Lecheva tem dúvidas para escalar o Papão

Para o jogo desta quarta-feira à noite (20h30), no Mangueirão, as dúvidas do técnico Lecheva para escalar o Paissandu estão no meio-campo e ataque. Robinho ou Tiago Potiguar devem substituir Leandrinho. No ataque, Potiguar ou Héliton disputam posição junto a Adriano Magrão para enfrentar o Independente Tucuruí. Uma vitória simples classifica o Paissandu, caso o São Francisco vença o Águia e o São Raimundo não passe pelo Cametá. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola)

Perdemos Millôr (1923-2012)

“Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”.

“Democracia é quando eu mando em você; ditadura é quando você manda em mim”.

“Anatomia é uma coisa que os homens também têm, mas que, nas mulheres, fica muito melhor”.

“Quem se curva diante dos opressores mostra o traseiro para os oprimidos”.

“O pior não é morrer. É não poder espantar as moscas”.

“Você pode desconfiar de uma admiração, mas não de um ódio. O ódio é sempre sincero.”

MMA e BBB: tudo a ver

Por Odair Borges (*)

MMA, UFC, PRIDE e outras siglas são sinônimos de briga de rua travestida de luta. Nos primórdios do Japão feudal, os vários estilos de lutas eram praticados com objetivo de defesa pessoal de importância vital para o guerreiro Samurai, onde os conceitos de honra, coragem, disciplina e respeito eram a essência na formação integral do homem. Não é essa a mensagem que atualmente vem sendo disseminada pelos lutadores, instrutores e patrocinadores do MMA, que sem formação e informação acadêmica, pegam carona na bandeira da moda, o que lhes proporciona a evidente exposição midiática, e sem duvida, a pecúnia vindoura.

No Brasil, o esperto cérebro do UFC encontrou clima propício e o espaço estratégico como um grande esquema para disseminar a modalidade onde é notória, em entrevistas tanto de lutadores como entrevistadores, comentaristas e cronistas a ignorância sobre o tema lutas. Em simples análise técnica, a luta de MMA resume-se na sua maior parte em socos sem conhecimento de boxe. Como disse nosso grande campeão Eder Jofre “se fossem lutar na regra do boxe não aguentariam um minuto”.

Na luta no solo, alguns praticam Ju Jutsu (JiuJitsu Brasileiro), mas a fragilidade técnica não permite finalizações nas oportunidades. Desse modo, preferem com força canhestra, socar o adversário, extravasando a própria estupidez. Há pouco tempo, quando de transmissão direta pela TV, torcedores de uma equipe de futebol, após assistirem em sua sede as lutas de MMA, saíram às ruas e mataram a socos e pontapés outro torcedor de equipe rival de futebol, levados que foram pela violenta emoção. É a união perfeita: torcidas de futebol e os fanáticos adeptos do MMA.

Poucos dias antes do inicio do último circo do MMA no Rio de Janeiro, durante entrevista coletiva, torcedores em manifestação grotesca e aos gritos de “Vai morrer! Vai morrer! Vai morrer!”, impediram o lutador americano Chad Mendes, desafiante do brasileiro José Aldo, de ouvir as perguntas dos jornalistas credenciados. Observando lutas anteriores de MMA, já vimos “nossos famosos” e também estrangeiros que, de forma rixenta e arrogante, desrespeitam adversários. É o retorno aos combates sangrentos da antiga Roma, demonstrando a supremacia da nova afirmação da fera sobre o homem, levando jovens praticantes a serem adestrados para demonstrações narcisistas em busca de afirmação, através da agressão física.

Estão na mídia as agressões a professores, invasão de universidades, alunos armados e brigas de torcidas. São jovens perdendo suas referências e seus ideais, deixando-se levar por supostos prazeres, poderes e exibições. A mídia por sua vez, apresenta o programa de lutas ou o “Panis et Circensis”, da época dos pervertidos Calígula (12-41 AD) e Cômodus (161-192 AD), como sendo a mais pura e moderna atração contemporânea. Ao mesmo tempo, o grande público vê nesse teatro de violência a oportunidade para exteriorizar uma perigosa agressividade que transcende o evento esportivo e que muitas vezes sem motivo aparente é transferida para a convivência social.

Podemos até pensar numa mostra de indignação dos que assistem, influenciados que estão, pela destruição de valores que temos presenciado em nosso meio político e social, que nos leva a pensar sobre o que é certo ou errado no comportamento das pessoas. Em análise acadêmica, fundamentada em pesquisa cientifica, de acordo com a teoria de aprendizagem social, (Bandura e Walters, 1963) reforçam o conceito de agressão imitativa por meio do qual, crianças expostas a uma atividade agressiva de adultos, imitam esse comportamento, especialmente quando o modelo adulto é observado sendo bem sucedido e recompensado. Segundo (Elias e Dunning, 1986) os benefícios econômicos e o prestígio fazem com que se deixe de lado a rivalidade amistosa convertendo-a em rivalidade hostil.

É bem estabelecido na literatura que o reforço influencia fortemente o comportamento futuro. Para (Skinner,1953), atos de violência emanam de uma variedade de fontes que podem ser:

a) O grupo de referência imediato do atleta: professores, treinadores, companheiros de equipe, amigos e família.

b)  A estrutura do esporte principalmente no que diz respeito: ao ambiente de aprendizado e prática, às organizações esportivas, patrocinadores, empresários esportivos, cujo objetivo é apenas o lucro financeiro sem a preocupação educacional.

c) Atitude e fanatismo de fãs e torcedores, a mídia na procura de audiência e a sociedade em geral.

A agressividade como um estereótipo masculino desejável é talvez uma causa arraigada e significativa do reforço positivo que os atletas masculinos recebem para agirem agressivamente. Quanto a isso os pais têm um importante papel na orientação de valores apropriados no comportamento social de seus filhos. Assumindo-se que o instinto para o comportamento agressivo do indivíduo é uma constante, cabe portanto ao educador, quando utilizar das lutas como conteúdo programático, explorar os aspectos educativo, filosófico e social, de suma importância no ensino de qualquer modalidade de luta. (Artigo publicado no jornal Correio Popular, de Campinas-SP).

(*) Mestre em Educação Física pela Universidade de São Paulo. Professor da USP-PUC Campinas. 7º Dan em Judô. 7º Dan em Jiu Jitsu. 4º Grau em Jiu Jitsu Brasileiro. Membro das Comissões de Graduação da Federação Paulista de Judô e da Confederação Brasileira de Judô.

Você já tinha ouvido falar em La Doce?

Do Blog do Juca Kfouri

Nada se compara à torcida do Club Atlético Boca Juniors. A “La Doce”, sem dúvida, é a hinchada mais temida do mundo. O jornalista Gustavo Grabia pesquisou a fundo a história da torcida que criou laços políticos dentro da Argentina, extorque homens públicos, empresários e jogadores e criou uma organização idêntica a de uma máfia. Brigas com torcedores rivais parecem ser apenas a parte mínima de seu currículo. O resultado dessa brilhante pesquisa ganhou o mesmo nome da barra brava, ”La Doce”. Conheça a origem, o crescimento, os comandantes e como atua hoje a organizada mais temida do mundo. Trechos do livro:

“La Doce é a torcida que tem mais contatos políticos, que trabalhou tanto para o justicialismo como para o radicalismo, e chegou a participar de operações políticas montadas pela Side, antiga Secretaria de Inteligência do Estado. É a única torcida do mundo que criou uma fundação legal para a lavagem de dinheiro proveniente da extorsão de políticos, empresários e desportistas, bem como o financiamento sem escrúpulos pela revenda de bilhetes, a gestão de ônibus para levar os torcedores ao interior, o estacionamento nas ruas de La Boca cada vez que havia uma partida, e o merchandising. Isso sem contar a porcentagem arrecadada pelas concessões feitas a barracas de alimentos e bebidas no estádio.”

“Quando eu era criança, o plano de ir ao estádio era muito mais que ir a um jogo de futebol. Era um lugar de conexão para pais e filhos, para amigos do bairro, um mundo cheio de sensações confortáveis que excediam, e muito, o que acontecia no gramado. Esse mundo foi quebrado a partir da violência das barras bravas. E a La Doce é o símbolo mais generalizado dessa violência.”

O livro tem 208 páginas, custa R$ 38,00 e já está nas livrarias, pela Panda Books.

Um maluco talentoso

Por Gerson Nogueira

Fiquei agradavelmente surpreso nos últimos dias ao descobrir que meu técnico preferido é também alvo da admiração de figuras respeitáveis no futebol contemporâneo. Refiro-me a Marcelo Bielsa, o sisudo e inventivo treinador que mantém longa relação de amor e ódio com a torcida argentina.
Divide opiniões, mas seu talento jamais foi questionado desde que despontou no modesto Newell’s Old Boys, cujo nome é mais grandioso que a história de poucas conquistas. Foi zagueiro e depois se tornou técnico.
Bielsa mostrou serviço no Newell’s e logo alcançou reconhecimento nacional. Chegou à seleção às vésperas da Copa do Mundo de 2002, substituindo Daniel Passarella. Classificou a Argentina em primeiro lugar nas eliminatórias, mas caiu logo na primeira fase daquele mundial. Mantido na função, seguiu trabalhando e, dois anos depois, acabou ganhando a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas.
De comportamento arredio e obstinado na preparação de seus times, Bielsa granjeou respeito e prestígio entre seus patrícios, até pelo desapego. Alegando questões pessoais, deixou a seleção em 2004. Pelo jeitão de cientista louco e atitudes inusitadas como essa, virou El Loco. Três anos depois, aceitou empreender um trabalho de reconstrução do combalido futebol chileno. Bem sucedido, virou ídolo da torcida.
Acompanho seu trabalho desde o final dos anos 90, atento à qualidade técnica dos times que dirigia. Fiquei ainda mais impressionado com o desempenho do Chile sob sua batuta. Revelou/estimulou o surgimento de toda uma nova geração de jogadores e deu respeitabilidade a uma seleção que tinha virado piada no continente desde o episódio Rojas. Fiz questão de ver seu time jogar na Copa de 2010. Não me decepcionei.
Sempre desprendido, deixou o Chile por discordar dos novos dirigentes. Em julho de 2011, assumiu o Athletic Bilbao. Sem nenhum craque à disposição, tratou de valorizar jovens atletas, treinando-os sob sua filosofia, que consiste em aproximação permanente, velocidade e troca incessante de passes.
Admirado pelos melhores técnicos do planeta, incluindo Pep Guardiola (Barcelona) e Alex Ferguson (Manchester United), Bielsa mantém o estilo que o consagrou. Ao contrário da imensa maioria dos “professores” brasileiros, é um cultor da dedicação extremada aos treinos. E estamos falando de treinos de verdade, com prática de fundamentos e experimentação tática.  
Já se sabe que El Loco não levará o Athletic ao título espanhol, mas conquistou o coração do País Basco pelas demonstrações de entrega visceral ao trabalho. E, obviamente, pelos bons resultados, como o nó aplicado no Manchester de Ferguson em seus domínios e a classificação para a Copa do Rei, quando irá se defrontar com o Barcelona de Guardiola e Lionel Messi, que também surgiu no Newell’s Old Boys.
Precisava falar sobre Bielsa, sobre quem já havia escrito artigos durante a Copa do Mundo de 2006. Ao contrário de Bianchi, outro grande preparador argentino, Bielsa é um inventor, não um mero repetidor de fórmulas. Gosta de montar times ao seu modo, obcecado que é por arte e inteligência. Só por isso já mereceria meu respeito. 
 
 
Samuel Cândido não aceitou a oferta do Cametá, que decidiu contratar Sinomar Naves. Ironicamente, um dia depois de recusar a proposta, Samuel foi dispensado pelo Rio Branco (AC). Coisas do futebol. 


 
Paissandu e Independente se enfrentam em jogo decisivo. A caminhada de Lecheva no returno é positiva, mas o time alterna boas e más atuações. Jogou razoavelmente contra o Remo, domingo, mas passou apertado pelo Águia uma semana antes. Já o Independente busca reabilitação depois da inesperada derrota em casa frente ao São Raimundo. A vitória praticamente classifica, mas o empate é ruim para os dois times. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 28)