Por Gerson Nogueira
A rivalidade entre azulinos e bicolores está mais viva do que nunca. É o que se pode concluir das acirradas discussões em torno dos suplementos da série SuperBola 2012, do DIÁRIO, que homenagearam nesta semana os dois tradicionais clubes. Temas que pareciam amortecidos voltaram com vigor à mesa dos debates e provocaram intensa repercussão nas redes sociais e nas ruas.
Do lado alviceleste, ênfase total na célebre goleada de 7 a 0, o mais elástico placar registrado entre os dois titãs. Entre os remistas, brados de orgulho pela posição no ranking de clubes da CBF e a conquista invicta do Parazão 2007. Curiosamente, esses assuntos vieram à tona justamente porque não foram destacados nos cadernos especiais da série.
A paixão das torcidas, defendendo com unhas e dentes suas conquistas mais memoráveis, reafirma a fabulosa força popular por trás de Remo e Paissandu. Pouco importa que as façanhas não sejam recentes – o clássico dos 7 a 0 ocorreu há 67 anos. Para a alma bicolor, baseada no calendário particular do valor afetivo, é como se tivesse acontecido ontem.
Da mesma forma, revela-se comovente a cruzada dos azulinos em enaltecer proezas como a participação no torneio internacional de Paris, nos anos 60, e a série invicta de 33 jogos (de 1993 a 1997) sobre o maior oponente.
Na ausência de grandes feitos no presente, nossas torcidas parecem ter entendido que o jeito é celebrar as glórias de antigamente, amplificadas e floreadas pela força de argumentação de cada torcedor.
A alegre manifestação desta semana serve também para derrubar aquela história de que só museus vivem de passado. Na verdade, todos cantam as vitórias como forma de manter vivas suas histórias.
Incomoda, porém, que a dupla Re-Pa tenha se acostumado a ficar tanto tempo sem produzir façanha digna de registro. É chegado o momento de reagir. Antes que seja muito tarde.
Luís Fabiano disse aos repórteres que o goleiro Dida pediu sua camisa durante o jogo de quarta-feira, no Morumbi. A revelação espelhou a realidade do nosso futebol de forma até mais demolidora do que a goleada de 4 a 0. Para alguns, foi apenas mais um gesto de tietagem entre um fã e seu ídolo. Na prática, porém, além da inadequação, o pedido demonstra que há um fosso cada vez mais profundo entre os clubes da Série A e emergentes da Quarta Divisão. E, queiram ou não, o Independente é a face contemporânea e atualizada do Pará no mapa da bola.
O Mundial de Pilotos começa neste fim de semana e a mídia se esmera em destacar os truques tecnológicos criados para melhorar as transmissões de corridas de Fórmula-1. Além das já conhecidas câmeras especiais no bico e na traseira dos carros, a TV vai dispor de imagens da parte inferior dos bólidos. É um respeitável arsenal de recursos com o objetivo de tornar o show sempre mais emocionante para os fãs. Nas pistas, os carros estão cada vez mais sofisticados, entregues às maravilhas da eletrônica.
Pena que os pilotos não possam ser melhorados com os espantosos meios da tecnologia disponível, embora seja inegável que quase todos já têm um ar robotizado. Talvez uma pitada de talento, mesmo que por impulso cibernético, ainda pudesse salvar a atual geração, aproximando-a dos tempos áureos de Stewart, Cévert, Lauda, Piquet, Senna, Villeneuve e Prost.
A abertura de um novo campeonato não é suficiente para devolver à F-1 o fascínio perdido. Há, sim, a expectativa de velhos e novos fãs das corridas, mas sob um indisfarçado cheiro de nostalgia. A maioria demonstra compreensível dificuldade em eleger ídolos atuais diante de opções tão pobres.
Hamilton? Alonso? Vettel? Todos rápidos e habilidosos, mas nenhum em condição de ser visto como fora-de-série. Ficam muitos furos abaixo do maior nome da era recente, Michael Schumacher, que, por sinal, insiste em se manter no jogo, num processo tão corajoso quanto frustrante.
Cacaio, técnico do Cametá, é o convidado do Bola na Torre (RBATV, 21h) neste domingo. Guerreiro comanda.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 18)