lucas Lima, que já foi saudado como grande promessa, joga cada vez mais a conta do chá, correndo de um lado a outro e fugindo da área. Grandes meias nacionais se destacaram justamente pelo jeito ofensivo de atuar, com fome de gol. Em certos momentos, parecia que Arão era o meia, pois demonstrava maior apetite para tentar marcar. Como lhe falta jeito e técnica, conseguiu apenas atrapalhar ainda mais a já fraca movimentação do meio-campo.
Diego Souza, que voltou à Seleção para o amistoso em face das boas atuações no Sport em 2016, ainda precisa se condicionar melhor. Até arriscou algumas jogadas, mas não teve fôlego para ir adiante. Restou, então, Dudu. Posicionando-se pelo lado direito do ataque, produziu dois bons ataques e quase marcou após receber dentro da área. Foi desarmado quando iria dar o último toque.
Os colombianos começaram respeitosamente, mas, aos poucos, foram se soltando e criando algumas situações, como no perigoso chute de Borja em contragolpe nascido de erro no ataque brasileiro e no cabeceio de Uribe no poste do Brasil quase no final do primeiro tempo.
Tite providenciou mudanças no intervalo. Tirou Arão e Robinho e colocou em campo Diego (Flamengo) e Rodriguinho. Em arrancada pela direita, o meia corintiano tabelou com Fagner, que cruzou rasteiro. No rebote da zaga, Dudu foi rápido e cabeceou para as redes.
O gol sufocou um começo de vaias que a torcida começava a ensaiar no estádio Nilton Santos. Depois de abrir o placar, o time brasileiro foi se desembaraçando e Diego passou a movimentar bem os lados do campo, amedrontando os colombianos. Como as jogadas não terminavam em lances perigosos, o adversário voltou a se assanhar e criou alguns lances de perigo em cruzamentos para a área.
O time brasileiro só acordou quando Camilo, ídolo da torcida botafoguense, entrou aos 36 minutos. Não fez muita coisa, mas mostrou algo que nenhum outro jogador da Seleção ousou na partida: ser ele mesmo. Aplicou uma caneta no marcador colombiano, deu um toque de calcanhar para Rodriguinho e disparou um chute da entrada da área.
Camilo, com esse desembaraço e vontade de mostrar algo diferente com a camisa do escrete, exibiu a consciência da importância de defender o Brasil, mesmo que num simples jogo festivo.
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Remo faz outra aposta para arrumar o setor defensivo
Os seis gols em dois jogos deixaram o técnico Josué Teixeira realmente acabrunhado com o Remo. A imediata contratação de um volante – Renan (ex-Bangu) – mostra essa preocupação. O time precisa urgentemente de um marcador cão-de-guarda, que proteja a linha de zagueiros.
Renan tem experiência, mas a idade (33 anos) acaba preocupando, principalmente para uma competição disputada em período chuvoso, que exige muito dos atletas no aspecto físico.
A conferir.
(Coluna publicada no Bola desta quinta-feira, 26)