O controle remoto pelo qual a Globo domina o país

Por Paulo Nogueira – do Diário do Centro do Mundo

Roberto Marinho foi um gênio, há que reconhecer. Mas um gênio do mal. Sua maior obra foi montar um esquema inviolável de manipulação dos poderes no Brasil. As emissoras afiliadas, entregues a políticos amigos, como Sarney e ACM, garantiram que no Congresso a Globo jamais seria questionada seriamente. Já sem ele, a obra de controle foi estendida à Justiça pelo Instituto Innovare, do qual falei aqui outro dia.

Na fachada, o Innovare premia anualmente práticas inovadoras no judiciário em cerimônias às quais comparecem os juízes mais poderosos do país, notadamente os do Supremo. A aproximação, neste processo, dos Marinhos com os juízes  é uma aberração do ponto de vista ético e uma agressão ao interesse público, dados os interesses econômicos da Globo. Contar com juízes amigos é bom para a Globo e ruim para a sociedade.

Um dia Gilmar Mendes, por exemplo, terá que explicar por que concedeu habeas corpus a uma funcionária da Receita flagrada tentando fazer desaparecer os documentos da célebre sonegação – trapaça é a melhor palavra – da Globo na Copa de 2002.

Uma passagem anedótica do Innovare junta Roberto Irineu Marinho, presidente da Globo, e o juiz Cesar Asfor Rocha. Uma foto registra um abraço cordial entre ambos numa premiação. Rocha  presidia o STJ e era cotado para uma vaga no STF, na gestão Lula. Acontece que chegou a Lula uma história segundo a qual Rocha pegara uma propina para favorecer uma empresa  num julgamento.

O mais curioso é que Rocha acabou votando contra quem lhe deu “uma mala de dinheiro”, segundo gente próxima de Lula. Investigado ele não foi —  nem pela Globo, nem pela Polícia Federal, nem por ninguém. Mas, se manteve a alegada bolsa, perdeu a indicação. Rocha, sem problema nenhum com a Justiça depois da denúncia, acabaria decidindo voltar depois para a advocacia.

A melhor prática para a Justiça é absoluta distância da plutocracia para que possa decidir causas com isenção e honestidade. (Investigar juízes acusados de pegar uma mala de dinheiro também vai bem.) O Innovare é a negação disso.

Que políticos frequentem barões da mídia é lamentável, mas comum mesmo em democracias avançadas como a Inglaterra.

Nos últimos 30 anos, na Inglaterra, Rupert Murdoch – o Roberto Marinho da mídia britânica — foi procurado e bajulado por líderes conservadores e trabalhistas, indistintamente. (Um deles, Tony Blair, acabou estendendo a proximidade para a jovem mulher chinesa de Murdoch, com a qual teve um caso que levaria ao divórcio de Murdoch.)

Mas se juízes frequentassem Murdoch uma fronteira seria transposta. Jamais aconteceu. O juiz Brian Leveson não poderia conduzir as discussões sobre novas regras para a mídia inglesa se privasse com Murdoch.

Isto é óbvio, mas o poder prolongado da Globo a deixou de guarda baixa quando se trata de preservar a própria reputação. O Innovare é um escândalo em si. E uma inutilidade monumental em seu propósito de fachada: melhorar a Justiça brasileira. São dez anos de atividade. Quem poderá dizer que a justiça brasileira melhorou alguma coisa com o Innovare?

A Globo tem nas mãos como que um controle remoto com o qual comanda as coisas que lhe são essenciais no Brasil. No futebol, um negócio de alguns bilhões por ano, a Globo teleguiou durante décadas os homens fortes da CBF, Havelange primeiro e depois Ricardo Teixeira.

‘Teleguiar” significou dar propinas, ou eufemisticamente, “comissões”. O Estadão mergulhou num caso que está na justiça suíça, relativo à Fifa. E escreveu numa reportagem: “Havelange recebeu propinas de uma empresa para garantir o contrato de transmissão do Mundial de 2002 para o mercado brasileiro.”

Quem transmitiu? E que jornal ou revista investigou o caso? A Veja não se gabava tanto de seu poder investigativo? Ou só vale para seus inimigos? A mesma lógica de ocupação manipuladora a Globo promoveu em sua fonte de receita – a publicidade.

Nos últimos dez anos, a Globo perdeu um terço da audiência, em parte pela ruindade de sua programação, em parte pelo avanço da internet. Mesmo assim, sua receita publicitária não parou de subir. Há uma aberração no Brasil: com 20% do bolo de audiência, medido pelo Ibope, a Globo tem 60% do dinheiro arrecadado com publicidade. Ganhar mais publicidade com menos público é façanha para poucos.

O milagre, ou truque, se chama Bônus Por Volume, o infame BV. Basicamente, quanto mais uma agência veícula na Globo, mais recebe. Meu amigo Jairo Leal, antigo presidente da Abril, me disse que muitas agências simplesmente quebrariam se não fosse o dinheiro do BV. É claro que uma hora o anunciante vai se incomodar com o dinheiro excessivo posto numa emissora que perde, perde e ainda perde espectadores.

Mas até lá você – em boa parte graças ao BV – vai ver os Marinhos no topo dos bilionários do Brasil.

Cametá x Remo (comentários on-line)

 

Campeonato Paraense 2014 – 1ª rodada do returno

Cametá x Remo – estádio Parque do Bacurau, 20h30.

Rádio Clube _ IBOPE _  Sábado e Domingo _ Tablóide

Noite de estreias no Parque do Bacurau

unnamed (57)

O Remo está praticamente definido para enfrentar o Cametá, hoje, às 20h30, no estádio Parque do Bacurau. Com vários jogadores poupados (Eduardo Ramos, Val Barreto, Dadá, Alex Ruan e Levy), o técnico Charles Guerreiro vai usar três volantes e promoverá a estreia do zagueiro Rafael Andrade (foto). A escalação deve ser a seguinte: Fabiano; Diogo Silva, Rogélio, Rafael Andrade e Rodrigo Fernandes; Carlinho Rech, Ilaílson, Jonathan e Athos; Leandro Cearense e Tiago Potiguar. 

No Cametá, o lateral Mocajuba e o atacante Paulista estão descartados. Preto Barcarena e Romeu estão suspensos. O atacante Eduardo Rato faz sua estreia e Tiago Galhardo vai no banco de suplente. Com isso, o time deve ser o seguinte: Alencar Baú; Américo, Tonhão, Gil Cametá e Teté; Alan Peterson, Leandrinho, Robinho e Soares; Eduardo Rato e Jailson. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola) 

O passado é uma parada…

BiDzOkLCYAA70Ct

Há exatos 10 anos, o argentino Lionel Messi estreava no Barcelona, jogando pelo time B. 

Papão cochila e Gavião empata

unnamed (45)

unnamed (35)

Por Gerson Nogueira

unnamed (69)A velha história do placar traiçoeiro voltou a se repetir, ontem, no jogo entre Gavião e Paissandu em Marabá. O Papão vencia por 2 a 0 e cismou que a parada estava liquidada. Não estava. Mesmo bagunçado taticamente, o time da casa se encheu de brios, foi à luta e alcançou o empate nos instantes finais. Há quem duvide e até faça pouco dessa história dos 2 a 0, mas é fato, já vitimou muita gente.

O Paissandu teve até chances de definir as coisas, perdendo dois ou três lances que poderiam ter elevado o placar, afastando qualquer possibilidade de reação. A saída de Marcos Paraná enfraqueceu a criação no meio-de-campo e aguçou a vontade do Gavião, que partiu para o ataque como se não houvesse amanhã.

Times determinados são difíceis de conter. Mazola Junior, técnico rodado, devia saber disso. Héliton perdeu a bola que levou à jogada do empate, mas não pode ser crucificado por isso. Héliton deve ser cobrado pelo que não rendeu como atacante que é. Entrou dispersivo, sem aquela faísca que caracteriza os bons atacantes.

unnamed (38)

Superior ao longo do primeiro tempo, o Papão criou oportunidades e podia ter feito gol, apesar das terríveis condições do campo. Por outro lado, cabe observar que, mesmo inferior tecnicamente, o Gavião também fez das suas e andou desperdiçando lances de área. A situação só ficou mais tranquila para a zaga bicolor quando Augusto Recife se fixou mais, reforçando a marcação.

Marcos Paraná foi discreto no primeiro tempo, mas subiu de produção no segundo. Com isso, o Paissandu também cresceu em qualidade, envolvendo o Gavião. Tudo se tornou ainda mais favorável ao Papão com o gol de Leandro Carvalho logo aos 9 minutos.

unnamed (48)

Carvalho e Marcos Paraná forçavam as jogadas pelos lados e abriam o sistema de três zagueiros do adversário. Foi o melhor momento do Papão no jogo, acabando por render o segundo gol aos 15 minutos, através de Paraná.

Vítor Jaime mexeu no Gavião e pôs Balão Marabá e Peri, injetando velocidade ao time, embora os problemas de ligação continuassem. Zé Antonio e Billy vacilaram em finalizações, mas Aru não desperdiçou e diminuiu para o Gavião aos 31 minutos.

A partir daí, já sem Marcos Paraná e com Capanema em campo, o Papão não conseguiu mais se manter no ataque como antes. O estreante Jô ainda perdeu um gol feito, mas a pressão do Gavião era cada vez maior. Aru e Peri, principalmente este, fustigaram a defensiva bicolor e cavaram o empate.

Héliton substituiu Leandro Carvalho a dez minutos do fim, sem nada acrescentar. Pior: perdeu a bola que deu origem ao pênalti, convertido por Balão Marabá aos 48 minutos. Resultado justo, nas circunstâncias, mas o recuo do Papão nos 20 minutos finais foi decisivo para o empate. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola) 

unnamed

———————————————————–

Incômodo jejum de vitórias

Não altera os níveis da Bolsa de Tóquio, afinal o time decidiu o primeiro turno e segue cotado entre os favoritos ao título da temporada, mas a sequência do Papão no campeonato tem sido extremamente econômica em vitórias nas últimas rodadas. Com o de ontem, já são cinco jogos sem vencer – derrota para o Independente Tucuruí e empates com Paragominas (2) e Remo (2).

———————————————————– 

Com a cabeça em Manaus

Com um time completamente modificado, o Remo tenta abrir com vitória a campanha no segundo turno hoje no Parque do Bacurau. O problema é dobrar o Cametá, um dos times mais arrumadinhos do campeonato. A entrada em cena de Tiago Galhardo no meio-de-campo é a grande aposta do Mapará para dar qualidades ofensivas à equipe.

No primeiro turno, o Cametá vendeu caro a derrota no Mangueirão. A expulsão de Alan Peterson logo no começo atrapalhou os planos do time. Ao longo da disputa, porém, a equipe se manteve sempre em alta.

O Remo, que conquistou o turno e luta para vencer também o returno, vive um dilema. Entra na segunda metade do Parazão com a cabeça na decisão da vaga à semifinal da Copa Verde, domingo, em Manaus. Nunca foi bom negócio entrar num jogo pensando longe, principalmente quando há excesso de alterações no time.

A conferir.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 06)