Papão x Leão (comentários on-line)

Copa Verde 2014 – 1º jogo da semifinal

Paissandu x Remo – estádio Jornalista Edgar Proença, às 18h30.

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Na Rádio Clube, Cláudio Guimarães narra, Rui Guimarães comenta. Reportagens – Dinho Menezes, Paulo Caxiado, Hailton Silva e Francisco Urbano. Banco de informações – Adilson Brasil e Fábio Scerni.

A sentença eterna

“Minha ideologia é o nascer de cada dia. Minha religião é a luz na escuridão”.

Gilberto Gil

Parazão 2014: classificação do 2º turno

PG J V E D GP GC SG
São Francisco 6 2 2 0 0 5 1 4 100.0
Paissandu 4 2 1 1 0 6 4 2 66.7
Cametá 4 2 1 1 0 5 4 1 66.7
Independente 3 1 1 0 0 2 1 1 100.0
Remo 1 1 0 1 0 2 2 0 33.3
Gavião 1 2 0 1 1 3 5 -2 16.7
Paragominas 0 2 0 0 2 3 5 -2 0
Santa Cruz 0 2 0 0 2 2 6 -4

S. Francisco bate Gavião e mantém liderança

O São Francisco manteve a liderança do returno do Parazão ao derrotar o Gavião, por 3 a 1, neste sábado, no estádio Barbalhão. Caçula abriu o placar aos 19 minutos do primeiro tempo. O Gavião não se abateu e continuou a atacar em busca do gol. O Leão santareno se fechava e explorava os contra-ataques. A primeira etapa terminou com esse panorama: Gavião em cima, pressionando, e São Francisco administrando a vantagem.

No segundo tempo, logo aos 3 minutos, o lateral-esquerdo Gerson ampliou para o São Francisco, marcando de cabeça. Logo depois, o atacante Peri diminuiu para o Gavião e o jogo voltou a ficar indefinido. Quase ao final, o São Francisco deu números finais à partida, com um golaço de Nenê Apeú. Em contra-ataque fulminante, o atacante finalizou para as redes depois de aplicar chapéu em defensor do Gavião. 

Na outra partida de sábado, o Cametá foi a Paragominas e venceu de virada o vice-campeão estadual. O primeiro tempo terminou 0 a 0, mas o segundo tempo foi bastante movimentado. Paulo de Tarso fez o primeiro para o PFC, logo aos 11 minutos. O Cametá empatou três minutos depois, com Robinho. Aos 16, veio a virada, novamente com gol de Robinho. Fabrício empatou aos 22, mas Leandrinho (de pênalti) definiu o confronto aos 36.

Papão definido para o clássico

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No último treino tático do Paissandu, realizado neste sábado no campo do Kaza, em Ananindeua, o técnico Mazola Junior praticamente definiu a equipe para o clássico diante do Remo, pela semifinal da Copa Verde, neste domingo, às 18h30, no estádio Jornalista Edgar Proença. Charles, Airton, Augusto Recife, Lima e Leandro Carvalho estão de volta depois de terem sido poupados contra o Santa Cruz de Cuiarana, pela segunda rodada do Parazão. Levando em conta a movimentação, o time provável é o seguinte: Paulo Rafael (Mateus); Djalma, Charles, João Paulo e Aírton; Vânderson, Zé Antonio, Ricardo Capanema e Pikachu; Lima e Leandro Carvalho. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)

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Jogadores relacionados para o Re-Pa:

Goleiros: Mateus e Paulo Rafael

Zagueiros: Charles, Pablo, e João Paulo

Laterais: Djalma, Airton e Márcio

Volantes: Augusto Recife, Zé Antônio, Billy, Ricardo Capanema e Vanderson

Meias: Pikachu, Héverton e Bruninho

Atacantes: Lima, Leandro Carvalho, Héliton e Dênis.

Enfim, um reforço de verdade

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Por Gerson Nogueira

Quando dirigentes saem à cata de reforços quase sempre quebram a cara. Contratam mal, exageram na quantidade e gastam mais do que seus orçamentos permitem. É um eterno calo na gestão do futebol paraense. Tanto que virou lugar-comum criticar a política de contratações de Remo e Paissandu, notadamente nas últimas duas décadas. Raríssimos são os casos de acertos. Ante a avalanche de maus negócios nessa área, até a aquisição de jogadores apenas medianos já é saudada com alívio.

unnamed (61)O Paissandu, que atravessou a temporada de 2013 às voltas com quase meia centena de contratações de baixa qualidade, iniciou a temporada acertando em cheio. A primeira bola dentro foi a vinda de Sérgio Papellin para cuidar do gerenciamento do futebol profissional. A experiência anterior, com Oscar Yamato, resultou em fiasco e insatisfação, por motivos diversos.

Sob a batuta de Papellin, o Paissandu passou a prospectar o mercado dos atletas de porte médio, longe das loucuras de negócios inflacionados pela esperteza de agentes e empresários. Com a chegada do técnico Mazola Junior, iniciou-se um processo de contratações pontuais, mirando na qualidade e nas necessidades do elenco.

A diretoria confiou na visão de seu gerente e resistiu bem às cobranças da torcida, ávida por nomes badalados e instigada pela política de risco desenvolvida pelo maior rival. Deu certo. Aos remanescentes da Série B foram acrescentados três zagueiros (João Paulo, Lacerda e Charles), um lateral-esquerdo (Aírton), um volante (Augusto Recife), dois meias (Héverton e Bruninho) e um centroavante (Lima). No limite do prazo para inscrições no campeonato, chegaram mais dois meias, Marcos Paraná e Jô.

Pode-se até questionar a demora na aquisição de atletas para a disputa da Copa Verde, mas não há como negar que a política conservadora nas contratações é digna de aplausos e vem em boa hora. Melhor ainda porque os jogadores disponíveis vêm dando conta das exigências impostas pelas competições disputadas.

Acima de todos, sem dúvida, está o atacante Lima. Com boas credenciais pelo histórico no futebol catarinense, veio cercado de certa expectativa quanto ao comportamento extracampo. Em poucas rodadas, conseguiu mostrar que a aposta foi muito bem sucedida em todos os aspectos.

Artilheiro do Parazão e da Copa Verde, com folga, Lima tem a eficiência e a frieza dos grandes goleadores. Sua virtude maior é a colocação na área, que facilita tanto o jogo aéreo quanto as manobras com bola no chão. Forte fisicamente, costuma ganhar nas disputas diretas com os zagueiros e finaliza muito bem, raramente desperdiçando oportunidades.

O campeonato estadual está na metade, mas ele já é o principal destaque entre os atacantes, destacando-se inclusive nos confrontos com o maior rival – teste fundamental para os centroavantes locais. A Copa Verde se encaminha para a reta final e não há outro finalizador a lhe fazer sombra. Outros jogadores (Charles e Max, no Remo) também se destacam, mas Lima é até agora a mais destacada exceção ao festival de engodos dos últimos anos.

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Da insustentável leveza do jogo

Pela ordem natural das coisas, depois da goleada sofrida pelo Remo diante do Internacional seguida da troca de técnico e da vitória de virada do Paissandu sobre o Santa Cruz, o favoritismo no clássico já teria nome e endereço. Mas quem disse que o futebol é regido pela ordem natural das coisas? Felizmente, estamos diante do mais imprevisível dos esportes coletivos. Seria muito chato se os jogos fossem regidos por determinismo.

Vai daí que voltamos à situação habitual das vésperas de Re-Pa. Nenhum favoritismo claro, pois quem parece melhor antes pode de repente cair de produção ao longo dos 90 minutos. Valências como força física, raça, determinação e superação podem influir de parte a parte, por vezes de maneira mais decisiva do que a própria técnica. Isso já aconteceu repetidas vezes, desautorizando (e desmoralizando) profetas e xamãs.

O Paissandu tem um time ajustado. Está mais confiante, tranquilo e inteiro fisicamente, pois poupou metade do time na quinta-feira. O Remo vem abalado emocionalmente, tenso e pressionado, além de desgastado pela jornada inglória da quarta-feira. Nada disso, por incrível que pareça, pode ser apontado como fator que desequilibre forças e assegure vantagens.

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Reflexos de uma queda

A demissão do técnico Charles Guerreiro na quinta-feira desencadeou um debate sobre a maneira como profissionais do futebol são tratados na hora de deixar os clubes. O próprio Charles reclamou da atitude dos dirigentes, mas o certo é que não se achou ainda um jeito de lidar com isso, principalmente nos clubes de massa, sujeitos a toda sorte de pressão e cobranças.

Charles vinha sofrendo fritura desde o começo do campeonato. A vitória no primeiro turno estabeleceu uma trégua, que foi abalada com o empate em casa diante do Nacional. O segundo empate, em Manaus, deu a classificação, mas não aliviou o coro de críticas ao técnico. Por isso, a surra imposta pelo Inter tornou insustentável sua permanência.

A diretoria, por mais que pudesse tentar outra maneira de comunicar o afastamento, não tinha meios de enfrentar a fúria do torcedor e a contrariedade dos associados. Calejado no futebol, o próprio Charles certamente tem consciência disso.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 16)