
Do Chuteira F.C.
Vanderlei Luxemburgo está no mercado desde a saída do Sport, ao ser demitido em outubro de 2017. Antes da aventura no clube do Recife, enfrentou um longo período sem time para comandar no futebol brasileiro. Diante da crise sem fim do São Paulo, agravada com a derrota para o Ituano nesta quarta-feira (21/2), seu nome ganhou corpo no Morumbi. Maldito e amado ao mesmo tempo. Luxemburgo nunca dirigiu o Tricolor, um dos poucos clubes do país que o treinador não trabalhou. Talvez nunca terá esse gostinho.
Se o São Paulo precisa ou não de Luxemburgo neste momento, quem deve responder são os dirigentes e o colegiado de Raí. O que temos em mãos é a eterna discussão se Vanderlei está ultrapassado, acabado, ou não. Nas recentes entrevistas concedidas na mídia brasileira, Luxemburgo tem insistido mais em questionar os rumos do futebol brasileiro do que propriamente seu futuro como treinador.
Não raro deixa de cobrar uma volta às origens do nosso futebol. Fala muito no sentido de resgatar nossa essência de jogar bola. Se posiciona contra a robotização, os métodos europeus de treinamentos e pede que ex-jogadores tenham mais espaço nas categorias de base dos clubes para formar os meninos.
E afirma com toda segurança que nenhum treinador no Brasil tem condições hoje de montar um timaço como era comum até a década de 1990 e começo dos anos 2000.
“Ninguém consegue montar (um grande time) porque não tem jogador. Você não tem mais jogador no futebol de hoje. Se você não tem a matéria-prima como você vai montar? Você tinha no Bragantino, eu tinha (jogadores) para disputar um Paulista, Brasileiro, Copa do Brasil. Onde estão esses jogadores hoje?”, questionou no Bola da Vez da ESPN Brasil nesta terça-feira.
Ideias e propostas Luxemburgo tem de sobra. Do alto do seu passado de maior campeão brasileiro, único treinador do Brasil a comandar o Real Madrid, técnico da Seleção Brasileira e outras glórias, tem o direito de expor seu pensamento e cobrar por mudanças como qualquer profissional do futebol também tem.
O problema não é esse. A encrenca é como convencer os que não acreditam mais na sua capacidade de levar um time a ser campeão de que não está ultrapassado, acabado. Nas últimas temporadas, esses rótulos estamparam seu nome.
Análise simples, em cima de resultados, não é favorável a Luxemburgo e a muitos outros treinadores de sua geração. Felipão foi escorraçado depois do 7 a 1 e na rápida passagem pelo Grêmio a partir de agosto de 2014. Oswaldo de Oliveira tem acumulado recordes de passagens relâmpago por clubes da Série A. Cuca vai e vem.
Levir Culpi já foi cantar em outra freguesia após cair no Santos no fim de 2017. Carlos Alberto Parreira há muito desistiu de times brasileiros. O mesmo acontece com Paulo Autuori e Muricy Ramalho. Mano Menezes, Renato Gaúcho e Abel Braga resistem com trabalhos razoáveis, exceção talvez.
Marcelo Oliveira, Dorival Junior, Vagner Mancini, entre outros menos cotados, vivem na eterna gangorra de um ano sim, outro não, e não conseguem se impor. Nova geração, com Roger Machado, Jair Ventura, Fabio Carille, Eduardo Baptista, Fernando Diniz, Zé Ricardo e outros aprendizes, começa a ocupar espaço, mas ainda sem muita força e convicção.
Neste cenário, Vanderlei Luxemburgo não está sozinho. Seus últimos resultados não estão longe dos apresentados pela maioria dos treinadores brasileiros. Pesa contra sua fama de ainda se achar o maior de todos.