Folha admite que errou em apoiar o golpe

Do Comunique-se

Num momento em que, de acordo com a Folha, o “regime militar tem sido alvo de merecido e generalizado repúdio”, o impresso resolveu admitir que o apoio à ditadura foi um erro, mas reforçou que as opções então “se deram em condições bem mais adversas que as atuais”. O assunto foi tratado em editorial publicado nesse domingo, 30.

--0-----0----folhaEm 18 parágrafos, a Folha falou, em primeiro momento, sobre as diferentes fases do regime militar e em como o país mudou nos últimos 20 anos. “A economia cresceu três vezes e meia. O produto nacional per capita mais que dobrou. A infraestrutura de transportes e comunicações se ampliou e se modernizou. A inflação, na maior parte do tempo, manteve-se baixa”.

Sobre o apoio, afirmou que não há dúvidas de que foi um erro. “Às vezes se cobra, desta Folha, ter apoiado a ditadura durante a primeira metade de sua vigência, tornando-se um dos veículos mais críticos na metade seguinte. Não há dúvida de que, aos olhos de hoje, aquele apoio foi um erro. Este jornal deveria ter rechaçado toda violência, de ambos os lados, mantendo-se um defensor intransigente da democracia e das liberdades individuais”.

O diário termina o editorial ressaltando, porém, que, à época, todos agiram como lhes pareceu melhor ou inevitável. “É fácil, até pusilânime, porém, condenar agora os responsáveis pelas opções daqueles tempos, exercidas em condições tão mais adversas e angustiosas que as atuais”.

Outros apoiadores
Do ano passado para cá, outros dois grupos de comunicação se pronunciaram sobre o tema ditadura e afirmaram que apoiaram o golpe de 1964. Em setembro, a Globo transmitiu pelo ‘Jornal Nacional’ editorial sobre o assunto. Pela voz de William Bonner, parte do texto publicado em O Globo foi reproduzido na TV.

Não só em nome do jornal, o editorial garantiu que há anos as Organizações Globo definiram, internamente, que a defesa do golpe militar foi ação equivocada. “Desde as manifestações de junho, um coro voltou às ruas: ‘A verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura’. De fato, trata-se de uma verdade, e, também de fato, de uma verdade dura”, avalia O Globo ao explicar que a decisão de revelar – de forma direta – o apoio ao começo do regime ditatorial foi definida há tempos para o lançamento da página de lembranças da publicação.

Em maio de 2013, quando Ruy Mesquita faleceu, o Estadão publicou texto revelando que o diretor do grupo foi defensor do golpe de 1964, mas que se opôs aos militares ao perceber o real cenário político da época. “Reuniu-se com militares antes do golpe de 1964, que apoiou, em nome da defesa da democracia, mas, assim como seu pai e seu irmão, também passou a criticar a ditadura, uma vez instalada”.

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