Pecados que vêm de longe

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POR GERSON NOGUEIRA

O Remo embarcou ontem com destino ao jogo mais importante deste começo de temporada. Vai desafiar o quase desconhecido Atlético-ES, de Itapemirim, pela primeira rodada da Copa do Brasil. Caso não perca, o Leão avança à fase seguinte e fatura R$ 600 mil de bonificação, valor que pode triplicar na segunda etapa, quando o adversário deverá ser o Internacional-RS.

Mais do que a ameaça representada pelo time capixaba, o Remo terá que superar seus próprios medos e hesitações. No campeonato estadual, o time tem feito um zigue-zague, oscilando entre resultados toscos (como a derrota para o Independente, em Independente) e a categórica atuação no Re-Pa.

Por coincidência, o segundo jogo fora de Belém – contra o Manaus, na Arena da Amazônia – marcou também a repetição dos muitos erros mostrados diante do Galo Elétrico. Resumidamente, o vexame na capital baré teve a ver com caos defensivo, pouca agressividade e ausência de qualidade no meio-campo.

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Não é um problema exclusivo da era Ney da Matta. Há tempos, com times e propostas diferentes, o Remo vem se apequenando quando se apresenta longe de sua torcida. Torna-se frágil e inseguro. Mesmo quando vence, o triunfo é marcado por dificuldades extremas e muitos sustos.

A partida de amanhã tem muita semelhança com a do ano passado, contra o Brusque-SC, azarão que se deu bem explorando as fraquezas remistas. Da Matta devia passar a vista no teipe desse jogo. Talvez assim evite erros pontuais, como a excessiva e temerária preocupação em garantir o empate.

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De olho nas ricas possibilidades do mercado europeu

Muita gente não entendeu e até desdenhou do anúncio oficial pelo Papão da contratação do meia britânico Ryan Williams, de 26 anos, que vinha atuando no futebol do Canadá. Acontece que o Papão está mesmo disposto a invadir o mercado boleiro internacional. Depois de contratar o paraguaio Cáceres e quase trazer Filigrana, agora volta suas vistas para a Europa.

Internacionalizar a marca pode ser a saída para as limitações do negócio futebol no Brasil. Não há dúvida de que a ideia de tentar atrair o interesse de clubes, empresários e agentes do Velho Mundo é uma sacada inteligente e moderna.

Williams pode até não render em campo o suficiente para ser titular do Papão de Marquinhos Santos, mas sua presença no elenco será explorada como ponte para excursões, parcerias e exportação de pé-de-obra paraense para a terra da Rainha.

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Saudades dos tempos de Ted Boy e Príncipe Mongol

A nostalgia invadiu os lares na madrugada de domingo sob forma de uma homenagem involuntária aos reis do Telecatch, que encantava crianças de todas as idades nos anos 1960 com seus duelos de mentirinha, saltos acrobáticos e golpes circenses. Era gostoso de ver porque se assumia como palhaçada. O UFC, com lutas e resultados pra lá de esquisitos, guarda o pecado original de querer se levar a sério.

O evento de sábado em Belém, a exemplo do que havia ocorrido com Popó, em sua recente despedida dos ringues, teve o apito amigo a influir no resultado da luta mais importante. Sem cultivar maior entusiasmo pela modalidade, acompanhei de longe, mas não pude deixar de ver os vídeos do combate e a repercussão nas redes sociais escrachando o veredito final.

Aúvida sincera é se o Dragão baiano-paraense, de tantas conquistas na seara das lutas, precisava realmente de uma vitória de pé-quebrado. Vencer é bom quando há pleno merecimento. Ganhar por ganhar não eleva, muito pelo contrário. Por tudo o que vejo e ouço, prefiro ficar mesmo com as lembranças de Ted Boy Marino, Índio Paraguaio e Príncipe Mongol.

Era farsesco, mas divertido.

(Coluna publicada no Bola desta terça-feira, 06) 

Rock na madrugada – Spencer Davis Group, Keep on Running

https://www.youtube.com/watch?v=kamXvqoL_JA

Universidade particular no Brasil não produz conhecimento, diz estudo

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O relatório Research in Brazil, disponibilizado pela Clarivate Analytics à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e divulgado no último dia 17 de janeiro, mostra que as universidades particulares não produzem absolutamente nada de conhecimento relevante no Brasil.

A produção científica no país é dependente exclusivamente das universidades públicas. Recente relatório do Banco Mundial não levou em conta essa produção. A destruição das universidades públicas no Brasil, como está acontecendo com a UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), pode ser a destruição de todo o conhecimento científico que o país produz.

O relatório traz também um ranking das universidades públicas que mais produzem conhecimento científico relevante. A Unicamp ficou em terceiro lugar, atrás apenas da USP e da Unesp. A UERJ, por sinal, é a décima universidade que mais produz conhecimento científico. (Veja quadro.)

Um outro fator relevante é que os grandes empresários brasileiros não investem em pesquisa. Nas parcerias de pesquisa com empresas, a única grande empresa que investe de forma relevante em desenvolvimento tecnológico no Brasil é uma estatal, a Petrobras. Exceto o setor farmacêutico, que é o único setor apontado com investimento em ciência e tecnologia, a iniciativa privada no Brasil não produz conhecimento.

O documento traz o desempenho da pesquisa brasileira em um contexto global entre os anos 2011 e 2016. Os dados foram obtidos do InCites, plataforma baseada nos documentos (artigos, trabalhos de eventos, livros, patentes, sites e estruturas químicas, compostos e reações) indexados na base de dados multidisciplinar Web of Science – editada pela Clarivate Analytics (anteriormente produzida pela Thomson Reuters).

O relatório mostra que as as universidades públicas produzem artigos científicos altamente citados e alcançou boas taxas entre 1% dos papers mais citados do mundo. Os critérios analisados foram: a quantidade de documentos produzidos, o impacto da citação, artigos no top 1% e 10% dos mais citados do mundo, colaboração com a indústria e colaborações internacionais.

O número de citações que uma publicação de pesquisa recebe reflete o impacto que teve em pesquisas posteriores. As publicações científicas citam documentos anteriores para validar uma contribuição intelectual. Portanto, pode-se dizer que uma publicação (ou uma coleção de publicações) com uma contagem de citações mais elevada teve um impacto maior no campo de conhecimento ao qual se relacionou. (Carta Campinas com informações de divulgação)

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CBF homenageia o Clube do Remo

Em seu site oficial, a CBF homenageou hoje o Clube do Remo pela passagem do 113º aniversário da agremiação. Abaixo, a íntegra do texto:

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Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.

Parabéns, Leão Azul!

Clube do Remo completa 113 anos nesta segunda

Belém está em festa nesta segunda-feira (5). Há 113 anos, era fundado o Clube do Remo. A história do Leão Azul começa no século XX, época em que o remo era um dos principais esportes praticados no Brasil.

No Pará, as competições eram realizadas às margens da baía do Guajará com a presença de grandes públicos. Em uma dessas disputas, no ano de 1905, alguns atletas vinculados ao Sport Club do Pará decidiram se desligar da agremiação devido a desentendimentos com outros companheiros de equipe momentos antes da realização de uma regata. Esses sete atletas logo tiveram a ideia de criar um clube pelo qual pudessem desenvolver as suas atividades. A eles juntaram-se outros desportistas que compartilhavam do mesmo interesse e, juntos, fundaram o Grupo do Remo, em 5 de fevereiro de 1905. 

Ao longo de seus 113 anos de existência, o Leão Azul teve muitas conquistas, com destaque para os seguintes torneios e campeonatos já disputados pela equipe paraense: 44 Campeonatos Paraense; um Campeonato Brasileiro Série C (2005); três Copas Norte (1968, 1969 e 1971); um Campeonato Norte-Nordeste (1971); Torneio Internacional de Caracas (1950). 

Atualmente, o Clube do Remo ocupa a 57ª posição do Ranking Nacional de Clubes com 1.776 pontos. A CBF parabeniza o clube por mais esse ano no futebol brasileiro e deseja muitas glórias no futuro. Parabéns, Leão Azul!

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Da Matta deve fazer mudanças para a estreia na Copa do Brasil

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Com um grupo de 19 jogadores, o Remo viajou nesta segunda-feira ao Espírito Santo enfrentar o Atlético (ES) na cidade de Itapemirim, pela Copa do Brasil 2018. A delegação ficará hospedada cidade vizinha de Cachoeiro de Itapemirim (ES), a 60 quilômetros do local da partida. Antes da partida, marcada para quarta-feira, às 15h30, o time faz um último treinamento amanhã.

O Remo precisa vencer ou empatar para seguir na competição. O técnico Ney da Matta dirigiu treino coletivo neste domingo, no campo do Ciaba, fez várias mudanças, mas não definiu a equipe. A escalação mais provável é a seguinte: Vinícius; Levy, Mimica, Bruno e Esquerdinha; Geandro, Felipe Recife, Fernandes e Jefferson Recife; Isac (Jayme) e Felipe Marques.

Jayme, que vem se destacando nos jogos, pode ser uma opção para a partida, bem como o atacante Elielton (foto), herói azulino no Re-Pa. O meia Andrey que antes estava cotado para ser titular substituindo a Adenilson não viajou com a delegação. Martony também não foi relacionado. Rodriguinho entrou na lista substituindo Andrey e o garoto Kevin vai no lugar de Martony.

A relação dos convocados:

Goleiros: Vinícius e Douglas Dias

Laterais: Levy, Esquerdinha e Jefferson Recife

Zagueiros: Kevin, Mimica e Bruno Maia

Volantes: Felipe Recife, Fernandes, Geandro, Leandro Brasilia e Yuri

Meias: Adenilson e Rodriguinho

Atacantes: Elielton, Felipe Marques, Jayme e Isac 

‘Ordem e Progresso’ desde que continuem nossas putarias

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Por Gregório Duvivier, na Folha de SP

Uma língua diz muito sobre a cultura na qual ela está inserida. Os esquimós, dizem, têm 50 palavras para a neve, outros dizem que são 7, outros dizem que isso não passa de um mito linguístico, o que muito provavelmente é verdade, mas é muito chato quando alguém estraga seu exemplo com preciosismo linguístico.
Tenho a impressão de que nosso maior tesouro vocabular se concentra no ramo da corrupção. Tramoia, mamata, mutreta, maracutaia, trambique, propina, esquema, falcatrua, negociata, muamba, faz-me rir. A corrupção está pra gente como a neve pro esquimó.
O léxico, claro, não é estanque. Aumenta à medida que surgem novas e inusitadas maneiras de burlar a lei. Mensalão, Petrolão, Trensalão, Pixuleco, Propinoduto, Grande-Acordo-Nacional-Com-Supremo-Com-Tudo.
Sérgio Côrtes, secretário preso de Sérgio Cabral, teclou, da cadeia, para um empresário-parceiro: “Podemos passar um tempo na cadeia, mas nossas putarias têm que continuar”. “Nossas-putarias” se destaca pela franqueza. Podia entrar na bandeira. Ordem e Progresso Desde que Continuem Nossas Putarias.
Essa semana surgiu uma expressão preciosa. Revelou-se, só agora, que o juiz Sergio Moro recebe, há anos, o famoso auxílio-moradia, mesmo já tendo moradia e já tendo um salário que beira os R$ 30 mil, fora os benefícios (em dezembro passa de R$ 100 mil).
Questionado, o juiz chamou o auxílio-moradia de “compensação” porque seu salário não pode ser reajustado por causa do teto constitucional.
A palavra “compensação” pra designar uma tramoia me fascinou porque mostra bem como pensa aquele que pratica uma contravenção: ele está sempre apenas resgatando o que lhe é de direito.
Sonego, mas pra compensar tanto imposto. Roubo, mas pra compensar o que me roubam. O tríplex, o helicóptero de cocaína, o apartamento cheio de caixas de dinheiro, a mala, o dinheiro na cueca, os 500 anos de vantagem indevida: tudo compensação.
Moro, claro, não é o único. Os três juízes do TRF-4 também recebem auxílio-moradia embora também possuam moradia, além do salário vultoso. Esse ano a gente deve gastar R$ 800 milhões só com o tal auxílio-moradia. Um dinheiro precioso num país em que tanta gente não tem onde morar.
Como é que esse povo dorme à noite? Pensando: “Não é corrupção, é compensação”.
Por que então pagamos o auxílio, já que não é pra moradia? Moro assumiu, Fux também: pra que juízes ganhem mais do que é permitido por lei. Isso foi dito por agentes da lei.
Até quando essas putarias vão continuar?

Quem, afinal, apequena a Justiça?

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio determinou nesta segunda-feira (5) o arquivamento de um inquérito aberto em 2004 contra o senador Romero Jucá (MDB-RR). O pedido de arquivamento foi feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em função da prescrição da pretensão punitiva.

O inquérito apurava o envolvimento do senador em um suposto esquema de desvios de recursos oriundos de emendas parlamentares para o município de Cantá (RR) em troca de vantagens indevidas, entre 1999 e 2001.

Ao solicitar o arquivamento, a PGR afirmou que os dados colhidos durante as investigações foram insuficientes para “colher elementos indicativos ou comprobatórios” da prática de delitos”. Para a procuradoria, a prescrição da pretensão punitiva ocorreu em 2017, 16 anos após a data dos supostos crimes. (Da Ag. Brasil)