Sob o domínio dos insanos

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Por Gerson Nogueira

Muito pior que a derrota do Papão dentro de casa, no reencontro com sua torcida em Belém na Série C, foi a terrível exibição de baderna, desrespeito e violência proporcionada por uma notória gangue uniformizada nas arquibancadas do estádio Jornalista Edgar Proença.
Mesmo depois de banida dos estádios por sentença judicial há três anos, a tal gangue (juntamente com sua co-irmã do Remo) segue semeando violência impunemente nos estádios de Belém. No sábado à noite, o bom público (mais de 16 mil pagantes) presente ao Mangueirão se viu acuado e aterrorizado pela explosão de rojões nas arquibancadas,
Os vândalos – nome até suave para o tipo de delinquente a que me refiro – agiram com a audácia de sempre, sem sofrer qualquer tipo de repressão mais dura. O policiamento, que já havia falhado na triagem à entrada do estádio ao permitir que a gangue entrasse com rojões, custou a intervir.
Em função dos problemas, a arbitragem viu-se forçada a interromper a partida em três ocasiões, evidenciando a gravidade da situação. As lembranças recentes do trágico episódio do garoto boliviano alvejado por bandidos da gangue Gaviões da Fiel e da batalha entre brutucus no jogo Vasco x Atlético-PR, ambos no ano passado, ainda são muito fortes e os árbitros costumam se sensibilizar diante da menor possibilidade de uma nova tragédia.
Pelo menos ainda há quem se sensibilize, pois a repetição dessas cenas vem banalizando a baderna nos estádios de Belém. Foi, aliás, por uma confusão desse tipo na Série B 2013 que o Papão acabou penalizado com jogos de portões fechados no começo da atual Série C. O que as câmeras de TV captaram permitem supor que nova sanção vai acontecer.

Como os clubes e federações revelam-se impotentes para conter a truculência das torcidas e as próprias forças de segurança demonstram timidez excessiva, parece restar ao próprio torcedor – refiro-me ao aficionado de verdade – o enfrentamento a essa escalada criminosa.
É claro que não cabe ao torcedor se organizar para uma guerra, mas ele tem outros meios de combater os insanos. Aliás, no próprio jogo de sábado, a torcida já se manifestou vaiando e hostilizando os desordeiros. Se isso se transformar em ação permanente e consciente, poderemos alimentar finalmente esperança em uma solução definitiva. Até lá, pelo visto, resta rezar – e muito.

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Previsível, Papão perde em casa

A vitória do Fortaleza começou a se desenhar através das ações no meio-de-campo. Com marcação forte e bem distribuída, os visitantes conseguiram rapidamente impor o jogo que lhe interessava. Chegou ao gol logo cedo, aos 15 minutos, em falha da zaga paraense, o que permitiu se instalar em campo com mais tranquilidade.
O segundo gol, (e mais bonito) de Waldson, foi um contra-ataque perfeito, daqueles que o Papão está acostumado a aplicar nos adversários. A jogada começou ainda no campo de defesa, com Tiago Cametá, que passou a Marcelinho Paraíba. Este lançou Robert pela direita e daí o passe perfeito para o arremate cruzado, à meia altura, sem defesa para Paulo Rafael.

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Ruan diminuiu no fim do primeiro tempo, prenunciando um Papão mais aguerrido na etapa final. Ocorre que desta vez não aconteceram os lampejos individuais que muitas vezes socorrem a equipe. O Fortaleza voltou determinado e bem fechado, controlando o jogo e garantindo o triunfo que lhe permite ficar na liderança até o recomeço da competição.
Ao Papão resta o consolo de permanecer no G4, apesar de ver aumentar o fosso em relação ao líder Fortaleza. Por outro lado, é cada vez mais óbvio que as carências do elenco estão pesando na Série C. No Parazão ainda é possível disfarçar as limitações, mas no torneio nacional a coisa engrossa. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)

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Adeus a um craque alvinegro

Marinho Chagas surgiu em momento especial do Botafogo. Era aquele período pós apogeu dos anos 60, quando a Estrela Solitária montava times que pareciam seleções nacionais. Era o período crepuscular de Jairzinho, Roberto Miranda, Paulo César.
O cabeludo de chute fortíssimo de direita parecia um sopro de renovação. E era. Substituiu no coração botafoguense o talento superior de mestre Nilton Santos. Fazia muitos gols, cobrava faltas como poucos. Foi assim que chegou à Seleção, entrando para a seleção do Mundial de 1974.
Desentendeu-se – teria sido agredido até – com o marrento Emerson Leão depois da derrota para o Carrossel Holandês. O goleiro não entendia que craques jogam sempre ofensivamente. Suprema vingança: aquela seleção sem brilho ficou na memória das pessoas pelas arrancadas de Marinho, e não pelas defesas de Leão.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 02)

 

16 comentários em “Sob o domínio dos insanos

  1. Se a memória não me falha, o desentendimento ocorreu na ocasião da disputa pelo terceiro lugar, vencida pelos poloneses, e o motivo foi a subida do Marinho e o gol polonês no contrataque, feito pelo ponta direita Lato nas costas do lateral brasileiro.
    Por outro lado, o fato de Marinho ter sido um dos grandes laterais que o Brasil já teve não apaga da história do futebol uma defesa de Leão, esta sim contra a Holanda, que é considerada uma das maiores já feitas, inclusive pelo próprio chutador, Cruijff, após um cruzamento na área do Brasil com a bola resvalando em Luís Pereira e sobrando livre pro craque holandês na entrada da pequena área. O chute saiu de primeira e uma bomba e Leão, parece que antevendo onde a bola ia, saltou no canto e evitou naquele momento a abertura do placar. Enfim, apesar de marrentos, Leão e Marinho foram craques admiráveis.

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  2. Gerson, eu estava no Mangueirão e causou-me supresa a ALMA CELESTE sair em defesa da TB cantando que eram irmãos e etc e tal. Sobrou para eles que também foram vaiados pela maioria da torcida.Profundamente lamentável. E a ALMA que vinha ganhando admiradores por sua forma pacífica de torcer, certamente vai contabilizar algumas perdas, entre os quais eu.

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  3. Com relação as organizadas não se resolve porque não quer. O endereço destas é conhecido pela policia e ministério público, daí toma-se o cadastro dos bandidos e ficha cada um deles e os proíbe de frequentar os estádios por uns longos anos fazendo estas pestes se apresentarem em delegacias nos dias de jogos dos clubes de Belém.
    Mas falta aquilo roxo para tal atitude, tanto dos poderes quanto das diretorias.
    Lembrem que a “invasão” no gramado azulino foi fruto de contrato entre o Pirão e os delinquentes, palavras de um destes que foi detido. Então onde está a moral de algum dirigente para impedir o acesso destes bandidos aos estádios?
    Ontem estive na goleada do Cuiabá sobre o Botafogo-PB e usando a minha camisa do Paysandú, não sofri nenhum tipo de assédio por parte da torcida Botafoguense pelo contrário, demonstrações de respeito e o desejo de que ambas as equipes consigam o acesso.
    Será que se eu fosse assistir algum jogo em Belém envergando a camisa de algum clube concorrente eu teria tal recepção? Tenho minhas dúvidas, não por causo do bom torcedor, mas vindo da tal “Terror Bicolor” ou qualquer outro pseudônimo que estes marginais venham a ter!

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  4. O Paysandu precisa ser punido de forma rigorosa. É reincidente e os problemas de sábado já haviam assumido a forma antecipada nas lambanças do jogo de quarta.

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  5. Há tantas formas de se prevenir atuações dessas gangues nas nossas praças esportivas. É uma vergonha ao poder judiciário que tais facções criminosas ainda se reúnam em “nome” de um clube para cometerem seus arrastões, assaltos, vandalismos e assassinatos. Quer torcer de forma organizada? crie cadastro com CPF e endereço e entregue uma copia na policia e MP.
    Os lideres serão responsabilizados juntamente com o integrante que delinquir.
    Acesso rigoroso às praças esportivas com isolamento no perímetro de entrada e revista completa.
    Vinculação de ingresso com o CPF do torcedor e entrada mediante documento.
    Todas essas ações não são fáceis de implantar, mas efetivas, e tenho certeza que com implantação de uma delas ou todas, o publico do bem voltará a frequentar estadios e quem sabe, voltemos a ter publico acima de 35 mil no mangueirão sem se preocupar com a nossa segurança.

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  6. Se as diretorias que são as maiores interessadas, inclusive financeiramente, na extinção destes bandidos não fazem nada, o que esperar do Judiciário e da Polícia?
    Quanto não se perdeu de dinheiro nesses jogos com portões fechados? Sem falar na renda que se perde a cada jogo com a diminuição do público com medo desses delinqüentes. Eu a tempos deixei de frequentar os estádios por conta disso, sempre que ia levava meu pai ou namorada, agora não tenho a menor coragem de colocar em risco a minha integridade física e dos meus familiares.
    A galinha dos ovos de ouro está sendo morta não pelo número de jogos excessivos, mas pelo número de marginais que freqüentam os estádios.

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  7. Agora, só falta o MazollaJunior dizer que é o sistema atuando contra o time dele. Ou seja, que foram torcedores remistas os que foram lá jogar as bombas só para prejudicar os bicolores.

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  8. Não estou defendendo as organizadas, longe disso, mas e os vândalos e bandidos que estão dentro do limites das quatro linhas, muitos inclusives se dizem “profissionais”. A propósito deve ser cômico reunir, policiais, chefes das “organizadas”, bombeiros e outros para coibir a violência e depois sermos obrigados a assistir aquelas cenas lamentavéis do último re x pa. Já não basta essa imbecilidade que alguns chamam MMA.

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  9. Antônio, vc é desses remistas que andam dizendo que teve acordo pra ter a grande final?

    Se isso fosse verdade, seria um outro sistema.

    Acácio, eu acho que eles tem medo da terror.

    Antes do jogo, eles mandam todo mundo sentar e fazem toda a torcida presente cantar uma música da terror.

    Na verdade todo grupo organizado mete medo mesmo, não é por acaso que a policia não encara eles.

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  10. Sempre estou com a Alma Celeste, o que acontece lá é o seguinte eles não querem conflito com a Terror por puro medo de rixa como ocorre nas organizadas do remo remoçada x camisa 33 dentre outras organizadas do remo.

    A alma celeste devido ao crescimento espantoso esse ano !! criou uma certa inveja da facção criminosa chamada terror e para evitar conflitos a Banda alma celeste “começou a puxar o saco deles” com algumas musicas.!! mas na Alma celeste, que é perceptível que só tem ‘pessoas de bem’ ninguém quer união… com os marginais do outro lado

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  11. Gerson, acabei de ver como a Holanda botou o Brasil na roda, na Copa de 1978… 2 x 0, pra Holanda, ficou barato. Vou te contar… A cara, de medo, pavor, do Zagallo, no banco, mostrada em certo momento, vou te contar… E, pior, o tal do Luís Pereira, numa atuação ridícula, só ia pra dar porrada…

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