
Por Gerson Nogueira
A Tuna mostrou mais uma vez sua face guerreira contra o Remo e quase saiu com a vitória do clássico de ontem no Mangueirão. Até merecia, mas acabou falhando em lances de bola parada, permitindo dois gols remistas no segundo tempo. Ainda assim, pela produção de seu meio-campo, extremamente brigador e conduzido por Lineker, acabou arrancando o empate num momento do jogo que parecia pender para o lado azulino.
Caso atuasse dessa maneira regularmente a Tuna não estaria na iminencia de ser rebaixada, amargando a última posição na classificação geral. Atuou em bloco, fechando as passagens dos laterais do Remo e marcando forte os meias Betinho e Reis, que não encontraram espaço para jogar. Durante os dois tempos, a equipe não alterou seu posicionamento. Lineker, livre e ágil, atuava com desenvoltura, sem marcar posicionamento a partir da linha de meio-campo. Tinha a ajuda de Yuri e Ilailson para acionar os atacantes e esteve perto de marcar também.

O Remo, ao contrário, se deixou dominar pela marcação no meio-campo e custou a perceber que a Tuna estava de fato empenhada em vencer. Passou os 45 minutos iniciais acompanhando a movimentação do adversário e, quando recuperava a bola, não conseguia produzir qualquer jogada mais elaborada. Os atacantes Cassiano e Fábio Oliveira ficaram sem pai, nem mãe durante todo o primeiro tempo, obrigados a recuar para entrar no jogo. A ausência de Jhonnatan, embora minimizada pelo técnico Flávio Lopes, foi bastante sentida porque a ligação ficou comprometida e a cobertura dos zagueiros também se fragilizou.
Mas os problemas do Remo não podem ser atribuídos exclusivamente à falta de Jhonnatan. Betinho e Reis foram peças apagadas, disciplicentes e sem iniciativa. Aldivan, que não atacou nem marcou (falhou no lance do gol de Sinésio no primeiro tempo), errou muito nas tentativas de ataque. A honrosa exceção foi Tiago Cametá, cuja aplicação até destoou do restante da equipe. Como a marcação foi enfraquecida no segundo tempo, para fortalecer a criação e o ataque (Allan Peterson foi substituído por Joãozinho).
Como não produziu jogadas trabalhadas, o Remo passou a depender de cobranças de falta e escanteio. E foi assim que chegou a virar o placar, aproveitando-se de falhas da defesa da Tuna em bolas paradas que Fábio Oliveira e Magnum aproveitaram bem. Mas, como a Tuna não estava para brincadeira, o empate foi definido minutos depois em excelente trama do ataque cruzmaltino dentro da área do Remo. Yuri finalizou para as redes e deu à partida tintas mais justas.

Foi um dos melhores jogos da Tuna na competição e a pior atuação do Remo sob o comando de Flávio Lopes. Mesmo líder, a fraca atuação de ontem deve servir para que o técnico remista repense algumas ideias antes do perigoso confronto de domingo contra o São Francisco. A impressão é de que o Remo não está sabendo disputar os clássicos – perdeu para Paissandu e Tuna no turno e empatou com ambos no returno.
Melhores do clássico: Lineker e Ilailson, pela Tuna. Lineker parece finalmente ter encontrado sua posição em campo, atuando como meia de ligação, com o número 10 às costas. Tiago Cametá foi o mais regular dos remistas em campo. Piores da noite: Betinho e Reis. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)
Domingo, na rodada final da fase classificatória, a luta contra o rebaixamento será mais para inglês ver. Já está sacramentado que nenhum clube será rebaixado à fase de acesso em 2013. Com isso, campeonato será inchado, passando a ter 10 participantes. Grandes clubes não se insurgiram contra a ideia, apesar da certeza de déficit, e os medianos são majoritariamente favoráveis à extinção da degola. A reunião do Conselho Técnico da FPF só acontece na primeira semana de maio, mas o martelo já foi batido. Duro vai ser achar um jeito de dividir a grana dos convênios com o governo do Estado e o Banpará.
Manoel Francisco de Oliveira, o melhor árbitro paraense de todos os tempos, manda um humilde e-mail agradecendo pela citação de seu nome aqui na coluna. Não precisava, pois merece todas as homenagens pela carreira brilhante.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 30)