Jogo de um tempo só

Por Gerson Nogueira

O Remo dominou as ações no primeiro tempo porque foi mais organizado e rápido. Com três homens fixos na frente, acuou o Cametá em seu próprio campo e marcou a saída de bola adversária, impedindo o avanço dos alas. Os gols (de Joãozinho) vieram naturalmente. Duro de ver foi o segundo tempo, que foi excessivamente lento e sem vibração.
Um dos truques usados por Flávio Lopes para dominar o Cametá foi colocar sempre um jogador nas costas dos alas Américo e Souza. Joãozinho e Cassiano se revezaram nessa função, com o auxílio de Aldivan pelo lado esquerdo. Botou velocidade e anulou uma das fortes alternativas de Cacaio, que é o apoio dos alas aos atacantes Jailson e Rafael Paty.
Apesar de Reis não ter funcionado plenamente como meia de ligação, exagerando às vezes nas firulas, o Remo se instalou na meia-cancha e envolveu o Cametá, que em certos momentos pareceu surpreso com a postura tática do adversário.
Mais importante: Lopes posicionou os volantes André e Jhonnatan à frente dos zagueiros, com a missão de dar combate direto aos armadores Ratinho e Soares. Essa providência matou a ligação com os atacantes.
A força desse novo time do Remo vem, além da arrumação tática que o técnico tem conseguido dar, da movimentação de todos os jogadores. Todos marcam de perto, ninguém fica esperando pelo companheiro.


Acima de tudo, há uma preocupação em valorizar a posse de bola e em recuperar quando ela está com o adversário. Claro que essa dinâmica depende essencialmente de condicionamento físico, o que expõe o mau preparo da equipe no primeiro turno.
Lopes arriscou tudo escalando três atacantes – Fábio Oliveira, Joãozinho, Cassiano. Em determinados momentos, Reis se juntava ao grupo e o time chegava com uma linha de quatro, como nos velhos tempos do 4-2-4. O plano funcionou conforme previsto e o Cametá mostrou-se incapaz de sair da armadilha.
No segundo tempo, poucas mudanças de ordem tática, mas a partida perdeu a vibração. O Cametá insistia nas mesmas jogadas pelo meio, sem sucesso, e o Remo parecia acomodado e satisfeito com o resultado construído no primeiro tempo. Para aumentar a apatia remista, Soares foi expulso e o jogo ficou ainda mais desigual.
Reis corria muito pelo meio, acionava Cametazinho e Cassiano, mas a bola não chegava mais à área cametaense com a freqüência inicial. A torcida cobrava ação, vaiava, mas os jogadores não atendiam.


O Cametá ameaçou em duas arrancadas de Marcelo Maciel e uma chegada de Ratinho, mas ficou nisso. Lopes tirou Jhonnatan e lançou Juan Sosa, fechando ainda mais o setor defensivo. Tudo sob controle, vitória garantida, mas a pisada no freio deixou o torcedor meio cabreiro. 
 
 
O choque entre Jaime e Tonhão, que lesionou seriamente (fratura na perna) o zagueiro cametaense, foi o chamado acidente de trabalho. Na tentativa de alcançar a bola, Jaime chegou rapidamente e Tonhão lançou o corpo à frente para impedir a conclusão da jogada. Por triste ironia, o lance aconteceu quando os times visivelmente já tiravam o pé, esperando o apito final. O zagueiro só deve voltar a jogar no segundo semestre. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola)
 
 
Em tom de mistério, a diretoria do Paissandu informa que vai se pronunciar hoje, às 8h30, na Curuzu, sobre novidades na comissão técnica. Como seria absolutamente insano imaginar uma troca de treinador em plena semana do Re-Pa, supõe-se que seja anunciada a efetivação de Lecheva para comandar o time até o fim do Parazão. Os bons resultados (três vitórias em três jogos) respaldariam essa decisão.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 20)

8 comentários em “Jogo de um tempo só

  1. Assino embaixo, sua Coluna, amigo Gerson. Agora, penso que não seja motivo para a torcida se preocupar, pelo fato do Remo ter administrado o jogo. Quando vc tenta administrar, é natural que, em uma hora ou outra o adversário chegue, mas o importante é você não desorganizar taticamente e, isso, o Remo fez, ontem.
    – Flávio Lopes falou ontem que o Edu Chiquita está totalmente sem condições de jogo e, NÃO jogará domingo.
    – Quanto ao técnico do Paysandu, acredito que Benazzi ou Macuglia um dos dois seja o técnico do Paysandu. Caso o LOP tenha a infeliz idéia de manter o Lecheva, é melhor os torcedores do Papão começarem a se mexer, se não quiserem sofrer, novamente.
    É a minha opinião

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  2. Bom dia a todos e demonstro minha surpresa com a até agora não participação do baluarte Cláudio Columbia.Essa coluna tá um prato cheio para ele com o reconhecimento do bom trabalho de Flávio Lopes,até agora bem melhor que o SONOmar,além da possibilidade da efetivação Lecheva.E o amigo Tato precisa se lembrar que o Remo pode ter se complicado com S.Raimundo e Independente,que não estão lá essas coisas,mas venceu com facilidade o Àguia,melhor time do 1º turno apesar de não ter sido campeão, e o Cametá que foi simplesmente o campeão da Taça Cidade de Belém.

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  3. Esta de parabens o Flavio lopes,teve coragem e peito para colocar a meninada para jogar,sem aquele papo,de que tem preservar,e sem querer queimar etapas,quem sabe jogar bola,joga desde cedo,veja o caso de pelé,que foi campeão do mundo aos 18 anos,e de Neymar,que esta arrebentando.
    Sinomar foi medroso,isso sim,e queria mostrar que tinha razão,sem ter,em preferir os jogadores que vieram com ele do independente.
    Ja estava lembrando o Dunga,na copa de 2010,que não levou o Ganso e Neymar.

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  4. Valeu pelo comentário amigo Cláudio.Nessa questão da escolha do comando técnico,os dirigentes de Remo e PSC insistem em vacilar em decisões importantissímas,cruciais como essa, ao deixar tudo novamente para a última hora quando já pode ser tarde demais

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  5. Tanto tempo sem comemorar uma vitória categórica, acabo sem ânimo para fazê-lo diante da fatalidade ocorrida com o zagueiro adversário.

    Só me resta destacar, NEGATIVAMENTE, a ambulância de plantão ontem no Baenão. Mais parecia uma daquelas que fazem transporte alternativo em Belém. Terá sido por isso que a remoção foi feita de maca para o veículo do SAMU???

    E o que foi que ocorreu entre o Tomazzo e o Paty, que fez com que o primeiro perdesse completamente a compostura a ponto de chamar o jogador de bunda mole, mau caráter etc? Concentrado na no trabalho de redução da fratura e remoção do vitimado acabei perdendo o início da confusão.

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  6. O REMO jogou bem nos dois tempos, a proposta para etapa inicial era tentar agredir o Mapará e foi bem sucedido. No segundo tempo o REMO voltou mais preocupado em não levar cartões (para ter o time completo no RExPA) o que acabou propiciando algumas jogadas mais agudas do Cametá, como por exemplo, a jogada do ratinho driblando três jogadores da defesa e chutando para fora.

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