Por Gerson Nogueira
O Paissandu continua a caprichar na capacidade de aprontar surpresas, mesmo sob a forma de factóides. O anúncio do nome de Robgol como novo homem-forte do futebol pode parecer outra daquelas decisões emocionais do atual presidente. Na verdade, só os desavisados acreditam nisso. Segundo fontes do próprio clube, a volta do ex-atacante à Curuzu é parte de um ritual que tem dois objetivos não declarados.
O primeiro, obviamente, é mostrar quem manda no clube. Desde que concedeu plenos poderes à comissão de notáveis para administrar o futebol, o presidente tem ensaiado incursões para reafirmar sua autoridade. Foi assim quando anunciou a volta de Tiago Potiguar e a contratação de Adriano Magrão. Os diretores não acusaram o golpe e a vida seguiu seu curso normal, mas o episódio deixou fissuras na relação.
A segunda intenção embutida na contratação de Robgol tem a ver com compromissos da chapa reeleita. No começo de 2011, a convite do presidente, o ex-artilheiro assumiu a gerência de futebol e se viu obrigado a pedir o boné após ser desautorizado publicamente. Acertava com Givanildo Oliveira quando foi atropelado pelo anúncio da chegada de Sérgio Cosme.
Ao mesmo tempo em que paga essa dívida moral com Robgol, a diretoria cria condições para o ídolo resgatar a imagem arranhada pelos escândalos na Assembléia Legislativa. Talvez não seja suficiente para habilitá-lo a uma vaga na Câmara dos Vereadores, mas o cargo pode servir de alavanca para se tornar o candidato da situação à presidência do clube.
De uma coisa quase ninguém tem dúvida na Curuzu: Robgol representará o papel de dirigente, mas, na prática, será um gerente atuando ao lado de Lecheva. Mais ou menos como Fernando Oliveira atua no Remo. Talvez nem isso.
Em meio aos dramáticos momentos de atendimento ao zagueiro Tonhão, no final do jogo Remo x Cametá, passou quase despercebido o empurrão que o jogador Rafael Paty deu no repórter Giuseppe Tommaso, tentando afastá-lo do local em que o zagueiro era socorrido pela equipe médica.
Tommaso buscou se aproximar do tumulto para entrevistar as pessoas que atendiam Tonhão. Descontrolado, Paty xingou e empurrou o repórter. Apesar de ser carioca sangue-bom, Tommaso encarou o valentão e rebateu no mesmo tom.
É bem verdade que repórteres não podem ter acesso ao gramado, mas a situação era inusitada e a arbitragem havia interrompido a partida. Até a torcida ficou em silêncio nas arquibancadas diante do lance da fratura. Era, portanto, natural que a imprensa se aproximasse para buscar informações.
Paty, pelo visto, não entendeu assim e confundiu as coisas, vestindo uniforme de agente repressor. Fez papel de bobo e perdeu boa chance de mostrar respeito pelo trabalho dos profissionais da imprensa esportiva. Tommaso fazia o que todo bom repórter faz: buscava notícias para repassar aos seus ouvintes.
Que a arbitragem paraense tem sido quase impecável no atual Parazão, ninguém discute. Prova desse estágio é a confiança depositada pelos clubes nos apitadores locais. E os árbitros da terra conseguiram respaldo até para comandar o tradicional Re-Pa.
No primeiro turno, o clássico foi entregue a Joelson Cardoso, que apitou esplendidamente. Agora, no clássico do returno, domingo (25), o árbitro escolhido por sorteio foi Dewson Freitas da Silva.
Lembro que essa situação só se registrava nas décadas de 70 e 80, quando pontificava o craque Manuel Francisco de Oliveira, melhor árbitro paraense de todos os tempos.
O blog bateu ontem, pelo terceiro dia consecutivo, a marca de 4 mil acessos diários. Não é nada, não é nada mesmo, mas representa motivo suficiente para agradecer aos baluartes que ajudam a construir diariamente o blog. A meta agora é alcançar 2 milhões de acessos até junho.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 21)