Polêmicas desnecessárias

Por Gerson Nogueira

A fantástica atuação de Messi contra o Bayer Leverkusen, pela Copa dos Campeões da Europa, reacendeu a eterna discussão sobre os melhores jogadores de todos os tempos. Como que para acrescentar mais pimenta ao debate, na mesma noite, Neymar matou a pau contra o Internacional, pela Copa Libertadores. Estabeleceu-se, pelo menos para os brazucas, a idéia de que o mundo da bola se divide entre Argentina e Brasil.
Depois de anos a fio gastando saliva com a polêmica entre Diego Maradona e Pelé, os fãs do futebol desviam atenção agora para o novíssimo duelo, que tem como protagonistas Messi e Neymar. Do mesmo jeito que a perlenga envolvendo o Atleta do Século e Dieguito não fazia muito sentido, pelo simples fato de que Pelé foi completo e estabeleceu marcas insuperáveis, a rivalidade entre La Pulga e Neymar peca pela inconsistência.
Messi é, indiscutivelmente, o melhor jogador em atividade. Líder do estupendo Barcelona, tendo como coadjuvantes craques da estatura de Xavi, Iniesta e Fábregas, o argentino caminha velozmente para fulminar as façanhas obtidas pelo seu ídolo Maradona. Há até quem já se ponha a projetar uma comparação entre ele e Pelé, o que revela certo açodamento e pouco rigor histórico.
Pelé foi bicampeão do mundo como jogador do Santos. Conquistou três Copas do Mundo, participando discretamente da campanha do título mundial de 62, no Chile. Além disso, é o maior artilheiro de todos os tempos.
Nem Di Stéfano, Puskas, Maradona, Zidane ou Platini chegam aos pés de seu portentoso currículo. Tecnicamente, foi perfeito. Chutava de esquerda e direita. Lançava, driblava e cabeceava muito bem. Dizem que se safava honrosamente até como goleiro. Talvez só Mané Garrincha, bicampeão do mundo e tão genial quanto, pudesse reivindicar a mesma glória.
Quanto a Messi, devíamos todos nos regozijar pelo privilégio de acompanhar o nascimento, a evolução e o amadurecimento de um jogador fora-de-série. Assombra pelos gols que têm marcado com incrível regularidade e a fria capacidade de buscar a vitória.
Num tempo em que o futebol é dominado pelos rigores da força física (às vezes, bruta), Messi desafia a lógica. Nanico e sem massa muscular para brigar com beques que têm o dobro de seu tamanho, ele segue, impávido, rumo ao infinito.
Para nosso consolo, diante do êxtase que domina justificadamente os argentinos, o Brasil pariu um possível rival para Messi. Neymar é hoje o único boleiro capaz de, com vontade extrema e alguma sorte, vir um dia a disputar espaço e prestígio com o meia-atacante do Barcelona. Enquanto isso não acontece, resta-nos apreciar as proezas desses dois fabulosos futebolistas. Há algumas décadas, não tínhamos essa sorte.
 
 
Rei posto, rei morto? Não parece o caso. Ricardo Teixeira, matreiro e estratégico como sempre, retardou ao máximo essa saída de cena. Depois de 23 anos de reinado na CBF, mandando e desmandando no país do futebol, licenciou-se ontem. O próprio artifício da licença para tratamento de saúde já embute a possibilidade de uma volta mais à frente.
A robustez das denúncias contra ele, movidas por inimigos poderosos, talvez inviabilize esse projeto, mas é bom não duvidar. A substituição automática pelo vice José Maria Marin, cartola da velhíssima geração, tão arcaico nas idéias quanto o próprio Teixeira, não enseja comemorações. Talvez ainda falte um último ato, desesperado e inapelável, nessa peça de teatro em que se transformou a gestão do futebol no Brasil. Esperemos.
 
 
Amanhã é um dia importante. Dia de recomeço. O paraense Jóbson volta a jogar pelo Botafogo. Está relacionado entre os jogadores que irão enfrentar o Bangu, em partida válida pelo Campeonato Carioca. Depois de cumprir pena por ter sido apanhado no exame antidoping, Jóbson está novamente apto a jogar futebol. Não é um dia qualquer. Deve ser um momento de celebração para todos os que amam futebol. A torcida é grande para que o jovem atleta não volte a sucumbir.
Desfrutou de várias chances no próprio Botafogo, sofreu algumas recaídas e agora parece decidido a encontrar o caminho certo. Em situação normal, pela qualidade de seu futebol e as características de atacante driblador, poderia estar tranquilamente na lista dos que disputam um lugar na Seleção Brasileira. Afinal, se Fernandinho, Jadson, Elias e Hulk são lembrados, por que Jóbson não poderia sonhar? Só depende dele mesmo.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 09)

12 comentários em “Polêmicas desnecessárias

  1. Cara, sou brasileiro e amante do bom futebol, temos de admitir que esse cara tá jogando muito. O Barcelona montou um esquema que o privilegia imensamente e ele está fazendo jus à este tratamento.

    Não vi o Pelé, então não vou julgar quem é o melhor. Mas nas últimas décadas o Messi só perde pro Landú.

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  2. Gerson

    O Messi entra para historia do futebol indiscutivelmente,no entanto só um um titulo mundial coroaria definitivamente sua careira,costumo dizer que a copa do mundo é o doutorado do craque,principalmente quando ele é o grande destaque da seleção campeã.Zico,Puskas,Cruyff e outros não levaram uma copa e mesmo assim entraram para historia do futebol,mais não há como não dizer que uma copa não é importante,que o diga Romario,Maradona,Ronaldo,Matheus e outros.

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    1. Concordo com você, meu amigo Marcelo. Até mesmo na comparação direta com Maradona, Messi ficará prejudicado se não levantar um título mundial pela Argentina, daí meus receios quanto ao que ele pode aprontar na Copa de 2014, quando estará teoricamente no auge da forma.

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  3. Messi hoje é incontestável como melhor jogador do mundo, craque de primeira grandeza, comparável aos grandes jogadores da história, mais ainda assim abaixo da estirpe de Pelé e Garrincha, e me parece que jogar num time como o Barcelona, onde na maioria das vezes os jogadores do meio campo deixam qualquer atacante de cara para o gol simplifica ainda mais a tarefa de qualquer jogador de frente, seja ele o melhor do mundo ou não. Também ainda lhe falta uma atuação de gala no principal torneio de futebol do planeta, a copa do mundo da FiFA, queria ver o Messi ganhar uma copa do mundo “quase” sozinho como fez o Maradona em 1986!

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  4. Gerson, como o do conhecimento de todos, o Messi tem para ajuda-lo no Barça a companhia de outras craques reconhecidos no futebol mundial como Fabregas, Iniesta, Xiavi, e outros. Porém o Neymar está jogando um futebol de primeira tendo a para ajuda-lo no Santos companheiros que são um pouco mais que esforçados se assim podemos dizer. Então é claro que o Messi joga muita bola mas será que não estão fazendo uma comparação ou concorrência desigual entre Messi e Neymar, ja que Messi tem essa grande vantagem??? Eu queria ver Messi jogando ao lado desses jogadores do Santos e o Neymar ao lado do jogadores craques do Barça para ver quem é quem.

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  5. Devemos dar graça por estarmos podendo acompanhar a carreira do maior jogador do mundo no terceiro milênio. Agora comparar a Neymar é piada, e de mau gosto.

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  6. Entendo amigo Edilson, mais se for para fazer essa comparação, irei mais além meu amigo! O nosso Pelé então, so se tornou rei do futebol então, por ter jogado ao lado de outros cobras de suas época e, não me venha dizer que não e verdade. O Pelé teve na seleção brasileira como companheiros jogadores do quilate de RIVELINO, TOSTÃO, JAIRZINHO, GERSON, CLODOALDO, EDU, GARRINCHA, C.A. TORRES que era o pior deles.

    Para mim, o Messi tem alguns pontos em seu favor em relação ao Neymar! O Messi além de saber fazer gols, sabe armar jogadas, sabe conduzir a bola como ninguém, sabe driblar com maestria, sabe ser humilde e não se sente estrela, sabe jogar em pé (ou seja, aguenta pancadas e parte para cima dos zagueiros sem teme-los) ao contrário do Neymar, que faz “QUASE” tudo o que o MESSI faz, mais não sabe ficar de pé, além de não tem humildade e ter muito estrelismo.

    – Eu vou mais além, o Neymar pode ate se dar bem jogando no BARÇA, mais para isso, ele têra de ter como companheiro o próprio Messi, que para mim e o homem quem decide a parada, pois já vi vários jogos do Barça com ele em campo e, outros sem ele! É posso garantir amigos, que o Barça sem o Messi perde o brilho, perde praticamente meio time, perde o único homem de coragem e ousádia da équipe espanhola.

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  7. Sou mais o Neymar que o Messi, individualmente falando.

    O Messi quando sai do seu ninho ( BARCELONA ) fica perdido.
    A Espanha que dizem que é o Barcelona sem o Messi, consegue se manter.

    É claro que pelo conjunto da obra ele é o melhor jogador do mundo atuamente.

    Mas pra dizer que o cara é pelo menos um dos 10 melhores da história é utopia.

    Não esqueçam que no campeonato espanhol o Real é o lider com 10 pontos de vantagem.
    A campeã da América é a seleção uruguaia.
    Messi no Barcelona é um e na sel. argentina tem sido outro.

    Se ganhar uma copa do mundo já dá pra sentar na janela lado do Romário, enquanto isso fica na roda de bobo.

    Pois caras como Ronaldo, Zico, Zidane, Garincha,Platiní…e o grande Pelé, só porque já pararam, de vez em quando são comparados com alguns novatos na arte de serem os reis do futebol.

    Rala Messi!!!

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  8. Amigos do blog, o Messi já arrebentou na seleção, mas foi pelo mundial sub-20 de 2005 , estava revendo alguns jogos e o Messi já mostrava que ía ser o melhor do mundo, arrebentou no mundial e fez um golaço no jogo que eliminou o Brasil.

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  9. Essa discurção nunca irá ter fim! É a mesma coisa se começarmos a falar qual e a melhor religião existente no mundo, ou então começarmos a falar sobre politica e qual foi o politico que fez mais e roubou menos.

    Mais para mim, o Messi e o melhor da atualidade e por muito tempo ainda reinará, enquanto ao Neymar, resta ao mesmo considerar-se apenas o terceiro melhor do planeta, não esqueçamos que ainda tem o Xavi (Barça) é o C. Ronaldo (RealMadrid) nesta disputa assirradissima.

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