Por Gerson Nogueira
Para onde vai o futebol paraense? Há quem ainda insista em vislumbrar luzes coloridas no futuro sombrio. Por vezes, por descuido, me incluo nessa corrente dos otimistas empedernidos. Mas, depois da goleada sem retoques que o São Paulo aplicou ontem sobre o Independente, até para os apóstolos do pensamento positivo fica difícil continuar a achar que as coisas podem um dia dar certo.
Os quatro gols de Luís Fabiano expressaram, com crueza, as abissais diferenças entre o futebol da Primeira Divisão e aquele praticado pelos clubes do Pará. Eventualmente, quase por acidente, meio assim na bacia das almas, nossos times arrancam resultados honrosos, como aquela derrota de 1 a 0 que o Independente sofreu no primeiro jogo.
A decadência, que se expressa nos rebaixamentos sucessivos da dupla Re-Pa, fica escancarada no conformismo de considerar bom negócio perder em casa. E é preciso levar em conta que o Independente não é um time qualquer. Trata-se, afinal, do campeão estadual.
Pois a satisfação pelo placar mínimo no Mangueirão cedeu lugar ao choque de realidade na capital paulista, não apenas pelos gols do outrora Fabuloso, alguns ridículos de tão fáceis, como o terceiro e o quarto. O massacre vai além do placar elástico. Começa pelo condicionamento físico e a estrutura atlética dos times. A cada tranco mais forte, os paraenses perdem a jogada.
Luís Fabiano, um veterano em processo de recuperação, corria mais que seus marcadores e ganhou praticamente todas as disputas diretas com a zaga do Independente. Lucas e Casemiro não tomaram conhecimento de Preto Barcarena, Tiago Floriano, Fidélis & cia.
Na verdade, o Independente exibiu em certos momentos a timidez própria dos visitantes matutos. Pareceu se impressionar com o ambiente e encabulado para jogar plenamente o pouco que sabe. Nas circunstâncias, o escore final saiu barato. Pela desigualdade de forças, o São Paulo desfrutou de facilidades para estabelecer uma goleada humilhante.
A eliminação do Independente não deve ser vista como um problema exclusivo do time de Tucuruí. É o sintoma inequívoco do abismo técnico que domina o futebol do Pará, que há dez anos está mergulhado no atraso e na incompetência.
No Baenão, diante de um adversário semi-amador, o Remo venceu por 3 a 0, mas perdeu preciosos 45 minutos, martelando sem achar o caminho do gol. O campo pesado atrapalhou bastante, mas o time demonstrou grandes dificuldades de finalização. Na etapa final, com três homens de frente – Fábio Oliveira, Joãozinho e Jaime –, os gols saíram naturalmente, embora o torcedor já se mostrasse aflito com a perspectiva de disputa nos penais.
A próxima fase reserva cruzamento com o Bahia de Paulo Roberto Falcão. Em 2011, o Tricolor baiano eliminou o Paissandu da competição.
Dois jovens paraenses integram a lista de pré-convocados para a seleção olímpica do Brasil que disputará o torneio de futebol dos Jogos de Londres. Ao lado de outros 50 nomes, Paulo Henrique Ganso, do Santos, e Elkson, do Botafogo, aparecem entre os jogadores listados por Mano Menezes.
Ambos têm idade olímpica, o que aumenta as chances de convocação. Ganso, porém, é presença mais do que garantida no time titular. Será a chance de agarrar de vez o papel de maestro da Seleção, já com os olhos postos em 2014.
O fascículo do SuperBola de ontem, dedicado ao Paissandu, cometeu um pecado imperdoável. Não fez referência a uma das maiores façanhas do clube de Suíço: a goleada de 7 a 0 aplicada sobre o Remo na tarde de 22 de julho de 1945. Para corrigir a omissão, o caderno Bola publicará domingo matéria especial sobre a proeza histórica.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 15)