Sob alta temperatura

Por Gerson Nogueira
 
O imponderável está diretamente ligado à magia do futebol e, por vezes, vem em socorro do torcedor. Ontem, no Baenão, um jogo que começou morno, quase monótono, de repente virou um movimentado embate entre equipes que buscavam o gol a todo custo. E um toque de mão mudou toda a história.
Em jogada rápida antes do primeiro minuto da etapa final, Cassiano foi à linha de fundo e cruzou à meia altura. A bola desviou na mão do zagueiro Adson. Por uma fração de segundos, o árbitro Marco Antonio Mendonça pareceu hesitar. Antes, porém, que a bola parasse de girar ele já apontava para a marca da cal.
Pode-se questionar, pelas regras do jogo, se o tal lance de bola na mão é pênalti mesmo. Nos tempos de moleque em Baião, só era penalidade quando o sujeito tascava a mão na bola. Ocorre que a Fifa estabelece, já há alguns anos, que o que vale é a intencionalidade e manda que os árbitros punam quando o jogador abre os braços, pecando por imprudência.
O certo é que o gol que se seguiu ao pênalti pôs fogo na partida. O Remo, de repente, saiu da rotineira troca de passes e passou a ter o contra-ataque à sua disposição, pois ao Independente não mais interessava ficar preso lá atrás, fazendo o tempo passar.
Com a desvantagem, Valter Lima viu-se obrigado a abrir mais o time, que havia entrado com uma formação que privilegiava o passe no meio-de-campo e sem atacantes de referência. Vinha dando certo até o fim do primeiro tempo. O gol de Fábio Oliveira desmontou essa estratégia. E o jogo ficou mais bonito de ver.

A nova situação permitiu que Betinho, Reis e Cametazinho, que atuavam bem, aparecessem mais ainda. Cassiano também se tornou mais produtivo, pois é um jogador que depende de jogadas em velocidade. Do lado do Independente, Fidélis, Gian e Tiago Floriano foram os mais beneficiados porque o time passou a verticalizar os passes.
O empate, aos 19 minutos, foi produto dessas duas vontades. O Remo tentava fazer mais um gol e se descuidou atrás, com a subida de Aldivan. O Independente foi cirúrgico. Lançou Tiago Floriano pelo corredor aberto. O cruzamento rasteiro encontrou Totti livre para finalizar.
Longe de se acomodar, o Remo permaneceu ofensivo, sabendo que não restava outro caminho, mesmo expondo-se defensivamente. Acabou premiado instantes depois com o gol de Fábio Oliveira em manobra que envolveu Jhonnathan e Cassiano, justamente os melhores do jogo.
Apesar da altíssima temperatura, os 20 minutos finais foram disputados na valentia e em velocidade, apesar da temperatura no Baenão. Chances ainda apareceram de parte a parte, mas o placar já estava definido. Com justiça. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola)
 
 
O empate entre S. Raimundo e Águia foi ruim para o Águia e pior ainda para o Pantera, que não consegue sair das últimas posições do returno e do campeonato. O segundo gol marabaense, marcado por Rayro, confirmou uma tendência do S. Raimundo neste Parazão: entregar o ouro nos minutos finais, para desespero da torcida alvinegra de Santarém.
 
 
Recebo mensagem do amigo Ronaldo Passarinho fazendo a correção de um comentário que fiz há dois domingos, no Bola na Torre. Disse, na ocasião, que Raimundo Ribeiro havia sido responsável pela vinda de Artur e Luciano Viana para o Remo. “Os jogadores Luciano Viana, Artur e outros vieram para o Remo na gestão do Ubirajara Salgado. O que o Raimundo Ribeiro fez foi vendê-los, todos”, esclarece Ronaldo, em cima do lance.
 
 
Sobre a coluna de ontem, “A patrulha fundamentalista”, transcrevo trecho da manifestação do José Eliziário Bentes, que explica o motivo de sua insatisfação com os “torcedores mistos”:
“Não sou contra quem tem outro time de futebol, de fora do Pará, para torcer, até porque eu tenho a minha segunda bandeira. Mas o que eu não concordo, sendo esse o meu interesse pelo tema, é que torcedores do Remo ou do Paissandu, nos dias em que esses clubes estão jogando, seja lá com quem for, compareçam nos estádios trajando camisas de outros clubes, como, por exemplo, hoje (ontem), no Baenão, no jogo Remo x Independente, onde só nas cadeiras vips tinham 8 torcedores com camisas do Flamengo, Fluminense, Vasco, Palmeiras… É isso que sou contra. E não sou contra de graça. Penso que isso tem uma conotação bem mais profunda e que propaga uma fatia hereditária que há muito nós nos livramos”.

(Coluna publicada no Bola/DIÁRIO, edição de segunda-feira, 12)

21 comentários em “Sob alta temperatura

  1. Acredito, Gerson e amigos, que o Remo saiu com um ala em cada tempo, com a cobertura do André. No 1º tempo, saiu mais com o Cametazinho e, no 2º tempo, mais com o Aldivan, logo, penso que o André se descuidou na cobertura do ala, por isso o gol do Galo.
    -Perguntado pelo Caxiado, o porque de não estar usando os reforços, Flávio Lopes disse: “Primeiro, porque todos não chegaram em boas condições e, segundo, porque esses garotos estão dando conta do recado”. Falou que o André, por ter feito toda uma pré temporada no clube onde estava, chegou em condições de jogar, por isso entrou no time.
    – Imaginei que fosse por isso e, falei ontem, nos comentários do jogo do Remo, pois penso que alguns desses garotos precisam ser colocados aos poucos, para não se queimarem muito cedo, como o Bartola no Paysandu, por exemplo e, que ninguém mais fala nele.
    É a minha opinião.

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    1. Gostei de ver o Flávio Lopes afirmando que vai aproveitar outros jogadores da casa, como Igor João, Jaime, Alex Juan e Alan Peterson. Bom sinal, amigo Cláudio.

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  2. Já passou da hora de enxergarmos esses atletas como profissionais. Chega de dizer que são das divisões de base. Eles mostram a cada dia que muitos importados só os diferem pelo excesso de oportunidades dadas a eles para justificar suas contratações.

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  3. É aquilo que sempre falei, amigo Gerson, você contrata um bom técnico em Novembro, que ele fará com que se revele jogadores da base e pratas da casa e, será capaz de fazer um bom time, com uma folha de pagamento pequena. Acontece, que os dirigentes pensam ao contrário, entregam esses garotos nas mãos e técnicos locais, que não sabem ensinar fundamentos a eles e, depois, saciam seus desejos, de contratarem vários jogadores, fazendo com que essa folha aumente bastante.
    – Amigos pra fazer o Cláudio Gavião jogar e, em determinados jogos ser importantíssimo para o Paysandu, só mesmo um bom técnico como o Givanildo.É só um exemplo.

    Aliás, Gerson e amigos, penso que o Paysandu está contratando mesmo o Flávio Araújo e, deixou de lado o Macuglia, pelo que percebi, ontem.

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  4. Irretocável a análise do jogo pelo Gerson Nogueira. Gostaria que o jornalista fizesse uma sonora crítica aos dirigentes bobocas que tiveram a iluminada idéia (será que nunca vão aprender?) de majorar o ingresso em pleno domingo pela manhã, após 2 resultados ruins. Também achei perfeita a colocação do Eliziário Bentes.

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  5. Ontem os pratas da casa jogaram um grande futebol, principalmente o Cametazinho. Só o Betinho que ainda apresenta alguns apagões. Tem virado costume errar passes em profusão logo após descolar assistências milimétricas e decisivas como a que fez de novo ontem para o Cassiano. Dentre os reforços não vi ninguém se destacando. O zagueiro me pareceu pesadão demais, mas o sol e o fato do Independente não ter forçado muito não permite uma melhor avaliação. O Devidson (será assim que se escreve?) entrou já perto do final do jogo e não deu pra mostrar nada. Valeu Leão, vitória importantíssima! Mas, uma coisa precisa ser lembrada: Naquele sol inclemente, o Remo parecia estar melhor estava melhor fisicamente; o Independente visivelmente se poupou; o Remo fazia o jogo da vida (como tem de fazer até o fim deste campeonato) e o Independente tinha outros interesses mais importantes, a cabeça de seus jogadores estava em S. Paulo, na próxima quarta.

    Quanto à torcida pelos clubes de fora, eu que torço exclusivamente pelo Clube do Remo, e estive ontem, no Baenão, lá nas cadeiras da trav. Mercês, me permito proferir duas palavras:

    (a) de centenas de torcedores presentes nas cadeiras vip’s, é impositivo admitir que a existência de oito dos rotulados “mistos” constituem uma autêntica insignificância, sob todos os aspectos, máxime numa época em que a liberdade de expressão é garantia fundamental do ser humano (inclusive no Brasil) e a globalização é uma tendência irreversível. Aliás, tenho que esta patrulha gera até efeito contrário aos objetivos deste compreensível sentimento regionalista;

    (b) acho que esta intolerância contra a liberdade de expressão dos torcedores revela um retrocesso muito maior e mais perigoso, eis que acena para um período onde o obscurantismo era o reitor universal;

    (c) fico pensando se em nome deste regionalismo absolutista a ninguém no Pará fosse permitido não gostar de tecnobrega ou não preferir outro gênero de música;

    (d) liberdade a quem goste do tecnobrega, a quem não goste, e a quem queira reclamar do gosto de um e de outro.

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  6. queria falar sobre esse assunto de torcedor misto. Qualquer designação de determinada coisa já torna uma forma de preconceito…isso é bobagem, que cada um faça aquilo que lhe é de própria vontade> torço pelo flamengo mas meu amor é o remo e sempre vou ao estádio coma camisa do remo e não me incomodo nem um pouco com torcedores que usam camisas de times de fora…lembrem-se, que qualquer designação é como os carecas que abominam nordestinos ou mesmo os nazistas que abominavam os judeus. E não venha me dizer que isso não tem nada a ver porque tudo começa assim…com preconceito e ódio no final.

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  7. Ontem assim como quarta passada o ingresso custou 20 reais, advesários diferentes contra o Independente.

    Quarta 22 mil pagantes contra 5 mil de ontem.
    Quarta 450 mil de renda contra 68 mil de ontem.

    Quarta contra o São Paulo.
    Ontem contra o remo.

    Não há comparação o remo e o remo e tem mais torcida que o São Paulo aqui no Norte.

    O São Paulo é o São Paulo, mas é reconhecidamente mais famoso por seus titulos e sua fama atual.

    Ora estamos no Norte do Brasil é comum as pessoas torcerem pro remo ou papão, e adotarem times do Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas e até do Ceará, como seus também.
    Já tem se tornado comum agoras as pessoas torcerem pra times do exterior.
    Em termo de seleções, há pessoas que usam camisa da Argentina, Itália, Espanha etc…

    RESPEITO A OPINIÃO DE TODOS, mas que mal tem uma pessoa achar bonita a camisa do Vasco e num dia de jogo tirar ela do seu guarda roupa e vesti-la pra ir ao campo de futebol, ou sair com ela pelas ruas ou pra qualquer outro lugar?

    Precisamos observar, enteder e respeitar que antes do nosso gosto em relação ao próximo, o que vale de verdade é o gosto dele primeiro, ainda que venhamos achar o que eles gostam um ABSURDO.

    Pra pensar:

    Com tanta mulher bonita, não tem homem que gosta de outro homem?

    PACIÊNCIA!!!

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  8. Observando os jogos do Clube do Remo no 1º turno no baenão, verifiquei que o menor público foi contra a Tuna, dia 01/02/2012, público total: 6.489, renda: R$ 69.287,00, arquibancada R$ 15,00.
    Contra o Independente, o público total foi de 5.599, a renda foi R$ 68.124,00, e a arquibancada R$ 20,00. Conclusão: O aumento no preço do ingresso fez cair o número de torcedores e fez cair a receita. A única coisa que aumentou com o ingresso foi a certeza que os nossos dirigentes não têm competência para administrar nem time de futebol de botão.

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  9. Égua!!!
    Fazer esse tipo de comparação é um absurdo. Remo e Paissandu existem (os dois) desde 10jun.1914. Tradicionalíssimos!
    Já o tecnobrega…, desculpe-me quem gosta…, meu Deus do céu!

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  10. Edson, quem dera que o minimo fosse a piadinha. O minimo
    aguardado numa situação dessa será um copo (plastico) d’agua na cabeça ou uma chinelada no peito.

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  11. Gerson, eu ano em sentido contrário. Sou natural de Imperatriz/Ma. Torcia para o flamengo/RJ por influência de meus tios. Nunca fui conhecedor da realidade flamenguista ou carioca. Aos 16 anos fui morar em Belém e considerando que meu já nutria carinho pelo Clube do Remo, identifiquei-me com o Leão de uma maneira que onde vou sou conhecido como O torcedor do Remo.
    Amo o Clube, ao qual pretendo me associar logo. Amo a cidade. Amo a gente especial que aí conheci e que me acolheu. Amo os momentos difícies e bons que vivi em Belém. Amo o Estado do Pará, pois minha mãe é de Santarém.
    Adoro o Maranhão, mas confesso minha maior ligação afetiva ao Pará.
    Pouco sei dos times de fora. Mas do Clube do Remo estou bem informado, aliás, veja você que volta e meia estou escrevendo em seu blog, face ou twitter sobre o meu Leão Azul.

    Não me arrependo da escolha que fiz. Não amo o Clube do Remo pelos títulos que ele tenha ou não conquistado, mas por ele existir.
    Abraço

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  12. Com as devidas correções:

    Gerson, eu ando em sentido contrário. Sou natural de Imperatriz/Ma. Torcia para o flamengo/RJ por influência de meus tios. Nunca fui conhecedor da realidade flamenguista ou carioca. Aos 16 anos fui morar em Belém e considerando que meu já pai já nutria carinho pelo Clube do Remo, identifiquei-me com o Leão de uma maneira que, aonde vou sou conhecido como “O torcedor do Remo”.
    Amo o Clube do Remo, ao qual pretendo me associar logo. Amo a cidade. Amo a gente especial que aí conheci e que me acolheu. Amo os momentos difíceis e bons que vivi em Belém. Amo o Estado do Pará, pois minha mãe é de Santarém.
    Adoro o Maranhão, mas confesso minha maior ligação afetiva ao Pará.
    Pouco sei dos times de fora. Mas do Clube do Remo estou bem informado, aliás, veja você que volta e meia estou escrevendo em seu blog, face ou twitter sobre o meu Leão Azul.
    Não me arrependo da escolha que fiz. Não amo o Clube do Remo pelos títulos que ele tenha ou não conquistado, mas por ele existir.
    Abraço

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  13. Valentin, creio que você sabe que o Tecnobrega tem mais adeptos no Pará (em todas as classes sociais) do que as torcidas da dupla RE/Pa juntas. E que é só a mais recente versão de um gênero de música que serve de entretenimento a muitos paraenses há quase tanto tempo (quem sabe, até mais) que o RE/pa.

    Absurdo é, já no terceiro milênio, ainda existir quem pregue a morte (e inclusive tente concretizar o objeto desta pregação) aos torcedores que “ousam” expressar nos estádios sua torcida por um time de outro estado brasileiro. Ainda bem, pelo que se vê das postagens sobre o tema, que estes “puristas da violência” ainda não são maioria nem mesmo entre os que não aprovam a torcida por clubes de outro estado.

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  14. Amigos, não tenho duvidas que se o Remo chegar a se classificar para a quarta, chegará fácil a terceirona. Porém, pelo nível das nossas diretorias, é muito complicado ir além disso.

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