Sob suspeita

Por Renato Maurício Prado (O Globo, DIÁRIO)

A Ferrari já aprontou tantas na Fórmula-1 que é impossível não desconfiar de algo suspeito na surpreendente vitória de Fernando Alonso, no GP da Malásia. Após o temporal e a paralisação da prova, o espanhol liderava, seguido de perto pelo mexicano Sergio Perez, da Sauber. Eis que o asfalto começa a secar e o primeiro piloto de Maranello é chamado aos boxes, para colocar pneus lisos (estava com os intermediários, para chuva). O que seria o natural? Que a Sauber ordenasse o mesmo a Perez. Não foi o que aconteceu. A escuderia deixou-o por mais duas longas voltas na pista já seca, o que acabou fazendo com que, após a troca tardia, retornasse bem atrás de Alonso. Ainda assim, o jovem e promissor mexicano descontou o terreno perdido e, faltando oito voltas para a bandeirada, encostou novamente. E o que houve? Uma recomendação dos boxes para que “tomasse cuidado, pois a posição (segundo) era muito importante para a equipe”. Depois disso, Perez cometeu um erro que acabou de vez com suas chances de vitória. Em tempo: a Sauber usa motores da Ferrari — que adora uma manipulação de resultados.

Encontro de ex-presidentes

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso visitou nesta terça-feira (27) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Hospital Sírio-Libanês. O encontro começou às 11h e durou cerca de 50 minutos. Lula estava no hospital para fazer uma sessão de fonoaudiologia e, após o encontro, retornou a sua residência em São Bernardo do Campo. (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

Ver-o-Peso, 385 anos!

Pelas lentes geniais de Luiz Braga, um registro das cores e luzes do Ver-o-Peso, nosso eterno cartão postal que hoje completa 385 anos de existência.

Quando o sensacionalismo é melhor que o abandono

Por Luciano Lima (*)

Nunca esqueço que vivemos em sociedade inquisidora, onde a desgraça alheia é o que rende as melhores polêmicas e manchetes. Fiquei muito chateado com muitas coisas que foram ditadas e escritas depois que a matéria sobre o ex-baixista da Legião Urbana, Renato Rocha, foi ao ar no último domingo, no programa Domingo Espetacular, da TV Record. Gostaria de  dizer que temos o direito de ficar tristes com a situação do Renato Rocha. Temos direito de ficar indignados e consternados em saber que o baixista de uma maiores bandas da história do rock brasileiro mora nas ruas. Lembro com saudades daquele cara de poucas palavras, que gostava de usar suspensório, no palco do Mané Garrincha lotado. Aliás, aquele show do Legião Urbana, em 18 de junho de 1988, que acabou em uma tremenda confusão, foi recorde de público. Nunca uma banda brasileira tinha colocado tanta gente em um lugar.

A matéria da TV Record foi sensacionalista? Imediatamente meio veio na memória a história do Raul Seixas. Esquecido, doente, sem gravadora e com dificuldades financeiras, Raul Seixas foi convidado pelo ex-Camisa de Vênus e conterrâneo Marcelo Nova para fazer algumas participações em seus shows. O projeto deu tão certo que eles gravaram um disco e fizeram mais de 50 apresentações. Após a morte de Raul Seixas, alguns amigos, jornalistas e parentes chegaram a insinuar que Marcelo Nova foi sensacionalista, oportunista e agravou mais ainda o estado de saúde do “maluco beleza”. E digo: se não fosse Marcelo Nova o Raulzito tinha morrido esquecido e na miséria.

Os pobres de espirito podem até dizer que a matéria da TV Record com o Renato Rocha foi sensacionalista. No entanto, eu juro que fiquei muito emocionado e torcendo para que alguém faça alguma coisa para tirá-lo daquela situação deprimente. Não nego que só me causou estranheza o fato do Renato Rocha elogiar o Renato Russo. Ele nunca fez isso depois de sua saída da banda. Mas foi só um detalhe diante do que nossos olhos incrédulos assistiam.

Renato Rocha, conhecido como Negrete, sempre foi, em todos os sentidos, o mais frágil dos integrantes da Legião Urbana. Foi um cara que também foi vitima de um meio cruel e que não é para todo mundo: o meio artístico. Ele foi vitima da solidão, de uma banda que não era unida e dos “amigos da hora”, aqueles que só aparecem quando você é famoso para te oferecer facilidades, drogas, álcool e para te consumir.

O Dado Villa-Lobos e o Marcelo Bonfá têm culpa? Claro que não! Mas juro que me assustei com a frieza, a amargura e arrogância com que eles trataram o caso. Me chateou mais ainda o comentário do vocalista do Detonautas, Tico Santa-Cruz (ele se acha o cara mais foda do planeta!), que disse: “Renato (Rocha) não era santo, tinha milhares de defeitos”. Que merda! E qual dos legionários não tinha defeito? E nós?

Conheci pessoalmente o Renato Rocha logo após a sua saída da Legião Urbana e percebi que às drogas e o álcool tinham realmente consumido o baixista. Mas eu pensava que era somente uma recaída e que ele daria a volta por cima. Ele ficou por um tempo tocando em bandas de Brasília. É verdade que nunca conseguiu se dedicar a nenhuma delas. Mas foi um choque pra mim, depois de um tempo sem vê-lo, saber que ele virou mendigo. Eu chorei em ver um dos meus ídolos naquela situação. Foi chocante a imagem dele nas ruas, fãs o reconhecendo e pedindo autógrafo. Fiquei indignado em saber que o ECAD (que já deveria ter sofrido uma intervenção federal) paga R$ 900 por mês para o baixista da Legião Urbana, a banda brasileira que mais vendeu discos na história. Vale lembrar que ele participou dos três primeiros discos, exatamente os que mais venderam.

Fico na torcida para que a TV Record e outras emissoras abusem no sensacionalismo. Com certeza é muito melhor que morrer abandonado. Ele pode ter cometido seus erros, mas não é menos filho de Deus que ninguém. O resultado final tem que ser um só: a recuperação do ser humano e do artista Renato Rocha.

(*) Jornalista, historiador e produtor cultural em Brasília.

Ranking de público do Parazão 2012

Do blog rbrito

O clássico paraense entre Remo e Paissandu é o oitavo mais antigo do Brasil. O Re-Pa ou Clássico-Rei da Amazônia teve início na temporada de 1914. No último domingo, os rivais empataram sem gols pelo Campeonato Paraense. O jogo foi visto por 30.220 pagantes. Este é o quarto maior público no Brasil em 2012 – ganha do Ba-Vi, mas perde para Santa Cruz x Sport, São Paulo x Santos e Vasco x Fluminense. Embalado por estes bons públicos e a pedido do torcedor-internauta Antonio Valentim (@ANTONvalentim), o blog rbrito, nesta terça-feira, apresenta o ranking de público pagante do Estadual do Pará. Até aqui, o Paraense ostenta média de 3.911 pagantes e total de 211.206. A Federação Paraense de Futebol (FPF), porém, ainda precisa confirmar o público da vitória do Paissandu sobre o Águia (3.073).
Voltando ao ranking, temos uma mudança na liderança. Se na atualização passada, o Paissandu estava no topo, desta vez o primeiro lugar é do rival Remo. O Leão subiu sua média de 8.072 para 10.662 pagantes. O total de público do Remo também é superior aos rivais (74.632). Na segunda colocação está o Paissandu. O Papão viu sua média de público cair de 9.128 para 7.070 pagantes. Assim como o Remo, o Paissandu ostenta seu maior público na competição durante o Re-Pa. Mas, ao contrário do rival, o Paissandu conseguiu vencer o clássico – 2 a 0, sob os olhares de 26.706 pagantes.
O restante do ranking não sofreu alterações. O São Raimundo completa o Top 3, seguido por São Francisco, Cametá – campeão do primeiro turno -, Independente, Águia e o lanterna Tuna. Apenas o último colocado não ultrapassa a marca de mil pagantes (890). O blog rbrito acompanhará os públicos de TODOS os Estaduais. Fique sabendo da evolução das médias de público. E você, jornalista, lembre de dar crédito, caso utilize qualquer dado dos levantamentos de público do blog rbrito.

Confira o ranking de público do Paraense 2012:

1 – REMO (TOTAL: 74.632 / MÉDIA: 10.662)
Remo 1 x 0 Águia (10.201)
Remo 1 x 0 São Raimundo (8.525)
Remo 1 x 2 Tuna (5.489)
Remo 4 x 2 Águia (9.997)
Remo 2 x 1 Independente (4.609)
Remo 2 x 0 Cametá (5.591)
Remo 0 x 0 Paissandu (30.220)

2 – PAISSANDU (TOTAL: 42.418 / MÉDIA: 7.070)
Paissandu 1 x 2 Cametá (2.544)
Paissandu 2 x 1 Tuna (1.652)
Paissandu 2 x 0 Remo (26.706)
Paissandu 0 x 1 São Raimundo (5.611)
Paissandu 0 x 3 São Francisco (2.832)
Paissandu 2 x 1 Águia (3.073)

3 – SÃO RAIMUNDO (TOTAL: 26.368 / MÉDIA: 4.395)
São Raimundo 1 x 1 São Francisco (10.423)
São Raimundo 2 x 1 Tuna (2.868)
São Raimundo 2 x 2 Independente (4.513)
São Raimundo 1 x 1 Cametá (2.494)
São Raimundo 2 x 1 Remo (3.824)
São Raimundo 2 x 2 Águia (2.246)

4 – SÃO FRANCISCO (TOTAL: 21.637 / MÉDIA: 3.606)
São Francisco 2 x 1 Paissandu (4.223)
São Francisco 1 x 1 Cametá (4.896)
São Francisco 2 x 0 Remo (1.978)
São Francisco 1 x 0 São Raimundo (4.140)
São Francisco 3 x 3 Independente (2.650)
São Francisco 2 x 0 Tuna (3.750)

5 – CAMETÁ (TOTAL: 14.257 / MÉDIA: 2.037)
Cametá 1 x 0 Independente (2.964)
Cametá 2 x 2 Remo (1.420)
Cametá 0 x 0 Águia (1.712)
Cametá 3 x 0 Tuna (1.482)
Cametá 4 x 1 Águia (4.433)
Cametá 0 x 0 Paissandu (1.697)
Cametá 6 x 4 São Francisco (549)

6 – INDEPENDENTE (TOTAL: 11.396 / MÉDIA: 1.899)
Independente 1 x 2 Tuna (2.339)
Independente 0 x 1 Remo (1.944)
Independente 1 x 1 São Francisco (1.137)
Independente 1 x 2 Paissandu (1.932)
Independente 2 x 0 Cametá (2.461)
Independente 1 x 3 São Raimundo (1.583)

7 – ÁGUIA (TOTAL: 14.264 / MÉDIA: 1.585)
Águia 3 x 1 São Raimundo (1.181)
Águia 2 x 1 Paissandu (1.697)
Águia 3 x 2 São Francisco (1.163)
Águia 1 x 2 Independente (1.231)
Águia 3 x 0 Remo (3.154)
Águia 3 x 1 Cametá (3.232)
Águia 1 x 4 Remo (1.322)
Águia 2 x 1 Tuna (721)
Águia 3 x 0 Cametá (563)

8 – TUNA (TOTAL: 6.234 / MÉDIA: 890)
Tuna 0 x 1 Águia (794)
Tuna 3 x 1 São Francisco (345)
Tuna 1 x 1 Cametá (814)
Tuna 4 x 1 Cametá (1.300)
Tuna 1 x 3 Independente (295)
Tuna 0 x 3 Paissandu (2.472)
Tuna 3 x 1 São Raimundo (214)

Fifa paga pensão a Teixeira por “tempo de serviço”

O ex-presidente da CBF e do COL (Comitê Organizador Local), Ricardo Teixeira, terá direito a uma aposentadoria anual da Fifa até os 82 anos. O cartola renunciou ao cargo no Comitê-Executivo da entidade na semana passada, após desistir de seus cargos de dirigente no Brasil. A informação está na matéria assinada por Rodrigo Mattos, enviado especial à suíça Zurique, publicada nesta segunda-feira. A saída foi para se afastar da suspeita de receber propina no caso ISL, maior escândalo de corrupção do futebol. Mas isso não o impedirá de receber a aposentadoria, assim como ocorreu com Jack Warner, que também renunciou após caso de corrupção. Relatório financeiro da Fifa de 2010 diz: “Um pagamento anual será feito para todos os membros do Comitê-Executivo de longo tempo de serviço que se aposentarem a partir de 2005”. É preciso ficar oito anos no comitê para ter direito à pensão. O benefício é válido pelo período máximo de anos que o cartola serviu a entidade – e começa no ano seguinte à saída. É provável que Teixeira receba, por ano, algo em torno de R$ 220 mil.

Até quando esperar?

Por Gerson Nogueira

Pela ducentésima vez, as “organizadas” Mancha Verde e Gaviões da Fiel estão proibidas de entrar nos estádios de São Paulo. Seria ridículo se não fosse trágico. Na verdade, as medidas anunciadas ontem depois de mais uma carnificina dentro e fora do estádio do Pacaembu, na capital paulista, são inócuas, quase risíveis. Não adianta se iludir. Em semanas, a ação criminosa das gangues será esquecida e logo elas voltarão a fazer novas vítimas e praticar outros crimes.
Uma violenta batalha de rua tingiu de sangue a tarde de domingo na capital paulista. Mais de 300 integrantes das duas facções se envolveram na briga, possivelmente agendada pelas redes sociais da internet.
Entre facadas, pauladas e tiros, o saldo final foi a morte de um torcedor palmeirense de 21 anos, baleado na cabeça, e mais oito feridos, inclusive um jovem ainda hospitalizado em estado grave.
A Justiça tenta coibir a existência das organizações criminosas, proibindo faixas, camisas e bandeiras, mas sempre aparecem meios de burlar as proibições. Uma simples troca de nome serve para driblar a determinação judicial. Foi o que aconteceu aqui em Belém com as torcidas organizadas que se dizem vinculadas a Remo e Paissandu.
Na Europa, os hoolligans foram contidos com ações enérgicas da polícia e da Justiça. A repressão veio acompanhada do monitoramento dos criminosos, que tiveram seus nomes fichados e passaram a ser observados durante os jogos. Os reincidentes foram presos e condenados a não entrar nos estádios. Em alguns casos, a pena consistia de cumprimento de trabalho voluntário na mesma hora das partidas. 
Entre nós, porém, reina a impunidade a partir do afrouxamento das medidas punitivas. A tolerância excessiva por parte das autoridades é reforçada pela promíscua relação entre alguns jogadores e as gangues organizadas. Lembro que, quando o juiz Marco Antonio Castelo Branco lavrou a histórica sentença de extinção das organizadas de Belém, houve quem publicamente se manifestasse contra, lamentando a decisão como se tais grupos exercessem algum outro papel além de disseminar violência e medo nos estádios.
A dois anos da Copa do Mundo, o Brasil está muito atrasado no combate a essa criminalidade que nasce em torno dos clubes e ameaça de morte o futebol como espetáculo sadio. Algo precisa ser feito, com urgência.
 
 
Leio no Esporte Total Pará (http://esportetotalpara.blogspot.com.br), do repórter Michel Anderson, que tem outro artilheiro paraense se destacando em outros centros. Trata-se de Silas (ex-São Francisco), que está no Capivariano na série A3 Paulista e já marcou 11 gols, ocupando a vice-liderança entre os artilheiros. Engraçado como esses jogadores passam pelo nosso futebol, nem sempre são notados e acabam brilhando lá fora. Será que o Silas é inferior, por exemplo, ao Adriano Magrão?
 
 
A Internazionale de Milão vai se notabilizando como trituradora de técnicos. Parece até clube brasileiro. Em má fase, demitiu ontem Claudio Ranieri depois de perder para a Juventus no certame italiano. É a quarta cabeça a rolar no clube nerazzurro nos últimos 12 meses, índice inusitado para os padrões europeus. Antes, dançaram Gian Piero Gasperini, Leonardo e Rafa Benitez. O argentino Marcelo “El Loco” Bielsa, sobre quem pretendo escrever amanhã, é o mais cotado para assumir a parada.
 
 
Sinomar Naves, que fracassou com o Remo no primeiro turno, ganha nova chance de conquistar o bicampeonato. Era a segunda opção da diretoria do Cametá para substituir Cacaio, mas acabou ficando com o cargo depois que Samuel Cândido recusou a proposta.
Sinomar herda um time em visível crise de identidade e um clube aperreado para manter os salários em dia, mas com a excepcional vantagem de já estar na decisão do campeonato. Com bons jogadores (Ratinho, Paty, Maciel, Jailson, Paulo de Tarso e Soares) no elenco, pode repetir a façanha do Independente em 2011.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 27)