
Por Gerson Nogueira
Em jogo dominado pelos volantes, nada mais natural do que 0 a 0 no placar. E não foi ruim de ver. Pelo contrário. Muitos lances de improvisação, velocidade e categoria. Apesar do toró que desabou nos primeiros 45 minutos e do gramado enlameado no resto do tempo, a bola foi quase sempre tratada com respeito.
A explicação mais simplória talvez seja a de que a redonda tinha pelo menos uma dúzia de garotos a escoltá-la. Na era moderna, não há notícia de um Re-Pa tão povoado de jovens. No Paissandu, seis entraram em campo como titulares. No Remo, quatro. No segundo tempo, entraram mais dois, substituindo gente experiente.
Pena que o gol não ter saído para premiar os 30 mil pagantes (mais 3 mil credenciados). Quando a chuva era mais inclemente, nos 15 minutos iniciais, ficou a sensação de que o espetáculo estava inapelavelmente comprometido. Nada disso. Os jogadores conseguiram superar o lamaçal e a partida foi até vibrante.
De voleio, Reis quase acertou o ângulo superior da trave de Paulo Rafael. Em resposta, Billy fez lançamento de quase 30 metros para Pikachu chutar com perigo. Tirando esses lances mais agudos, o embate foi marcado pela inspirada atuação dos quatro volantes. No Remo, Jhonnatan e André foram soberbos. No Paissandu, Billy e Neto praticamente não cometeram erros.
Como protetores das defesas, os quatro superaram os atacantes em participação no jogo. Enquanto Jhonnatan teve fôlego, o Remo foi superior. E os melhores momentos do Paissandu tiveram a assinatura de sua dupla de cães de guarda.
Outra explicação para o placar de 0 a 0 talvez esteja na demora dos técnicos em trocar peças inoperantes. Lecheva custou a botar Héliton no jogo e deixou Bartola, de novo, de lado. Um pecado. Com os dois velozes atacantes em campo, tendo Potiguar ou Robinho pelo meio, as chances de gol aumentariam consideravelmente.
Flávio Lopes permaneceu tempo demais com Betinho, que estava visivelmente longe de seus melhores dias. Reis, que havia se destacado sob a chuva, sumiu depois da tempestade. Ficou mais preocupado em armar jogadas do que em atacar. Com isso, o Remo não ganhou um armador eficiente e ainda perdeu um atacante audacioso.
A história seria outra se Adriano Magrão acertasse o pé após o passe de letra de Zé Augusto. Ou se o próprio Zé não furasse diante de Adriano. Ou, ainda, se Joãozinho tivesse finalizado bem o lance mais claro de gol. Coisas normais de um jogo de futebol, e principalmente de um clássico intenso como é o Re-Pa. O jeito é esperar pelo próximo. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola)
Duas constatações do clássico chuvoso. Magnum só vai jogar melhor se fizer mais jogos. Adriano Magrão jamais será o artilheiro que o Paissandu precisa se continuar a ser titular apenas com o nome.
O São Francisco está chegando. Já é o segundo colocado do returno e ensaia repetir a façanha do Cametá no turno. A vitória tranqüila sobre a Tuna, ontem, em Santarém, deixou o time de Perema a um ponto da vaga. A derrota alija a Lusa da disputa. Todos os demais, inclusive São Raimundo e Cametá, ainda podem chegar à semifinal.
O campeão Independente se consolida como lanterna da competição, com direito a um vexame dentro de casa contra o São Raimundo. Nada, porém, é mais vexatório que a absurda sequência de abusos praticados sábado à noite no estádio Navegantão.
De forma deliberada, um maqueiro atirou ao chão jogador santareno que precisava de atendimento. Criado o tumulto, a polícia chegou e resolveu apagar incêndio com gasolina. Spray de pimenta foi usado contra jogadores do Pantera e acabou atingindo em cheio um auxiliar do árbitro.
As cenas lembraram, em proporção menor, a briga generalizada ocorrida em Marabá na semifinal do turno, entre Águia e Remo. Pela gravidade, todos os envolvidos no episódio deveriam ser punidos com rigor. A realidade ensina, porém, que todos se safam – como Alexandre Carioca e Magnum, que já estão jogando, como se nada tivesse acontecido.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 26)
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