Pirão quer reverter punição do Remo

REMOXS FRANCISCO Parazao 2013-Mario Quadros (28)

O presidente do Remo, Zeca Pirão, afirmou à Rádio Clube nesta sexta-feira que o clube vai tentar reverter ou diminuir a pena de quatro jogos fora de Belém, em função de episódios envolvendo má conduta de torcedores. Pirão acredita que um recurso pode transformar em multas pelo menos parte da pena. Caso não tenha sucesso na investida, é provável que o Remo mande suas quatro primeiras partidas na Série D 2014 no estádio municipal Humberto Parente, de Abaetetuba. Outra alternativa é jogar em Parauapebas ou Cametá.

A CBF antecipou o início da Série D de 27 para 20 de julho. A tabela oficial da primeira fase será divulgada na segunda-feira, 12. No grupo do Remo, o A2, estão confirmados Moto Clube, Santos (AP) e Interporto (TO). O quinto clube virá do Piauí, onde três clubes decidirão o título e a vaga: River, 4 de Julho e Piauí. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola) 

O passado é uma parada…

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Moradores de Londres dedicam-se às compras em grande loja de departamento do centro da capital inglesa. Idos de 1908.

Talibãs do ciberespaço

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Por Gerson Nogueira

Alguém disse que o futebol é a mais importante das coisas menos importantes do mundo. A frase, lapidar e certeira, resume bem o que deveria ser o real significado desse esporte de multidões. O problema é que nos últimos tempos, incentivado pelas facilidades permitidas pelas redes sociais, há um tipo de torcedor que decidiu tomar as coisas a ferro e fogo.
Não há frase, análise, ironia ou simples brincadeira que não gere um tsunâmi de imprecações, insultos e demonstrações de puro ódio. Sob a proteção do anonimato e da falsa distância que a internet oferece, a fúria chega a contemplar ameaças de natureza física.
Acompanho essa escalada de intolerância há um bom tempo. Ela teve início lá nas arquibancadas, embora contida e sem os exageros e a truculência verbal dos dias atuais.
No Pará, a coisa torna-se particularmente patética quando envolve as apaixonadas torcidas de Paissandu e Remo. Da reclamação normal e necessária quanto a erros de informação cometidos pela imprensa esportiva, o torcedor radical tornou-se refratário a qualquer item que mesmo de longe soe como desrespeitoso à sua bandeira.
É bom observar que os talibãs têm essas mesmas características belicosas, por motivos bem conhecidos. Ocorre que não estamos tratando de guerras ou diferenças religiosas e culturais. A questão aqui muda de figura porque diz respeito a um esporte, catalizador de paixões e angústias, mas ainda assim apenas um esporte.
Onde deveria germinar o humor, a descontração e a irreverência, traços comportamentais tão brasileiros, floresce a ira despropositada, a raiva sem lógica. Dois casos recentes me parecem bem emblemáticos. Quando o Paissandu perdeu a final da Copa Verde para o Brasília, o caderno Bola saiu com um título referindo-se ao choro dos torcedores, com fotos ilustrativas do ânimo da torcida alviceleste após a traumática partida.
Para meu estupor, um grupo reduzido (mas ruidoso) de torcedores ensaiou protestar porque aquele título “ofendia a nação bicolor”, como se o pranto e a lamentação representassem fraqueza inominável.
Ontem, a obtusidade mudou de lado. Ao noticia a semifinal entre Paissandu e São Francisco, o caderno mais lido da imprensa esportiva paraense destacou o óbvio: graças à vitória bicolor, o Remo estava garantido por antecipação na Série D. Se o vencedor fosse o São Francisco, a classificação não se consumaria; no mínimo, seria adiada. Simples assim.
Mas, para quê, meu Deus?!
Uma verdadeira cornucópia de mágoas e queixas foi desatada sobre o Bola e sua equipe, acusada de parcial e anti-azulina. Além do furor grosseiro nas mensagens postadas no Facebook e no Twitter, alguns destemperados chegaram perto de defender o enforcamento sumário dos editores, como se tivessem cometido um verdadeiro sacrilégio.
Caso a cegueira do fanatismo doentio permitisse, em ambos os casos, seria fácil ver que os dois títulos foram verdadeiros e jornalísticos acima de tudo. Nem de longe se insinuou qualquer zombaria ou achincalhe, tão ao gosto de tabloides como o Olé!, cujo estilo inspirou o Bola.
Assim como o choro dos bicolores não é motivo de vergonha, a informação de que o resultado obtido pelo Paissandu assegurou ao Remo a classificação à divisão nacional jamais pode ser interpretada como um despautério.
São tempos confusos, eu sei, marcados por fascismo destemperado nas rinhas políticas e insatisfações fabricadas artificialmente nas ruas. Gesta-se em cada esquina o monstro das milícias, dos juízes de esquina. Nos estádios, as gangues ameaçam e intimidam o verdadeiro torcedor. Neste cenário, não se pode admitir que um instrumento tão democrático e plural como a internet seja também aprisionado pelos bárbaros.
Cabe aos lúcidos liderar a reação, antes que seja tarde demais.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 09)