
Seis gols, muita velocidade (até dos veteranos), reviravoltas no placar e até alguns lances de maior apuro. Sim, a partida final salvou o campeonato, cujas decisões de turno foram fraquíssimas. E mesmo não sendo um primor de técnica conseguiu prender a atenção de todo mundo nos 90 minutos. A decisão em penalidades acrescentou a dose de emoção que a final merecia.
Nesses momentos, é praxe referendar o título concedendo todos os méritos ao vencedor, embora isso nem sempre seja exatamente a verdade. No caso do Independente Tucuruí, porém, a conquista é indiscutível. A boa campanha ao longo da competição só teve abalos no desfecho do turno. O segundo turno foi impecável e a vitória de ontem carimbou o trabalho com a marca histórica do primeiro campeão interiorano.
A maturidade ficou evidente quando se lançou à frente depois de sofrer um gol aos 13 minutos. A partir daquele momento, o Independente ditou os rumos da partida, atacando com constância e alternando jogadas pelas duas pontas, ora com Marçal pela direita, ora com Fábio pela esquerda. Escondido no começo, Gian apareceu em campo e orquestrava as saídas de bola, levando a melhor sobre a dura marcação de Alexandre Carioca. As oportunidades começaram a aparecer e a zaga do Paissandu foi se desesperando – e apelando. Não por acaso, todos os zagueiros foram advertidos e os dois volantes também.
Aí veio o massacre em oito minutos. Em manobra que rondou toda a área, Fábio e Marçal trocaram passes e o meia finalizou com um chute de curva, sem defesa para Fávaro. Logo a seguir, Wegno marcou em falha coletiva da defesa do Paissandu. E Joãozinho fechou a fatura batendo de primeira após receber passe perfeito de Gian.
No segundo tempo, as coisas se inverteram. Saíram Alisson e Carioca e Roberto Fernandes foi para o tudo ou nada: repetiu a formação de três atacantes que salvou a lavoura em Tucuruí. Héliton caiu pelas extremas e Sandro entrou para fazer a ligação. E ambos fizeram os gols que levaram a decisão para os pênaltis. Fernandes podia ter sido mais ousado, lançando logo Marquinhos na vaga de Andrei, peça nula em campo. A mudança ocorreu tardiamente, a oito minutos do fim.
Cabe observar que a reação do Paissandu foi facilitada pela postura acovardada do Independente. Sinomar Naves trocou o atacante Wegno, cansado, pelo volante Moisés. No final, sob sufoco, resolveu tirar Gian para por Marraqueti e a defesa ficou ainda mais desprotegida. É justo dizer, porém, que antes disso houve um cabeceio na trave e Joãozinho perdeu um daqueles gols feitos que sempre costuma perder.
Nos pênaltis, esperava-se um Paissandu mais confiante, ainda no embalo da reação no tempo normal. Fernandes fez quase uma pregação ali no meio-campo, mas não funcionou. Três bons chutadores (Sidny, Rafael Oliveira e Mendes) isolaram as cobranças. O Independente fez o feijão-com-arroz e liquidou a fatura. Título em boas mãos. (Foto: Everaldo Nascimento/Bola)
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 27)